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Avaliação da autoestima de jovens universitárias segundo critério raça/cor* * Artigo extraído da dissertação de mestrado “Influência da autoestima na saúde sexual e reprodutiva de jovens universitárias: análise sob a ótica racial”, apresentada à Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil. Apoio Financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Processo 130229/2017-2, Brasil.

Resumos

Objetivo:

avaliar e comparar a autoestima de jovens universitárias com idade entre 18 e 24 anos segundo critério raça/cor.

Método:

estudo transversal, quantitativo, desenvolvido com 240 graduandas de uma universidade pública brasileira. A coleta de dados ocorreu de modo online através de um questionário estruturado que contemplava as características sociodemográficas e de hábitos de vida das participantes, e a Escala de Autoestima de Rosenberg. Para análise dos dados utilizou-se estatística descritiva, teste de associação e comparação de médias.

Resultados:

a maioria das jovens apresentou nível médio de autoestima. Não foi encontrada associação estatisticamente significativa entre as variáveis “nível de autoestima” e “cor ou raça autorreferida”.

Conclusão:

embora não tenha sido identificada associação significativa entre cor ou raça autorreferida e nível de autoestima, jovens negras apresentam escores médios de autoestima inferiores ao de jovens não negras. Estratégias que fortaleçam a autoestima das jovens universitárias são necessárias para prevenir prejuízos à sua saúde física, mental, e, consequentemente, ao seu desempenho acadêmico.

Descritores:
População Negra; Autoestima; Saúde Mental; Saúde da Mulher; Juventude; Saúde do Estudante


Objective:

to evaluate and compare the self-esteem of young female university students aged between 18 and 24 years old according to race/skin color criteria.

Method:

a cross-sectional and quantitative study, developed with 240 undergraduate female students from a public Brazilian university. Data collection took place online through a structured questionnaire that included the participants’ sociodemographic and lifestyle habits, and the Rosenberg Self-Esteem Scale. For data analysis, descriptive statistics, association test, and comparison of means were used.

Results:

most of the young women had a mean level of self-esteem. No statistically significant association was found among the “self-esteem level” and “self-reported skin color or race” variables.

Conclusion:

although no significant association was identified between self-reported skin color or race and level of self-esteem, young black women have lower mean self-esteem scores than young non-black women. Strategies that strengthen the self-esteem of young female university students are necessary to prevent harms to their physical and mental health, and, consequently, to their academic performance.

Descriptors:
Black Population; Self Esteem; Mental Health; Women’s Health; Youth; Student Health


Objetivo:

evaluar y comparar la autoestima de jóvenes universitarias de entre 18 y 24 años en función de los criterios de raza/etnia.

Método:

estudio transversal, cuantitativo, desarrollado con 240 estudiantes universitarias de una universidad pública brasileña. La recopilación de datos se realizó online a través de un cuestionario estructurado que incluía los hábitos sociodemográficos y de estilo de vida de las participantes, y la Escala de Autoestima de Rosenberg. Para el análisis de datos, se utilizó estadística descriptiva, prueba de asociación y comparación de medias.

Resultados:

la mayoría de las mujeres jóvenes presentaban un nivel de autoestima promedio. No se encontró asociación estadísticamente significativa entre las variables “nivel de autoestima” y “etnia o raza autodeclarada”.

Conclusión:

aunque no se identificó una asociación significativa entre la etnia o raza autodeclarada y el nivel de autoestima, las jóvenes negras presentan puntajes promedio de autoestima más bajos que las jóvenes no negras. Es necesario implementar estrategias que fortalezcan la autoestima de las jóvenes universitarias para evitar daños a su salud física, mental y, en consecuencia, a su rendimiento académico

Descriptores:
Población Negra; Autoestima; Salud Mental; Salud de la Mujer; Juventud; Salud del Estudiante


Introdução

A autoestima é definida como o julgamento que o indivíduo faz e mantém sobre si, se constrói a partir do valor que este dá para si mesmo, gerando um sentimento de apreciação ou repulsa que define a autopercepção dos sujeitos(11 Rosenberg M. Society and the adolescent self-image. Princeton: Princeton University Press; 1965.).

Os indivíduos podem apresentar baixo, médio ou alto nível de autoestima(11 Rosenberg M. Society and the adolescent self-image. Princeton: Princeton University Press; 1965.). Alta autoestima é manifestada pela aceitação da responsabilidade de suas próprias ações, pela capacidade de correr riscos razoáveis, assumindo total comando e controle sobre a própria vida, incluindo a adoção de comportamentos saudáveis(22 Mruk CJ. Self-esteem and positive psychology: research, theory, and practice. 4. ed. Nova York: Springer; 2013.). Indivíduos com baixa autoestima focam em tentar se provar para os outros. Eles geralmente não têm confiança em si mesmos, e frequentemente duvidam do próprio valor e aceitabilidade. Já as pessoas com média autoestima experimentam oscilações em relação ao autoconceito, revezando entre sentimentos de autoaprovação e autorrejeição(11 Rosenberg M. Society and the adolescent self-image. Princeton: Princeton University Press; 1965.-22 Mruk CJ. Self-esteem and positive psychology: research, theory, and practice. 4. ed. Nova York: Springer; 2013.).

