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A possível relação entre o SiSU e a evasão nos primeiros semestres dos cursos universitários

La posible relación entre el SiSU y la evasión en los primeros semestres de los cursos universitarios

RESUMO

O estudo tem como objetivo compreender a dinâmica estabelecida entre o Sistema de Seleção Unificada e a evasão, mediante as estratégias de escolha do curso, da natureza das motivações e das expectativas em relação ao ensino superior, com estudantes dos bacharelados interdisciplinares de ciência e tecnologia, saúde, humanidades e artes da Universidade Federal da Bahia, ingressantes em 2016. Adotou-se o delineamento de estudo exploratório, com abordagem quantitativa e qualitativa, utilizando questionário on-line desenvolvido unicamente para esse fim, sendo discutidos os resultados provenientes da análise qualitativa. Destaca-se que os estudantes recorrem a diversas estratégias de escolha pelo Sistema de Seleção Unificada, mas utilizam o bacharelado interdisciplinar, majoritariamente, como porta de entrada para os cursos profissionalizantes. Foram encontrados três aspectos motivadores para ingresso na universidade: o suporte social percebido, a motivação pessoal e o mercado de trabalho. Quanto às expectativas, os estudantes esperam usufruir mais da Universidade Federal da Bahia e de seus benefícios do que do curso em si.

PALAVRAS-CHAVE:
evasão; ensino superior; Sistema de Seleção Unificada; bacharelado interdisciplinar; escolha profissional

RESUMEN

El objetivo del estudio es comprender la dinámica establecida entre el Sistema de Selección Unificado (Sistema de Seleção Unificada) y la evasión escolar, a partir de las estrategias de elección del curso, de la naturaleza de las motivaciones y de las expectativas en relación con la enseñanza superior, con estudiantes de los bachilleratos interdisciplinarios de ciencia y tecnología, salud, humanidades y artes en Universidad Federal de Bahia (Universidade Federal da Bahia), ingresando en 2016. Se adoptó el delineamiento de estudio exploratorio, con abordaje cuantitativo y cualitativo, se utilizó un cuestionario online, desarrollado únicamente para ese fin y se discutirán los resultados provenientes del análisis cualitativo. Se destaca que los estudiantes utilizan diversas estrategias de elección durante el Sistema de Selección Unificado, pero utilizan el bachillerato interdisciplinario, mayoritariamente, como puerta de entrada a cursos profesionales. Se encontraron tres aspectos motivadores para ingresar a la universidad: el soporte social percibido, la motivación y el mercado laboral. En cuanto a las expectativas, los estudiantes esperan usufructuar de la Universidad Federal de Bahia y sus beneficios más que el curso en sí.

PALABRAS CLAVE:
evasión; enseñanza superior; Sistema de Selección Unificado; bachillerato interdisciplinario; elija profesional

ABSTRACT

This study aims to understand the dynamics established between the Unified Selection System (Sistema de Seleção Unificada) and the evasion, from the strategies of choice of the course, the nature of the motivations and the expectations regarding higher education, with students of the interdisciplinary bachelor of science and technology, health, humanities and arts of Federal University of Bahia (Universidade Federal da Bahia), which were introduced in 2016. The research adopted the design of an exploratory study, with a quantitative and qualitative approach, using an online questionnaire, developed solely for this purpose and discussing the results from the qualitative analysis. It should be noted that students use various strategies of choice during the Unified Selection System, but use interdisciplinary bachelor, mostly, as a gateway to vocational courses. Three motivational aspects were found for admission to the university: perceived social support, personal motivation and the job market. As for expectations, students expect to enjoy more of Federal University of Bahia and its benefits than the course itself.

KEYWORDS:
evasion; higher education; Unified Selection System; interdisciplinary bachelor; professional choosing

INTRODUÇÃO

A educação superior brasileira tem sido estudada e discutida em seus diferentes aspectos há algumas décadas, e os debates se renovam à medida que as rápidas mudanças sociais se colocam como novos desafios.

A expansão de vagas no ensino superior brasileiro é uma meta que exige muito esforço e investimento; assim como ampliar a participação dos jovens brasileiros na universidade é uma necessidade urgente e imperiosa. Em 2005 ostentávamos uma constrangedora taxa de inclusão de jovens no ensino superior com idade entre 18 e 24 anos de 11,5%, uma das mais baixas da América Latina (Neves, Raizer e Fachinetto, 2007NEVES, C. E. B.; RAIZER, L.; FACHINETTO, R. F. Acesso, expansão e eqüidade na educação superior: novos desafios para a política educacional brasileira. Sociologias, Porto Alegre, n. 17, p. 124-157, jun. 2007. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222007000100006&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 10 jul. 2020.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
). No Censo da Educação Superior de 2017BRASIL. Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação Superior - 2017. Brasília, DF: INEP, 2017. Disponível em: Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/setembro-2018-pdf/97041-apresentac-a-o-censo-superior-u-ltimo/file . Acesso em: 10 jul. 2020.
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, avançamos para uma taxa de 19,7%, uma posição bem mais confortável, garantido a ampliação e a democratização do acesso ao ensino superior, porém ainda não ideal para um país com o nosso produto interno bruto (PIB) de 2,93 trilhões de dólares em 2019, sendo a sétima maior economia do mundo.

Se, por um lado, avançamos na superação de um difícil problema, por outro, deparamo-nos com situações igualmente preocupantes: os ajustes nas metodologias de ensino para atender a um público com características e necessidades bem diferentes daquele que tradicionalmente ingressava no ensino superior; a ampliação da estrutura física das universidades; e, principalmente, as dificuldades para manter os estudantes, sobretudo os considerados socialmente vulneráveis, estudando nas universidades. Embora essas dificuldades possam, em larga medida, ser associadas às causas de desistência nos cursos das universidades brasileiras, elas são insuficientes para explicar o problema da evasão.

A evasão no ensino superior não é um fenômeno novo, com uma grande dificuldade para controlar e reduzir essa taxa. No Brasil, em especial, os índices de evasão vêm aumentando nos últimos anos, chegando a 49% em 2015, segundo o Censo da Educação Superior (Brasil, 2015BRASIL. Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo da Educação Superior - 2015. Brasília, DF : INEP, 2015. Disponível em: Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/resumo_tecnico/resumo_tecnico_censo_da_educacao_superior_2015.pdf . Acesso em: 10 maio 2017.
http://download.inep.gov.br/educacao_sup...
).

