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Avaliação de periódicos científicos: Revista Brasileira de Educação Especial

Scientific journal evaluation: Brazilian Journal of Special Education

Resumos

A Revista Brasileira de Educação Especial foi criada em 1992 e tem sido constantemente avaliada, internamente, por pesquisadores da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial, e, externamente, pela Capes e Anped, sendo que a avaliação Capes indicou um Qualis A2. O objetivo deste artigo é discutir essas avaliações para que se possa melhorar ainda mais a qualidade da revista. A avaliação proposta incidiu em parâmetros qualitativos, apresentados pela avaliação da Anped, e estatísticos, disponíveis pelo SciELO. O resultado dessa análise é que a Revista Brasileira de Educação Especial apresenta parâmetros semelhantes, e algumas vezes superiores, às revistas qualificadas em A1. A discussão sobre a melhoria da qualidade da revista indicou: 1) necessidade de recebimento de artigos via internet, por meio de plataforma própria; 2) designação de editores adjuntos ou coeditores de modo a garantir o fluxo de avaliação dos manuscritos recebidos; 3) investimento na infraestrutura, como compra de computadores e softwares para melhorar a editoração da revista.

Educação Especial; Revista Brasileira de Educação Especial; Avaliação; Periódicos


The Brazilian Journal of Special Education was first published in 1992 and has been continuously evaluated internally by scholars of the Brazilian Association of Researchers in Special Education, and externally, by Capes and ANPEd. The last evaluation made by Capes indicated a Qualis A2 for the Brazilian Journal of Special Education. The aim of this article is to discuss these evaluations in order to improve the quality of the journal. The proposed evaluation focused on qualitative parameters presented by the Anped assessment, and statistical parameters available by SciELO. The result of this analysis is that the Brazilian Journal of Special Education has similar parameters to journals qualified as A1, and sometimes even higher than those. Discussion of quality improvement of the journal indicated: 1) the need to receive articles via internet through its peer review system; 2) assignment of coeditors to ensure the evaluation flow of submitted manuscripts; 3) investment in infrastructure, such as purchase of computers and software to improve editing and publishing.

Special Education; Brazilian Journal of Special Education; Evaluation; Periodicals


AVALIANDO PERIÓDICOS CIENTÍFICOS QUE PUBLICAM EM EDUCAÇÃO ESPECIAL

Avaliação de periódicos científicos: Revista Brasileira de Educação Especial

Scientific journal evaluation: Brazilian Journal of Special Education

Eduardo José Manzini

Editor da Revista Brasileira de Educação Especial (a partir do ano 2000). Docente do Programa de Pós-graduação em Educação da Unesp de Marília. manzini@marilia.unesp.br

RESUMO

A Revista Brasileira de Educação Especial foi criada em 1992 e tem sido constantemente avaliada, internamente, por pesquisadores da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial, e, externamente, pela Capes e Anped, sendo que a avaliação Capes indicou um Qualis A2. O objetivo deste artigo é discutir essas avaliações para que se possa melhorar ainda mais a qualidade da revista. A avaliação proposta incidiu em parâmetros qualitativos, apresentados pela avaliação da Anped, e estatísticos, disponíveis pelo SciELO. O resultado dessa análise é que a Revista Brasileira de Educação Especial apresenta parâmetros semelhantes, e algumas vezes superiores, às revistas qualificadas em A1. A discussão sobre a melhoria da qualidade da revista indicou: 1) necessidade de recebimento de artigos via internet, por meio de plataforma própria; 2) designação de editores adjuntos ou coeditores de modo a garantir o fluxo de avaliação dos manuscritos recebidos; 3) investimento na infraestrutura, como compra de computadores e softwares para melhorar a editoração da revista.

Palavras-chave: Educação Especial. Revista Brasileira de Educação Especial. Avaliação. Periódicos.