A autoestima é um importante indicador da saúde mental(33 Paixão RF, Patias ND, Dell'aglio DD. Self-esteem and Symptoms of Mental Disorder in the Adolescence: Associated Variables. Psic Teor Pesq. [Internet] 2018 [cited Jul 15, 2019];34:e34436. Available from: http://dx.doi.org/10.1590/0102.3772e34436
http://dx.doi.org/10.1590/0102.3772e3443...
). Altos escores de autoestima têm sido associados a práticas positivas relacionadas à saúde(44 Jackman DM, Macphee D. Self-esteem and future orientation predict adolescents' risk engagement. J Early Adolesc. [Internet]. 2017 Mar [cited Jul 15, 2019];37(3):339-66. Available from: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0272431615602756
https://journals.sagepub.com/doi/full/10...
), enquanto baixa autoestima parece estar mais próxima de condutas de risco, como por exemplo o comportamento suicida(55 Zappe JG, Dell'aglio DD. Variáveis pessoais e contextuais associadas a comportamentos de risco em adolescentes. J Bras Psiquiatr. [Internet]. 2016 Mar [Acesso 15 jul 2019];65(1):44-52. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852016000100044&lng=pt&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
).

As evidências científicas têm demonstrado alto engajamento da população jovem em comportamentos de risco à saúde, tais como sedentarismo, hábitos não saudáveis de alimentação, abuso de álcool e outras drogas e comportamentos sexuais de risco(55 Zappe JG, Dell'aglio DD. Variáveis pessoais e contextuais associadas a comportamentos de risco em adolescentes. J Bras Psiquiatr. [Internet]. 2016 Mar [Acesso 15 jul 2019];65(1):44-52. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852016000100044&lng=pt&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...

6 Arsandaux J, Montagni I, Macalli M, Bouteloup V, Tzourio C, Galéra C. Health Risk Behaviors and Self-Esteem Among College Students: Systematic Review of Quantitative Studies. Int J Behav Med. [Internet]. 2020 Feb [cited Mar 29, 2020]. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs12529-020-09857-w
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-77 Lima CAG, Maia MFM, Magalhães TA, Oliveira LMM, Reis VMCP, Brito MFSF, et al. Prevalência e fatores associados a comportamentos de risco à saúde em universitários no norte de Minas Gerais. Cad Saúde Colet. [Internet] 2017 Abr [Acesso 15 jul 2019];25(2):183-91. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-462X2017000200183&lng=pt&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
). Dentro deste contexto, o fortalecimento da autoestima dos jovens tem se mostrado um caminho promissor para prevenção destes comportamentos(44 Jackman DM, Macphee D. Self-esteem and future orientation predict adolescents' risk engagement. J Early Adolesc. [Internet]. 2017 Mar [cited Jul 15, 2019];37(3):339-66. Available from: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0272431615602756
https://journals.sagepub.com/doi/full/10...
,66 Arsandaux J, Montagni I, Macalli M, Bouteloup V, Tzourio C, Galéra C. Health Risk Behaviors and Self-Esteem Among College Students: Systematic Review of Quantitative Studies. Int J Behav Med. [Internet]. 2020 Feb [cited Mar 29, 2020]. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs12529-020-09857-w
https://link.springer.com/article/10.100...
); por isso, o interesse científico se volta para a avaliação do nível de autoestima desta população na atualidade.

No que tange às diferenças de gênero, devido aos conflitos com padrões de autoimagem, mulheres podem ter índices mais baixos de autoestima(88 Bleidorn W, Arslan RC, Denissen JJ, Rentfrow PJ, Gebauer JE, Potter J, et al. Age and gender differences in self-esteem - a cross-cultural window. J Pers Soc Psychol. [Internet]. 2016 Sep [cited Jul 15, 2019];111(3):396-410. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26692356
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2669...
). Um dos poucos estudos nacionais sobre esta temática envolvendo 1,151 estudantes do ensino fundamental, médio e superior, com idades entre 10 e 30 anos, identificou diferenças entre gêneros apenas dentro da faixa etária de 16 a 19 anos, onde a média dos homens deste grupo foi significativamente superior à das mulheres(99 Hutz CS, Zanon C. Revisão da adaptação, validação e normatização da Escala de Autoestima de Rosenberg. Aval Psicol. [Internet]. 2011 Abr [Acesso 15 jul 2019];10(1):41-9. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712011000100005
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). Ainda, os pesquisadores encontraram diferenças significativas entre autoestima de alunos do ensino fundamental e médio e estudantes do ensino superior, sugerindo que a vida universitária vem sendo experimentada com uma fase estressora para os jovens(99 Hutz CS, Zanon C. Revisão da adaptação, validação e normatização da Escala de Autoestima de Rosenberg. Aval Psicol. [Internet]. 2011 Abr [Acesso 15 jul 2019];10(1):41-9. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712011000100005
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-1010 Lima BVBG, Trajano FMP, Chaves Neto G, Alves RS, Farias JA, Braga JEF. Evaluation of anxiety and self-esteem in students concluding the nursing graduation course. J Nurs UFPE Online. [Internet]. 2017 Nov [cited Jul 15, 2019];11(11):4326-33. Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/13440
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revi...
).