Um dos fatores que podem influenciar as taxas de evasão são as formas de ingresso na universidade, pois a ampliação da oferta de vagas resulta em processos seletivos que ofereçam maior ou menor facilidade de acesso, o que pode desenvolver o ingresso de alunos mais imaturos e ainda inseguros acerca de suas escolhas profissionais. O Sistema de Seleção Unificada (SiSU), por exemplo, criado em 2010 pelo Ministério da Educação (MEC), por meio da portaria normativa n. 2, de 26 de janeiro, teve por finalidade unificar o processo de seleção para ingresso no ensino superior brasileiro. O sistema tem uma dinâmica de funcionamento que permite ao candidato ter acesso às vagas de todas as universidades brasileiras que optam pelo SiSU como método de seleção, utilizando-se da nota proveniente do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), sem a necessidade do vestibular tradicional. O candidato pode efetuar mudanças na escolha do curso conforme sua classificação e no tempo de uma semana após a abertura das vagas na plataforma on-line do SiSU (prazo estipulado anualmente pelo MEC), quando concorre a uma vaga dependendo dos pontos obtidos no ENEM. A escolha baseada nesse processo termina recaindo no curso em que a pontuação obtida no ENEM possibilita a sua classificação, produzindo, como resultado, a entrada de jovens na universidade sem a vocação para os cursos que escolheram.

Em 2009, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) criou uma nova modalidade de curso: os bacharelados interdisciplinares. Idealizados como o primeiro ciclo da formação universitária, os bacharelados interdisciplinares seriam uma alternativa para minimizar o problema da escolha profissional, pois o jovem acessaria a universidade em um desses cursos e só mais tarde, mais maduro, faria a opção por um curso profissionalizante. Essa modalidade de curso foi criada na intenção de remodelar a estrutura universitária no que diz respeito a seu acesso e objetivos. O estudante inicia a primeira fase de três ciclos podendo percorrer durante sua trajetória acadêmica diferentes caminhos: seguir para o segundo ciclo por meio de um curso de progressão linear; seguir para o terceiro ciclo por meio de um curso de pós-graduação (mestrado ou doutorado); ou mesmo concluir o primeiro ciclo e entrar no mercado de trabalho com um diploma de nível superior.

Os bacharelados interdisciplinares, então, deveriam produzir um efeito sobre as escolhas profissionais dos alunos ingressantes no ensino superior, cujas principais características seriam a liberdade de escolher e organizar a sua formação universitária, discutindo e explorando possibilidades até decidir-se por um curso de caráter profissionalizante (de segundo ciclo). Portanto, as possibilidades oferecidas pelas especificidades de um curso como o bacharelado interdisciplinar poderia promover não somente o vínculo com a instituição, como também um vínculo com grupos profissionais, estabelecendo as condições necessárias para a sustentação da trajetória acadêmica do aluno. Assim, o bacharelado interdisciplinar corrigiria a situação criada pela forma de ingresso no SiSU, permitindo ao aluno reorientar a sua escolha durante o curso, diminuindo as taxas de evasão, como defende Tinto (1975TINTO, V. Dropout from higher education: a theoretical synthesis of recent research. Review of Educational Research, Washington, DC, v. 45, n. 1, p. 89-125, 1975. https://doi.org/10.3102/00346543045001089
https://doi.org/https://doi.org/10.3102/...
). Será que os alunos percebem o viés produzido pelo SiSU sobre a sua escolha profissional e buscam nos bacharelados interdisciplinares uma forma de correção ou minimização desse problema? Dito de outro modo, a escolha pelo bacharelado interdisciplinar é entendida como uma primeira etapa que possibilitaria aos alunos escolhas, em uma segunda etapa, mais maduras e consistentes por um curso universitário profissionalizante?

Este trabalho teve como objetivo compreender os mecanismos utilizados pelos alunos ingressantes nos bacharelados interdisciplinares por meio do SiSU. A compreensão das estratégias utilizadas para a escolha dos bacharelados interdisciplinares e da natureza das motivações e expectativas em relação ao curso escolhido e ao ensino superior será importante para pensar formas de intervenção nos primeiros semestres dos cursos para a diminuição das taxas de evasão.

Além desta introdução, este artigo conta com uma fundamentação teórica que trata a respeito dos efeitos do SiSU no ensino superior e da conceituação de evasão. Em seguida, são explicados os métodos e os procedimentos utilizados para a realização da pesquisa e, por fim, os resultados e as conclusões.

Desde as discussões levantadas na década de 1980 sobre o vestibular, o processo de seleção para ingressar no ensino superior brasileiro tem passado por mudanças significativas. Essas discussões, como aponta Santos (2013SANTOS, J. Acesso à educação superior: a utilização do ENEM/SiSU na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. 2013. 126 p. Dissertação (Mestrado) ― Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013. Disponível em: Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/15231 . Acesso em: 7 mar. 2017.
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, p. 63), “além de recomendar mais autonomia às instituições para a realização do processo, também expuseram a fragilidade do mesmo como agente democratizante”.

Ao longo do tempo, o vestibular terminou favorecendo o ingresso de uma parcela da população compreendida pelas classes média alta e alta, por condições de acesso às melhores escolas de ensino fundamental e médio, além dos cursos preparatórios para o vestibular. Santos (2013SANTOS, J. Acesso à educação superior: a utilização do ENEM/SiSU na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. 2013. 126 p. Dissertação (Mestrado) ― Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013. Disponível em: Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/15231 . Acesso em: 7 mar. 2017.
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/...
) indica ainda que a criação de exames como o vestibular exigiria uma árdua preparação do aluno para atingir as notas necessárias, mas nem todos poderiam arcar financeiramente com esse processo.

Em parte, o SiSU surge como resposta às consequências do vestibular, em um contexto de expansão e democratização do ensino superior, na tentativa de firmar a educação como bem público (Dias Sobrinho, 2013DIAS SOBRINHO, J. Educação superior: bem público, equidade e democratização. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), Sorocaba, v. 18, n. 1, p. 107-126, mar. 2013. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-40772013000100007&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 19 mar. 2017. https://doi.org/10.1590/S1414-40772013000100007
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, p. 109). O SiSU, portanto, é o sistema informatizado, gerenciado pelo MEC, por meio do qual instituições públicas de educação superior oferecem vagas a candidatos participantes do ENEM, prova realizada para todo o Brasil em uma mesma data e que pode ser usada para diferentes objetivos, como avaliação do ensino médio, como critério de seleção para bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni), para ingresso nas instituições de ensino superior (IES) públicas, para comprovar conclusão do ensino médio ou para conseguir algum tipo de financiamento estudantil (Brasil, 2010BRASIL. Portaria normativa n. 2, de 26 de janeiro de 2010. Institui e regulamenta o Sistema de Seleção Unificada, sistema informatizado gerenciado pelo Ministério da Educação, para seleção de candidatos a vagas em cursos de graduação disponibilizadas pelas instituições públicas de educação superior dele participantes. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 jan. 2010. Disponível em: Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2704-sisuportarianormativa2&Itemid=30192 . Acesso em: 20 maio 2017.
http://portal.mec.gov.br/index.php?optio...
).

