Acessibilidade / Reportar erro

Myrtaceae na Serra Geral de Licínio de Almeida, Bahia, Brasil

Myrtaceae in Serra Geral of Licínio de Almeida, Bahia, Brazil

Resumo

Myrtaceae está representada no Brasil por 23 gêneros e 974 espécies e é uma das famílias mais representativas na Cadeia do Espinhaço. A Serra Geral é um dos soerguimentos que compõem o Espinhaço Setentrional e representa uma lacuna florística na região. Desta forma o objetivo deste trabalho foi produzir o inventário florístico e o estudo taxonômico para a família Myrtaceae na Serra Geral de Licínio de Almeida, Bahia. Foram realizadas excursões ao campo entre 2012 e 2015 e os materiais foram depositados nos herbários HUEFS e ALCB. Foram reconhecidos oito gêneros e 43 espécies, sendo Psidium o gênero mais diverso (14 spp.), seguido de Eugenia (10 spp.), Myrcia (oito spp.), Myrciaria (cinco spp.) e Campomanesia (três spp.); Blepharocalyx, Calyptranthes e Plinia foram representados por uma espécie cada. Psidium rhombeum e Psidium ganevii são endêmicas da Bahia, enquanto que Calyptranthes clusiifolia é uma nova ocorrência para áreas serranas na Bahia. São apresentados uma chave de identificação específica, descrições e comentários, além de fotos e ilustrações diagnósticas.

Palavras-chave:
Cadeia do Espinhaço; Espinhaço Setentrional; florística; taxonomia

Abstract

Myrtaceae is represented by 23 genera and 974 species in Brazil, and it is one of the most representative families in the Espinhaço Range. The Serra Geral is one of the mountain ranges that make up Northern Espinhaço and represents a floristic gap in the region. Thus, the main purpose of this work was to produce a floristic inventory and taxonomic study for Myrtaceae in Serra Geral of Licínio de Almeida, Bahia. Nine field trips were carried out between 2012 and 2015, and the collected specimens were processed and housed in ALCB and HUEFS herbaria. Eight genera and 43 species of Myrtaceae were found, amongst which Psidium proved the most diverse genus (14 spp.), followed by Eugenia (10 spp.), Myrcia (8 spp.), Myrciaria (5 spp.) and Campomanesia (3 spp.). Blepharocalyx, Calyptranthes and Plinia are represented by a single species each. Psidium rhombeum and Psidium ganevii are endemic species to Bahia, while Calyptranthes clusiifolia is a new occurrence in the state. This study presents a specific identification key, descriptions and comments, as well as photos and diagnostic illustrations, for each species.

Key words:
Espinhaço Range; Espinhaço Septentrional; flora; taxonomy

Introdução

Myrtaceae é a oitava maior família entre as angiospermas (Paton et al. 2008), compreendendo 123 gêneros e ca. 5.500 espécies, com distribuição tropical e subtropical no globo terrestre (Landrum & Kawasaki 1997Landrum LR & Kawasaki ML (1997) The genera of Myrtaceae in Brazil: an illustrated synoptic treatement and identification keys. Brittonia 49: 508-536.; Lucas et al. 2007Lucas EL & Lisboa PC (2007) Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (SEDIR). Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável. PDRS Serra Geral, Salvador. 316p., Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
).

No Brasil a família é composta por 23 gêneros e cerca de 1.000 espécies (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
) e vem sendo representada como principal dominante lenhosa em levantamentos florísticos nas diversas fisionomias brasileiras (Oliveira-Filho & Fontes 2000; Lucas et al. 2012Lucas E, Nunes T & Lughadha EN (2012) Lista preliminar da família Myrtaceae na Região Nordeste do Brasil. Série Repatriamento de Dados do Herbário de Kew para a Flora do Nordeste. 5a ed. Royal Botanic Gardens Kew, London. 38p).

Segundo Giulietti et al. (1997)Giulietti AM, Pirani JR & Harley RM (1997) Espinhaço Range region. In: Davis S, Heywood VH, Herrera MacBryde O, Villa-Lobos J & Hamilton AC (eds.) Centers of plant diversity: a guide & strategy for their conservation. Vol. 3. Cambridge University Press, Cambridge. Pp. 397-404. Myrtaceae é considerada uma das mais importantes famílias para a Cadeia do Espinhaço, o principal soerguimento do planalto central brasileiro e a segunda maior área montanhosa do país, atingindo 1.100 km de extensão, entre o norte da Bahia, estendendo-se até o Sul de Minas Gerais (Harley 1995Harley RM (1995) Introduction. In: Stannard BL (ed.) Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Royal Botanic Gardens, Kew. Pp. 43-79.; Giulietti et al. 1997Giulietti AM, Pirani JR & Harley RM (1997) Espinhaço Range region. In: Davis S, Heywood VH, Herrera MacBryde O, Villa-Lobos J & Hamilton AC (eds.) Centers of plant diversity: a guide & strategy for their conservation. Vol. 3. Cambridge University Press, Cambridge. Pp. 397-404.; Bünger et al. 2014Bünger M, Stehmann JR & Oliveira-Filho AT (2014) Myrtaceae throughout the Espinhaço Mountain Range of central eastern Brazil: floristic relationships and geoclimatic controls. Acta Botanica Brasilica 28: 109-119.).

