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Xerostomia related to HIV infection /AIDS: a critical review

Xerostomia relacionada à infecção pelo HIV/AIDS: uma revisão crítica

Abstracts

Introduction:

The presence of oral manifestations in HIV positive individuals is quite common. Xerostomia appears as one of the most frequent problems and may lead to a reduction in the quality of life of this population.

Objective:

This study was a critical review of the relationship between xerostomia and HIV infection, to attract the attention of dentists on the importance of dental care to these patients.

Material and method:

We included articles published between 2000 and 2009, indexed in PUBMED database. The descriptors used were "HIV" and "xerostomia", the exclusion criteria adopted were: the absence of these descriptors associated, non-location of the full-text, articles based on case studies or case series and the absence of the abstract in the database.

Result:

Based on studies in the review, it can be said that the xerostomia is a common manifestation of HIV infection, predisposing the patient to several other oral problems. Among the risk factors for its occurrence it was reported: low counts of CD4+ T cells, high plasma viral load, the use of some medications and antiretroviral therapy.

Conclusion:

The HIV/AIDS can change the salivary glands, and were considered important risk factors for the occurrence of xerostomia the presence of didanosine and the drug class which corresponds to protease inhibitors in antiretroviral therapy.

AIDS; HIV; saliva; antiretroviral therapy highly active; xerostomia


Introdução:

A presença de manifestações bucais em indivíduos HIV positivos é bastante comum, sendo que a xerostomia aparece como um dos problemas mais frequentes, podendo levar a uma redução na qualidade de vida dessa população.

Objetivo:

Este estudo objetivou realizar uma revisão crítica sobre a relação entre xerostomia e a infecção pelo HIV, a fim de despertar a atenção do cirurgião-dentista quanto à importância da atenção odontológica dirigida a esses pacientes.

Material e método:

Foram incluídos artigos publicados no período entre 2000 e 2009, indexados na base de dados PUBMED. Os descritores utilizados foram HIV e xerostomia, sendo adotados como critérios de exclusão: a ausência dos referidos descritores associados, a não localização do texto completo, os artigos baseados em estudos de caso ou série de casos, e a ausência do resumo na base de dados.

Resultado:

Com base nos estudos incluídos na revisão, pode-se afirmar que a xerostomia é uma manifestação comum da infecção pelo HIV, predispondo o paciente a vários outros problemas bucais. Dentre os fatores de risco para a sua ocorrência, foram relacionados: as baixas contagens de células T CD4+, a alta carga viral plasmática, o uso de alguns medicamentos e a terapia antirretroviral.

Conclusão:

A infecção pelo HIV/AIDS pode alterar as glândulas salivares. Além disso, importantes fatores de risco foram considerados para ocorrência de xerostomia: a presença da didanosina e da classe de medicamentos que corresponde aos inibidores de protease na terapia antirretroviral.

AIDS; HIV; saliva; terapia antirretroviral de alta atividade; xerostomia


INTRODUÇÃO

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi e ainda é uma das patologias de maior interesse para a comunidade científica11. Cavasin Filho JC, Giovani EM. Xerostomy, dental caries and periodontal disease in HIV+ patients. Braz J Infect Dis. 2009;13(1):13-7. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-86702009000100005
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. A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é caracterizada por uma redução gradual e progressiva de linfócitos T CD4+, que, por sua vez, leva a um aumento de infecções oportunistas; estas, invariavelmente, conduzem à morte do paciente22. Ceballos-Salobreña A, Gaitán-Cepeda LA, Ceballos-Garcia L, Lezama-Del Valle D. Oral lesions in HIV/AIDS patients undergoing highly active antiretroviral treatment including protease inhibitors: a new face of oral AIDS? AIDS Patient Care STDS. 2000;14(12):627-35. http://dx.doi.org/10.1089/10872910050206540
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. Com o advento da Terapia Antirretroviral Altamente Ativa (HAART), introduzida em 1995, houve uma redução na mortalidade, devido às melhorias nos níveis de saúde em pacientes que aderiram ao referido tratamento33. Freed JR, Marcus M, Freed BA, Der-Martirosian C, Maida CA, Younai FS, et al. Oral health findings for HIV-infected adult medical patients from the HIV Cost and Services Utilization Study. J Am Dent Assoc. 2005;136(10):1396-405. http://dx.doi.org/10.14219/jada.archive.2005.0053
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. Porém, vale ressaltar que mais de 95% das novas infecções pelo HIV vêm surgindo nas populações de média e baixa renda, o que representa grande dificuldade no acesso a essa terapia44. Wainberg MA, Jeang KT. 25 years of HIV-1 research - progress and perspectives. BMC Medicine. 2008;6:31:1-7.. A HAART revolucionou o tratamento e o prognóstico do HIV e da AIDS55. Flint SR, Tappuni A, Leigh J, Schmidt-Westhausen AM, MacPhail L. (B3) Markers of immunodeficiency and mechanisms of HAART therapy on oral lesions. Adv Dent Res. 2006;19(1):146-51. http://dx.doi.org/10.1177/154407370601900126
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. Estes medicamentos atuam basicamente inibindo a ação das enzimas virais, as quais são indispensáveis no mecanismo da replicação do vírus.