Se, por um lado, o SiSU apresenta pontos positivos, como mais chance de ingresso no ensino superior, melhor aproveitamento das vagas das diversas IES participantes, por outro lado mostra também pontos negativos, como pouco interesse ou motivação dos alunos e alto índice de insatisfação no decorrer do curso escolhido. Como indica Backes (2015BACKES, D. A. P. Análise sobre a influência do sistema de seleção unificada (SISU) na evasão do curso de administração da Universidade Federal de Mato Grosso. Revista de Administração do Sul do Pará, Redenção, v. 2, n. 1, p. 79-105, jan./abr. 2015., p. 81-82), a dinâmica de escolha do SiSU permite a mobilidade entre universidades e cursos, principalmente para o estudante que não conseguiu ingressar em sua primeira opção. No entanto, essa dinâmica pode gerar transtornos administrativos e pedagógicos para as IES, pois uma parcela significativa de candidatos termina optando pelo curso cuja pontuação no ENEM lhe permitiu acesso, mas sem o necessário interesse e motivação para cursá-lo.

As IES passam a lidar com fenômenos já conhecidos, mas que não eram tão expressivos, como a dificuldade em preencher suas vagas mesmo nos cursos mais concorridos, sendo preciso emitir várias listas de chamada para os candidatos aprovados. Na UFBA, uma breve análise desse cenário nos anos de 2015 a 2017 evidencia que pode ser necessário realizar até cinco chamadas, mesmo para cursos concorridos, como os da engenharia, direito, medicina e psicologia.

O estudo de Carvalho e Oliveira (2014CARVALHO, C.; OLIVEIRA, V. W. N. Evasão na licenciatura: estudo de caso. Revista Trilhas da História, Três Lagoas, v. 3, n. 6, p. 97-112, jan./jun. 2014. Disponível em: Disponível em: http://seer.ufms.br/index.php/RevTH/article/viewFile/468/269 . Acesso em: 26 abr. 2016.
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, p. 110) tratando de cursos de licenciatura da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) também aponta nessa direção quando afirma:

[...] com casos de até sexta chamada, os alunos que não fizeram a opção primeira pela licenciatura em história e pela UFMS parecem estar mais suscetíveis à desistência. Isso tem-se refletido na evasão em menor espaço de tempo, ainda no primeiro semestre letivo.

Do ponto de vista dos candidatos, ter várias listas de chamada significa facilidade de ingresso, afinal são convocações para vagas que provavelmente não foram preenchidas. Possivelmente, por conta disso, o candidato pode ficar com a impressão de que no momento que desejar será possível ingressar no ensino superior, não entendendo como problema entrar em um curso que não pretendia, esperando que este não lhe realize profissionalmente e que, muito menos, não terá motivação para cursá-lo até o fim. De acordo com Vieira (2010VIEIRA, M. M. O futuro em aberto?: Modernidade, insucesso escolar e percursos de errância no ensino superior. Sociologia da Educação: Revista Luso-Brasileira, Lisboa, n. 1, p. 141-183, 2010., p. 164), essa situação pode estar na base das

[...] reorientações, mudanças de curso, transferências ― que retardam o percurso escolar, ou seja, que se traduzem em experiências institucionalmente definidas como “insucesso” ou “abandono”, mas que são subjectivamente apreciadas pelos seus protagonistas como uma experimental descoberta de si. A não sequencialidade dos percursos escolares, longe de ser vivida como “insucesso”, pode pois representar uma etapa na busca da realização pessoal.

Esse momento pode ser entendido como uma experimentação ou como um comportamento exploratório, segundo a definição de Teixeira, Bardagi e Hutz (2007TEIXEIRA, M. A. P.; BARDAGI, M. P.; HUTZ, C. S. Escalas de exploração vocacional (EEV) para universitários. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12, n. 1, p. 195-202, jan./abr. 2007. https://doi.org/10.1590/S1413-73722007000100023
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), que consideram ser um comportamento importante no amadurecimento do autoconceito geral e vocacional do estudante.

De acordo com Pereira (1996PEREIRA, J. T. V. Uma contribuição para o entendimento da evasão: um estudo de caso: Unicamp. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Sorocaba, v. 1, n. 2, p. 23-32, 1996., p. 23), do ponto de vista institucional, esse período de confirmação da escolha pode ser classificado como um momento de “flutuação” ou “mobilidade”, que é quando o estudante deixa o curso, mas permanece na universidade. De fato, uma parte desses estudantes, insatisfeitos com a escolha que fizeram, troca de curso na mesma universidade. Mas outra parcela sai da universidade, o que pode significar migração para outra instituição ou até mesmo o abandono do curso, caracterizando a evasão.

O termo “evasão” é objeto de complexas análises por diferentes autores, e no meio educacional ainda há pouco consenso sobre sua definição. Como mostra Andrade (2014ANDRADE, J. B. A evasão nos bacharelados interdisciplinares da UFBA: um estudo de caso. 2014. 179 p. Dissertação (Mestrado em Estudos Interdisciplinares sobre a Universidade) ― Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014. Disponível em: Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/15077 . Acesso em: 15 maio 2017.
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, p. 70), “o conceito adquire interpretações variáveis de acordo com interesses e visões específicas, moldados por atores prioritários e distintos que atuam diretamente neste processo”.