No tocante às diferenças raciais de autoestima, pesquisadores apontam a ligação entre discriminação racial e sintomas traumáticos em estudantes universitários(1111 Watson LB, DeBlaere C, Langrehr KJ, Zelaya DG, Flores MJ. The influence of multiple oppressions on women of color's experiences with insidious trauma. J Couns Psychol. [Internet]. 2016 Nov [cited Jul 15, 2019];63(6):656-67. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27505284
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2750...

12 Moody AT, Lewis JA. Gendered Racial Microaggressions and Traumatic Stress Symptoms Among Black Women. Psychol. Women Q. [Internet]. 2019 Mar [cited Mar 29, 2020];43(2):201-14. Available from: https://doi.org/10.1177/0361684319828288.
https://doi.org/10.1177/0361684319828288...
-1313 Santos Júnior A, Rachkorsky LL, Ronzoni P, Dogra N, Dalgalarrondo P. Experiências percebidas de discriminação e Saúde Mental: resultados em estudantes universitários brasileiros. Serv Soc & Saúde. [Internet]. 2016 Jul/Dez [Acesso 29 mar 2020]:15(2):273-98. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/sss/article/view/8648121/14989
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). Embora se presuma maior comprometimento da autoestima de mulheres negras quando comparada a mulheres não negras, dadas as múltiplas violências as quais estão expostas em razão do racismo(1111 Watson LB, DeBlaere C, Langrehr KJ, Zelaya DG, Flores MJ. The influence of multiple oppressions on women of color's experiences with insidious trauma. J Couns Psychol. [Internet]. 2016 Nov [cited Jul 15, 2019];63(6):656-67. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27505284
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-1212 Moody AT, Lewis JA. Gendered Racial Microaggressions and Traumatic Stress Symptoms Among Black Women. Psychol. Women Q. [Internet]. 2019 Mar [cited Mar 29, 2020];43(2):201-14. Available from: https://doi.org/10.1177/0361684319828288.
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), não foram encontrados estudos que se dedicaram a comparar os níveis de autoestima entre estas populações para sustentar tal suposição no contexto brasileiro. Já os estudos internacionais que compararam os efeitos da identidade étnico-racial sobre a autoestima, apontaram que há um maior nível de autoestima entre jovens negras do que em qualquer outro grupo étnico feminino jovem(1414 Sprecher S, Brooks JE, Avogo W. Self-esteem among young adults: differences and similarities based on gender, race, and cohort (1990-2012). Sex Roles [Internet]. 2013 Sep [cited Jul 15, 2019];69(5):264-75. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11199-013-0295-y#citeas
https://link.springer.com/article/10.100...
).

Diante do exposto, considerando a relevância social da temática para a saúde mental de jovens de universidades públicas, e em virtude da escassez de estudos nacionais que avaliam a autoestima da população universitária a partir de identidades raciais, optou-se por realizar este estudo com o objetivo de avaliar e comparar a autoestima de jovens universitárias segundo critério raça/cor.

Método

Trata-se de um estudo quantitativo, de corte transversal, desenvolvido em um campus de uma universidade pública localizado no interior do estado de São Paulo. Este campus conta com cursos distribuídos nas áreas de ciências humanas, biológicas e da saúde, e exatas.

Com base em estudos prévios que demonstram associação entre exposição a discriminações raciais e resultados negativos de saúde mental(1111 Watson LB, DeBlaere C, Langrehr KJ, Zelaya DG, Flores MJ. The influence of multiple oppressions on women of color's experiences with insidious trauma. J Couns Psychol. [Internet]. 2016 Nov [cited Jul 15, 2019];63(6):656-67. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27505284
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12 Moody AT, Lewis JA. Gendered Racial Microaggressions and Traumatic Stress Symptoms Among Black Women. Psychol. Women Q. [Internet]. 2019 Mar [cited Mar 29, 2020];43(2):201-14. Available from: https://doi.org/10.1177/0361684319828288.
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-1313 Santos Júnior A, Rachkorsky LL, Ronzoni P, Dogra N, Dalgalarrondo P. Experiências percebidas de discriminação e Saúde Mental: resultados em estudantes universitários brasileiros. Serv Soc & Saúde. [Internet]. 2016 Jul/Dez [Acesso 29 mar 2020]:15(2):273-98. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/sss/article/view/8648121/14989
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), estabeleceu-se a hipótese de que jovens universitárias negras apresentam menor nível de autoestima se comparadas a jovens não negras.