Esse soerguimento é composto por dois principais blocos: a Chapada Diamantina e a Serra do Espinhaço. A Serra do Espinhaço é caracterizada por Campos et al. (2016)Campos L, Guedes ML, Acevedo-Rodríguez P & Roque N (2016) Filling floristic gaps in the Septentrional sector of Espinhaço Range, Bahia, Brazil. Brazilian Journal of Botany 4: 1-11., com base em estudos geomorfológicos de Saadi (1995)Saadi A (1995) A geomorfologia da Serra do Espinhaço em Minas Gerais e de suas margens. Geonomos 3: 41-63., em dois soerguimentos: O Espinhaço Meridional, que está localizado no centro sul de Minas Gerais e Espinhaço Setentrional que se localiza na porção nordeste de Minas Gerais e sudoeste da Bahia.

Estudos taxonômicos e florísticos com Myrtaceae na Cadeia do Espinhaço são relatados principalmente à Chapada Diamantina (Barroso & Funch 1988Barroso GM & Funch LS (1998) Myrtaceae. In: Guedes MLS & Orge MDR (eds.) Checklist das espécies vasculares do Morro do Pai Inácio (Palmeiras) e Serra da Chapadinha (Lençóis) Chapada Diamantina, Bahia. Universidade Federal da Bahia, Salvador. Pp. 23-25.; Nic Lughadha 1995Nic Lughadha E (1995) Myrtaceae. In: Stannard BL (ed.) Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia, Brazil. Royal Botanic Gardens, Kew. Pp. 492-517.; Stadnik et al. 2016Stadnik A, Oliveira MIU & Roque N (2016) Levantamento florístico de Myrtaceae no município de Jacobina, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Hoehnea 43: 87-97.) e ao Espinhaço Meridional (Kawasaki 1989Kawasaki ML (1989) Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Myrtaceae. Boletim de Botânica da Universidade São Paulo 11: 121-170.; Morais & Lombardi 2006Morais PO & Lombardi JA (2006) Família Myrtaceae na Reserva Particular do Patrimônio Natural da Serra do Caraça, Catas Altas, Minas Gerais, Brasil. Lundiana: 3-32; Santos & Sano 2012) enquanto que no Espinhaço Setentrional a família foi tratada penas em sua porção Mineira, no município de Grão Mogol (Kawasaki 2004Kawasaki ML (2004) Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Myrtaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 22: 323-337.).

A Serra Geral é o principal soerguimento que compõe o Espinhaço Setentrional, localizada principalmente a sudoeste da Bahia e com uma pequena área ao norte de Minas Gerais (Lucas & Lisboa 2007Lucas EL & Lisboa PC (2007) Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (SEDIR). Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável. PDRS Serra Geral, Salvador. 316p.). Em Licínio de Almeida, a Serra Geral ocupa uma faixa longa e estreita a oeste do município e, juntamente com as serras circunvizinhas, é constituída por terras baixas e solos profundos atuando como um corredor ecológico entre a Chapada Diamantina e o Espinhaço Meridional (Silva et al. 2008Silva JA, Machado RB, Azevedo AA, Drumond GM, Fonseca RL, Goulart MF, Morais Júnior EA, Martins CS & Neto MBR (2008) Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil. Megadiversidade 4: 272-309.; Zappi 2008Zappi DC (2008) Fitofisionomia da Caatinga associada à Cadeia do Espinhaço. In: Silva JMC, Paglia AP, Azevedo AA, Fonseca MT et al. (eds.) Cadeia do Espinhaço: avaliação do conhecimento científico e prioridade de conservação. Megadiversidade 4: 33-37.).

Desta forma, o objetivo principal deste trabalho foi produzir o primeiro inventário florístico e taxonômico para a família Myrtaceae na porção baiana do Espinhaço setentrional (Serra Geral) delimitada pelo município de Licínio de Almeida, provendo dados de uma área carente em estudos florísticos e contribuindo para o conhecimento de Myrtaceae e da Flora da Bahia.

Material e Métodos

Área de estudo

A Serra Geral do município de Licínio de Almeida (SGLA) localiza-se entre as coordenadas 14º25’-14º50’S e 42º35’-42º30’W, a sudoeste da Bahia (Fig. 1) e faz fronteira com Caetité, Ibiassucê, Caculé, Jacaraci, Urandi e Pindaí (Lucas & Lisboa 2007Lucas EL & Lisboa PC (2007) Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (SEDIR). Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável. PDRS Serra Geral, Salvador. 316p.). O clima é semiárido, a temperatura varia entre 20 a 22 ºC, a pluviosidade anual entre 500 mm a 1.000 mm, a altitude entre 700 e 1.230 m e apresenta em seu território a nascente do Rio do Antônio, mesmo afluente do Rio de Contas, e de importância regional (Lucas & Lisboa 2007Lucas EL & Lisboa PC (2007) Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (SEDIR). Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável. PDRS Serra Geral, Salvador. 316p.).