Originalmente, o termo evasão, segundo Santos e Silva (2011SANTOS, G. G.; SILVA, L. C. A evasão na educação superior: entre debate social e objeto de pesquisa. In: SAMPAIO, S. M. R. (org.). Observatório da vida estudantil: primeiros estudos. Salvador: EDUFBA , 2011. p. 249-262., p. 252), significa fuga, evitação e desvio, mas pode ser compreendido como desengajamento, fracasso, abandono ou desistência. As autoras trazem a ideia de que “desengajamento” e “fracasso” remetem ao mau funcionamento do ensino e é uma das reações possíveis ao ambiente e às suas contingências. Enquanto os termos “abandono” e “desistência” estariam relacionados às decisões individuais, remetendo aos diferentes fatores que levam à evasão, e justamente por isso o seu uso não é neutro no campo da educação superior (Santos e Silva, 2011SANTOS, G. G.; SILVA, L. C. A evasão na educação superior: entre debate social e objeto de pesquisa. In: SAMPAIO, S. M. R. (org.). Observatório da vida estudantil: primeiros estudos. Salvador: EDUFBA , 2011. p. 249-262.).

Em análise histórica sobre evasão, Andrade (2014ANDRADE, J. B. A evasão nos bacharelados interdisciplinares da UFBA: um estudo de caso. 2014. 179 p. Dissertação (Mestrado em Estudos Interdisciplinares sobre a Universidade) ― Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014. Disponível em: Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/15077 . Acesso em: 15 maio 2017.
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) apresenta um cenário em que o fato é primeiramente tratado como insucesso, fracasso ou algo negativo, mas em seguida passa a ser entendido por alguns autores como uma etapa possivelmente necessária na trajetória desses estudantes em busca de uma resposta a respeito de si mesmos (Santos e Silva, 2011SANTOS, G. G.; SILVA, L. C. A evasão na educação superior: entre debate social e objeto de pesquisa. In: SAMPAIO, S. M. R. (org.). Observatório da vida estudantil: primeiros estudos. Salvador: EDUFBA , 2011. p. 249-262.; Teixeira, Bardagi e Hutz, 2007TEIXEIRA, M. A. P.; BARDAGI, M. P.; HUTZ, C. S. Escalas de exploração vocacional (EEV) para universitários. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12, n. 1, p. 195-202, jan./abr. 2007. https://doi.org/10.1590/S1413-73722007000100023
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). É interessante observar que a discussão sobre a evasão, em boa parte dos estudos apresentados até então, acontece antes mesmo da criação do SiSU, porém esse novo sistema de seleção ampliou a possibilidade de experimentações, e as IES, que não apresentavam estruturas para lidar com esse fenômeno, se veem em uma situação de difícil manejo.

Ainda sobre a dificuldade em definir o que é evasão, Andrade (2014ANDRADE, J. B. A evasão nos bacharelados interdisciplinares da UFBA: um estudo de caso. 2014. 179 p. Dissertação (Mestrado em Estudos Interdisciplinares sobre a Universidade) ― Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014. Disponível em: Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/15077 . Acesso em: 15 maio 2017.
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, p. 70-74) reforça a diversidade de perspectivas a respeito do assunto e diz que o termo é usado em diferentes contextos como se fizesse referência ao mesmo fenômeno, entretanto não é possível tratar da mesmo modo a evasão que acontece nas escolas e no ensino superior. Nesse mesmo sentido, dentro do próprio ensino superior, a evasão é também entendida de diferentes formas, porém alguns autores, como Castro e Teixeira (2013CASTRO, A. K. S. S.; TEIXEIRA, M. A. P. A evasão em um curso de psicologia: uma análise qualitativa. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 18, n. 2, p. 199-209, abr./jun. 2013. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722013000200002&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 17 mar. 2017. https://doi.org/10.1590/S1413-73722013000200002
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, p. 200), buscam trabalhar com as ideias de evasão de curso ou de instituição, que são, respectivamente, quando o estudante migra de um curso para o outro dentro de uma mesma instituição ou quando migra de instituição sem necessariamente mudar de curso e, por fim, com a evasão de sistema, quando o estudante simplesmente se afasta do ensino superior.

Quanto aos motivos que resultam na evasão do estudante, Castro e Teixeira (2013CASTRO, A. K. S. S.; TEIXEIRA, M. A. P. A evasão em um curso de psicologia: uma análise qualitativa. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 18, n. 2, p. 199-209, abr./jun. 2013. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722013000200002&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 17 mar. 2017. https://doi.org/10.1590/S1413-73722013000200002
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, p. 202-205) sistematizam alguns fatores importantes que servem para analisar esse fenômeno e que aqui serão agrupados em categorias nomeadas de acordo com os objetivos do trabalho, a fim tornar didático o entendimento.

Inicialmente, há a categoria da motivação pessoal, que diz respeito à motivação para o sucesso e à realização das tarefas acadêmicas, e a persistência e o compromisso com as metas estabelecidas pelo próprio estudante, como a obtenção do diploma de nível superior.

A segunda categoria pode ser entendida como a influência da instituição. Faz parte dessa categoria o compromisso que o estudante tem com a instituição, que envolve a confiança e a satisfação no que concerne à escolha tanto da instituição quanto do curso. Além disso, estão aí incluídos os fatores institucionais referentes à disponibilização de recursos que favorecem a permanência do estudante, como as condições dadas de suporte financeiro e benefícios, a forma de seleção, a dificuldade para o ingresso e até mesmo o prestígio da instituição.

Na terceira e última categoria, é agrupado o suporte social percebido pelo estudante durante seu processo de escolha, que envolve o apoio ou não dos familiares e de seus pares, e o envolvimento social, que significa determinar se a sensação de pertencimento ao ambiente universitário e a qualidade das relações estabelecidas naquele local são favoráveis para o estabelecimento de laços afetivos, fatores estes que atuam na decisão do estudante de evadir-se.

Na tentativa de explicar o fenômeno, Tinto (1975TINTO, V. Dropout from higher education: a theoretical synthesis of recent research. Review of Educational Research, Washington, DC, v. 45, n. 1, p. 89-125, 1975. https://doi.org/10.3102/00346543045001089
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) apresenta um modelo baseado na teoria de Durkeim sobre o suicídio e a teoria econômica de custo-benefício, destacando dois elementos como importantes preditores de evasão: o vínculo de pertencimento com a instituição universitária e a perspectiva de ganho ou ascensão social com a profissão. Esses dois aspectos estão estritamente relacionados com a entrada dos alunos no ensino superior, mais especificamente com as experiências nos primeiros semestres do curso.