A população do estudo foi constituída por todas as mulheres jovens estudantes do primeiro e do último ano de todos os cursos presenciais de graduação do campus estudado, com idade entre 18 e 24 anos. De acordo com as informações disponibilizadas pelo Serviço de Informação da universidade, em 2017 ingressaram 752 mulheres nos cursos de graduação no referido campus, e se formaram 668 alunas (informação pessoal), ou seja, a população de interesse deste estudo equivalia a aproximadamente 1420 mulheres (ingressantes e formandas). Os critérios de exclusão foram: jovens que se identificavam com o gênero masculino, jovens que não se enquadravam nas categorias de calouro ou formando, jovens menores de 18 anos ou com 25 anos completos ou mais no momento da coleta. O critério de exclusão, considerando este limite de idade, justifica-se pois neste estudo foi seguida a classificação utilizada pela Política Nacional de Juventude, que divide os sujeitos com idade entre 15 e 29 anos em três grupos: jovens da faixa etária de 15 a 17 anos, denominados jovens-adolescentes; jovens de 18 a 24 anos, como jovens-jovens; e jovens da faixa dos 25 a 29 anos, como jovens-adultos(1515 Conselho Nacional de Juventude (BR). Política Nacional de Juventude: diretrizes e perspectivas. São Paulo: Fundação Friedrich Ebert; 2006.).

Foram utilizados dois instrumentos para a coleta de dados. O primeiro foi um questionário estruturado que contemplou os dados de identificação, as características sociodemográficas e hábitos de vida das participantes (idade, raça/cor autorreferida, curso, ano de curso, ocupação, religião, hábito de fumar, hábito de beber, uso de drogas ilícitas, estado marital, tipo de escola que frequentou). Este instrumento foi elaborado e fundamentado com base na literatura científica e em pesquisas prévias realizadas na área do estudo. O segundo instrumento utilizado foi a Escala de Autoestima de Rosenberg (Rosenberg Self-Esteem Scale). Este é um instrumento de medida unidimensional da autoestima, constituído por dez afirmações relacionadas a um conjunto de sentimentos positivos e negativos de autoaceitação para avaliar a autoestima global, que é classificada em baixa (10 a 20 pontos), média (20 a 30 pontos) e alta (30 a 40 pontos)(99 Hutz CS, Zanon C. Revisão da adaptação, validação e normatização da Escala de Autoestima de Rosenberg. Aval Psicol. [Internet]. 2011 Abr [Acesso 15 jul 2019];10(1):41-9. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712011000100005
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,1616 Terra FS, Marziale MHP, Robazzi MLC. Evaluation of Self-esteem in Nursing Teachers at Public and Private Universities. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [Internet]. 2013 Feb [cited Jul 15, 2019];21(Spec):71-8. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692013000700010
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). Os itens são respondidos em uma escala tipo Likert na qual as opções de respostas são: concordo totalmente, concordo, discordo e discordo totalmente. A cada uma dessas opções é atribuído um número que varia de 1 a 4 pontos. No Brasil, esse instrumento foi adaptado e validado para pesquisa e na atualidade é de domínio público, de fácil e rápida aplicação(99 Hutz CS, Zanon C. Revisão da adaptação, validação e normatização da Escala de Autoestima de Rosenberg. Aval Psicol. [Internet]. 2011 Abr [Acesso 15 jul 2019];10(1):41-9. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712011000100005
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).

Os instrumentos foram transpostos para a ferramenta de captura eletrônica de dados Research Electronic Data Capture (REDCap)(1717 Harris PA, Taylor R, Thielke R, Payne J, Gonzalez N, Conde JG. Research Electronic Data Capture (REDCap): a metadata-driven methodology and workflow process for providing translational research informatics support. J Biomed Inform. [Internet]. 2009 Apr [cited Jul 15, 2019];42(2):377-81. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2700030/
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). O software REDCap é uma plataforma baseada na web que visa simplificar e agilizar o desenvolvimento de formulários eletrônicos de captura de dados a serem utilizados em pesquisas(1717 Harris PA, Taylor R, Thielke R, Payne J, Gonzalez N, Conde JG. Research Electronic Data Capture (REDCap): a metadata-driven methodology and workflow process for providing translational research informatics support. J Biomed Inform. [Internet]. 2009 Apr [cited Jul 15, 2019];42(2):377-81. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2700030/
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). A coleta de dados ocorreu entre os meses de maio e setembro de 2018. Todas as estudantes foram convidadas a participar da pesquisa por meio de correio eletrônico. Na página da pesquisa online, após terem ciência da pesquisa e dos aspectos éticos, aquelas que aceitaram participar expressaram a sua concordância eletronicamente ao clicarem no botão de aceite de participação na página que continha o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

De acordo com os registros disponibilizados pelo REDCap, houve 1025 acessos ao instrumento de coleta de dados entre os meses que ele ficou disponível para os estudantes. No entanto, apenas 540 respondentes concluíram o preenchimento adequadamente. Destes, 240 se enquadravam nos critérios de inclusão propostos pelas pesquisadoras.