Figura 1
a. Município de Licínio de Almeida e municípios que fazem fronteiras, localizado na porção central da Cadeia do Espinhaço, inserida nos estados de Bahia e Minas Gerais; b. topografia da SGLA, evidenciando os pontos de coleta.
Figure 1
a. Municipality of Licínio de Almeida and bordering municipalities, located in the central portion of Espinhaço Range, inserted in the states of Bahia and Minas Gerais; b. topography of SGLA, showing the field trips points.

De acordo com o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE 2012), Licínio de Almeida tem uma área total de de 856.623 km2 e encontra-se inserido entre os biomas de Caatinga e Cerrado. A vegetação predominante é o cerrado, porém também podem ser encontradas fitofisionomias de Caatinga, campos rupestres, florestas estacionais e áreas de ecótonos.

Na SGLA, as florestas estacionais (Fig. 2a,b) frequentemente ocorrem em ambientes submontanos a montanos, com altitudes variando de 600 a 1.000 m, com predominância de árvores compondo um dossel com cerca de 25 m altura. Nas áreas de cerrado (Fig. 2c) a vegetação ocorre em solos bem lixiviados e profundos, a vegetação é composta por arbustos e árvores pequenas (máx. 7 m altura), bem retorcidas, com altitudes variando entre 800 a 1.000 m altitude (Campos et al. 2016Campos L, Guedes ML, Acevedo-Rodríguez P & Roque N (2016) Filling floristic gaps in the Septentrional sector of Espinhaço Range, Bahia, Brazil. Brazilian Journal of Botany 4: 1-11.).

Figura 2
a-e. Fitofisionomias encontradas na SGLA – a. floresta estacional semidecidual; b. floresta estacional decidual; c. cerrado; d. campo rupestre; e. caatinga rupestre.
Figure 2
a-e. Phytophysiognomies in the SGLA – a. semidecidual forest; b. deciduous forest; c. savanna; d. rocky field; e. rocky caatinga.

Os campos rupestres (Fig. 2d) incluem formações herbáceo-arbustivas associadas a solos litólicos, predominantemente quartzíticos (Giulietti et al.1997Giulietti AM, Pirani JR & Harley RM (1997) Espinhaço Range region. In: Davis S, Heywood VH, Herrera MacBryde O, Villa-Lobos J & Hamilton AC (eds.) Centers of plant diversity: a guide & strategy for their conservation. Vol. 3. Cambridge University Press, Cambridge. Pp. 397-404.; Rapini et al. 2008Rapini A, Ribeiro PL, Lambert s & Pirani JR (2008) A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. Megadiversidade 4: 16-24.) e na área de estudo, essa fitofisionomia ocorre entre 900 e 1.300 m alt. com grande frequência de solos pedregosos.

A Caatinga (Fig. 2e) tem aspecto xeromórfico, incluindo espécies particulares de ervas e arbustos (IBGE 2012IBGE (2012) Manual técnico da vegetação brasileira. 2ª ed. revista e ampliada. Disponível em <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf>. Acesso em 22 abril 2016.
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizac...
). Na SGLA ocorre entre 750 e 1.000 m alt., sob solo pedregoso.

Levantamento florístico

Para o levantamento florístico foram realizadas nove viagens ao campo, entre julho de 2012 a maio de 2015, visando abranger diferentes sazonalidades no ano e estádios reprodutivos das espécies. A coleta dos espécimes foi feita através de caminhadas aleatórias pelas diferentes fitofisionomias da área de estudo, seguindo Mori et al. 1985Mori SA, Mattos-Silva LA, Lisboa G & Coradin L (1985) Manual de manejo do herbário fanerogâmico. 2a ed. CEPLAC, Ilhéus. 97p.. Os espécimes foram coletados seguindo metodologias usuais (Peixoto & Maia 2013), processados e depositados no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS), com duplicatas para os herbários AJU, ALCB, BHCB, MBM, RB, RBR, UB (siglas dos herbários segundo Thiers, continuamente atualizado).

Como parâmetro avaliativo da abundância de espécies na área de estudo, foram utilizados padrões qualitativos para classificar a ocorrência das espécies como raras, frequentes e abundantes, considerando tanto as espécies coletadas, quanto os registros em herbários. Para espécies amostradas em uma ou duas áreas, foram consideradas com ocorrência rara, espécies amostradas de três a seis áreas foram consideradas frequentes e de sete a 14 áreas, as espécies foram consideradas abundantes.

Tratamento taxonômico

Para o reconhecimento dos táxons, foram utilizadas bibliografias especializadas, assim como artigos de floras locais com chaves e descrições, dissertações e teses, além de consulta aos tipos, imagens online dos tipos, protólogos e consultas aos especialistas. Foram visitados os herbários AJU, ALCB, ASE, BHCB, CEN, CEPEC, HEPH, HUEFS, HRB, IBGE, R, RB, SPF, UB (siglas dos herbários segundo Thiers, continuamente atualizado).