No tocante às manifestações do HIV/AIDS, as mesmas são comuns nas regiões de cabeça, pescoço e cavidade bucal, e incluem infecções oportunistas, neoplasias e linfoadenopatia difusa. Alguns tipos de doenças bucais que aparecem como primeiro sinal clínico da infecção pelo HIV são importantes indicadores do estágio do HIV e do estado de imunossupressão66. Gileva OS, Sazhina MV, Gileva ES, Efimov AV, Scully C. Spectrum of oral manifestations of HIV/AIDS in the Perm region (Russia) and identification of self-induced ulceronecrotic lingual lesions. Med Oral. 2004;9(3):212-5.. De acordo com a literatura, após a introdução da HAART, algumas manifestações orais de HIV/AIDS diminuíram, sugerindo que estas possam ser marcadores clinicamente úteis da eficácia desses medicamentos e do estado imunológico. Um aumento concomitante na contagem de células T CD4+ também foi observado com o uso da terapia. No entanto, os regimes HAART são complexos, podendo causar graves - potencialmente letais - efeitos colaterais ou interações medicamentosas. Outra desvantagem refere-se à dificuldade no cumprimento da terapia, que muitas vezes implica na ingestão de um grande número de comprimidos com doses frequentes; além disso, a HAART tem potencial para o desenvolvimento de resistência viral55. Flint SR, Tappuni A, Leigh J, Schmidt-Westhausen AM, MacPhail L. (B3) Markers of immunodeficiency and mechanisms of HAART therapy on oral lesions. Adv Dent Res. 2006;19(1):146-51. http://dx.doi.org/10.1177/154407370601900126
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.

Problemas bucais relacionadas ao HIV ocorrem em uma grande proporção de pacientes e, frequentemente, são diagnosticados ou tratados inadequadamente. É necessária a realização de exame clínico para o adequado manejo dessas manifestações, porém muitos pacientes não recebem atendimento odontológico adequado77. Reznik DA. Oral manifestations of HIV disease. Top HIV Med. 2006;13(5):143-8.. Dentre as manifestações bucais presentes em indivíduos HIV positivos, a xerostomia aparece como uma das mais frequentes, podendo levar a uma redução na qualidade de vida dessa população. O papel da saliva é de grande importância na manutenção da saúde da cavidade bucal88. Lin AL, Johnson DA, Stephan KT, Yeh CK. Alteration in salivary function in early HIV infection. J Dent Res. 2003;82(9):719-24. http://dx.doi.org/10.1177/154405910308200912
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. Há uma estimativa de que 5% dos pacientes HIV positivos desenvolveram aumento bilateral das glândulas salivares, enquanto 10% a 30% apresentaram xerostomia, sendo esta um importante fator de contribuição para o aumento da incidência de cárie dentária em indivíduos infectados pelo HIV. Alterações na quantidade e na qualidade da saliva, incluindo a diminuição das propriedades antimicrobianas, levam ao rápido avanço da cárie dentária e da doença periodontal77. Reznik DA. Oral manifestations of HIV disease. Top HIV Med. 2006;13(5):143-8..

Tanto a xerostomia como a hipofunção da glândula salivar têm sido frequentemente associadas ao HIV, porém não há dados conclusivos88. Lin AL, Johnson DA, Stephan KT, Yeh CK. Alteration in salivary function in early HIV infection. J Dent Res. 2003;82(9):719-24. http://dx.doi.org/10.1177/154405910308200912
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, 99. Navazesh M, Mulligan R, Komaroff E, Redford M, Greenspan D, Phelan J. The prevalence of xerostomia and salivary gland hypofunction in a cohort of HIV-positive and at-risk women. J Dent Res. 2000;79(7):1502-7. http://dx.doi.org/10.1177/00220345000790071201
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. Buscando contribuir para o esclarecimento desse tema, o presente estudo teve por objetivo revisar sistematicamente a associação entre xerostomia e a infecção pelo HIV/AIDS. Em acréscimo, objetivou despertar a atenção dos profissionais da área odontológica para a importância da educação, bem como do resgate e da manutenção da saúde bucal dessa parcela da população, garantindo-lhes, assim, uma melhor qualidade de vida.

MATERIAL E MÉTODO

A coleta de dados na literatura científica, baseada nos temas centrais deste trabalho, foi realizada na base de dados PUBMED, desenvolvida pelo National Center for Biotechnology Information (NCBI) e mantida pela U. S. National Library of Medicine, sendo incluídas, no presente estudo, as publicações referentes aos últimos dez anos. Esse período foi escolhido por ser posterior à introdução da Terapia Antirretroviral Altamente Ativa, possibilitando, assim, avaliar estudos que incluíam o uso destes medicamentos por indivíduos infectados pelo HIV. Para a seleção dos artigos, foram empregados os descritores de assunto HIV e xerostomia, e o operador booleano utilizado foi and.

Quanto aos critérios de inclusão adotados neste estudo, foram utilizados apenas artigos que apresentavam ideias claras, objetivas e condizentes ao título deste trabalho. Os artigos que não obedeceram a esses critérios não foram selecionados. Como critérios de exclusão, foram considerados: a ausência dos descritores HIV e xerostomia associados; a não localização do texto completo; os artigos baseados em estudos de caso ou série de casos, e a ausência do resumo na base de dados.

RESULTADO

Após investigação na base de dados citada anteriormente e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos para este estudo, foi possível selecionar 30 trabalhos científicos. A Figura 1 apresenta o processo de seleção dos artigos através da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão a partir da localização dos artigos na base de dados.

Figura 1
Processo de seleção dos artigos incluídos no presente estudo.