Os dados foram exportados do REDCap por procedimentos automáticos próprios da plataforma, diretamente para uma planilha no Microsoft Excel. Todos os dados foram analisados com a utilização do programa estatístico Statistical Analysis System SAS® 9.4. A caracterização das participantes foi realizada com base na estatística descritiva. Para as análises, os dados referentes à variável “raça/cor autorreferida” foram categorizados em dois subgrupos: “jovens negras” (participantes que se autodeclaram pretas e pardas), e “jovens não negras” (participantes que se autodeclaram brancas e amarelas). Esta categorização está de acordo com o sistema classificatório de raça/cor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE)(1818 Petruccelli JL, Saboia AL. Características étnico-raciais da população: classificações e identidades. 2ed. Rio de Janeiro: IBGE; 2013.). No sistema classificatório em questão, são empregadas cinco categorias de cor ou etnia: branca, preta, parda, amarela e indígena, sendo que a população negra brasileira é constituída a partir da agregação dos sujeitos autodeclarados pretos e pardos(1818 Petruccelli JL, Saboia AL. Características étnico-raciais da população: classificações e identidades. 2ed. Rio de Janeiro: IBGE; 2013.).

Para verificação de associação entre as variáveis qualitativas utilizou-se o Teste Exato de Fisher. Para comparação das médias dos escores de autoestima entre as jovens negras e não negras foi utilizado o Teste t-Student. Para todas as análises estatísticas foi considerado um nível de significância de 5% (α=0,05).

O presente estudo foi submetido à apreciação e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo sob protocolo 80315217.2.0000.5393.

Resultados

Participaram deste estudo 240 jovens universitárias, com média de idade de 21 anos, predominantemente brancas, cursando o último ano da graduação, que não exerciam trabalho remunerado e não participavam ativamente de nenhuma religião. A maior parcela tinha parceiro(a) mas não moravam juntos(as), e estudaram integralmente em escola particular antes de ingressar no ensino superior.

Em relação aos hábitos de vida, a maior proporção das jovens não possuía o hábito de fumar e não consumia drogas ilícitas. Destaca-se que 86,6% das participantes fazia uso de bebidas alcoólicas, sendo que 34,1% declarou o consumo de álcool uma ou duas vezes na semana.

A Tabela 1 apresenta a distribuição das participantes do estudo segundo características sociodemográficas e hábitos de vida.

Tabela 1
Distribuição das participantes do estudo segundo raça/cor autorreferida, ano de curso, ocupação, religião, estado marital, tipo de escola que frequentou, hábito de fumar, hábito de consumo de bebida alcóolica e uso de drogas ilícitas. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018

Com relação à avaliação da autoestima, a distribuição dos resultados obtidos através da aplicação da Escala de Autoestima de Rosenberg é apresentada na Tabela 2. Observa-se que a maior proporção das participantes (53,7%) apresentou nível médio de autoestima. A média de pontuação foi de 27,7 pontos com desvio padrão de 5,9, pontuação mínima de 11 pontos, e máxima de 40 pontos.

Tabela 2
Distribuição das participantes do estudo segundo nível de autoestima. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018

O resultado do teste de associação entre nível de autoestima e raça/cor autorreferida está apresentado na Tabela 3. Observa-se que não houve associação estatisticamente significativa entre as variáveis analisadas.

Tabela 3
Associação entre nível de autoestima segundo critério raça/cor. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018

A Tabela 4 apresenta a comparação entre as médias dos escores de autoestima das participantes do estudo segundo critério raça/cor. Embora não tenha sido encontrada significância estatística (p=0,8239), observa-se que jovens não negras apresentaram a média de autoestima mais elevada do que as jovens negras.

Tabela 4
Comparação das médias dos escores de autoestima das participantes do estudo segundo critério raça/cor. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2018

Discussão

As características sociodemográficas idade, trabalho remunerado, religião e tipo de escola cursada no ensino médio identificadas nas participantes deste estudo assemelham-se às de participantes de estudos prévios(1919 Corrêa AK, Prebill GM, Ruiz JC, Souza MCBM, Santos RA. First-year student profile in the "bachelor's degree with a teaching credential in nursing" program at a Brazilian public university. Educ Rev. [Internet]. 2018 Jun 18 [cited Jul 15, 2019];34(e185913). Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-46982018000100146&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
-2020 Tosta TLD. A participação de estudantes universitários no trabalho produtivo e reprodutivo. Cad Pesqui. [Internet]. 2017 Sep [Acesso 15 Jul, 2019];47(165):896-910. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0100-15742017000300006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
).