ABSTRACT

The Brazilian Journal of Special Education was first published in 1992 and has been continuously evaluated internally by scholars of the Brazilian Association of Researchers in Special Education, and externally, by Capes and ANPEd. The last evaluation made by Capes indicated a Qualis A2 for the Brazilian Journal of Special Education. The aim of this article is to discuss these evaluations in order to improve the quality of the journal. The proposed evaluation focused on qualitative parameters presented by the Anped assessment, and statistical parameters available by SciELO. The result of this analysis is that the Brazilian Journal of Special Education has similar parameters to journals qualified as A1, and sometimes even higher than those. Discussion of quality improvement of the journal indicated: 1) the need to receive articles via internet through its peer review system; 2) assignment of coeditors to ensure the evaluation flow of submitted manuscripts; 3) investment in infrastructure, such as purchase of computers and software to improve editing and publishing.

Keywords: Special Education. Brazilian Journal of Special Education. Evaluation. Periodicals.

1 HISTÓRICO DA REVISTA

A Revista Brasileira de Educação foi fruto da discussão de um grupo de pesquisadores que tinha a preocupação em divulgar e disseminar conhecimento sobre Educação Especial. A partir de vários encontros científicos ocorrido nos congressos da ANPEd, ANPEPP, dentre outros, a ideia de criação de uma revista específica em educação especial foi amadurecendo. Finalmente, durante o Seminário Brasileiro de Pesquisa em Educação Especial, em junho de 1992, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foi criada a Revista Brasileira de Educação Especial e, em 1993, foi criada a Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial para ser a mantenedora da Revista. Essa história da revista tem sido detalhada em artigos publicados pela própria revista (DIAS, 2003; MANZINI, 2003; 2009).

Após a sua criação, os editores da Revista lutaram muito para a sua periodiciadade, pois sempre se primou pela qualidade dos artigos e não pela quantidade. Entre 1992 até 2000, a Revista Brasileira de Educação Especial publicava um número por ano. Em 2001, a revista passou a realizar publicação semestral. Em 2004, com o aumento da demanda, a revista passou a publicar três números por ano. Em 2011, foram publicados três numeros regulares e um volume especial, devido aos 15 anos do Grupo de Trabalho em Educação Especial na Anped, o que levou a publicação de quatro números da revista. Em 2012, a diretoria da ABPEE assumiu que, devido à demanda externa, a periodicidade da revsita seria trimestral, com a publicação regular de quatro números por ano (MANZINI et al., 2012). Essa decisão, por um lado, viria a encampar a política de aumento de publicação de artigos nas revistas da área da educação conforme discutido em reuniões com editores e coordenadores de Programas de Pós-graduação em Educação, por outro, daria evasão à publicação da demanda que aumentara.

Ao descrever esse pequeno resgate histórico, percebe-se que a cada ano, frente as exigências internas da área de Educação Especial e frente as exigências de avaliação pela Anped e Capes, a revista foi se modificando e se aprimorando. Isso também ocorreu com os indicadores nacionais e internacionais e a revista passou de uma fonte de indexação para sete, sendo quatro nacionais e três internacionais. Atualmente, a revista está indexada nas seguintes bases de dados: Edubase (Unicamp); Inep (Brasília); SciELO (Fapesp/Bireme/CNPq); educ@ (Fundação Getúlio Vargas); Clase (México); Psicodoc (Espanha); Lilacs/bireme (América Latina).

Todos os artigos publicados na revista, desde 1992, estão on line. As revistas publicadas entre 1992 e 2005 (número 1) estão na hompege da abpee (www.abpee.net) e, a partir do número 2 de 2005, estão on line na plataforma do SciELO (www.scielo.br/rbee).

Ao longo dos anos, a Revista Brasileira de Educação Especial foi ganhando visibiliade, notoriedade, e prestígio na comunidade científica da área de Educação e, atualmente, está classificada em A2 no Qualis.

