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Alcoolismo no contexto familiar: um olhar fenomenológico

Alcoholismo en el contexto familiar: un enfoque fenomenológico

Alcoholism in family context: a phenomenologicalapproach

Resumos

Conhecer o significado da convivência diária com uma pessoa alcoolista foi o objetivo do estudo fenomenológico realizado com dez familiares de alcoolistas, usuários de um Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas, e de uma Unidade de Saúde da Família, do interior da Bahia, no primeiro semestre de 2009. As descrições vivenciais foram desveladas por meio de entrevista semiestruturada e de grupos focais e, em seguida, submetidas à analítica da ambiguidade, a qual permitiu objetivar os seguintes eixos temáticos: violência percebida e violência naturalizada; convivência por necessidade pessoal e convivência pela necessidade do outro. O fenômeno da convivência familiar com um membro alcoolista apareceu como vivência ambígua, percebido sempre em perfil, trazendo consigo vários outros perfis. Os resultados evidenciaram a necessidade de uma política de cuidado à família de pessoas alcoolistas, que seja capaz de incluí-la no planejamento da assistência integral à saúde.

Alcoolismo; Família; Cuidados; Filosofia em enfermagem


Knowing the significance of daily living with an alcoholic person was the purpose of phenomenological study performed with ten families of alcoholics, users of a Psychosocial Care Center - alcohol and drugs and a Family Health Unit, from the interior of Bahia, in the first half of 2009. Experiential descriptions were revealed by semi-structured interview and focus groups, and then submitted to analytical ambiguity which led to objectify the following themes: perceived violence and naturalized violence; coexistence for personal need and coexistence by the need to another. The phenomenon of family life with an alcoholic member appeared as an ambiguous experience, always realised in profile, bringing with him several other profiles. The results highlighted the need for a policy of alcoholics family care, which is able to include them in the planning of a whole assistance health care.

Alcoholism; Family; Care; Philosophy, nursing


ARTIGO ORIGINAL

Alcoolismo no contexto familiar: um olhar fenomenológico1 Correspondência: Patricia Anjos Lima de Saúde Rua Francisco Félix de Almeida, 47 CEP: 45203-170 Campo do América, Jequié, BA Brasil E-mail: patricia.anjos3@gmail.com

Alcoholism in family context: a phenomenologicalapproach

Alcoholismo en el contexto familiar: un enfoque fenomenológico

Edite Lago da Silva SenaI; Rita Narrimam Silva de Oliveira BoeryII; Patrícia Anjos Lima de CarvalhoIII; Helca Franciolli Teixeira ReisIV; Ana Maria Nunes MarquesV

IDoutora em Enfermagem. Docente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde. Professora Adjunto do DS/UESB, campus de Jequié-BA. E-mail: editelago@gmail.com

IIDoutora em Enfermagem. Professora Titular do DS/UESB, campus de Jequié-BA. E-mail: rboery@gmail.com

IIIMestre em Enfermagem e Saúde. Professora Auxiliar do DS/UESB. E-mail: patricia.anjos3@gmail.com

IVMestre em Enfermagem e Saúde. Professora Assistente da Universidade Federal da Bahia. E-mail: helcareis@gmail.com

VDiscente do Curso de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do DS/UESB. Enfermeira do Hospital Municipal Dr. Álvaro Bezerra/Maracás-BA. E-mail: aninham_@hotmail.com

Correspondência Correspondência: Patricia Anjos Lima de Saúde Rua Francisco Félix de Almeida, 47 CEP: 45203-170 Campo do América, Jequié, BA Brasil E-mail: patricia.anjos3@gmail.com

RESUMO

Conhecer o significado da convivência diária com uma pessoa alcoolista foi o objetivo do estudo fenomenológico realizado com dez familiares de alcoolistas, usuários de um Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas, e de uma Unidade de Saúde da Família, do interior da Bahia, no primeiro semestre de 2009. As descrições vivenciais foram desveladas por meio de entrevista semiestruturada e de grupos focais e, em seguida, submetidas à analítica da ambiguidade, a qual permitiu objetivar os seguintes eixos temáticos: violência percebida e violência naturalizada; convivência por necessidade pessoal e convivência pela necessidade do outro. O fenômeno da convivência familiar com um membro alcoolista apareceu como vivência ambígua, percebido sempre em perfil, trazendo consigo vários outros perfis. Os resultados evidenciaram a necessidade de uma política de cuidado à família de pessoas alcoolistas, que seja capaz de incluí-la no planejamento da assistência integral à saúde.