Em relação à raça/cor autorreferida, a maioria das participantes se autodeclarou branca, assim como em pesquisa(1919 Corrêa AK, Prebill GM, Ruiz JC, Souza MCBM, Santos RA. First-year student profile in the "bachelor's degree with a teaching credential in nursing" program at a Brazilian public university. Educ Rev. [Internet]. 2018 Jun 18 [cited Jul 15, 2019];34(e185913). Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-46982018000100146&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
)que identificou, em um período de 10 anos, uma média de matrículas de alunos autodeclarados brancos de 76,4%, ao passo que a de alunos autodeclarados negros (pretos e pardos) correspondeu a 21,7% (5,4% e 16,2% respectivamente), evidenciando, que, embora já possa observar um crescente ingresso da população negra brasileira nas universidades, em algumas delas, este espaço continua sendo majoritariamente ocupado por pessoas de pele branca(2121 Ristoff D. O novo perfil do campus brasileiro: uma análise do perfil socioeconômico do estudante de graduação. Avaliação. [Internet] 2014 Nov [Acesso 15 jul 2019];19(3):723-47. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-40772014000300010&script=sci_abstract&tlng=pt
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-2222 Braz RL, Peixoto MCL. Perfil dos estudantes participantes do programa Andifes de mobilidade acadêmica. Avaliação (Campinas). [Internet]. 2018 Nov [Acesso 29 mar 2020];23(3):795-814. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1414-40772018000300013
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).

No que se refere a características de hábitos de vida, a maioria das participantes negou o hábito de fumar e de consumir drogas ilícitas, enquanto 34,1% relatou fazer uso de bebidas alcóolicas 1 ou 2 vezes na semana. Estes achados também vêm sendo observados em outros estudos nacionais e internacionais e têm despertado atenção, visto as consequências negativas que o consumo de álcool e outras drogas pode desencadear na saúde destas jovens(2323 Mendonça AKRH, Jesus CVF, Figueiredo MBGA, Valido DP, Nunes MA, Lima SO. Alcohol consumption and factors associated with binge drinking among female university students of health area. Esc Anna Nery. [Internet]. 2018 [cited Mar 29, 2020];22(1):e20170096. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v22n1/1414-8145-ean-2177-9465-EAN-2017-0096.pdf
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https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/...
).

A maioria das participantes deste estudo apresentou nível médio de autoestima, o que indica que as jovens experimentam oscilações de autoestima, ora se autovalorizando ora se autorrejeitando(11 Rosenberg M. Society and the adolescent self-image. Princeton: Princeton University Press; 1965.). Estudos prévios também desenvolvidos com a população universitária corroboram nossos achados(2525 Enejoh V, Pharr J, Mavegam BO, Olutola A, Karick H, Ezeanolue EE. Impact of self esteem on risky sexual behaviors among Nigerian adolescents. AIDS Care. [Internet]. 2016 May [cited Jul 15, 2019];28(5):672-6. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4972583/
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26 Soster AP, Castro EK. Sexo casual: autoestima e busca de sensações sexuais em universitárias. Psic Saúde & Doenças. [Internet]. 2018 Abr [Acesso 15 jul 2019];19(1):18-25. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-00862018000100004
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-2727 Janeiro JMSV, Oliveira IMS, Rodrigues MHG, Maceiras MJ, Rocha GMM. Sexual and contraceptives attitudes, the locus of health control and self-esteem among higher education students. Rev Bras Promoc Saude. [Internet]. 2013 Dec [cited Jul 15, 2019];26(4):503-9. Available from: https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/3115/pdf_1.
https://periodicos.unifor.br/RBPS/articl...
).

Autores concordam que, assim como outras habilidades não cognitivas, a autoestima é importante na determinação das escolhas de saúde entre os jovens, permitindo que estes avaliem, baseados no valor que atribuem a si, quais comportamentos irão adotar ou não(44 Jackman DM, Macphee D. Self-esteem and future orientation predict adolescents' risk engagement. J Early Adolesc. [Internet]. 2017 Mar [cited Jul 15, 2019];37(3):339-66. Available from: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0272431615602756
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,66 Arsandaux J, Montagni I, Macalli M, Bouteloup V, Tzourio C, Galéra C. Health Risk Behaviors and Self-Esteem Among College Students: Systematic Review of Quantitative Studies. Int J Behav Med. [Internet]. 2020 Feb [cited Mar 29, 2020]. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs12529-020-09857-w
https://link.springer.com/article/10.100...
). No que tange à população universitária, estudo identificou que a baixa autoestima previa mais sintomas de depressão e ansiedade entre os acadêmicos(2828 Kurtovic A, Vukovic I, Gajic M. The effect of locus of control on University Students' Mental Health: possible mediation through self-esteem and coping. J Psychol. [Internet]. 2018 Aug 18 [cited Jul 15, 2019];152(6):341-57. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30089081
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). A autoestima saudável, por sua vez, possibilitava um melhor enfrentamento dos agentes estressores reconhecidos no interior da vida acadêmica. Jovens com baixa autoestima são mais propensos a utilizar comportamentos de risco, como uso de substâncias e sexo desprotegido, como estratégias de enfrentamento dos problemas(2828 Kurtovic A, Vukovic I, Gajic M. The effect of locus of control on University Students' Mental Health: possible mediation through self-esteem and coping. J Psychol. [Internet]. 2018 Aug 18 [cited Jul 15, 2019];152(6):341-57. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30089081
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3008...
).