São muitos, portanto, os motivos da evasão. Alguns já conhecidos e bem estudados, outros, no entanto, carecem de melhor compreensão. Por certo, é um problema complexo e não poderá ser perfeitamente explicado sem levar em consideração as suas múltiplas causas. Além disso, a situação se altera com o tempo e as dificuldades experimentadas por uma geração podem modificar-se completamente na geração seguinte. De tal sorte que os elementos considerados causadores de evasão para alunos ingressantes em um determinado ano podem perder a sua força para os alunos ingressantes no ano seguinte. Ainda assim, compreender as estratégias utilizadas pelos alunos para ingressar no ensino superior, bem como conhecer as motivações e as expectativas em relação ao curso escolhido, será importante para se entender a dinâmica da evasão e buscar soluções para esse grave problema.

MÉTODOS

Para alcançar o objetivo proposto, a pesquisa adotou o delineamento de um estudo exploratório, com uso de métodos mistos, como definem Creswell e Clark (2013CRESWELL, J. W.; CLARK, V. L. P. Pesquisa de métodos mistos. 2. ed. Porto Alegre: Penso, 2013. (Série Métodos de Pesquisa).), porém, para os fins deste artigo, serão apresentados e discutidos apenas os resultados provenientes da análise qualitativa.

Para compor a população desejada para o estudo, foram selecionados todos os alunos ingressantes nos cursos dos bacharelados interdisciplinares (ciência e tecnologia, saúde, humanidades e artes) da UFBA, no ano letivo de 2016. Após o projeto de pesquisa ser apresentado e autorizado pelo diretor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciência e Tecnologia, o endereço de e-mail dos alunos foi disponibilizado pela coordenação acadêmica do curso. Dessa forma, os alunos foram contatados por mensagem eletrônica e convidados a participar do estudo.

Aqueles que responderam positivamente ao convite foram automaticamente direcionados para um questionário on-line completamente anônimo e, após lerem o termo de consentimento apresentado e concordarem em participar da pesquisa, obtiveram acesso para seguir com as respostas. Do total de respondentes, foram selecionados os alunos que não escolheram o bacharelado interdisciplinar como primeira opção durante o SiSU, ou seja, aqueles que não conseguiram ingressar no curso inicialmente desejado.

O instrumento utilizado desenvolvido especialmente para esse fim foi um questionário que, após a etapa de validação, foi disponibilizado on-line. O questionário, composto de 11 questões de múltipla escolha, foi dividido em duas partes. A primeira, com cinco questões de múltipla escolha, buscou saber sobre o histórico do aluno, se já havia feito outra graduação ou participado de outros processos seletivos, e se o bacharelado interdisciplinar foi a sua primeira escolha ou uma alternativa em virtude da pontuação obtida no SiSU. A segunda parte, com seis questões de múltipla escolha, com três delas contendo espaço para respostas abertas, explorou as estratégias de escolha utilizadas durante o SiSU e também as motivações e expectativas em relação ao curso atual e ao ensino superior. Nas questões abertas, o participante poderia escrever livremente em um espaço destinado, caso não se sentisse contemplado pelas opções de respostas previamente apresentadas.

No total, foram enviados 1.270 convites por e-mail e 205 estudantes responderam ao questionário, o que equivale a 16,14% do total. Após responderem às primeiras perguntas e passarem pela primeira etapa, que serviu para selecionar a amostra desejada, chegou-se ao número final de 128 (10,1%) questionários respondidos.

As respostas abertas e fechadas foram analisadas qualitativamente, buscando-se identificar a relação dos sujeitos com o curso escolhido, a motivação e as expectativas futuras em relação à formação universitária.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação à escolha do curso por meio do SiSU, 62,44% (n=128) disseram não estar no curso que desejavam. Portanto, escolheram o bacharelado interdisciplinar como uma alternativa de ingresso no ensino superior em razão dos pontos obtidos no ENEM. Se essa relação for verdadeira para os demais alunos dos bacharelados interdisciplinares, que somam cerca de cinco mil, o número de estudantes que ingressaram nesses cursos nessa condição é muito grande.

Na segunda parte do questionário é explorado quais estratégias esses estudantes que realizaram uma escolha não desejada utilizaram durante o SiSU, quais foram suas motivações para ingressar no ensino superior e quais suas expectativas em relação ao curso escolhido. As três questões que trataram desses temas foram de múltipla escolha, sendo possível marcar mais de uma alternativa de uma lista com possíveis opções, além de um espaço “Outro”, que possibilitou respostas pessoais para aqueles não se sentiram contemplados com as opções prévias.

Nas seções seguintes são encontradas as falas dos respondentes, identificadas pelos códigos “Q+n” para identificar a questão respondida, e “R+n” para indicar o respondente, por exemplo: questão 1, respondente 2, temos Q1R2.

ESTRATÉGIAS PARA ESCOLHA DO CURSO

Ao analisar as respostas abertas da questão sobre quais as estratégias utilizadas durante o SiSU, encontramos uma diversidade de realidades e caminhos escolhidos por esses estudantes que então justificaram a sua escolha. Algumas dessas respostas remetem à indecisão a respeito de qual curso escolher e, nesse caso, o bacharelado interdisciplinar é visto e utilizado como possibilidade de resposta às suas indecisões:

Na verdade, como eu não tinha certeza sobre querer comunicação social, eu optei por fazer o bacharelado interdisciplinar de [ciência e tecnologia] C&T porque eu achei que poderia querer outra coisa em outra área. (Q9R8)

Utilizei o bacharelado interdisciplinar como uma preparação e identificador se realmente queria engenharia química ou psicologia. (Q9R9)

Observa-se aí os bacharelados interdisciplinares cumprindo um objetivo claramente previsto no projeto de criação desses cursos, qual seja: possibilitar ao aluno experimentar a vida universitária, vincular-se à instituição e só mais tarde escolher um curso de progressão linear (profissionalizante), que seria o objetivo de uma próxima etapa na trajetória acadêmica. Nos cursos de progressão linear, o contato mais estreito com as áreas de atuação profissional coloca os alunos, desde cedo, em uma posição de confirmação de suas escolhas profissionais, resultando algumas vezes na desistência do curso por não perceberem as possíveis alternativas de ingresso no mercado de trabalho, mediante o que lhe é apresentado na universidade.

Em contrapartida, os respondentes buscam o bacharelado interdisciplinar como porta de entrada para um determinado curso ou área de atuação que desejam ou, ao menos, para se aproximarem desse objetivo, conforme exemplificado na fala de um respondente.