Descritores: Alcoolismo. Família. Cuidados. Filosofia em enfermagem.

ABSTRACT

Knowing the significance of daily living with an alcoholic person was the purpose of phenomenological study performed with ten families of alcoholics, users of a Psychosocial Care Center - alcohol and drugs and a Family Health Unit, from the interior of Bahia, in the first half of 2009. Experiential descriptions were revealed by semi-structured interview and focus groups, and then submitted to analytical ambiguity which led to objectify the following themes: perceived violence and naturalized violence; coexistence for personal need and coexistence by the need to another. The phenomenon of family life with an alcoholic member appeared as an ambiguous experience, always realised in profile, bringing with him several other profiles. The results highlighted the need for a policy of alcoholics family care, which is able to include them in the planning of a whole assistance health care.

Descriptors: Alcoholism. Family. Care. Philosophy, nursing.

RESUMEN

Conocer el significado de la convivencia diaria con una persona alcohólica fue el objeto de un estudio fenomenológico realizado con diez familiares de los alcohólicos, usuarios de un Centro de Atención Psicosocial - Alcohol y Drogas y de una Unidad de Salud de la Familia, del interior de Bahía, en el primer semestre de 2009. Las descripciones vivenciales fueron reveladas por medio de entrevistas semi-estructuradas y grupos focales, y luego sometidas a la analítica de la ambigüedad, que llevó a objetivar los siguientes temas: violencia percibida y violencia naturalizada; convivencia por necesidad personal y convivencia por la necesidad del otro. El fenómeno de la convivencia familiar con un miembro alcoholista apareció como vivencia ambigua, percibido siempre en perfil, trayendo con él varios otros perfiles. Los resultados destacaron la necesidad de una política de atención a la familia de personas alcohólicas, que sea capaz de incluirla en el planeamiento de la asistencia integral a la salud.

Descriptores: Alcoholismo. Familia. Cuidado. Filosofía en enfermería.

INTRODUÇÃO

O álcool é considerado a droga mais utilizada no mundo, independentemente de esse uso ser esporádico (o considerado "uso social") ou frequente, por dependência do usuário. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de dois bilhões de pessoas consomem bebidas alcoólicas.1 O uso inadequado da droga constitui um dos principais fatores associados à redução da saúde mundial, sendo responsável por 3,2% de todas as mortes e por 4% de todos os anos de vida útil perdidos.1

O alcoolismo tem se tornado um grande problema social e de saúde pública e é definido pela OMS como um estado psíquico e/ou físico, resultante da interação do organismo vivo e a substância, caracterizado por alterações que compelem à pessoa à ingestão da droga, de forma sucessiva ou periódica, com a finalidade de experimentar seus efeitos psíquicos e, às vezes, para evitar o desconforto de sua abstinência.2

Entre os possíveis fatores associados ao alcoolismo destacam-se os biológicos, quando há uma predisposição genética e o metabolismo alterado do álcool ocasiona uma resposta fisiológica inadequada; os psicológicos, favorecidos pela baixa autoestima, busca de prazer e prevenção da dor e relações familiares prejudicadas; e os socioculturais, determinados pela disponibilidade e aceitação cultural do uso abusivo de substâncias, atitudes, normas e valores culturais, nacionalidade, etnicidade e religião, entre outros.3

Independentemente da etiologia associada, o alcoolismo constitui uma patologia que pode ser considerada uma das mais graves para a humanidade, visto que afeta não apenas o usuário, mas todos os que convivem direta ou indiretamente com ele, acarretando graves consequências para o desenvolvimento das pessoas e para a qualidade de vida e de saúde daqueles que convivem com o problema. Está associado a acidentes, mortes no trânsito, delinquência, violência, ruptura e desorganização das relações interpessoais, além de desentendimentos familiares e afetivos.4

Um levantamento bibliográfico sobre o tema família e alcoolismo, realizado nas bases de dados MEDLINE, LILACS e CINAHL, revelou que o cotidiano da maioria das famílias que convive com o alcoolismo pode ser caótico, marcado por inconsistência e fragilidade nas relações afetivas, o que causa distanciamento emocional entre seus membros. Neste mesmo levantamento, um estudo destacou a noção de que a família é vista como fragmentada, deteriorada, apresentando conflitos e crises existenciais frequentes, convivendo com a infelicidade, a ansiedade, o sentimento de impotência diante da situação vivenciada, além de seus membros terem uma grande probabilidade de sofrer com a violência doméstica.5