2 AVALIAÇÃO DA REVISTA

Nos últimos anos, a função dos periódicos científicos foi se ampliando. A Revista Brasileira de Educação Especial, assim como as demais revistas, tinha como objetivo principal a disseminação de conhecimento. Este fato é explicitamente manifestado no editorial do volume 1, número 1, no ano de 1992:

Nos dias atuais, este objetivo permanece, mas, em função das exigências externas da avaliação dos programas de pós-graduação no Brasil, a classificação realizada pelas agências de fomentos (Capes e CNPq), e pelos comitês áreas dessas agências, conferiu a essa classificação um peso ao processo de avaliação dos Periódicos. A classificação dos periódicos foi estratificada em letras, que, posteriormente, se converteram em pontos.

Para entender melhor esse "fenômeno" de avaliação dos periódicos no Brasil, é necessário entender o processo de avaliação das revistas, que, em 2012, esteve sob a égide de três sistemas de avaliação, que poderiam ser nomeados como: 1) Classificatório (Sistema Qualis); 2) Qualitativo e propositivo (Anped); 3) Estatístico (somente para as revistas que estão disponíveis no SciELO).

Além desse três sistemas de avaliação, é necessário salientar que a diretoria da ABPEE, o comitê editorial e editor têm, constantemente, realizado um processo de autoavaliação da revista buscando indicadores para entender a demanda de artigos, os processos de avaliação e de publicação dos manuscritos. A análise desse dados tem sido divulgada nas Assembleias da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial e em mesas redondas propostas com essa finalidade.

2.1 CLASSIFICATÓRIO (SISTEMA QUALIS)

O sistema de avaliação Qualis surgiu da necessidade de avaliar os programas de pós-graducação, ou seja, avaliar indiretamente a qualidade da produção intelectual dos Programas por meio das revistas nas quais os programas publicam:

Qualis é o conjunto de procedimentos utilizados pela Capes para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação. Tal processo foi concebido para atender as necessidades específicas do sistema de avaliação e é baseado nas informações fornecidas por meio do aplicativo Coleta de Dados. Como resultado, disponibiliza uma lista com a classificação dos veículos utilizados pelos programas de pós-graduação para a divulgação da sua produção. A estratificação da qualidade dessa produção é realizada de forma indireta. Dessa forma, o Qualis afere a qualidade dos artigos e de outros tipos de produção, a partir da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, periódicos científicos. (BRASIL, 2013).

Portanto, o objetivo da Capes foi a avaliação dos Programas. Como os programas de pós-graduação publicam em revista científicas, foi realizada uma avaliação dessas revistas em estratos. As revistas internacionais ficaram avaliadas no estrato A (A1 e A2) e as demais revistas nos estratos B (B1, B2, B3, B4 e B5) e C (peso 0).

Como a avaliação é realizada pelas áreas, como Educação, Psicologia, Ciências Sociais, dentre outras, a avaliação do estrato do periódico pode ser diferente dentro das áreas. Portanto, "ao ser classificado em duas ou mais áreas distintas, (o periódico) pode receber diferentes avaliações. Isto não constitui inconsistência, mas expressa o valor atribuído, em cada área, à pertinência do conteúdo veiculado". (CAPES, 2013).

A avaliação Qualis de períodicos passou também a ser utilizada pelo CNPq, pelos seus comitês de área. Assim, o currículo do pesquisador é pontuado quando ele solicita bolsas, auxílio para o financiamento de projetos ou para organização de eventos científicos.

Essa generalização da avaliação, tomando como critério a estratificação do Qualis, aumentou ainda mais a responsabilidade dos editores, pois a função da revista científica, que tinha como objetivo disseminação de conhecimento, passou também a exercer o papel de ser elemento presente para aferir a qualidade dos programas de pós-graduação e a qualidade do currículo dos pesquisadores.