Fiz o ENEM como um teste, pois nunca tinha feito antes... passei no SiSU, no curso bacharelado interdisciplinar em saúde... e, como já está dentro da área que eu pretendo cursar, resolvi experimentar e me aventurar. (Q9R6)

Outro fator destacado para que esses estudantes optassem pelos bacharelados interdisciplinares é a sua proposta pedagógica diferenciada, que permite maior liberdade curricular ao estudante dentro da universidade:

Passei no [Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia] IFBA em engenharia elétrica e na UFBA no bacharelado interdisciplinar de [ciência e tecnologia] C&T. A proposta do bacharelado interdisciplinar e a universidade me fizeram tomar a decisão por este curso que estou agora. (Q9R1)

Ou seja, os estudantes precisaram manejar suas decisões para atingir o que desejam, seja utilizando o bacharelados interdisciplinares de forma instrumental, como meio para entrar na universidade (uma primeira etapa para ingressar num curso de alta concorrência), ou tentando aproximar-se da área ou assunto que mais se interessa, manejo este que se caracteriza como um comportamento exploratório na busca por informações e conhecimentos sobre si mesmo e sobre o ambiente universitário (Teixeira, Bardagi e Hutz, 2007TEIXEIRA, M. A. P.; BARDAGI, M. P.; HUTZ, C. S. Escalas de exploração vocacional (EEV) para universitários. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12, n. 1, p. 195-202, jan./abr. 2007. https://doi.org/10.1590/S1413-73722007000100023
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
).

Mesmo diante do caráter instrumental das estratégias anteriores, a estrutura curricular do bacharelado interdisciplinar pode ser útil nesse tipo de situação. Porém a proporção de 32% (n=25) de estudantes que entram na lista de espera de outro curso, na esperança de se classificarem e assim abandonar o bacharelado interdisciplinar é grande. Esses podem evadir-se do bacharelado interdisciplinar a qualquer momento, caso sejam chamados para o outro curso que desejavam.

Um dos participantes, ainda sobre as estratégias utilizadas, responde no espaço “Outro” que sua escolha foi resultado direto de um problema enfrentado durante o SiSU, dizendo que:

A regra do SiSU de não alterar entre opções 1 ou 2, por falta de sinalização e obtenção dessa informação de forma intuitiva, me prejudicou, pois havia passado no curso desejado na segunda opção e não pude alterar, o que foi extremamente frustrante. (Q9R2)

Apesar de encontrar respostas como a mencionada em relação a um problema de compreensão sobre o funcionamento do SiSU, os resultados indicam que parte considerável dos estudantes estão preparando-se para o SiSU pensando sobre quais escolhas devem ser tomadas, resultando em estratégias mais conscientes, o que demonstra um processo que pode levar a reorientações de percurso e até mesmo a um caminho mais longo, um processo que pode ser contabilizado como evasão, mas que torna o estudante protagonista de sua própria realização pessoal, como destaca Vieira (2010VIEIRA, M. M. O futuro em aberto?: Modernidade, insucesso escolar e percursos de errância no ensino superior. Sociologia da Educação: Revista Luso-Brasileira, Lisboa, n. 1, p. 141-183, 2010., p. 164).

Por fim, 15% (n=19) dos respondentes optaram em ser aprovados independentemente do curso e da universidade. Para esses estudantes, o desafio de manter-se no curso e na universidade deve ser maior ainda, afinal ingressaram para não perder a oportunidade de acesso, sem ter criado nenhum compromisso com a instituição ou com o curso, fenômeno já estudado por Castro e Teixeira (2013CASTRO, A. K. S. S.; TEIXEIRA, M. A. P. A evasão em um curso de psicologia: uma análise qualitativa. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 18, n. 2, p. 199-209, abr./jun. 2013. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722013000200002&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 17 mar. 2017. https://doi.org/10.1590/S1413-73722013000200002
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
). Nesse caso, o estudante estaria sujeito a abandonar ou desistir como forma de evasão; sua decisão seria baseada em questões pessoais, e não necessariamente com a estrutura universitária e suas contingências (Santos e Silva, 2011SANTOS, G. G.; SILVA, L. C. A evasão na educação superior: entre debate social e objeto de pesquisa. In: SAMPAIO, S. M. R. (org.). Observatório da vida estudantil: primeiros estudos. Salvador: EDUFBA , 2011. p. 249-262., p. 255-256).

MOTIVAÇÃO

Com base nas respostas, a questão sobre motivação pode ser agrupada em duas das categorias advindas do estudo de Castro e Teixeira (2013CASTRO, A. K. S. S.; TEIXEIRA, M. A. P. A evasão em um curso de psicologia: uma análise qualitativa. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 18, n. 2, p. 199-209, abr./jun. 2013. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722013000200002&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 17 mar. 2017. https://doi.org/10.1590/S1413-73722013000200002
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
), que são o suporte social percebido e a motivação pessoal, além de um terceiro agrupamento, fruto das próprias respostas, que é a influência do mercado de trabalho.

Sendo assim, o primeiro aspecto para entender a motivação dos respondentes para o ingresso e a permanência no ensino superior trata do desejo individual do estudante em se desenvolver. As respostas abertas explicitam a existência de uma motivação pessoal direcionada para a formação acadêmica e para o desenvolvimento pessoal, acadêmico e até mesmo social, como ao dizer por que decidiram ingressar no ensino superior:

Eu quero adquirir conhecimento mais maduro e que me permita melhorar como indivíduo e como profissional. (Q10R2)

Realização pessoal. (Q10R8)

Complementaridade. Já possuo outras graduações. (Q10R15)

Desejo de mudar o mundo, positivamente. (Q10R23)

Em seguida, a família aparece como grande motivadora para ingresso no ensino superior nas respostas dos estudantes pesquisados, seja para melhorar a condição econômica de todos ou porque desejam dar orgulho aos pais. Aliado à família, obter o reconhecimento e apoio de outras pessoas do círculo social desses estudantes, assim como o incentivo de amigos que já ingressaram no sistema superior, resulta no suporte social percebido pelo estudante durante seu momento de escolha e evasão. O papel de seus familiares e de seus pares é um fator presente na estabilidade do percurso acadêmico, como ressaltado por Castro e Teixeira (2013CASTRO, A. K. S. S.; TEIXEIRA, M. A. P. A evasão em um curso de psicologia: uma análise qualitativa. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 18, n. 2, p. 199-209, abr./jun. 2013. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722013000200002&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 17 mar. 2017. https://doi.org/10.1590/S1413-73722013000200002
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, p. 202-208).