Neste contexto, está posto que o cuidado deve estar voltado não somente para o alcoolista, mas para toda sua família, e para outros, inseridos no contexto cotidiano da pessoa. Porém, o que se observa, hoje, é que a família é vista apenas como coadjuvante no tratamento do membro alcoolista e não, como entidade que necessita de cuidados, tanto quanto ele.5

Atualmente, o tratamento das pessoas alcoolistas tem sido desenvolvido nos Centros de Atenção Psicossocial -Álcool e Drogas (CAPSads), serviço especializado que deve funcionar cinco dias da semana, com equipe interdisciplinar, que possa garantir a participação dos alcoolistas em atividades ocupacionais, recreativas e educacionais. Além de atender os alcoolistas, os CAPSads também devem oferecer suporte às famílias, desenvolvendo atividades como terapias individuais, grupais, atividades educacionais e de lazer. No entanto, essas famílias ainda não são vistas como uma das principais entidades afetadas pelo alcoolismo, como núcleo que precisa de tratamento contínuo e integral, a fim de terem condições de saúde e poderem colaborar com o tratamento do membro alcoolista.

Desta forma, este estudo questionou: o que significa para a família conviver diariamente com um membro alcoolista? Para responder a esta questão definimos como objetivo do estudo: conhecer o significado, para a família, de conviver diariamente com um membro alcoolista.

COMO CONHECER O VIVIDO: O TRILHAR METODOLÓGICO

A pesquisa relatada neste artigo caracterizou-se como um estudo qualitativo. As descrições empíricas obtidas através de entrevistas semiestruturadas foram analisadas segundo os fundamentos da filosofia de Maurice Merleau-Ponty, no que refere à compreensão do fenômeno investigado como uma experiência da percepção, a qual ocorre sempre de forma ambígua, em um campo fenomenal que permite o entrelaçamento entre o sentimento e a reflexão.6

Os campos da pesquisa escolhidos foram, inicialmente, o CAPSad e, posteriormente, uma Unidade de Saúde da Família (USF), ambos localizados no município de Jequié-Bahia. Participaram da pesquisa 10 familiares de alcoolistas, em sua maioria do sexo feminino, sendo cinco familiares de usuários do CAPSad e cinco moradores da área de abrangência da USF, inserida no território de referência do CAPSad. Foram definidos como critérios de inclusão no estudo os familiares acompanhantes do alcoolista, em tratamento regular nos referidos serviços de saúde, no período de realização do estudo, e aqueles que estivessem participando assiduamente das atividades que os serviços põem à disposição da família. A fim de preservar o anonimato das participantes do estudo, foi-lhes sugerido aceitar sua designação através de codinomes, e elas escolheram nomes de pássaros.

A coleta dos dados ocorreu no primeiro semestre de 2009, através de dois procedimentos: uma entrevista individual em domicílio, seguindo um roteiro com questões abertas relacionadas ao alcoolismo no contexto da família, e quatro encontros de Grupos Focais (GFs), cada um com a duração de duas horas, realizados em espaços comunitários de inserção dos sujeitos da pesquisa, onde foram debatidos os temas gerais que emergiram das entrevistas, relacionados ao significado, para a família, da convivência com o alcoolista. Com o consentimento dos participantes, as entrevistas e os GFs foram gravados em equipamento digital. Em ambos, foram respeitadas as disposições legais para pesquisa com seres humanos, de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde –196/96,7 uma vez que o projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), sob protocolo nº 034/2009.

Obtidas as descrições vivenciais, submetemolas à analítica da ambiguidade, método desenvolvido para a compreensão de dados empíricos em uma pesquisa com abordagem fenomenológica.8-10 A utilização do método consistiu dos seguintes passos: organização dos textos com a transcrição das gravações na íntegra; realização de leituras exaustivas dos textos; realização de exercício perceptivo das descrições sob o olhar figura-fundo, permitindo que os fenômenos se mostrassem em si mesmos e a partir de si mesmos; definição dos eixos temáticos, que se exprimiram como ambiguidades, ou seja, desvelaram-se sob o entrelaçamento de dois polos: o sensível ou pré-reflexivo (sentimento) e o reflexivo (pensamento).