A nomenclatura utilizada nas descrições das espécies foi baseada em Radford (1974)Radford AE, Dickison WC, Massey JR & Bell CR (1974) Vascular plant systematics. Harper & Row Publishers, New York. 891p., Harris & Harris (1994)Harris JG & Harris MW (1994) Plant identification terminology: an illustrated glossary. Spring Lake Publishing, Payson. 206p., Beentje (2012)Beentje H (2012) The Kew plant glossary: an illustrated dictionary of plant terms. Royal Botanic Gardens, Kew, Richmond, Surrey. 164p. e Landrum & Kawasaki (1997)Landrum LR & Kawasaki ML (1997) The genera of Myrtaceae in Brazil: an illustrated synoptic treatement and identification keys. Brittonia 49: 508-536.. As informações de cores dispostas nas descrições foram baseadas nas plantas frescas.

Todas as espécies foram descritas e ilustradas (hábito e/ou caracteres morfológicos diagnósticos), além da inclusão dos materiais examinados, comentários taxonômicos e uma chave para identificação específica.

Resultados e Discussão

Foram registradas para a SGLA 43 espécies de Myrtaceae, distribuídas em oito gêneros. Psidium foi o mais representativo (14 spp.), seguido de Eugenia (10 spp.), Myrcia (oito spp.), Myrciaria (cinco spp.) e Campomanesia (três spp.), enquanto Blepharocalyx, Calyptranthes e Plinia apresentaram apenas uma espécie cada.

Entre os gêneros encontrados na SGLA, Psidium se destacou como o mais diverso, divergindo dos resultados esperados em estudos com Myrtaceae na Cadeia do Espinhaço, onde Eugenia e Myrcia são comumente associados com a maior riqueza (Barroso & Funch 1988; Kawasaki 1989Kawasaki ML (1989) Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Myrtaceae. Boletim de Botânica da Universidade São Paulo 11: 121-170.; Kawasaki 2004Kawasaki ML (2004) Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Myrtaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 22: 323-337.; Morais & Lombardi 2006Morais PO & Lombardi JA (2006) Família Myrtaceae na Reserva Particular do Patrimônio Natural da Serra do Caraça, Catas Altas, Minas Gerais, Brasil. Lundiana: 3-32; Santos & Sano 2012; Stadnik et al. 2016Stadnik A, Oliveira MIU & Roque N (2016) Levantamento florístico de Myrtaceae no município de Jacobina, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Hoehnea 43: 87-97.). A grande diversidade local de Psidium representa cerca de 87% das espécies citadas para Cadeia do Espinhaço, o que intensifica a necessidade de conservação dessa área.

Eugenia pistaciifolia, Myrciaria glanduliflora e Myrciaria pilosa são restritas à Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais e Bahia); Psidium rhombeum e Psidium ganevii são endêmicos para a Bahia, enquanto Calyptranthes clusiifolia representa nova ocorrência para o estado.

Na SGLA, aproximadamente 95% das espécies de Myrtaceae foram coletadas em áreas de cerrado e florestas estacionais, com exceção apenas de Blepharocalyx salicifolius (coletado apenas em áreas de campo rupestre). Em campos rupestres e caatingas rupestres, a família apresentou 13 spp. e cinco spp. respectivamente.

    Chave de identificação das espécies de Myrtaceae na SGLA
  • 1. Inflorescência em panícula, 15-80 flores

    • 2. Lobos calicinais completamente fundidos, partindo-se transversalmente em uma caliptra; fruto com lobos calicinais decíduos deixando uma cicatriz circular ................. Calyptrantes clusiifolia

    • 2’. Lobos calicinais livres ou parcialmente fundidos, partindo-se longitudinalmente em lobos; fruto com lobos calicinais persistentes.

      • 3. Ramos glabros; lâmina foliar com glândulas conspícuas.

        • 4. Lâmina foliar com ápice acuminado, 30-50 pares de nervuras secundárias; ramo da inflorescência verde; 4 lobos calicinais, parcialmente fundidos ............................................................................................................................................ Myrcia multipunctata

        • 4’. Lâmina foliar com ápice agudo a arredondado, 8-21 pares de nervuras secundárias; ramo da inflorescência vináceo; 5 lobos calicinais, livres...........................Myrcia guianensis

      • 3’. Ramos tomentosos; lâmina foliar com glândulas inconspícuas.

        • 5. Ramos com tricomas alvos; frutos amarelos quando maduros.

          • 6. Ramos jovens cilíndricos; lâmina foliar geralmente obovada, com ápice agudo, base truncada, 8-11 pares de nervuras secundárias; lobos calicinais reflexos; frutos tomentosos.................................................................................. Myrcia tomentosa

          • 6’. Ramos jovens achatados; lâmina foliar elíptica a lanceolada, com ápice acuminado a caudado, base arredondada, 20-30 pares de nervuras secundárias; lobos calicinais eretos; frutos glabros ...................................................................Myrcia splendens

        • 5’. Ramos com tricomas ferrugíneos; frutos atropurpúreos quando maduros.

          • 7. Lâmina foliar 4,5-16,8 cm compr., ápice agudo ou acuminado, 20-30 pares de nervura secundárias.

            • 8. Ramos jovens achatados; lâmina foliar elíptica, conduplicada; pétalas obovadas; antera eglandular; estilete piloso na base................................................. Myrcia mischophylla

            • 8’. Ramos jovens cilíndricos; lâmina foliar ovada, plana; pétalas largamente ovadas; antera com uma glândula apical; estilete glabro .............................................Myrcia mutabilis

          • 7’. Lâmina foliar 2-5,5 cm compr., ápice arredondado ou retuso, 6-15 pares de nervuras secundárias.