Entre as respostas abertas, a que melhor exemplifica esses aspectos está no relato transcrito a seguir:

Minha maior vontade e aptidão é a de aprofundar meus estudos sobre as ciências humanas desde o ensino fundamental, além de ter sido criado e crescido numa sociedade com a ideia de que eu devia ingressar no ensino superior se quisesse ser “bem-sucedido” ou ter uma “vida boa” e não ter tido muitas outras oportunidades para investir num futuro fora do ensino superior. (Q10R17)

Sobre a influência do mercado de trabalho no percurso acadêmico, Santos e Silva (2011SANTOS, G. G.; SILVA, L. C. A evasão na educação superior: entre debate social e objeto de pesquisa. In: SAMPAIO, S. M. R. (org.). Observatório da vida estudantil: primeiros estudos. Salvador: EDUFBA , 2011. p. 249-262., p. 256-257) chamam atenção para o fato de que esses estudantes buscam, muitas vezes, a independência de suas famílias e que o trabalho concorre com a obtenção de um diploma, fazendo com que o estudante escolha por um dos dois caminhos e fragilize sua trajetória, resultando na evasão do sistema.

Além disso, outros estudantes reforçam a grande necessidade de ingresso no ensino superior e a influência do mercado de trabalho no momento de decisão sobre suas trajetórias de vida:

O melhor meio de ingressar no mercado de trabalho atualmente. (Q10R22)

Para se poder ter uma vida considerada mais “tranquila” nesse país, é praticamente obrigatório ingressar no ensino superior. (Q10R16)

Não ter ensino superior não é fácil, no Brasil. (Q10R6)

É possível perceber que entre os estudantes há a percepção de que o ensino superior é o caminho mais fácil para o mercado de trabalho e para sobreviver, além da consciência de que há uma pressão generalizada na sociedade brasileira para a obtenção do nível superior. Esse é um dos fatores que pode ajudar a compreender por que tantos estudantes optam por ingressar em um curso que não planejavam, fenômeno este potencializado pelas possibilidades oferecidas pelo SiSU.

Percebe-se, então, que à família e aos amigos são atribuídas as razões externas para o ingresso no ensino superior; as pessoas mais próximas, portanto, exercem influência sobre a decisão do estudante. Em contrapartida, a vontade de se qualificar, de desenvolver atributos como independência, realização pessoal, status social, e aproveitar as oportunidades, mesmo que não condigam exatamente com o que foi planejado, constituem a motivação pessoal dos estudantes pesquisados.

Por fim, tem-se a percepção de que o mercado de trabalho tem exigido profissionais cada vez mais qualificados, e que não só o ensino superior como também o prestígio da instituição conduz a um caminho mais fácil para ingressar nesse mercado. Daí a percepção de que a obtenção do nível superior é obrigatória para aqueles que desejam sucesso profissional. Ainda assim, vale lembrar que o mercado de trabalho é uma variável instável na motivação dos estudantes para a escolha do curso, pois depende fortemente da situação econômica do país.

EXPECTATIVAS

A terceira e última questão analisada permitiu investigar quais as expectativas dos estudantes em relação aos cursos de bacharelados interdisciplinares aos quais ingressaram. As respostas encontradas dão maior confiança aos achados da questão sobre motivação, demonstrando que os estudantes realmente esperam ingressar no mercado de trabalho, ou seja, existe a ideia de que a obtenção do nível superior é garantia de empregabilidade.

Essa ideia é marcada pelos respondentes quando falam abertamente sobre essa questão, mencionando que ao participar do bacharelado interdisciplinar esperam:

Ter emprego caso não consiga surfar profissionalmente. (Q11R7)

Não ter problemas para ingressar no mercado de trabalho. (Q11R10)

A percepção de que a obtenção do nível superior contribui na empregabilidade tem um real embasamento quando se verificam os dados organizados pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), que em 2016 publicou um amplo estudo sobre a situação de mestres e doutores brasileiros no mercado de trabalho. Os dados coletados indicam que, em 2014, a proporção de mestres e doutores que tinham empregos formais era, respectivamente, cerca de 65,8 e 75,5% (CGEE, 2016CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS - CGEE. Mestres e doutores 2015. Estudos da demografia da base técnico-científica brasileira. Brasília, DF: CGEE, 2016., p. 117-160).

Além do interesse no mercado de trabalho, existe também o interesse em ingressar nos cursos profissionalizantes do segundo ciclo de formação, tema que constitui uma importante questão para os estudantes do bacharelado interdisciplinar, principalmente para aqueles estudantes que almejam os cursos de maior desejabilidade social e concorrência, como medicina, direito ou psicologia, situação envidenciada por algumas falas dos respondentes quanto ao que esperam:

Conseguir ingressar no curso de medicina. (Q11R2)

Migrar para o curso que realmente quero. (Q11R4)

Outro aspecto importante a ser considerado é que esses estudantes carregam expectativas mais gerais que extrapolam os limites do curso e estendem-se à universidade, o que quer dizer que parte dos anseios dos estudantes poderia ser atendida em qualquer outro curso universitário, bastando apenas ingressar em alguma IES para instigar, por exemplo, os desejos de aproveitar os benefícios de ser universitário, ter a oportunidade de realizar intercâmbios ou de estabelecer um networking com pessoas das suas áreas de interesse.

Em contrapartida, parte das respostas sobre as expectativas ajuda a compreender o que motivou esses estudantes a fazerem suas escolhas especificamente pelos cursos dos bacharelados interdisciplinares e não somente pela instituição, ao dizer que esperam:

Aproveitar a oportunidade de obter conhecimentos sobre a multiplicidade de temas que o bacharelado interdisciplinar em humanidades proporciona e consequentemente conhecer um ramo específico na área de humanidades e ciências sociais para me especializar e garantir uma profissão estável no mercado de trabalho. (Q11R5)

Aprender bastante com a liberdade que o bacharelado interdisciplinar fornece. (Q11R7)

Dos respondentes, 69% (n=87) esperam obter conhecimento aprofundado sobre determinada área, ou seja, acreditam que o curso será capaz de promover o estudo interdisciplinar sobre um tema, mas que também terão a oportunidade de aprofundamento. Essas últimas respostas, abertas e fechadas, retomam o compromisso com curso, tratado por Castro e Teixeira (2013CASTRO, A. K. S. S.; TEIXEIRA, M. A. P. A evasão em um curso de psicologia: uma análise qualitativa. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 18, n. 2, p. 199-209, abr./jun. 2013. Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722013000200002&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 17 mar. 2017. https://doi.org/10.1590/S1413-73722013000200002
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) como fator de grande impacto na estabilidade do percurso acadêmico, porém são poucas as respostas que seguem esse caminho.