Em todo esse processo, buscamos a compreensão das vivências e não sua explicação, pois elas são experiências perceptivas e, como tal, constituem ocorrências de campo, que se referem a nossa inserção no mundo da vida, isto é, a percepção do ponto de vista de quem a vive. Assim, durante as leituras, fez-se necessário sermos conduzidas à percepção de uma generalidade intercorporal, ao entrelaçamento com o sujeito da fala, que é inerente ao processo intersubjetivo característico dos estudos fenomenológicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O FENÔMENO À LUZ DA ANALÍTICA DA AMBIGUIDADE

A experiência intersubjetiva, com as descrições vivenciais dos familiares que participaram do estudo, submetidas à analítica da ambiguidade, permitiu-nos compreender o texto e perceber o significado da convivência diária da família com um membro alcoolista. A filosofia merleaupontyana, que fundamenta a analítica, apresenta a noção de fenômeno como um todo, que se mostra à percepção, independentemente da nossa vontade, e constitui um perfil de algo que é inatingível – o conhecimento da coisa em sua plenitude − e, neste sentido, sempre nos escapa como objetividade.6

Deste modo, chegamos à compreensão de que toda tentativa de objetivar algo sobre a convivência da família com o membro alcoolista é insuficiente para exprimir o significado da experiência por inteira. Portanto, as categorias objetivadas como resultados do estudo constituem-se como ambiguidades do processo perceptivo, que se manifestam ora com uma experiência sensível, ora como uma experiência reflexiva, a saber: violência percebida e violência naturalizada, e convivência por necessidade pessoal e pela necessidade do outro.

Violência percebida e violência naturalizada

Os familiares dos alcoolistas, participantes do estudo, fizeram ver que a convivência diária com uma pessoa alcoolista implica em diversas formas de violência, desde aquelas que são reconhecidas como tal, até as que estão veladas, por padrões socialmente estabelecidos, que preconizam a permanência da esposa com seu cônjuge alcoolista, mesmo que ele lhe seja infiel. Para assegurar o casamento, vale até silenciar a própria vontade, em nome da ética, do sentimento de satisfação por cumprir o mandato social de continuar casada, como observamos na fala:

[...] violência é palavras, comportamentos, atitudes [...]; é falta de respeito, palavrões [...] palavras obscenas, ciúmes. [...] é um desafio muito grande você ter que conviver, dormir fedendo a álcool; [...] tem dia que na hora que eu deito ele me acorda, [...] isso é muito complicado; [...] a infidelidade já houve, não só uma vez, muitas. [...] não pode fazer comentários com as pessoas, você tem que manter uma ética (Canário).

Canário expressa, entre outros aspectos, a ambiguidade inerente à percepção humana. Nesta fala, por um lado, a esposa revela o sentimento de angústia produzido pela convivência com o marido alcoolista; por outro lado, aparece a necessidade de "camuflar" os sentimentos, o que traz consigo a concepção de "manter a ética", ou seja, evitar que a sociedade veja e tome parte da situação em que se mostra.

A fim de melhor explicitar estas situações, destacamos outros relatos que mostram vivências ambíguas de violência:

[...] pra bater não, mas porque [...] tem palavras que machuca mais do que um tapa, [...] fico assim procurando um lugar pra ir, pra não ficar dentro de casa, porque a perturbação é muito grande [...] (Beija-flor).

[...] precisa ver quando tá sem beber, uma pessoa boa, maravilhosa, tranquila, mas bebeu, aí pronto, qualquer coisinha é briga, é confusão [...] é agressivo, vem pra querer me bater, é porrada nas coisas dentro de casa [...] a violência dele é assim mesmo, olha pra mim e fala você é uma mulher falsa, mentirosa, aí me olha daquele jeito [...] e ali agora pronto, aí tenho que ficar quetinha [...] (Araponga).

[...] ele nunca foi agressivo comigo, [...] eu não tenho quem cuide de mim, não tenho quem pense em mim [...] é um viver instável [...] permanecer nessa situação, é enfrentamento, resignação [...] eu me sinto insegura de estar na velhice com ele do jeito que ele apresenta [...] (Pomba).