Dos 30 artigos selecionados na base de dados, dois estavam relacionados à presença de problemas bucais em crianças HIV positivas. Um deles destacou que o baixo número de linfócitos T CD4+, a xerostomia e a ausência de terapia antirretroviral são considerados fatores de risco essenciais, influenciando o desenvolvimento de manifestações bucais1010. Expósito-Delgado AJ, Vallejo-Bolaños E, Martos-Cobo EG. Oral manifestations of HIV infection in infants: a review article. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2004;9(5):415-20.. Com relação ao outro estudo, seus resultados apontam que as manifestações bucais podem ser um dos primeiros sinais clínicos da infecção e da progressão do HIV em crianças, sendo que a doença da glândula salivar é uma manifestação comum da infecção pelo HIV em pacientes pediátricos, apresentando-se como o aumento da glândula e/ou xerostomia. O mesmo estudo relacionou, ainda, a presença de xerostomia com a ocorrência de candidíase em crianças infectadas pelo HIV1111. Pinto A, De Rossi SS. Salivary gland disease in pediatric HIV patients: an update. J Dent Child (Chic). 2004;71(1):33-7..

Quatro estudos reforçaram esse achado, elencando como principais manifestações bucais associadas ao HIV a xerostomia e a candidíase oral88. Lin AL, Johnson DA, Stephan KT, Yeh CK. Alteration in salivary function in early HIV infection. J Dent Res. 2003;82(9):719-24. http://dx.doi.org/10.1177/154405910308200912
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, 1212. Sroussi HY, Epstein JB. Changes in the pattern of oral lesions associated with HIV infection: implications for dentists. J Can Dent Assoc. 2007;73(10):949-52.

13. Narani N, Epstein JB. Classifications of oral lesions in HIV infection. J Clin Periodontol. 2001;28(2):137-45. http://dx.doi.org/10.1034/j.1600-051x.2001.028002137.x
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- 1414. Chou L. [Clinical and research advances in oral AIDS]. Shangai Kou Qiang Yi Xue 2001;10(3):193-5..

A xerostomia representa uma manifestação bucal do paciente portador do HIV, sendo considerada comum no indivíduo infectado pelo referido vírus e como um efeito colateral das drogas usadas no tratamento55. Flint SR, Tappuni A, Leigh J, Schmidt-Westhausen AM, MacPhail L. (B3) Markers of immunodeficiency and mechanisms of HAART therapy on oral lesions. Adv Dent Res. 2006;19(1):146-51. http://dx.doi.org/10.1177/154407370601900126
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, 1515. Johnson NW, Glick M; Mbuguye TN. (A2) Oral health and general health. Adv Dent Res. 2006;19(1):118-21. http://dx.doi.org/10.1177/154407370601900122
http://dx.doi.org/10.1177/15440737060190...
.

Foram encontrados sete estudos relacionados às manifestações bucais associadas à infecção pelo HIV, incluindo xerostomia e/ou hipofunção das glândulas salivares, sendo que dois destes foram realizados com crianças (Tabela 1). Na totalidade desses estudos, foi possível observar o comprometimento da função das glândulas salivares, principalmente com relação às taxas de fluxo salivar não estimulado; dentre os fatores de risco associados à xerostomia em pacientes HIV, foram relacionados: as baixas contagens de células T CD4+, o início da infecção pelo HIV e a progressão da doença66. Gileva OS, Sazhina MV, Gileva ES, Efimov AV, Scully C. Spectrum of oral manifestations of HIV/AIDS in the Perm region (Russia) and identification of self-induced ulceronecrotic lingual lesions. Med Oral. 2004;9(3):212-5. , 88. Lin AL, Johnson DA, Stephan KT, Yeh CK. Alteration in salivary function in early HIV infection. J Dent Res. 2003;82(9):719-24. http://dx.doi.org/10.1177/154405910308200912
http://dx.doi.org/10.1177/15440591030820...
, 99. Navazesh M, Mulligan R, Komaroff E, Redford M, Greenspan D, Phelan J. The prevalence of xerostomia and salivary gland hypofunction in a cohort of HIV-positive and at-risk women. J Dent Res. 2000;79(7):1502-7. http://dx.doi.org/10.1177/00220345000790071201
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, 1616. Kozinetz CA, Carter AB, Simon C, Hicks MJ, Rossmann SN, Flaitz CM, et al. Oral manifestations of pediatric vertical HIV infection. AIDS Patient Care STDS. 2000;14(2):89-94. http://dx.doi.org/10.1089/108729100318028
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17. Grando LJ, Yurgel LS, Machado DC, Silva CL, Menezes M, Picolli C. [Oral manifestations, CD4+ T-lymphocytes count and viral load in Brazilian and North-American HIV-infected children]. Pesqui Odontol Bras. 2002;16(1):18-25. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-74912002000100004
http://dx.doi.org/10.1590/S1517-74912002...

18. Tirwomwe JF, Rwenyonyi CM, Muwazi LM, Besigye B, Mboli F. Oral manifestations of HIV/AIDS in clients attending TASO clinics in Uganda. Clin Oral Investig. 2007;11(3):289-92. http://dx.doi.org/10.1007/s00784-007-0118-z
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- 1919. Jainkittivong A, Lin AL, Johnson DA, Langlais RP, Yeh CK. Salivary secretion, mucin concentrations and Candida carriage in HIV-infected patients. Oral Dis. 2009;15(3):229-34. http://dx.doi.org/10.1111/j.1601-0825.2009.01514.x
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.