            • 9. Ramos jovens cilíndricos, pecíolo cilindrico, lâmina coriácea, plana, hipanto não prolongado acima do ovário, ovário com 3 lóculos ............................. Myrcia venulosa

            • 9’. Ramos jovens achatados, pecíolo sulcado, lâmina cartácea, margem revoluta, hipanto prolongado acima do ovário, ovário com 2 lóculos .......................... Myrcia ilheosensis

  • 1’. Flores solitárias ou reunidas em dicásios, racemos, glomérulos ou fascículos, com 1-8 flores.

    • 10. Flores solitárias, reunidas em dicásios ou racemos.

      • 11. Ovário com 8-9 lóculos, parede dos lóculos glandulares.

        • 12. Lâmina foliar com ápice agudo; flores longo-pediceladas (25-36 mm compr.); hipanto com ornamentação externa rugosa; brácteas filiformes; lobos calicinais auriculados ..................................................................................................Campomanesia grandiflora

        • 12’. Lâmina foliar com ápice acuminado, flores sésseis, subsésseis ou curto pediceladas (0-10 mm compr.), hipanto com ornamentação externa lisa; brácteas lanceoladas; lobos calicinais triangulares.

          • 13. Lâmina foliar com margem plana, tomentosa na face abaxial, formando tufos de tricomas na axila da venação secundária; flores curto-pediceladas (5-10 mm compr.); antera eglandular ...........................................................Campomanesia guaviroba

          • 13’. Lâmina foliar com margem revoluta, lanosa na face abaxial, sem tufos de tricomas na axila da venação secundária; flores sésseis ou subsésseis (0-2,7 mm compr.), antera com uma glândula apical......... Campomanesia sessiliflora var. lanuginosa

      • 11’. Ovário com 2-5 lóculos, lóculos eglandulares.

        • 14. Lobos calicinais livres, abrindo-se em 4 lobos regulares.

          • 15. Inflorescências em dicásios, lobos calicinais decíduos no fruto deixando uma cicatriz quadrada ........................................................................ Blepharocalyx salicifolius

          • 15’. Flores solitárias ou em racemos, lobos calicinais persistentes no fruto.

            • 16. Folhas alternas espiraladas, lâmina foliar 7,3-13,2 mm compr., estreitamente elíptica, margem revoluta, ápice arredondado..............Eugenia angustissima

            • 16’. Folhas opostas, lâmina foliar 2-7,4 cm compr., elíptica, lanceolada ou obovada, plana, ápice agudo ou acuminado.

              • 17. Inflorescência fascicular ou flores solitárias, ramos jovens achatados, lâmina foliar obovada, corola obovada, antera com uma glândula apical ................................................................................. Eugenia punicifolia

              • 17’. Flores reunidas em racemos, ramos jovens cilíndricos, lâmina foliar elíptica ou lanceolada, corola elíptica ou largamente elíptica, antera eglandular.

                • 18. Ramos puberulentos, lâmina foliar elíptica, ápice agudo, nervuras secundárias 9-12 pares, fruto amarelo ........... Eugenia dysenterica

                • 18’. Ramo glabro, lâmina foliar lanceolada, ápice acuminado, nervuras secundárias 5-7 pares, fruto vermelho ...........Eugenia pistaciifolia

        • 14’. Lobos calicinais fundidos, abrindo-se em 1-5 lobos irregulares.

          • 19. Ramo jovem glabro.

            • 20. Inflorescência racemosa, corola obovada, hipanto não prolongado acima do ovário, estilete glabro, ovário com 2 lóculos, 10-23 sementes, fruto elíptico .......................................................................................Psidium brownianum

            • 20’. Inflorescência dicasial ou flores solitárias, corola ovada a largamente elíptica, hipanto 1,8-2 mm compr., estilete piloso na base, ovário com 3 lóculos, 3-5 sementes, fruto piriforme .... ............................................................................................................. Psidium oligospermum

          • 19’. Ramo jovem puberulento, pubescente, tomentoso ou lanoso.

            • 21. Lâmina foliar obovada.

              • 22. Ramos jovens achatados, lâmina foliar com base cuneada, tricoma ferrugíneo, 12-20 pares de nervuras secundárias.

                • 23. Inflorescência racemosa, disco estaminal não partindo no rompimento do lobos calicinais, fruto amarelo .................................................................. Psidium rufum

                • 23’. Flores solitárias, disco estaminal rompendo logitudinalmente, fruto vináceo ......................................................................................................... Psidium cattleianum

              • 22’. Ramos jovens cilíndricos, lâmina foliar com base truncada, tricoma hialino, 6-9 pares de nervuras secundárias.....................................................................Psidium myrsinites

            • 21’. Lâmina foliar elíptica, ovada, obtrulada ou rômbica.

              • 24. Ramo jovem puberulento, cilíndrico, estigma punctiforme .................. Psidium ganevii

              • 24’. Ramo jovem tomentoso, quadrado ou achatado, estigma truncado, napiforme ou capitado.