A fala de Pomba corrobora a noção convencional de violência, aquela que a considera como qualquer conduta que ofenda a integridade e saúde corporal da mulher, podendo ser manifestada por meio de hematomas, cortes, arranhões, entre outros, bem como pela negligência − omissão de cuidados e proteção contra agravos evitáveis como situações de perigo, doenças, gravidez, entre outros.11-12 A fala também desvela uma mensagem subliminar de que a esposa, de certa forma, sentese cuidada na companhia do marido, o que se opõe ao sentir-se violentada. Quando se utiliza da resignação como forma de enfrentamento do descuido, passa a não mais perceber a violência como tal, o que a caracteriza como naturalizada. A nosso ver, a percepção de cuidado dessa mulher pode relacionar-se, entre outras coisas, com o receber atenção e sentir-se segura ao lado de outrem, o que corrobora com a compreensão de que a ausência de cuidado se configura como violência.11-12

Neste contexto, a violência naturalizada ocorre quando os atos de violência são justificados por um benefício maior, tornando-se normal, natural.13 No caso da violência contra a mulher, este benefício maior relaciona-se ainda a questões de gênero, que implicam na hierarquização entre os sexos, ou seja, na determinação das distinções que situam, de um lado, o homem − que detém o poder, é forte, racional e ativo − e, do outro lado, a mulher − sem ou com o mínimo de poder, sensível, emotiva e passiva.14

A naturalização da violência também pode estar associada a outros aspectos como a sua aceitação como vocação, como instinto natural do ser humano, noção que contribui significativamente para a banalização e perpetuação da violência, uma vez que é transformada em um fenômeno incontornável, vinculado a características intrínsecas à subjetividade humana e à vida em sociedade15, e a dificuldade de identificação da violência psicológica, que compreende toda ação ou omissão que causa ou visa a causar dano à autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento, incluindo insultos constantes, humilhação, desvalorização, isolamento de amigos e familiares, omissão de carinho, dentre outros.12

As falas das participantes da pesquisa revelam que elas experimentam a convivência diária com eventos violentos, porém não os percebem como formas de violência, sobretudo aquelas que a literatura aponta como violência psicológica. Alguns motivos parecem contribuir para que as mulheres naturalizem a violência, por exemplo, o fato de muitas delas interiorizarem a imagem que seus companheiros construíram em relação a elas, fator que pode propiciar a diminuição de sua autoestima e agravar ainda mais a situação. Outras mulheres também podem absorver os desejos e as vontades deles, invalidando os seus, acreditando que a violência não seja real.16

A experiência perceptiva ou vivência do corpo próprio é entendida como aquela que sempre nos possibilita tornarmos um outro8-10, e isso ocorre graças ao entrelaçamento dos dois polos da ambiguidade constitutivas da natureza humana: o mundo da vida ou impessoalidade, também denominada carne sensível, e o mundo da cultura ou pessoalidade, também chamada de carne gloriosa.19 Essas dimensões foram evidenciadas nas descrições vivenciais das participantes, como foram explicitadas nas categorias que constituem resultados do estudo.

O mundo da vida refere-se aos sentimentos, que independem da nossa vontade e, por isso, correspondem a uma vivência impessoal. Desta forma, as participantes não conseguem associar muitas de suas vivências a atos violentos, pois sua percepção muitas vezes está vinculada ao nível dos sentimentos, imperceptíveis a quem os vivencia. Já o mundo da cultura determina a linguagem, a forma de expressar o significado, as concepções que elas atribuem à violência, demonstrando a relação entre cultura, religião, contexto socioeconômico e a percepção de ser ou não ser vítima da violência exercida por seus familiares.

Considerando a coexistência das duas naturezas e a diferenciação entre carne sensível e carne gloriosa, como processo inerente à experiência perceptiva (corpo próprio), é possível vivenciar a experiência do "eu posso" e tornar-se um outro "eu mesmo". Para tanto, faz-se necessário considerar que as coisas sempre se revelam em perfil e que carregam consigo o horizonte de passado, que contém diversos outros perfis, e perceber que a vivência do corpo próprio se faz por meio de ambiguidades e que, quando se reconhece que elas habitam o nosso corpo, é possível notá-las em tudo que se apresenta a nós.8

Esta compreensão da ambiguidade do corpo próprio corresponde à noção de fenômeno, como algo que ocorre a partir da intersubjetividade, e apresenta-se sempre em perspectivas, mas estas carregam consigo todas as demais sem que tenhamos de elaborar.6,8-10 Logo, o fenômeno constitui-se como um processo que aparece carregando consigo uma história a ele atrelado e, nesta perspectiva, trata-se de um exercício instaurado no mundo da vida.17

Desta maneira, foi possível notar que, apesar de diversos autores tentarem explicar os motivos que contribuem para que as mulheres percebam a violência de forma naturalizada, a razão essencial que permite que elas não reconheçam as violências a que estão expostas é que a percepção constituise em uma experiência ambígua. Portanto, apesar de delimitarem objetivamente algumas formas de violência, parecem não compreender que esta ultrapassa aquilo que elas conseguem explicar e a que estão expostas no cotidiano da convivência com um familiar alcoolista.