Tabela 1
Estudos sobre hipofunção das glândulas salivares / xerostomia associadas à infecção pelo HIV

A Tabela 2 apresenta oito estudos referentes à associação entre hipofunção das glândulas salivares/xerostomia e a Terapia Antirretroviral Altamente Ativa (HAART). Três destes encontraram associação entre xerostomia e a referida terapia11. Cavasin Filho JC, Giovani EM. Xerostomy, dental caries and periodontal disease in HIV+ patients. Braz J Infect Dis. 2009;13(1):13-7. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-86702009000100005
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, 2020. Navazesh M, Mulligan R, Barron Y, Redford M, Greenspan D, Alves M, et al. A 4-year longitudinal evaluation of xerostomia and salivary gland hypofunction in the Women's Interagency HIV Study participants. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2003;95(6):693-8. http://dx.doi.org/10.1067/moe.2003.230
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, 2121. Sharma G, Pai KM, Suhas S, Ramapuram JT, Doshi D, Anup N. Oral manifestations in HIV/AIDS infected patients from India. Oral Dis. 2006;12(6):537-42. http://dx.doi.org/10.1111/j.1601-0825.2006.01232.x
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; dois estudaram o uso da terapia que incluía Inibidores de Protease2222. Navazesh M, Mulligan R, Karim R, Mack WJ, Ram S, Seirawan H, et al. Effect of HAART on salivary gland function in the Women's Interagency HIV Study (WIHS). Oral Dis. 2009;15(1):52-60. http://dx.doi.org/10.1111/j.1601-0825.2008.01456.x
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, 2323. Aquino-García SI, Rivas MA, Ceballos-Salobreña A, Acosta-Gio AE, Gaitán-Cepeda LA. Short communication: oral lesions in HIV/AIDS patients undergoing HAART including efavirenz. AIDS Res Hum Retroviruses. 2008;24(6):815-20. http://dx.doi.org/10.1089/aid.2007.0159
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, sendo esta associada à xerostomia em um dos trabalhos2222. Navazesh M, Mulligan R, Karim R, Mack WJ, Ram S, Seirawan H, et al. Effect of HAART on salivary gland function in the Women's Interagency HIV Study (WIHS). Oral Dis. 2009;15(1):52-60. http://dx.doi.org/10.1111/j.1601-0825.2008.01456.x
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e, em outro, ao aumento das lesões bucais2323. Aquino-García SI, Rivas MA, Ceballos-Salobreña A, Acosta-Gio AE, Gaitán-Cepeda LA. Short communication: oral lesions in HIV/AIDS patients undergoing HAART including efavirenz. AIDS Res Hum Retroviruses. 2008;24(6):815-20. http://dx.doi.org/10.1089/aid.2007.0159
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. Um artigo mostrou associação entre a HAART e o aumento da glândula parótida22. Ceballos-Salobreña A, Gaitán-Cepeda LA, Ceballos-Garcia L, Lezama-Del Valle D. Oral lesions in HIV/AIDS patients undergoing highly active antiretroviral treatment including protease inhibitors: a new face of oral AIDS? AIDS Patient Care STDS. 2000;14(12):627-35. http://dx.doi.org/10.1089/10872910050206540
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, sendo que outro estudo observou que a probabilidade de xerostomia era menor em pacientes que faziam uso contínuo da HAART quando comparados aos que faziam uso descontínuo da mesma terapia2424. Silverberg MJ, Gore ME, French AL, Gandhi M, Glesby MJ, Kovacs A, et al. Prevalence of clinical symptoms associated with highly active antiretroviral therapy in the Women's Interagency HIV Study. Clin Infect Dis. 2004;39(5):717-24. http://dx.doi.org/10.1086/423181
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. Apenas um estudo não encontrou associação entre xerostomia e o uso da HAART2525. Younai FS, Marcus M, Freed JR, Coulter ID, Cunningham W, Der-Martirosian C, et al. Self-reported oral dryness and HIV disease in a national sample of patients receiving medical care. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2001; 92(6):629-36. http://dx.doi.org/10.1067/moe.2001.117816
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.

Tabela 2
Estudos referentes à associação entre hipofunção das glândulas salivares / xerostomia e Terapia Antirretroviral Altamente Ativa (HAART)

Três artigos de revisão foram alusivos à Síndrome de Sjögren. Obermayer-Straub, Manns2626. Obermayer-Straub P, Manns MP. Hepatitis C and D, retroviruses and autoimmune manifestations. J Autoimmun. 2001;16(3):275-85. http://dx.doi.org/10.1006/jaut.2000.0488
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descreveram semelhanças entre a infecção pelo HIV e a referida síndrome. A ocorrência de olhos secos e boca seca, bem como a infiltração linfocitária nas glândulas salivares e lacrimais, são comuns em ambas as situações. Segundo Fox, Liu2727. Fox RI, Liu AY. Sjogren's syndrome in dermatology. Clin Dermatol. 2006;24(5):393-413. http://dx.doi.org/10.1016/j.clindermatol.2006.07.005
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, além das doenças endócrinas, outras infecções, como caxumba, hepatite C e HIV podem afetar a glândula parótida. Os autores von Bultzingslowen et al.2828. von Bultzingslowen I, Sollecito TP, Fox PC, Daniels T, Jonsson R, Lockhart PB, et al. Salivary dysfunction associated with systemic diseases: systematic review and clinical management recommendations. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2007;103(Suppl):S57.e1-15. relataram em seu estudo que as mudanças observadas nos componentes salivares de indivíduos com HIV são morfologicamente semelhantes às da Síndrome de Sjogren; entretanto, menos pronunciadas e compostas, principalmente, de infiltração de células T supressoras.