A função dos editores que antes era zelar pela qualidade da revista e por sua periodicidade se ampliou, ou seja, eles seriam responsáveis agora por manter as revistas nos estratos qualis já alcançados e buscar superar esse qualis, para atingir a excelência (A1). Porém, o sistema de avaliação qualis é fechado em si mesmo. Somente uma pequena parcela de revista científicas poderá chegar ao topo da pirâmide, que é controlado pelas Capes. Não há espaço para todos os periódicos no estrato A.

Como as revistas A1 e A2 são as que mais pontuam no Sistema, elas passaram a ser mais procuradas pelos pesquisadores, aumentando a demanda nesse estrato. Na realidade, por um lado, o sistema de classificação qualis fez com que as revista brasileiras melhorassem a sua qualidade em vários aspectos, como: periodicidade, normatização, apresentação, dentre outros. Por outro lado, houve um efeito colateral, pois as revistas passaram a expressar uma "moeda", com pesos diferenciados. Ou seja, foi criada uma nova moeda para aferir a produção intelectual. Assim, os programas de pós-graduação que - cujo corpo de docentes e discentes - mais publicarem em revistas A1 e A2 serão melhor avaliados do que os programas que publicarem em revista qualificadas como B.

Outra discussão que pode ser realizada é que existem artigos muito bons nos vários estratos do Qualis. Publicar em uma revista do Qualis B5 não significa que o artigo é ruim. A inferência que pode ser feita é que no conjunto de elementos avaliados, a revista não se enquadra em outro estrato do qualis. Ou seja, é impossível afirmar que o artigo é ruim.

Com a generalização da Avaliação Qualis, as diferentes agências de fomento (Capes e CNPq) passaram a pontuar diferentemente os estratos qualis, o que pode ser interpretado como uma imprecisão do sistema ou uma forma de lidar com essa imprecisão.

Exemplo da diferenciação da pontuação pode ser observada nos relatórios do Comitê de Avaliação em Educação do CNPq, que estabeleceu os pontos referentes as revistas A e B nos seus subestratos. Quando comparada com a avaliação de área da educação do último relatório trianual dos programas de pós-graduação em educação, percebem-se grandes diferenças de pontuação num mesmo estrato qualis.

Na Tabela 1, pode-se observar as diferenças de pontuação do estrato Qualis em educação em relação ao comitê de avaliação do CNPq (relatório 2010) e Capes (Documento de área do triênio 2007-2009).

Tabela 1
- Pontuação atribuída pelos diferentes comitês de avaliação em educação

Fonte: CNPq (2010). Capes (2009).

Conclui-se, observando a Tabela 1, que a classificação Qualis indica diferenças de pontos, mesmo considerando a proporcionalidade, quando a avaliação recai sobre programas de Pós-graduação e quando a avaliação recai sobre as solicitações de bolsas de pesquisa ou sobre projetos de pesquisa. Verifica-se, então, não haver diferenças de pontos, para o CNPq, se a publicação ocorreu ou numa revista A1, A2 ou B1, ou seja, o peso ou pontuação é a mesmas: 10 pontos. Já para a Capes existe um escolmente diferenciado para cada estrato.

Outra questão que é importante para discussão da avaliação Qualis é a sua periodicidade de avaliação. Apesar de estar expresso na página da Capes (CAPES, 2013) de que a avaliação qualis é anual, sabe-se que nem todas as revistas foram avaliadas em 2012, ou seja, somente foram avaliadas aquelas revistas que solicitaram avaliação, que de fato, foi um número bastante pequeno. Portanto, existe dificuldade de realizar avaliações anuais para todas as revistas, justamente pela falta de pessoal disponível para isso.

2.2 AVALIAÇÃO QUALITATIVA E PROPOSITIVA (ANPED)

A avaliação realizada pela Anped em 2012 teve um caráter de realizar uma avaliação qualitativa das revistas e indicar encaminhamentos que elas poderiam fazer para melhorar a qualidade. Durante o ano de 2012, os editores foram contatados e foi solicitado que enviassem os três últimos números das revistas. Os editores preencheram uma planilha com dados da revista, como, por exemplo: periodicidade, corpo de pareceristas, escopo da revista, forma de recebimento de artigos, forma de avaliação, dentre outros. Esses documentos subsidiaram avaliação da revista. Naquele mesmo ano, foi constituído, sob a tutoria da Anped, o Fórum de Editores de Periódicos da Área de Educação (FEPAE).