Convivência por necessidade pessoal e convivência pela necessidade do outro

Nesta categoria, as participantes do estudo expuseram suas vivências e apresentaram motivos para não abandonarem seus familiares alcoolistas, vinculando-os à necessidade pessoal e à necessidade do outro. Nas falas seguintes são desvelados esses motivos:

[...] porque se tu chegar morrer primeiro do que eu [...] vou sofrer muito [...] eu fiquei só [...] aqui, meu filho é eu e você, é você pra mim e eu pra você, não conta com ninguém não, só é nóis dois [...] (Arara).

[...] uma pessoa maravilhosa, acho que é isso que faz eu viver com ele [...] é amor, minha filha, [...] eu esperava totalmente diferente, pensava em ter filho também [...] nenhum filho [...] quando fui viver com ele, ele era muito abandonado, a família não queria ele, [...] se ele sofrer, vou sofrer junto com ele, eu quero ajudar ele sair dessa [...] eu sinto isso, que faz eu suportar tudo [...] (Araponga).

[...] esperava ter um dia uma família, o que eu mais sonhava era um dia ter uma casa pra ficar, [...] então de qualquer forma, apesar das tristezas, eu sinto feliz porque tenho meu lugar [...] quando você tem um companheiro é mais respeitada, pode ser o que for [...] no casamento a gente promete ser fiel na saúde, na doença, amando [...] eu falei com Deus, com a assembléia toda [...] porque quando os pais se separam, os filhos é que aguentam toda consequência [...] (Canário).

No que se refere aos motivos considerados como necessidade pessoal, estudos apontam que as mulheres alegam continuar em um relacionamento abusivo em função da dependência emocional, da esperança de que o familiar vai mudar um dia, do amor pelo parceiro (esposo), da dependência financeira, de valores sociais, da necessidade de manter a instituição familiar e de considerar o casamento como forma de fugir da situação familiar de origem, entre outros.13

Neste estudo, em que a maioria das informantes é esposa, o medo de ficar sozinha apareceu como justificativa para continuar cuidando, o que remete à impossibilidade de o ser humano viver sozinho, isoladamente.4,17 A convivência com o outro, a interação com pessoas diferentes, favorece o compartilhamento de afeto, de experiências positivas e negativas, de ensinamentos, entre outros aspectos, que engrandece e fortalece o ser humano. Desta forma, a ligação com o familiar alcoolista pode ser facilmente compreendida desde que se considere o viver com o outro como algo intrínseco à natureza humana.

Outra característica humana desvelada na fala das informantes foi a capacidade e necessidade de amar. O amor é o sentimento fundamental que dá origem à vida em sociedade e que tem garantido a persistência da vida e dos indivíduos ao longo dos anos. Ele permite a partilha entre os homens e é o responsável pela união entre as pessoas na busca de um mesmo destino e de uma mesma caminhada, orientadas pelos sentimentos de pertença e de benevolência, favorece estar aberto ao outro, a conviver e comungar momentos agradáveis e desagradáveis.18

As informantes relataram que o amor pelo esposo e a satisfação por transmitir-lhe esse sentimento constitui uma das razões por que elas continuam convivendo com ele. Afinal, o amor as preenche, tornando-as felizes. Os momentos de carinho e de atenção vividos ao lado do marido parecem ajudá-las a suportar os momentos tristes e o sofrimento vivenciado.

Outros fatores julgados essenciais para a não-separação do cônjuge são a constituição de uma família e de um lugar que pode ser chamado de seu, e o encontro, na família do marido, portanto na família adquirida, do que não teve, antes do casamento, junto à família primária. A família constitui uma necessidade do ser humano, pois é nela que ocorrem nossas primeiras trocas afetivo-emocionais: vivenciamos momentos de alegria, de tristeza, mas é no seu interior também que primeiramente, surgem os problemas, permitindo que aprendamos a nos definir como diferentes e a enfrentar os nossos conflitos de crescimento. A família deve ser compreendida como unidade de cuidado, criadora de estratégias de promoção de saúde para seus membros, suporte mútuo e ideais comuns, não sendo limitada apenas pela consanguinidade, casamento, parceria sexual ou adoção.4,19

Ao lado da necessidade de viver em família, o homem também precisa de um espaço para a convivência. A moradia reflete um desejo, uma vontade das famílias, e apresenta duas dimensões: uma física, expressa pelos limites do território, e uma social, representada pelas relações entre os membros da família e dela com os outros. À medida que a família estabelece seu espaço, forma-se um limite entre seu mundo interno e o externo e sua transposição é definida por ela em consonância com seu modo de viver.4

Nessa perspectiva, a fala de Canário desvelou a preocupação com as repercussões desse evento para a imagem moral da mulher perante a sociedade e a religião, destacando que esta é mais respeitada quando tem uma família e um marido. Este fato influencia diretamente a decisão de separar-se do cônjuge e, na maioria das vezes, faz com que insista na relação. Ao lado disso, está a concepção da religião no que se refere aos votos do matrimônio como indissolúveis.