Outros quatro estudos selecionados, apesar de abordarem de forma indireta o tema proposto neste trabalho, são de grande relevância na condução da atenção odontológica de indivíduos infectados pelo HIV. No estudo de Freed et al.33. Freed JR, Marcus M, Freed BA, Der-Martirosian C, Maida CA, Younai FS, et al. Oral health findings for HIV-infected adult medical patients from the HIV Cost and Services Utilization Study. J Am Dent Assoc. 2005;136(10):1396-405. http://dx.doi.org/10.14219/jada.archive.2005.0053
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, 12% da amostra estudada classificou sua saúde bucal como 'precária'; a xerostomia foi relatada como o sintoma mais comum (37%). Patel et al.2929. Patel M, Shackleton JA, Coogan MM, Galpin J. Antifungal effect of mouth rinses on oral Candida counts and salivary flow in treatment-na ive HIV-infected patients. AIDS Patient Care STDS. 2008;22(8):613-8. http://dx.doi.org/10.1089/apc.2007.0160
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, ao realizarem um ensaio clínico para avaliar a efetividade de algumas substâncias sob forma de enxaguatórios bucais na diminuição da contagem de cândida salivar em indivíduos HIV+, verificaram que a associação de triclosan e flúor reduziu significativamente a contagem de cândida salivar após três meses e duas semanas de uso. Outro enxaguatório bucal testado continha Cloridrato de Benzidamina e Gluconato de Clorexidina, o qual não apresentou um efeito significativo na redução da contagem de Cândida. Entretanto, os dois produtos testados aumentaram o fluxo salivar durante as primeiras quatro semanas de uso, sendo que a taxa se manteve estável, posteriormente. Mulligan et al.3030. Mulligan R, Seirawan H, Alves ME, Navazesh M, Phelan JA, Greenspan D, et al. Oral health-related quality of life among HIV-infected and at-risk women. Community Dent Oral Epidemiol. 2008;36(6):549-57. http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-0528.2008.00443.x
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constataram que as mulheres infectadas pelo HIV tinham qualidade de vida e condição bucal significativamente piores quando comparadas com o grupo de mulheres não infectadas pelo HIV. Já o trabalho conduzido por Engeland et al.3131. Engeland CG, Jang P, Alves M, Marucha PT, Califano J. HIV infection and tooth loss. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008;105(3):321-6. http://dx.doi.org/10.1016/j.tripleo.2007.10.012
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, ao estudar a relação entre a infecção pelo HIV e perda dental em dois grupos de indivíduos (HIV+ e HIV-), encontrou que a perda de dentes entre os grupos não foi significativamente diferente em nenhum momento: (1) antes do tratamento dentário; (2) após o tratamento periodontal e restaurador inicial, e (3) após um período de dois anos de manutenção.

