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Cinema: imagem e interpretação

Cinema: image and interpretation

Resumos

Este artigo discute as possibilidades de interpretação das imagens do cinema a partir de suas relações com as artimanhas da ilusão da fotografia na representificação de coisas e pessoas. O cinema nos propõe imagens que articulam de maneira diferencial vários tempos e vários espaços, o que remete, a uma relação com o passado e com a memória que se distingue de sua percepção como uma mera sucessão de eventos. Pelo contrário, a memória articulada pelo cinema nos mostra uma recuperação dos eventos do passado dentro de um fluxo temporal comandado pelo presente e que submete este passado a uma constante resignificação.

cinema; tempo; espaço; memória; passado; presente; significação


This paper discusses images of the cinema and the possibility of their interpretation as they appear related with the illusion of photography which re-present things and persons. Cinema images are an intricate articulation of times and spaces what makes memory appears unlike a mere succession of events. On the contrary, memory that images show us deals with the past in the flow of the present moments, which makes that past a dynamic reality that assumes renewed significations.

Cinema; time; space; memory; past; present; signification


Texto completo disponível em PDF.

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    Para estas e muitas outras imagens, consulte o instigante e divertido livro de Alain Jaubert (1986)JAUBERT, Alain (1986) Le Comissariat aux archives - les photos qui falsifient l'Histoire. Paris, Éditions Bernard Barrault., onde o autor nos apresenta as mais variadas maneiras de se reinventar as imagens.
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    Uma tradução deste texto pode ser encontrada na coletânea organizada por Ismail Xavier (1983, p. 121-128)XAVIER, Ismail (org). (1983) A experiência do cinema. Rio de Janeiro, Embrafilme/Graal..
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    Em contraposição à idéia de mergulho, (cf. Xavier, 1984______. (1984) O discurso cinematográfico, a opacidade e a transparência. São Paulo, Ed. Paz e Terra., p. 16) nos parece mais apropriado se pensar em imersão, algo que tira o corpo de seu movimento físico e o deixa envolto em outro meio que deverá envolvê-lo como um todo.
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    Se podemos imaginar ser a fotografia um tempo recortado, que paralisa um evento em um tempo passado, não podemos por outro lado nos esquecer que ela recobra uma outra temporalidade pelo olhar de hoje que a contempla e que a reinsere em um outro fluxo, o fluxo do tempo do presente de quem a olha.
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    Para maiores detalhes ver Eisenstein (1983)EISENSTEIN, Serguéi M. (1983) Vários. In: XAVIER, Ismail (org.). A experiência do cinema. Rio de Janeiro, Graal. p. 187-243).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    July-Dec 1996

Histórico

  • Recebido
    Jul 1996
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