                • 25. Ramo jovem quadrado.

                  • 26. Lâmina foliar conduplicada, face abaxial lanosa, 5-7 pares de nervuras secundárias, estigma truncado ...................................... Psidium grandifolium

                  • 26’. Lâmina foliar plana, face abaxial tomentosa, 15-17 pares de nervuras secundárias, estigma nabiforme ........................................... Psidium guajava

                • 25’. Ramo jovem achatado.

                  • 27. Folhas grandes (6-12 cm compr.), lâmina foliar elíptica, longo peciolada (5,6-13,9 mm compr.), estilete tomentoso, 3-4 lóculos no ovário, 63-80 sementes ............................................................................ Psidium guineense

                  • 27’. Folhas pequenas (3-4,5 cm compr.), lâmina foliar obtrulada ou rômbica, curto-peciolada (1,3-2 mm compr.), estilete glabro, 2 lóculos no ovário, 3-6 sementes ...........................................................................Psidium rhombeum

                    • 28. Folhas coriáceas, inflorescência racemosa, lobos calicinais triangulares.

                      • 29. Lâmina foliar com ápice acuminado, ramo puberulento, fruto com 15-20 sementes ......................................................Psidium firmum

                      • 29’. Lâmina foliar com ápice arredondado, ramos glabros, fruto com 4-8 sementes ...................................... Psidium salutare var. pohlianum

                    • 28’. Folhas cartáceas, flores solitárias, lobos calicinais lanceolados ou cristados.

                      • 30. Ramos jovens cilíndricos, tomentosos, lâmina foliar grande (3,3-7,3 cm compr.), tomentosa, lobos calicinais lanceolados, hipanto não prolongado acima do ovário, fruto com 5-10 sementes .................................................................................... Psidium appendiculatum

                      • 30’. Ramos jovens achatados, puberulentos, lâmina foliar pequena (1,1-2,1 cm compr.), glabra, lobos calicinais cristados, hipanto prolongado acima do ovário, fruto com 2-3 sementes ......................................................................................... Psidium schenckianum

    • 10’. Flores reunidas em glomérulos ou fascículos.

      • 31. Hipanto prolongado acima do ovário.

        • 32. Lâmina foliar com glândulas evidentes a olho nu, nervura marginal ausente, tubo do hipanto decíduo, deixando cicatriz circular no fruto.

          • 33. Folha subséssil (pecíolo 0,3-1,5 mm compr.), lâmina foliar revoluta, base cordada, antera eglandular ........................................................................................ Myrciaria guaquiea

          • 33’. Folha peciolada (pecíolo 1,8-6,4 mm compr.), lâmina foliar plana, base cuneada, antera com uma glândula no ápice.

            • 34. Plantas com indumento tomentoso, lâmina foliar com ápice caudado ou acuminado.

              • 35. Indumento acinzentado, flores sésseis, estilete glabro .................. Myrciaria floribunda

              • 35’. Indumento alvo, flores pediceladas, estilete piloso na base ................. Myrciaria pilosa

            • 34’. Plantas glabras ou puberulentas, lâmina foliar com ápice agudo.

              • 36. Lâmina foliar 1,8-2,8 cm compr., ápice agudo-mucronado .......... Myrciaria cuspidata

              • 36’. Lâmina foliar 2,6-6,4 cm compr., ápice agudo ......................... Myrciaria glanduliflora

        • 32’. Lâmina foliar com glândulas não evidentes, não vistas a olho nu, nervura marginal evidente, tubo do hipanto persistente............................................................................................Plinia cauliflora

      • 31’. Hipanto não prolongado acima do ovário.

        • 38. Lâmina foliar grande (11-14,5 cm compr.), coriácea, bractéola cordada .................... Eugenia sp.

        • 38’. Lâmina foliar pequena (1,7-7 cm compr.), cartácea, bractéola triangular ou ovada

          • 39. Plantas glabras, puberulentas ou tomentosas.

            • 40. Lâmina foliar elíptica ou obovada, indumento puberulento ou tomentoso.

              • 41. Lâmina foliar obovada, brácteas lanceoladas, corola com 5,1-5,8 mm compr., obovada, tricoma hialino, antera com uma glândula, fruto elipsoide, vermelhos quando maduros ...................................................................... Eugenia punicifolia

              • 41’. Lâmina foliar elíptica, brácteas triangulares, corola com 1,8-3,1 mm compr., orbicular, tricoma ferrugíneo, antera com 2-3 glândulas, fruto atropurpureos quando maduros ...................................................................................Eugenia sonderiana

            • 40’. Lâmina foliar oblonga ou ovada, glabra

              • 42. Lâmina foliar oblonga, bráctea e bractéola triangulares, 164-170 estames por flor, antera com uma glândula, frutos amarelos imaturos passando por vermelhos e atropurpureos quando maduros .............................................. Eugenia stictopetala

              • 42’. Lâmina foliar ovada, bráctea e bractéola ovadas, 78-101 estames por flor, antera eglandular, frutos verdes imaturos passando a amarelos e vermelhos quando maduros ................................................................................. Eugenia bimarginata

          • 39’. Plantas vilosas ou lanatas.