DISCUSSÃO

A saliva desempenha um papel relevante na manutenção tanto da integridade da mucosa oral como das funções imunológicas locais, além de proporcionar conforto ao indivíduo, facilitando a mastigação e a fonação, e promovendo, assim, uma melhor qualidade de vida global. Com relação à xerostomia, a mesma é considerada um importante sintoma, visto que pode estar associada a morbidade ou graves doenças sistêmicas2020. Navazesh M, Mulligan R, Barron Y, Redford M, Greenspan D, Alves M, et al. A 4-year longitudinal evaluation of xerostomia and salivary gland hypofunction in the Women's Interagency HIV Study participants. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2003;95(6):693-8. http://dx.doi.org/10.1067/moe.2003.230
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. A xerostomia ocorre em associação com a hipofunção da glândula salivar. Geralmente, quando a secreção salivar de um indivíduo diminuiu pela metade dos seus valores normais, há ocorrência de xerostomia. Embora existam grandes variações individuais, hipossalivação é normalmente definida por um fluxo total de saliva não estimulada inferior a 0,1 mL/min, coletada de 5 a 15 minutos, ou fluxo total de saliva estimulada inferior a 0,7 mL/min, coletada por 5 minutos2828. von Bultzingslowen I, Sollecito TP, Fox PC, Daniels T, Jonsson R, Lockhart PB, et al. Salivary dysfunction associated with systemic diseases: systematic review and clinical management recommendations. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2007;103(Suppl):S57.e1-15.. Indivíduos com sintoma de boca seca, que apresentam sinais de fluxo salivar reduzido, saliva espumosa e viscosa, e vitrificação da mucosa oral, podem ser considerados xerostômicos3232. Eveson JW. Xerostomia. Periodontol 2000. 2008;48:85-91. http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-0757.2008.00263.x
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No tocante à associação entre hipofunção das glândulas salivares e/ou xerostomia e a infecção pelo HIV/AIDS, a mesma pôde ser observada na quase totalidade dos artigos estudados. Com relação à infecção pelo HIV/AIDS pediátrica, dados epidemiológicos mundiais têm apontado que a transmissão vertical corresponde à principal via de contágio do vírus em crianças; uma vez infectadas, tais crianças tornam-se mais susceptíveis a infecções oportunistas, também localizadas na cavidade bucal. Considerando-se a relevância dessas manifestações bucais, o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), localizado nos Estados Unidos, incluiu, em 1994, algumas destas nos critérios de classificação da AIDS pediátrica1717. Grando LJ, Yurgel LS, Machado DC, Silva CL, Menezes M, Picolli C. [Oral manifestations, CD4+ T-lymphocytes count and viral load in Brazilian and North-American HIV-infected children]. Pesqui Odontol Bras. 2002;16(1):18-25. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-74912002000100004
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Os estudos evidenciaram que a ocorrência de xerostomia em pacientes pediátricos HIV+ foi muito comum, estando associada diretamente à supressão imunológica e à alta carga viral. No trabalho realizado por Grando et al.1717. Grando LJ, Yurgel LS, Machado DC, Silva CL, Menezes M, Picolli C. [Oral manifestations, CD4+ T-lymphocytes count and viral load in Brazilian and North-American HIV-infected children]. Pesqui Odontol Bras. 2002;16(1):18-25. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-74912002000100004
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, as manifestações estomatológicas foram mais frequentes em crianças brasileiras quando comparadas às norte-americanas. Segundo os autores, estas últimas possuíam um melhor suporte médico, sendo assistidas por equipes multiprofissionais, que incluíam cirurgiões-dentistas, além da participação em trabalho educativo efetivo. Em contrapartida, a prevalência de xerostomia e o aumento das glândulas parótidas foram maiores nas crianças norte-americanas. Conforme descrito anteriormente, este grupo é mais privilegiado no tocante à assistência médica e à educação em saúde; sendo assim, pode-se extrapolar que a possibilidade do uso regular e contínuo da terapia antirretrovial é mais frequente. Sabendo-se que a referida terapia reduz a carga viral, é presumível que tanto a xerostomia como o aumento de volume das parótidas observados nessas crianças possam estar associados ao uso de medicamentos antirretrovirais. Expósito-Delgado et al.1010. Expósito-Delgado AJ, Vallejo-Bolaños E, Martos-Cobo EG. Oral manifestations of HIV infection in infants: a review article. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2004;9(5):415-20. relataram em seu trabalho que as lesões bucais que aparecem nas crianças infectadas pelo HIV são diferentes, em termos de prevalência, daquelas encontradas em adultos soropositivos, sendo que, dentre as manifestações mais prevalentes em crianças HIV+, encontra-se o aumento das glândulas parótidas. É importante destacar que as manifestações bucais decorrentes da infecção pelo HIV, normalmente, trazem grande desconforto, tornando-se um problema relevante tanto para as crianças, que são portadoras, quanto para seus cuidadores. Pinto, De Rossi1111. Pinto A, De Rossi SS. Salivary gland disease in pediatric HIV patients: an update. J Dent Child (Chic). 2004;71(1):33-7. sugerem um protocolo de atendimento odontológico para esse grupo de pacientes, que inclui orientação de higiene bucal, aplicação tópica de flúor com regularidade e visitas de retorno ao cirurgião-dentista a cada 3 ou 4 meses, devido à sua maior susceptibilidade à cárie. De acordo com os autores, a doença da glândula salivar na população pediátrica com HIV/AIDS representa uma importante manifestação bucal desta infecção. Frequentemente, certos tipos de desordens das glândulas salivares ou suas sequelas proveem informações importantes relativas à progressão da infecção pelo HIV. Um histórico apropriado e o exame realizado pelo clínico podem detectar a presença de aumento da glândula salivar e da xerostomia, conduzindo para o tratamento apropriado e promovendo, assim, o bem-estar geral destes pacientes.

Resultados semelhantes aos encontrados nos estudos realizados com crianças contaminadas pelo vírus HIV foram encontrados na população adulta soropositiva. É possível a ocorrência da diminuição do fluxo salivar em indivíduos infectados pelo HIV ainda no início da infecção, sendo a progressão da doença - caracterizada pela diminuição das contagens de linfócitos T CD4+ e pelo aumento da carga viral plasmática - um importante fator de risco para o agravamento desse problema. De acordo com a literatura, carga viral maior do que 10.000 exemplares e contagens de linfócitos T CD4+ abaixo de 200 células/mL acarretaram um grande comprometimento do estado imunológico e das condições de saúde dos indivíduos infectados pelo HIV. A xerostomia nesses indivíduos pode ser atribuída à infiltração difusa de linfócitos CD8+ nas glândulas salivares maiores ou ao aumento do tecido linfoide da parótida, alterações que podem eventualmente levar à formação de sialoadenite linfoepitelial. Além disso, pacientes com HIV podem ter uma mudança significativa em vários componentes salivares (proteína diminuída, aumento de IgA, lisozima e albumina) e um infiltrado inflamatório na glândula salivar labial2828. von Bultzingslowen I, Sollecito TP, Fox PC, Daniels T, Jonsson R, Lockhart PB, et al. Salivary dysfunction associated with systemic diseases: systematic review and clinical management recommendations. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2007;103(Suppl):S57.e1-15.. Essas mesmas alterações também são encontradas nas glândulas salivares de indivíduos com Síndrome de Sjögren2626. Obermayer-Straub P, Manns MP. Hepatitis C and D, retroviruses and autoimmune manifestations. J Autoimmun. 2001;16(3):275-85. http://dx.doi.org/10.1006/jaut.2000.0488
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. O uso de antidepressivos e o tabagismo também foram considerados fatores de risco para xerostomia em indivíduos HIV positivos. Sroussi, Epstein1212. Sroussi HY, Epstein JB. Changes in the pattern of oral lesions associated with HIV infection: implications for dentists. J Can Dent Assoc. 2007;73(10):949-52., Narani, Epstein1313. Narani N, Epstein JB. Classifications of oral lesions in HIV infection. J Clin Periodontol. 2001;28(2):137-45. http://dx.doi.org/10.1034/j.1600-051x.2001.028002137.x
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e Younai et al.2525. Younai FS, Marcus M, Freed JR, Coulter ID, Cunningham W, Der-Martirosian C, et al. Self-reported oral dryness and HIV disease in a national sample of patients receiving medical care. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2001; 92(6):629-36. http://dx.doi.org/10.1067/moe.2001.117816
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descreveram que a xerostomia em pacientes HIV+ representa um fator de risco adicional para cárie dentária e doença periodontal, bem como para outras manifestações bucais do HIV, especialmente a candidíase oral, que é a mais comumente diagnosticada. Segundo Chou1414. Chou L. [Clinical and research advances in oral AIDS]. Shangai Kou Qiang Yi Xue 2001;10(3):193-5., a candidíase oral - nas formas pseudomembranosa e eritematosa - ocorre em mais de 95% dos pacientes infectados pelo HIV. Outras consequências da xerostomia referem-se ao comprometimento da fala, da mastigação, do paladar, da deglutição e da estética, além da presença de mau hálito1515. Johnson NW, Glick M; Mbuguye TN. (A2) Oral health and general health. Adv Dent Res. 2006;19(1):118-21. http://dx.doi.org/10.1177/154407370601900122
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.