A avaliação da Anped foi fornecida por meio de um relatório e apontou:

  1. Necessidade de rever solicitação de comitê de ética para todos os artigos.

  2. Possibilitar que os artigos sejam enviados via on line.

  3. Disponibilizar, em inglês, as informações da revista para que possa alcançar a internacionalização.

Sobre as sugestões da comissão de avaliação da ANPEd, salienta-se que desde dezembro de 2012 foi contatado o SciELO para que discutir sobre a possibilidade de recebimento de artigos on line. O SciELO disponibilizou a plataforma ScholarOne, da qual tem convênio, para que a partir de 2013 todos os documentos que fazem parte da avaliação de artigos possam ser inseridos. No atual momento (jan-mar de 2013), aguarda-se a disponibilização de data a ser determinada pelo SciELO para o treinamento da equipe editorial para operar na plataforma.

Em relação a tradução das normas para publicação, isso já foi realizado, devendo ser atualizada na página da Revista.

Sobre a questão da revisão em relação à solicitação de comitê de ética para todos os artigos, o tema já foi discutido amplamente no passado, inclusive com a composição de uma mesa sobre ética no primeiro Congresso Brasileiro de Educação Especial, que foi promovida pela ABPEE. Como a população alvo de pesquisa é um grupo de risco, segundo as normas éticas vigentes, as várias diretorias discutiram e mantiveram a obrigatoriedade de parecer de comitê de ética para todos os relatos de pesquisa que envolvem a participação de seres humanos e animais.

2.3 AVALIAÇÃO ESTATÍSTICA (SCIELO)

Um outra forma de avaliação é disponibilizada pelo SciELO, que em sua plataforma consegue aferir o número de acessos a um número específico da revista ou um artigo desta revista. Além dessa contagem, o SciELO apresenta o fator de impacto de cada revista, que é disponilibizado em períodos de dois anos e de três anos. Por definição, "o valor do fator de impacto é obtido dividindo-se o número total de citações dos artigos, acumulados nos últimos dois anos, pelo total acumulado de artigos publicados pela revista no referido período." (MARZIALE;MENDES, 2002, p. 446). No caso do SciELO, também é apresentado o período de três anos.

Tendo como parâmetro de avaliação o fator de impacto, poder-se-ia perguntar: como a Revista Brasileira de Educação Especial, que está classificada no Qualis A2 está sendo avaliada sobre esse parâmetro? Qual a diferença entre o fator de Impacto da Revista Brasileira de Educação Especial e de outras revistas da educação que estão classificadas no Qualis A1?

Para responder a essas questões foi realizada uma busca no SciELO de revista qualificadas no qualis A1 e que tinham como origem importantes universidades do Estado de São Paulo e uma com expressão nacional. Com esses critérios foram selecionadas as seguintes revistas para a análise:

  • Revista Brasileira de Educação Especial - A2

  • Revista Brasileira de Educação - A1 (ANPED)

  • Educação e Pesquisa - A1 (USP)

  • Pró-Posições - A1 (Unicamp)

  • Cadernos de Pesquisa - A1 (Fundação Carlos Chagas).

Ao buscar os dados no SciELO, foi possível a elaboração de tabelas que permitem comparar essas revistas segundo os parâmetros estatísticos. Na Tabela 2, é apresentado o fator de impacto, em um período de dois anos, e o número de artigos publicados até o momento da coleta de dados.

Tabela 2
- Fator de impacto em um período de dois anos e números de artigos publicados

Legenda: os números entre parênteses indica o número de artigos publicados.

Fonte: SciELO (2012).

