Acessibilidade / Reportar erro

Um nobre bufão no reino da grande imprensa: a construção da personagem Barão de Itararé na paródia jornalística do semanário A Manha (1926-1935)

A nobleman buffoon in the great media kingdom: the character Baron of Itararé's construction in journalistic parody of the weekly publication A Manha (1926-1935)

Un noble bufón en el reino de la gran prensa: la construcción del personaje Barón de Itararé en la parodia periodística del semanario A Manha (1926-1935)

Resumos

O Barão de Itararé figura entre as mais antológicas criações do jornalista Apparício Torelly (1895-1971) no semanário humorístico A Manha (1926-1959). Por meio de pesquisa bibliográfica e da narratologia como método, este artigo tem como objetivo analisar a construção hiperbólica do Barão de Itararé, projeção fictícia de Torelly n'A Manha, dispositivo paródico da grande imprensa da época. Em 20 textos selecionados nas mais de 450 narrativas publicadas entre 1926 e 1935, demarca a metamorfose da personagem nos diversos títulos que assumiu (nosso querido diretor, marechal-almirante, Barão, Duque, Grão-Duque e Imperador). Conclui que, nas páginas de A Manha, Torelly vestiu a fantasia de um bufão-mor da cena política brasileira, armando uma contundente sátira aos diversos setores hegemônicos da sociedade de então e suas relações com a imprensa. Na sua obra longeva, o jornalista teceu uma importante matriz da narrativa humorística crítica.

Barão de Itararé; Apparício Torelly; Jornal A Manha; Paródia jornalística; Grande Imprensa


Baron of Itararé appears among journalist Apparício Torelly's (1895-1971) most anthological creations in the humorous weekly publication A Manha (1926-1959). Aided in a bibliographical investigation and narratological analysis, this research interprets this hyperbolic character's construction, fictitious Torelly's projection in A Manha, great media of its time's parodic device. In a selection of 20 texts under a material that goes over 450 articles published between 1926 and 1935 it can be seen character's metamorphosis in different positions (such as our dear director, marshal-admiral, Baron, Duke, Grain-duke and Emperor). It also concludes that in A Manha's pages Torelly wore a fancy dress of the biggest buffoon of Brazilian political scene, satirizing in a acute way Brazilian society's hegemonic sections of his own time and their relationships with the press. In his enduring work, the journalist wove an important reference of the critic humorous narrative.

Baron of Itararé; Apparício Torelly; Newspaper A Manha; Journalistic parody; Great Media


El Barón de Itararé figura entre las más antológicas creaciones del periodista Apparício Torelly (1895-1971) en el semanario humorístico A Manha (1926-1959). Por medio de una investigación bibliográfica y de la narratología como método, este artículo tiene como objetivo analizar la construcción hiperbólica del Barón de Itararé, una proyección ficticia de Torelly en A Manha en la calidad de dispositivo paródico de la gran prensa de la época. En 20 textos seleccionados entre más de 450 narrativas publicadas entre 1926 y 1935, se demarca la metamorfosis del personaje en los distintos títulos que asumió (nuestro estimado director, mariscal-almirante, Barón, Duque, Gran Duque y Emperador). Se llega a la conclusión que en las páginas de A Manha, Torelly se vistió con un disfraz de bufón mayor de la escena política brasileña, armando una contundente sátira contra los diversos sectores hegemónicos de la sociedad de la época y sus relaciones con la prensa. En su longeva obra, el periodista construyó una importante matriz de la narrativa humorística crítica.

Barón de Itararé; Apparício Torelly; Diario A Manha; Parodia periodística; Gran prensa


  • ABREU, Alzira Alves de; LATTMAN-WELTMAN, Fernando; ROCHA, Dora (org.). Eles mudaram a imprensa: depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro: FGV, 2003.
  • BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 2008.
  • BARBOSA, Marialva. Os donos do Rio: imprensa, poder e público (1880-1920). Rio de Janeiro: Vício de Leitura, 2000.
  • ______. História cultural da imprensa: Brasil, 1900-2000. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.
  • BARRETO, Lima. Recordações do escrivão Isaías Caminha São Paulo: Ática, 1990.
  • BENDER, Ivo C. Comédia e riso: uma poética do teatro cômico. Porto Alegre: Editora  da Universidade / UFRGS / EDPUCRS, 1996.
  • BRAIT, Beth. A personagem São Paulo: Ática, 1985.
  • CANDIDO, Antonio. A personagem de ficção São Paulo: Perspectiva, 2005.
  • DAMATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
  • FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil São Paulo: EDUSP, 2002.
  • FIGUEIREDO, Cláudio. As duas vidas de Apparício Torelly, o Barão de Itararé Rio de Janeiro: Record, 1987.
  • FONSECA, Virgínia Pradelina da Silveira. Indústria de notícias: capitalismo e novas tecnologias no jornalismo contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.
  • FRANCISCATO, Carlos Eduardo. A fabricação do presente: como o jornalismo reformulou a experiência do tempo nas sociedades ocidentais. São Cristóvão (SE): Editora Universidade Federal de Sergipe, 2005.
  • HUTCHEON, Linda. Uma teoria da paródia: ensinamentos das formas de arte do século XX. Trad. Teresa Louro Pérez. Rio de Janeiro: edições 70, 1985.
  • KONDER, Leandro. Barão de Itararé: o humorista da democracia. São Paulo: Brasiliense, 2002.
  • MOTTA, Luiz Gonzaga. Narratologia: análise da narrativa jornalística. Brasília: Casa das Musas, 2004.
  • ______. Análise pragmática da narrativa jornalística In: LAGO, Cláudia; BENETTI, Marcia. Metodologia de pesquisa em jornalismo. Petrópolis: VOZES, 2007.
  • PROPP, Vladimir. Comicidade e Riso São Paulo: Ática, 1992.
  • REIS, Carlos; LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de teoria da narrativa São Paulo: Ática, 1988.
  • REUTER, Yves. A análise da narrativa: O texto, a ficção e a narração. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007.
  • RIBEIRO, Ana Paula Goulart. Imprensa e história no Rio de Janeiro dos anos 1950 Rio de Janeiro: E-Papers, 2007.
  • SALIBA, Elias Thomé. Raízes do riso: a representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
  • SANT'ANNA, Affonso Romano. Paródia, paráfrase e cia São Paulo: Ática, 2007.
  • SEVCENKO, Nicolau (org.). História da vida privada no Brasil: da Belle Époque à era do rádio. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v. 3.
  • SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil Rio de janeiro: Mauad, 1999.
  • SSÓ, Ernani. Barão de Itararé Porto Alegre: Tchê! Comunicações Ltda., 1984.
  • TORELLY, Apparício. A Manha Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1926-1935.
  • TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis: INSULAR, 2005a. v. 1.
  • ______. Teorias do jornalismo: a tribo jornalística - uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: INSULAR, 2005b. v. 2.
  • VELLOSO, Mônica Pimenta. Modernismo no Rio de Janeiro: turunas e quixotes. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Jun 2012
  • Data do Fascículo
    Dez 2011

Histórico

  • Aceito
    30 Ago 2011
  • Recebido
    05 Maio 2011
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM) Rua Joaquim Antunes, 705, 05415-012 São Paulo-SP Brasil, Tel. 55 11 2574-8477 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: intercom@usp.br