Os resultados demonstraram não haver associação estatisticamente significativa entre as variáveis “nível de autoestima” e “raça/cor autorreferida”, rejeitando dessa forma a hipótese pré-estabelecida. Contudo, a observação das médias de autoestima das participantes indica que jovens negras apresentam escores médios inferiores aos das participantes não negras.

Embora haja lógica na pressuposição de que grupos que enfrentam desvantagens e discriminações sociais tenham uma baixa autoestima quando comparados a grupos que não vivenciam estas desvantagens, achados científicos têm revelado resultados antagônicos a estes pressupostos, principalmente quanto à população feminina negra(1414 Sprecher S, Brooks JE, Avogo W. Self-esteem among young adults: differences and similarities based on gender, race, and cohort (1990-2012). Sex Roles [Internet]. 2013 Sep [cited Jul 15, 2019];69(5):264-75. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11199-013-0295-y#citeas
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,2929 Bachman JG, O'Malley PM, Freedman-Doan P, Trzesniewski KH, Donnellan B. Adolescent self-esteem: differences by race/ethnicity, gender, and age. Self Identity. [Internet]. 2011 [cited Jul 15, 2019];10(4):445-73. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3263756/
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). Uma das justificativas oferecidas para explicar a diferença de autoestima entre mulheres negras e mulheres de outros grupos raciais é a força da identidade racial(1111 Watson LB, DeBlaere C, Langrehr KJ, Zelaya DG, Flores MJ. The influence of multiple oppressions on women of color's experiences with insidious trauma. J Couns Psychol. [Internet]. 2016 Nov [cited Jul 15, 2019];63(6):656-67. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27505284
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), que é compreendida como o sentimento de pertencimento e apego à identidade racial(3030 Phinney JS, Ong AD. Conceptualization and measurement of ethnic identity: current status and future directions. J Couns Psychol. [Internet]. 2007 [cited Jul 15, 2019];54(3):271-81. Available from: https://static1.squarespace.com/static/58daa11a6b8f5bca8f8b62fa/t/59bc44ede5dd5b51a034b618/1505510638914/phinney-ong-2007.pdf
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). Possuir uma forte identidade racial pode permitir que as jovens, ao identificar experiências discriminatórias, percebam a discriminação como um mecanismo opressivo que parte da sociedade em sua direção, e não o contrário, ou seja, a jovem que possui uma identidade racial fortalecida externaliza o racismo vivenciado, ao invés de internalizá-lo e tomar para si a culpa pelo contexto de discriminação que vivencia(1111 Watson LB, DeBlaere C, Langrehr KJ, Zelaya DG, Flores MJ. The influence of multiple oppressions on women of color's experiences with insidious trauma. J Couns Psychol. [Internet]. 2016 Nov [cited Jul 15, 2019];63(6):656-67. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27505284
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).

Evidências científicas de estudos americanos demonstram que mulheres negras que vivenciam o racismo e o sexismo em seu cotidiano sofrem psiquicamente, apresentando sintomas de trauma(1111 Watson LB, DeBlaere C, Langrehr KJ, Zelaya DG, Flores MJ. The influence of multiple oppressions on women of color's experiences with insidious trauma. J Couns Psychol. [Internet]. 2016 Nov [cited Jul 15, 2019];63(6):656-67. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27505284
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-3232 Lewis JA, Mendenhall R, Harwood AS, Huntt MB. "Ain't I a Woman?": Perceived Gendered Racial Microaggressions Experienced by Black Women. Couns Psychol. [Internet]. 2016 Aug [cited Mar 29, 2020];44(5):758-80. Available from: https://doi.org/10.1177/0011000016641193
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). Entretanto, a força da identidade racial age protegendo estas mulheres da internalização e culpabilização pelas transgressões experimentadas ao longo da vida. Logo, as múltiplas formas de opressão têm pouco efeito sobre sua autoestima, se elas apresentarem identidades raciais estáveis(1111 Watson LB, DeBlaere C, Langrehr KJ, Zelaya DG, Flores MJ. The influence of multiple oppressions on women of color's experiences with insidious trauma. J Couns Psychol. [Internet]. 2016 Nov [cited Jul 15, 2019];63(6):656-67. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27505284
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).