Outra razão associada à manutenção da convivência com um membro alcoolista é a dependência financeira, que torna as mulheres sem nenhuma ou com pouca perspectiva de crescimento, aspecto que pode estar relacionado ao estado de submissão feminina, naturalizado ao longo dos anos pela sociedade.20 Diante dessa situação, a mulher pode sentir-se presa à relação em decorrência da falta de perspectiva de vida e da possibilidade de comprometimento da sobrevivência.

Quanto aos motivos percebidos como necessidade do outro, eles devem ser observados sob duas perspectivas: a primeira, como necessidade do familiar alcoolista que aliena a mulher da convivência consigo; a segunda, como a necessidade de outros membros da família que são também, diretamente, afetados pela presença do alcoolismo na família: no caso deste estudo, os filhos são o exemplo. Neste sentido, a literatura aponta o bemestar dos filhos e a compaixão pelo parceiro como significativos para a permanência da mulher ao lado de um familiar que a maltrata.13

Nesse contexto, a compaixão expressa pelas mulheres não deve ser entendida de forma pejorativa como sentir "pena" do outro, mas diz respeito à capacidade de deixar seu próprio círculo e adentrar o espaço do outro para sofrer a seu lado, alegrar-se, caminhar junto e construir a vida em sinergia com ele.21 Portanto, configura-se como sendo uma capacidade de isentar-se do egoísmo e praticar o altruísmo, por não permitirem que seus familiares enfrentem, sozinhos, um problema que tem repercussões na vida de toda a família − a dependência alcoólica. Assim, a necessidade do outro contribui bastante para a permanência da mulher ao lado de um familiar alcoolista.

Com relação ao bem-estar dos filhos, uma pesquisa mostra que eles estão entre os membros da família mais afetados pelo alcoolismo e que a convivência com um pai alcoolista pode levá-los a tornarem-se dependentes do álcool, além de desenvolverem dificuldade de comunicação, baixa autoestima, caracterizando-se como pessoas cujas vidas serão marcadas por uma história de desconfiança e medo.22 No entanto, o estudo revela, ainda, que as reações dos filhos podem ser distintas quando recebem a notícia da separação dos pais. Eles podem aceitar sem reação, mas, na maioria das vezes, as consequências marcam a vida deles para sempre, podendo levar a diversos distúrbios de comportamento, que também podem ocorrer em função de desajustes dos pais, sejam separados ou não, confirmando a reflexão de Canário de que são os filhos que aguentam toda consequência.

As descrições vivenciais revelaram, também, que as esposas demonstraram que outra razão para mantê-las vinculadas a um familiar alcoolista é a necessidade de acolhê-lo e ajudá-lo, já que se trata de um membro da família que enfrenta problemas. Isto caracteriza uma das essências do homem – o cuidar. O cuidado representa mais que um ato, é uma atitude, pois ultrapassa um momento de atenção, de zelo e de desvelo, correspondendo a uma ocupação, preocupação, responsabilização e envolvimento afetivo com o outro.18 Desta forma, a pessoa que cuida adentra a vida do ser cuidado e participa ativamente dela, sentindo-se responsável em estar ao seu lado em todos os momentos e incapaz de deixá-lo enfrentar sozinho os obstáculos que surgem.

As falas referentes a esta categoria revelam em seu cerne as ambiguidades inerentes a todos os fenômenos de nossas vidas, o que tem a ver com o paradoxo entre o mundo que se revela para mim e tem a ver com sentimento, impessoalidade, e minha tendência em direção ao mundo, que se relaciona aos aspectos culturais, à pessoalidade. Neste espaço, há um indecidível entre as experiências que eu vivo em meu próprio corpo (em si) e aquelas que eu vivo diante do julgamento social (para-si).6,8

Neste sentido, o estudo aponta, de um lado, os motivos correspondentes à impessoalidade, o em si, que tornam estas mulheres sequestradas por seus familiares. São sentimentos de amor, de segurança, de carinho, de compaixão, desejo de cuidar, preocupação com o bem-estar dos filhos, medo de viver sozinhas, crença na mudança do companheiro, enfim, sentimentos que, ao mesmo tempo, suprem as necessidades pessoais e as necessidades do outro e que independem de sua vontade, referindo-se a um dos polos da ambiguidade – o mundo da vida (ou carne sensível).