A xerostomia pode advir tanto da infecção pelo HIV propriamente como do efeito colateral de drogas antirretrovirais55. Flint SR, Tappuni A, Leigh J, Schmidt-Westhausen AM, MacPhail L. (B3) Markers of immunodeficiency and mechanisms of HAART therapy on oral lesions. Adv Dent Res. 2006;19(1):146-51. http://dx.doi.org/10.1177/154407370601900126
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, 77. Reznik DA. Oral manifestations of HIV disease. Top HIV Med. 2006;13(5):143-8.. Flint et al.55. Flint SR, Tappuni A, Leigh J, Schmidt-Westhausen AM, MacPhail L. (B3) Markers of immunodeficiency and mechanisms of HAART therapy on oral lesions. Adv Dent Res. 2006;19(1):146-51. http://dx.doi.org/10.1177/154407370601900126
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afirmam em seu estudo que a xerostomia pode ocorrer em 30% dos pacientes que usam o antirretroviral didanosina - pertencente à classe dos inibidores da transcriptase reversa - e em 7% daqueles que utilizam os inibidores de protease. Com relação aos inibidores de protease (IP), Aquino-García et al.2323. Aquino-García SI, Rivas MA, Ceballos-Salobreña A, Acosta-Gio AE, Gaitán-Cepeda LA. Short communication: oral lesions in HIV/AIDS patients undergoing HAART including efavirenz. AIDS Res Hum Retroviruses. 2008;24(6):815-20. http://dx.doi.org/10.1089/aid.2007.0159
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relataram em seu trabalho que essa classe de medicamentos pode causar efeitos adversos, tais como hiperglicemia e alteração no metabolismo lipídico. Além disso, a prescrição de terapias incluindo os IP representa um difícil esquema terapêutico e, consequentemente, está associado com a falha de adesão do paciente ao tratamento. Como alternativa, foi proposto que as terapias antirretrovirais passassem a incluir, em seus esquemas, Inibidores da Transcriptase Reversa Não Nucleosídeos, tais como a nevirapina e a efavirenz, considerados mais eficientes em relação à terapia com IP, em virtude de possuírem menor toxicidade metabólica e regimes terapêuticos mais simples. No estudo de Navazesh et al.2222. Navazesh M, Mulligan R, Karim R, Mack WJ, Ram S, Seirawan H, et al. Effect of HAART on salivary gland function in the Women's Interagency HIV Study (WIHS). Oral Dis. 2009;15(1):52-60. http://dx.doi.org/10.1111/j.1601-0825.2008.01456.x
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, o esquema terapêutico que incluía os IP esteve significativamente associado com uma diminuição das taxas de fluxo salivar estimulada e não estimulada, porém ainda não foi estabelecida a razão dessa associação. De acordo com os autores, é possível que a estrutura química dos IP altere, de alguma forma, a estrutura e a composição da saliva, diminuindo o fluxo salivar. Outra possibilidade é a de que os IP podem provocar alterações lipotróficas ou deposição de tecido adiposo no interior das glândulas.