No contexto brasileiro, no entanto, esta cultura de fortalecimento da identidade racial ainda é pouco estimulada e, embora já se possa observar os reflexos de anos de articulação do movimento negro brasileiro na luta para ressignificar a identidade da pessoa negra(3333 Munanga K. Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje? Rev Inst Estud Bras. [Internet]. 2015 Dez [Acesso 15 jul 2019];62:20-31. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rieb/n62/2316-901X-rieb-62-00020.pdf
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), o senso de coletividade racial não é tão natural. Dessa forma, as jovens negras brasileiras podem ainda não ter um senso de identidade racial fortalecido, possibilitando que o racismo e o sexismo tenham efeitos deletérios sobre sua autoestima(1313 Santos Júnior A, Rachkorsky LL, Ronzoni P, Dogra N, Dalgalarrondo P. Experiências percebidas de discriminação e Saúde Mental: resultados em estudantes universitários brasileiros. Serv Soc & Saúde. [Internet]. 2016 Jul/Dez [Acesso 29 mar 2020]:15(2):273-98. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/sss/article/view/8648121/14989
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,3434 Gonçalves R, Ambar G. A questão racial, a universidade e a (in)consciência negra. Lutas Sociais. [Internet]. 2015 Jun [Acesso 15 jun 2019];19(34):202-13. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/ls/article/view/25767/pdf
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), o que por sua vez afeta sua saúde física e mental.

Justificam-se os achados deste estudo pela sua condução em uma universidade pública, lugar que, assim como outros espaços de prestígio, tem sido negado historicamente à população negra(3434 Gonçalves R, Ambar G. A questão racial, a universidade e a (in)consciência negra. Lutas Sociais. [Internet]. 2015 Jun [Acesso 15 jun 2019];19(34):202-13. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/ls/article/view/25767/pdf
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). Assim, mesmo sendo um ambiente repleto de situações desafiadoras, entre elas os reveses de se manter por anos em um espaço extremamente elitizado e racista(3434 Gonçalves R, Ambar G. A questão racial, a universidade e a (in)consciência negra. Lutas Sociais. [Internet]. 2015 Jun [Acesso 15 jun 2019];19(34):202-13. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/ls/article/view/25767/pdf
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), ocupar a universidade reflete superação, conquista e oportunidade de ampliação de conhecimento para mulheres negras, fatores que ecoam positivamente em sua autoestima(3535 Hope EC, Chavous TM, Jagers RJ, Sellers RM. Connecting self-esteem and achievement: diversity in academic identification and dis-identification patterns among black college students. Am Educ Res J. [Internet]. 2013 Out 1 [cited Jul 15, 2019];50(5):1122-51. Available from: https://journals.sagepub.com/doi/10.3102/0002831213500333
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-3737 Vasconcelos HS. Autoestima, autoimagem e constituição da identidade: um estudo com graduandos de psicologia. RPDS. [Internet]. 2017 Ago [Acesso 15 jul 2019];6(3):195-206. Disponível em: https://www5.bahiana.edu.br/index.php/psicologia/article/view/1565
https://www5.bahiana.edu.br/index.php/ps...
). É possível, portanto, que o status universitário tenha contribuído para a autoavaliação das jovens negras deste estudo, colocando sua autoestima próxima à autoestima das jovens não negras.

A pesquisa apresenta algumas limitações, como ter sido desenvolvida em apenas uma instituição de ensino superior. O tamanho amostral também se configura como limitação se considerada a totalidade de graduandas da instituição estudada. A contribuição do estudo ao avanço do conhecimento científico está nas novas reflexões sobre promoção da saúde a partir do fortalecimento da autoestima das jovens universitárias. Este estudo é pioneiro em avaliar a autoestima de jovens universitárias a partir de suas identidades raciais e chama a atenção para a necessidade de se produzirem dados científicos que caracterizem a população negra brasileira, bem como para a importância de análises que considerem o quesito raça/cor.

Conclusão

A maioria das jovens apresentou nível médio de autoestima. Foi testada a hipótese de que jovens universitárias negras apresentariam menor nível de autoestima quando comparadas a jovens universitárias não negras, sendo esta hipótese rejeitada pelas pesquisadoras, visto que não houve diferença estatisticamente significativa.

Considerando que níveis médios de autoestima refletem oscilações do autoconceito, e que momentos de autodesvalorização predispõem envolvimento em comportamentos de risco à saúde, se fazem necessárias estratégias que fortaleçam a autoestima das jovens universitárias a fim de evitar prejuízos à sua saúde física, mental e, consequentemente, ao seu desempenho acadêmico.

Novas análises são necessárias para contribuir na compreensão dos fatores que influenciam a autoestima da população jovem universitária.

  • *
    Artigo extraído da dissertação de mestrado “Influência da autoestima na saúde sexual e reprodutiva de jovens universitárias: análise sob a ótica racial”, apresentada à Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil. Apoio Financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Processo 130229/2017-2, Brasil.

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Editado por

Editora Associada: Evelin Capellari Cárnio

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Out 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    21 Ago 2019
  • Aceito
    03 Maio 2020
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