De outro lado, as razões que representam a pessoalidade, o para si, e que se relacionam com as necessidades pessoais. Desta forma, as mulheres falam acerca de sua imagem diante da sociedade, que considera como imprescindível o casamento, a presença de um companheiro como importante requisito de respeito e aceitação da mulher. Além disso, as preocupações explicitadas pelas mulheres quanto a seu papel perante a sociedade e a religião são razões que pertencem ao mundo da cultura (ou carne gloriosa), que impõe normas, censuras e tradições, ou seja, constituem o outro polo da ambiguidade.

Desta maneira, todos os motivos apresentados pelas mulheres parecem aliená-las a uma situação que, aparentemente, lhes é prejudicial. Porém, ao permitir que elas expusessem as razões pelas quais permanecem em conviabilidade com um membro alcoolista, percebemos que, de certa forma, trata-se de uma vivência ambígua, isto é, ao mesmo tempo em que a vivência causa-lhes malefícios, também proporciona situações que as completam de alguma forma, confortando-as e contribuindo significativamente para que continuem ao lado deles.

A INAPREENSÃO DO VIVIDO: CONSIDERAÇÕES FINAIS

As participantes do estudo, orientadas pela temporalidade que as acompanha, expressaram suas vivências e as razões para o conviver com a situação do alcoolismo e experimentar a transcendência, que consiste na experiência de tornar-se um outro eu mesmo. Embora tal convivência possa ser percebida pelo olhar externo como algo negativo por inteiro, o estudo mostrou que se trata de uma experiência ambígua, própria de quem a vive e, por isso, não se pode formular juízo de valor. Qualquer tentativa de objetivar o que significa, para essas mulheres, conviver diariamente com o familiar alcoolista, é insuficiente e, neste sentido, trata-se de um vivido inapreensível.

O estudo possibilitou a compreensão de que a família que convive com um membro alcoolista constitui prioridade no contexto das políticas de saúde e, especialmente, das políticas de saúde mental, no âmbito da dependência química, considerando que todos os membros da família são vulneráveis a agravos em suas dimensões de saúde ao ter que compartilhar a situação do alcoolismo vivenciada por um familiar. Portanto, a família precisa ser incluída como unidade de cuidado no planejamento da assistência prestada pelos serviços de saúde e contar com uma rede de suporte social efetiva, na perspectiva de romper com o modelo de assistência fragmentado, cuja ênfase tem sido apenas a pessoa dependente da droga.

Nesta perspectiva, como enfermeiras, e partindo da compreensão de que a enfermagem é uma profissão cuja característica essencial é o cuidado, percebemos a necessidade de promover o cuidado sob a ótica da intersubjetividade e da percepção de que aquele que requer de nós o cuidado lança-nos sempre uma proposta e, na condição de cuidadores responsáveis e éticos, temos a obrigatoriedade de dar uma resposta. Esta, por sua vez, deve ser baseada, fundamentalmente, na valorização das descrições de vivências da pessoa que, obviamente, não são somente dela, mas também nossas, já que constituímos contextos de intersubjetividades.

Finalmente, o estudo permitiu-nos compreender a dinâmica que envolve a experiência perceptiva, a qual nos revela que a construção do conhecimento é uma experiência infindável, e que os fenômenos nunca se desvelam em si por inteiro, não sendo possível alcançar todas as suas perspectivas. Assim, caso continuássemos nos aprofundando na compreensão das descrições sob a ótica da fenomenologia, certamente emergiriam outras ambiguidades, conduzindo-nos a outras reflexões.

Recebido: 24 de junho de 2010

Aprovação: 29 de março de 2011

1 Recorte da pesquisa - Repercussões do alcoolismo no contexto familiar. Curso de Enfermagem. Departamento de Saúde (DS) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus de Jequié-BA.

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  • Correspondência:

    Patricia Anjos Lima de Saúde
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    Brasil
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Jul 2011
    • Data do Fascículo
      Jun 2011

    Histórico

    • Recebido
      24 Jun 2010
    • Aceito
      29 Mar 2011
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