Atualmente, há uma ampla gama de medicamentos antirretrovirais disponíveis no mercado, os quais têm sido responsáveis pela diminuição das manifestações, inclusive as bucais, provocadas pelo vírus HIV, aumentando significativamente a sobrevida desses pacientes. Flint et al.55. Flint SR, Tappuni A, Leigh J, Schmidt-Westhausen AM, MacPhail L. (B3) Markers of immunodeficiency and mechanisms of HAART therapy on oral lesions. Adv Dent Res. 2006;19(1):146-51. http://dx.doi.org/10.1177/154407370601900126
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afirmaram, em seu estudo, que as manifestações bucais provocadas pela infecção causada pelo HIV podem servir de bons marcadores não só para o acompanhamento da restauração da imunidade (com os parâmetros numéricos da carga viral e CD4 +), mas também para identificar falhas nos esquemas terapêuticos. De acordo com os autores, a ocorrência de infecções orais oportunistas tem sido relatada em pacientes que recebem a terapia antirretroviral somente nos casos em que houve falha no regime de adesão ou quando o mesmo não é cumprido. Dessa forma, é necessário cautela ao atribuir os sintomas clínicos da infecção pelo HIV totalmente à utilização dos medicamentos antirretrovirais2222. Navazesh M, Mulligan R, Karim R, Mack WJ, Ram S, Seirawan H, et al. Effect of HAART on salivary gland function in the Women's Interagency HIV Study (WIHS). Oral Dis. 2009;15(1):52-60. http://dx.doi.org/10.1111/j.1601-0825.2008.01456.x
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. Com relação à xerostomia, a mesma não deve ser atribuída somente à terapia medicamentosa, mas também a outros fatores, como o uso de outros medicamentos por parte desses pacientes, além da doença das glândulas salivares, que pode ser provocada diretamente pelo vírus HIV1515. Johnson NW, Glick M; Mbuguye TN. (A2) Oral health and general health. Adv Dent Res. 2006;19(1):118-21. http://dx.doi.org/10.1177/154407370601900122
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, 2323. Aquino-García SI, Rivas MA, Ceballos-Salobreña A, Acosta-Gio AE, Gaitán-Cepeda LA. Short communication: oral lesions in HIV/AIDS patients undergoing HAART including efavirenz. AIDS Res Hum Retroviruses. 2008;24(6):815-20. http://dx.doi.org/10.1089/aid.2007.0159
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Embora a terapia antirretroviral possa estar associada à xerostomia, responsável por vários problemas bucais, como cárie dentária e doença periodontal, de acordo com o trabalho de Engeland et al.3131. Engeland CG, Jang P, Alves M, Marucha PT, Califano J. HIV infection and tooth loss. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008;105(3):321-6. http://dx.doi.org/10.1016/j.tripleo.2007.10.012
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, a perda dentária não foi significativamente diferente nos grupos de indivíduos HIV+ que utilizam a terapia e HIV-, mostrando, assim, que o esquema terapêutico contribui para a melhoria das condições de saúde bucal. Com relação à candidíase oral, a mesma, segundo Patel et al.2929. Patel M, Shackleton JA, Coogan MM, Galpin J. Antifungal effect of mouth rinses on oral Candida counts and salivary flow in treatment-na ive HIV-infected patients. AIDS Patient Care STDS. 2008;22(8):613-8. http://dx.doi.org/10.1089/apc.2007.0160
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, é um grande problema nos países em desenvolvimento, onde a terapia antirretroviral está disponível para uma pequena parcela da população infectada pelo HIV. Prevenir a candidíase oral - utilizando-se enxaguatórios bucais que, além de diminuir as contagens de candida albicans, possibilitam o restabelecimento do fluxo salivar comumente diminuído nesse grupo de pacientes - é melhor do que fazer uso frequente de antifúngicos, que podem levar ao desenvolvimento de resistência a essas drogas.

Considerando-se o efeito devastador provocado pela ação do HIV no organismo humano, é esperado que a qualidade de vida de indivíduos infectados por esse vírus seja pior quando comparada à dos indivíduos não infectados. Por essa razão, os profissionais da área da saúde devem estar preparados para atender da melhor forma possível essa população. A dimensão dos problemas bucais presentes nesses pacientes e o consequente desconforto proporcionado pelos mesmos tornam fundamental o papel do cirurgião-dentista no resgate e na manutenção da integridade da saúde bucal dos pacientes HIV+, melhorando, assim, sua qualidade de vida. É importante destacar que a comunicação entre os profissionais das áreas médica e odontológica é fundamental para o manejo correto desses pacientes. De acordo com a Academia Americana de Medicina Oral, a contagem de células T CD4+ influencia no planejamento do tratamento adequado dos pacientes HIV+ e este dado pode ser facilmente obtido através do contato com o médico responsável pelo paciente. Além disso, esses pacientes devem ser orientados a realizar o autoexame da cavidade bucal frequentemente, lembrando sempre que este não deve ser substituído pelo exame realizado pelo cirurgião-dentista. É importante destacar o papel do médico na saúde bucal dos pacientes HIV+, orientando para que os exames odontológicos não sejam negligenciados. Esses pacientes não devem ser relutantes em procurar cuidados ou revelar o seu estado sorológico aos profissionais da área odontológica33. Freed JR, Marcus M, Freed BA, Der-Martirosian C, Maida CA, Younai FS, et al. Oral health findings for HIV-infected adult medical patients from the HIV Cost and Services Utilization Study. J Am Dent Assoc. 2005;136(10):1396-405. http://dx.doi.org/10.14219/jada.archive.2005.0053
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Finalmente, é importante ressaltar que este estudo foi realizado com base em um recorte no tempo, o que pode, de alguma forma, ter limitado as discussões acima apresentadas. Entretanto, relacionaram-se as principais revistas científicas que abordaram a temática estudada. Novas investigações deverão ser conduzidas para que tragam, à luz do conhecimento, evidências mais conclusivas sobre a infecção pelo HIV/AIDS e os problemas bucais.

CONCLUSÃO

A infecção pelo HIV/AIDS está associada à imunossupressão e à alta carga viral, que contribuem para o aparecimento de problemas bucais, como a hipofunção das glândulas salivares e a xerostomia. Outro fator de risco para as referidas manifestações a ser considerado é o uso da terapia antirretroviral, especialmente a didanosina e a classe de medicamentos que corresponde aos inibidores de protease. Embora tal terapia seja imprescindível, principalmente para o aumento da sobrevida dos indivíduos com HIV/AIDS, há uma grande variedade de medicamentos antirretrovirais disponíveis no mercado, o que possibilita algumas substituições no intuito de diminuir os efeitos colaterais provocados pelo seu uso, incluindo os problemas abordados neste estudo. Advém, daí, a relevância de uma abordagem multiprofissional desses pacientes.

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Publication Dates

  • Publication in this collection
    May-Jun 2014

History

  • Received
    16 Apr 2013
  • Accepted
    07 Aug 2013
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