A Tabela 2 permite concluir que o fator de impacto da Revista Brasileira de Educação Especial (RBEE) foi maior do que as demais revistas nos anos de 2010 e 2012. Em 2009, o maior fator de impacto foi do periódico Cadernos de Pesquisa e a RBEE teve o segundo maior fator de impacto. Em 2011, a RBEE ficou na terceira posição. Portanto, fator de impacto e Qualis são dois sistemas de avaliação que não estão correlacionados.

A Tabela 3 apresenta o Fator de impacto em um período de três anos e números de artigos publicados.

Tabela 3
- Fator de impacto em um período de três anos e números de artigos publicados.

Legenda: os números entre parênteses indica o número de artigos publicados.

Fonte: SciELO (2012).

Observando a Tabela 3, que apresenta o Fator de impacto em um período de três anos, verifica-se que a Revista Brasileira de Educação Especial obteve o maior fator de impacto nos anos de 2009, 2010, e 2012. No ano de 2011, a RBEE obteve o segundo maior fator de impacto quando comparada com as demais Revistas qualificadas no Qualis A1. Portanto, os dados confirmam que a Revista Brasileira de Educação Especial, até o momento da coleta de dados no SciELO, apresentou, por vários anos, fator de impacto maior que outras revistas da Qualis A1, cuja avaliação é realizada por parâmetros qualitativos e, portanto, mais subjetivos.

2.4 AUTOAVALIAÇÃO DA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL

Uma outra forma de avaliar a revista é realizar uma autoavaliação com indicatores internos, ou seja, aqueles que os editores e o comitê editorial possuem. Esses indicadores servem para tomar decisões em relação a revista e para observar tendências sobre o processo de recebimento, avaliação, reavaliação e publicação dos manuscritos. Dessa forma, indicadores como o número de artigos recebidos, os aprovados, denegados, publicados, os motivos de denegação e outras questões sobre a avaliação dos artigos são importante para acompanhar as tendencias. Exatamente sobre essas questões pretende-se discorrer e discutir.

Dois motivos levaram a Revista Brasileira de Educação Especial a um rápido crescimento e amadurecimento. O primeiro por ser uma das duas revistas do país a publicar artigos com foco em Educação Especial. O segundo motivo, por ter sido bem qualificada no Qualis da área, apesar de ainda não ser uma Revista A1. Em função desses motivos, o número de artigos recebidos cresceu rapidamente. A Figura 1 apresenta dados referentes aos ultimos seis anos.

Figura 1
- Número de artigos recebidos e denegados, nos últimos seis anos, pela Revista Brasileira de Educação Especial

Com o aumento do número de artigos recebidos, os critérios de mérito para aprovação dos artigos ficaram ainda mais rígidos, ou que melhorou a qualidade dos artigos.

Pode-se constatar, tomando com fonte de informação a Figura 1, que a porcentagem de artigos denegados oscila numa faixa que vai de 49% a 59%, correspondendo a 49% em 2007, 57% em 2009, 59% em 2009, 55% em 2010, 53% em 2011 e 49% em 2012.

Os motivos para denegação de artigos em sua grande maioria se refere à avaliação de mérito. Dentre os artigos denegados, ainda é possivel encontrar artigos que não se enquadram no escopo da revista, artigos cujos autores decidiram não realizar as reformulações e artigos retirados de publicação. Principalmente em relação aos artigos retirados de publicação, percebe-se que a expectativa dos autores era que a publicação seria imediata, apesar de as normas da revista indicar explicitamente que o tempo entre o recebimento e a efetiva publicação pode variar de 12 a 16 meses.

Portanto, o tempo despendido entre o processo de avaliação-reformulação e o de publicação é outro indicador importannte que tem sido monitorado. A Tabela 4 apresenta esses dados.