            • 43. Lâmina foliar com glândulas não evidentes a olho nu, fruto glabro .......Eugenia vetula

            • 43’. Lâmina foliar com glândulas evidentes a olho nu, fruto com indumento viloso ........................................................................................................................ Eugenia gracilima

Myrtaceae Juss., Gen. Pl. 322. 1789

Árvore, arbusto ou subarbusto; ramos com córtex geralmente esfoliante, folhas glabras ou pilosas, tricomas tectores unicelulares, simples ou dibraquiados, glândulas oleíferas presentes em ramos, folhas, flores, frutos e sementes. Folhas simples, opostas, sem estípulas, margem inteira, venação broquidódromas. Inflorescências axilares ou terminais, panículas, racemos, glomérulos, fascículos ou dicásios, ocasionalmente flores solitárias. Flores bissexuais, dibracteoladas; hipanto prolongado ou não acima do ovário; lobos calicinais fundidos ou livres, 4-5, raramente 6 ou reduzidos a uma caliptra, irregulares ou regulares após a antese; corola livre, 4-5, raramente 6 ou ausente; estames numerosos (30-600), filetes recurvos no botão floral, anteras ocasionalmente com 1 ou raro 3 glândulas; ovário ínfero, 2-18 lóculos, placentação axilar, raramente intrusa no lóculo. Frutos elipsoides, esferoide ou piriforme, carnosos, bi a multisseminados.

1. Blepharocalyx O. Berg

1.1. Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg, Linnaea 27(4): 413-414. 1856. Figs. 3a; 10a,b

Figura 3
a-g. Myrtaceae coletadas na SGLA – a. Blepharocalyx salicifolius. b. Campomanesia grandiflora. c,d. Campomanesia guaviroba. e,f. Campomanesia sessiliflora var. lanuginosa. g. Calyptranthes clusiifolia.
Figure 3
a-g. Myrtaceae species collected in SGLA – a. Blepharocalyx salicifolius. b. Campomanesia grandiflora. c,d. Campomanesia guaviroba. e,f. Campomanesia sessiliflora var. lanuginosa. g. Calyptranthes clusiifolia.
Figura 4
a-f. Espécies de Myrtaceae coletadas na SGLA – a,b. Eugenia bimarginata. c,d. E. dysenterica. e,f. E. pistaciifolia.
Figure 4
a-f. Myrtaceae species collected in SGLA – a,b. Eugenia bimarginata. c,d. E. dysenterica. e,f. E. pistaciifolia.
Figura 5
a-f. Espécies de Myrtaceae coletadas na SGLA – a. Eugenia punicifolia. b,c. E. sonderiana. d,e. E. stictopetala. f. E. vetula.
Figure 5
a-f. Myrtaceae species collected in SGLA – a. Eugenia punicifolia. b,c. E. sonderiana. d,e. E. stictopetala. f. E. vetula.
Figura 6
a-f. Espécies de Myrtaceae coletadas na SGLA – a. Myrcia guianensis. b. M. multipuncata. c. M. mischophylla. d,e. M. tomentosa. f. M. venulosa.
Figure 6
a-f. Myrtaceae species collected in SGLA – a. Myrcia guianensis. b. M. multipunctata. c. M. mischophylla. d,e. M. tomentosa. e. M. venulosa..
Figura 7
a-f. Espécies de Myrtaceae coletadas na SGLA – a. Myrciaria pilosa. b,c. Plinia cauliflora. d. Psidium brownianum. e. Psidium firmum. f. Psidium ganevii.
Figure 7
a-f. Myrtaceae species collected in SGLA – a. Myrciaria pilosa. b,c. Plinia cauliflora. d. Psidium brownianum. e. Psidium firmum. f. Psidium ganevii.
Figura 8
a-f. Espécies de Myrtaceae coletadas na SGLA – a. Psidium glaziovianum. b. P. grandifolium. c. P. guajava. d,e. P. myrsinites. f. P. salutare.
Figure 8
a-f. Myrtaceae species collected in SGLA – a. Psidium glaziovianum. b. P. grandifolium. c. P. guajava. d,e. P. myrsinites. f. P. salutare.
Figura 9
a-i. Padrão de variação morfológica de Eugenia vetula encontrado na SGLA – a-c. morfotipo 1 – a. ramo com disposição dos botões; b. folha; c. botão; d-f. morfotipo 2 – d. ramo com disposição dos botões; e. folha; f. botão; g-i. morfotipo 3 – g. ramo com disposição dos botões; h. folha; i. botão floral.
Figure 9
a-i. Morphological variation pattern of Eugenia vetula found in SGLA – a-c. morphotype 1 – a. branch with buds arrangement; b. leaf; c. bud; d-f. morphotype 2 – d. branch with buds arrangement; e. leaf; f. bud; g-i. morphotype 3 – g. branch with buds arrangement; h. leaf; i. flower bud.
Figura 10
a-n. Espécies de Myrtaceae coletadas na SGLA – a,b. Blepharocalyx salicifolius. c. Calyptranthes clusiifolia. d. Campomanesia grandiflora. e. Campomanesia sessiliflora var. lanuginosa. f. Eugeniadysenterica. g. Myrcia mischophylla. h. Myrciaria glanduliflora. i. Myrciaria pilosa. j. Plinia cauliflora. k. Psidium glaziovianum. l. Psidium firmum. m. Psidium ganevii. n. Psidium myrsinites.
Figure 10
Myrtaceae species collected in SGLA – a,b. Blepharocalyx salicifolius. c. Calyptranthes clusiifolia. d. Campomanesia grandiflora. e. Campomanesia sessiliflora var. lanuginosa. f. Eugenia dysenterica. g. Myrcia mischophylla. h. Myrciaria glanduliflora. i. Myrciaria pilosa. j. Plinia cauliflora. k. Psidium glaziovianum. l. Psidium firmum. m. Psidium ganevii. n. Psidium myrsinites.