CONCLUSÕES

Em síntese, este estudo permitiu identificar e compreender algumas das estratégias utilizadas pelos estudantes dos cursos de bacharelado interdisciplinar da UFBA para realizar suas escolhas por meio do SiSU, além de mostrar como suas motivações e expectativas estão relacionadas a esse processo, evidenciando uma mudança na dinâmica dos fatores que sustentavam a escolha por um curso universitário nos processos seletivos tradicionais e, consequentemente, as possíveis repercussões sobre a dinâmica da evasão.

Sobre as estratégias, os estudantes utilizam o bacharelado interdisciplinar como uma possibilidade para o ingresso na universidade, ou seja, visam, por meio dessa modalidade, ingressar nos cursos profissionalizantes, na pós-graduação e no mercado de trabalho.

As escolhas feitas dessa forma, que podem ser entendidas como uma escolha não desejada ou frustrada, revelam três grupos de fatores motivacionais que podem ter algum impacto sobre a evasão: o suporte social percebido pelo estudante, principalmente daqueles mais próximos, como a família e os amigos; a percepção de que o mercado de trabalho requer profissionais cada vez mais qualificados; e a percepção de que o ensino superior é um caminho obrigatório e mais fácil para ser absorvido por esse mercado. Além disso, motivadores pessoais, como o compromisso com as próprias metas, a vontade de se desenvolver como pessoa, intelectualmente ou por questões financeiras, e a satisfação pessoal por estar inserido no ensino superior foram também destacados.

No mesmo sentido das estratégias e motivações, as expectativas desses estudantes se comportam de forma semelhante. As características referentes à formação e ao conteúdo dos bacharelados interdisciplinares ainda são pouco visadas a ponto de constituírem-se como uma grande expectativa dos estudantes. Nesse particular, o desejo de passar para o segundo ciclo da formação e de ingressar no mercado de trabalho são expectativas mais fortemente apontadas.

Os resultados deixam concluir que a facilitação do acesso ao ensino superior, sobretudo por meio de um sistema que permite adequar a escolha do candidato em decorrência de pontuação obtida, aumenta a chance de ingresso em uma graduação não desejada, o que levará esses estudantes a uma relação distante com o curso, sem os vínculos considerados necessários para a filiação institucional, como defende Coulon (2008COULON, A. A condição de estudante: a entrada na vida universitária. Salvador: EDUFBA, 2008.), e para a articulação com o campo profissional, ambos considerados elementos necessários e fundamentais para a fixação do estudante, conforme Tinto (1975TINTO, V. Dropout from higher education: a theoretical synthesis of recent research. Review of Educational Research, Washington, DC, v. 45, n. 1, p. 89-125, 1975. https://doi.org/10.3102/00346543045001089
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).

No caso das universidades organizadas em três ciclos, cabe ao primeiro ciclo o papel de facilitar os vínculos institucionais, proporcionando aos alunos o suporte dos colegas e professores, ampliando, assim, a sua rede de suporte social (família e amigos). Além disso, é igualmente importante oferecer as informações necessárias para a tomada de decisão por parte do aluno sobre a sua carreira profissional, seja ingressando no mercado diretamente após o curso de primeiro ciclo, seja ingressando em um curso de progressão linear, para posterior entrada no mercado de trabalho. A possibilidade de o estudante preparar-se para o trabalho, planejando sua vida de forma mais ampla, é a segunda condição proposta por Tinto (1975TINTO, V. Dropout from higher education: a theoretical synthesis of recent research. Review of Educational Research, Washington, DC, v. 45, n. 1, p. 89-125, 1975. https://doi.org/10.3102/00346543045001089
https://doi.org/https://doi.org/10.3102/...
).

Essas questões são claramente expostas nos projetos dos bacharelados interdisciplinares da UFBA, tendo inclusive a orientação profissional como um dos seus eixos de formação. As taxas de evasão, no entanto, denunciam que talvez esses objetivos não estejam sendo plenamente alcançados.

No caso das universidades não organizadas em ciclos, cujas entradas são diretas nos cursos de progressão linear (profissionalizantes), tais como medicina, engenharia, arquitetura, entre outros, o desafio torna-se ainda maior, pois será necessário nos primeiros semestres do curso tratar de questões mais amplas, relacionadas ao projeto de vida e desenvolvimento da carreira profissional. Nesse período, será necessário provocar aquilo que está previsto nos projetos dos bacharelados interdisciplinares: promover a filiação institucional (que os alunos se sintam pertencentes à comunidade universitária), ampliando a sua rede de suporte social e, ao mesmo tempo, proporcionando experiências que os aproxime da prática profissional, facilitando assim o vínculo com a sua profissão.

A pedido da Câmara dos Deputados, Gilioli (2016GILIOLI, R. S. P. Evasão em Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil: expansão da rede, SiSU e desafios. Brasília, DF : Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, maio 2016. (Estudo Técnico). Disponível em: Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/estudos-e-notas-tecnicas/publicacoes-da-consultoria-legislativa/areas-da-conle/tema11/2016_7371_evasao-em-instituicoes-de-ensino-superior_renato-gilioli . Acesso em: 7 jul. 2020.
https://www2.camara.leg.br/atividade-leg...
) realizou um estudo técnico sobre a evasão nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e trata da influência do SiSU nesse processo, defendendo que a adoção desse novo modelo de seleção não causou grandes mudanças no quantitativo da evasão. De fato, os dados aqui analisados não apontam a responsabilidade direta do SiSU sobre a evasão. No entanto, é possível perceber que a liberdade e a lógica de seleção adotadas pelo SiSU facilitam a entrada de alunos com escolhas profissionais ainda imaturas, exigindo, portanto, uma ação já dentro da universidade que ofereça as condições mínimas para os alunos prosseguirem na concretização de seus projetos. Pelas características da população brasileira, com renda per capita muito baixa, a preocupação recai, predominantemente, sobre as condições mínimas de subsistência (transporte, alimentação, moradia). Assim, as políticas públicas são voltadas para garantir tais condições, sem dúvidas extremamente importantes para o apoio aos estudantes oriundos de classes menos favorecidas. Entretanto, os dados mostram a necessidade de outras condições igualmente importantes para a manutenção dos estudantes na universidade e nos cursos escolhidos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Out 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    18 Abr 2019
  • Aceito
    23 Mar 2020
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