Tabela 4
- Média de tempo (em meses) entre recebimento - publicação do artigo

Os dados da Tabela 4 indicam que a média de tempo entre o recebimento e o período de publicação é menor do que 12 meses. Percebe-se que essa média começou a aumentar a partir do volume 17 da revista, como consequência da demanda do ano anterior. Exatamente em função desse aumento e em função do aumento do número de artigos recebidos por ano.

Percebe-se também na Tabela 4 que o menor tempo entre recebimento e publicação é um mês. Esses são os artigos internacionais, que acabam tendo prioridade em função da política editorial para publicação de um artigo internacional por número. O artigo 2, do volume 18 n 2, demorou 25 meses para ser publicado. Trata-se de um autor que enviou dois artigos para a revista conjuntamente. Como a política editorial indica que a revista publica apenas um artigo por ano por autor (ou coautor) o artigo aprovado ficou na fila de publicação para o ano seguinte.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A MELHORIA DA QUALIDADE DA REVISTA

Ao realizar uma autoavaliação sobre o processo de publicação da Revista Brasileira de Educação Especial, pode-se indicar algumas melhorias que beneficiariam o processo de gerenciamento da Revista.

A primeira questão, cuja iniciativa ocorreu em novembro de 2012, se refere ao recebimento de artigos on line. Felizmente, como a revista está indexada no SciELO, será possível o uso de uma plataforma para receber e gerenciar o processo de recebimento, avaliação, reavaliação e encaminhamento dos artigos para publicação. O SciELO possui um convêncio internacional e usa o sistema da Thomson Reuters para submissão e gerenciamento de manuscritos por meio do ScholarOne. A solicitação para submisssão da plataforma do ScholarOne foi realizada e, prontamente, o SciELO enviou a documentação para uso da plataforma. Finalizada essa primeira etapa, será realizado um treinamento com os responsáveis da revista para manuseio da plataforma. A previsão para uso da plataforma será o ano de 2013.

Associado a essa iniciativa, a discussão da mesa redonda no VI Congresso Brasileiro de Educação Especial encaminhou para a necessidade de divisão de responsabilidade com o processo de edição da revista. A proposta é que a nova diretoria (2103 - 2014) encaminhe a discussão para a seleção de quatro coeditores para a Revista, sob a orientação do Comitê Editorial e do Editor geral. Como os artigos estariam sendo gerenciados por uma plataforma, os editores poderão ter acesso aos documentos e trabalharem cooperativamente. Essa iniciativa teria duas funções. A primeira, a curto prazo, seria a divisão de responsabilidades e tarefas com avaliação e reavalição dos manuscritos, o que poderá diminuir o tempo entre o recebimento e a publicação. O segundo, a longo prazo, seria o aprendizado para novos editores que, no futuro, poderão assumir o cargo de editor geral. Isso é importante para que novas gerações de pesquisadores possam aprender a gerenciar periódicos científicos. Além disso, com o uso da plataforma, os coeditores poderão pertencer a diferentes Universidades e estar situados em diferentes regiões geográficas do país. Provavelmente, um dos critérios para seleção desses editores seja a idade, pois espera-se que a entrada de jovens pesquisadores possam atuar por longos anos como editores e que os editores mais velhos possam fazer a transição do cargo sem prejuízo para o gerenciamento da revista.

Uma terceira questão, que está relacionada as demais, se refere a melhoria da infraestrutura de equipamentos para a Revista. Esta política de troca de computadores antigos para máquinas mais novas iniciou-se em 2011 e deveria ser contínua. Realizar uma revisão de manuscritos com um monitor de 15 polegadas é bem diferente do que em um monitor com 24 polegadas. Esse é um empreendimento que deve continuar, pois novos softwares tem sido criados e novas máquinas tem aparecido no mercado. A continuação de uma política e investimento na infraestrutura fisica e de recursos humanos é necessária para melhor gerenciamento da revista.

Recebido em: 15/03/2013

Aprovado em: 30/03/2013

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Maio 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 2013

Histórico

  • Recebido
    15 Mar 2013
  • Aceito
    30 Mar 2013
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