Arbustos 1-1,5 m; ramos acinzentados, tomentosos, ritidoma descamando em flocos papiráceos, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 2-2,5 mm compr., sulcados, tomentosos, com tricomas hialinos; lâminas foliares cartáceas, tomentosas, planas, 1-2,2 × 0,5-1,1 cm, elípticas, ápice agudo, base cuneada, margem plana, com glândulas conspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial, nervuras secundárias 10-12 pares, salientes em ambas as faces, nervura marginal 0,2-0,3 mm distante da margem. Inflorescências dicasiais, axilares ou terminais, pedúnculos verdes, flores 3. Flores tetrâmeras, pedicelos 2-4 mm compr.; brácteas 2-2,3 × 0,2-0,3 mm, lanceoladas, tomentosas, decíduas; bractéolas não vistas; lobos calicinais verde-amarelados, livres entre si, oblongos ou naviculares, ciliados, com tricomas hialinos, reflexos, dois externos maiores, 1,9-2 × 1,8-2 mm, dois internos menores, 1,3-1,5 × 1,5-1,7 mm, decíduos, deixando uma cicatriz quadrada nos frutos; corola alva a rosada, pétalas 2,7-3 × 2-2,1 mm, obovadas, côncavas, tomentosas, com tricomas hialinos; estames 65-85, filetes 1-4 mm compr., anteras ca. 0,2 compr., com uma glândula apical; estigma capitado, estilete 3-4 mm compr., glabro; hipanto 1,4-2,1 mm compr., liso; ovário bilocular, óvulos 3 por lóculo. Frutos esferoides, 4-5 mm diâmetro, vermelhos quando maduros, glabros. Sementes 1-2 por fruto.

Material examinado: curral do Estevão, 15.IX.2011, fl., N. Roque et al. 3268 (ALCB); Pedra Preta, 27.X.2012, fr., A. Stadnik et al. 78 (ALCB, HUEFS); 14º44’44,2”S, 42º34’23”W, 1.032 m alt., 27.X.2012, fl., A. Stadnik et al. 79 (ALCB, HUEFS, RB, UB); Riacho de Areia, 14º46’56,9”S, 42º34’18,8”W, 1.029 m alt., 14.X.2014, fl., A. Stadnik et al. 232 (ALCB, CEPEC, HUEFS); trilha do Cachoeirão, 14º45’28,2”S, 42º34’38,1”W, 1.116 m alt., 4.XI.2013, fl. e fr., A. Stadnik et al. 173 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Blepharocalyx salicifolius é amplamente distribuído na América do Sul e apresenta uma grande variação morfológica (Landrum 1986Landrum LR (1986) Campomanesia, Pimenta, Blepharocalyx, Legrandia, Acca, Myrrhinium and Luma (Myrtaceae). Flora Neotropica Monograph 45: 65-66.; Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). É facilmente reconhecido pela inflorescência dicasial, pela presença de quatro lobos calicinais abertos no botão e decíduos, deixando uma cicatriz quadrada no fruto, côncavos, ciliados. Na SGLA, a espécie é frequente e foi coletada em vegetação de campos rupestres, em solo areno-pedregoso ou rochoso. Nesses ambientes, a espécie atinge altura máxima de 1 m, enquanto que no cerrado, cujo solo é mais profundo e a espécie atinge frequentemente 1,5 m de altura.

2. Calyptranthes Sw.

2.1. Calyptranthes clusiifolia (Miq.) O. Berg, Fl. bras. 14(1): 39. 1857. Figs. 3g; 10c

Árvores 5-12 m; ramos acinzentados, pilosos, ritidoma descamando em placas coriáceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 7-10 mm compr., sulcados, vilosos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 12,6-16 × 4,7-6,5 cm, elípticas a oblongas, glabras, ápice obtuso, base cuneada a arredondada, margem revoluta, com glândulas inconspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 16-25 pares, salientes em ambas as faces, nervura marginal 3-5,5 mm compr. distante da margem. Inflorescências paniculiformes, terminais, pedúnculos verdes, 22-45. Flores caliptradas, sésseis; brácteas 25-30 × 9,3-10 mm, lanceoladas, tomentosas, decíduas; bractéolas 2,1-3,1 × 1,8-2,5 mm, ovadas, tomentosas, decíduas; lobos calicinais verdes, fundidos formando uma caliptra, decíduos, no fruto deixando cicatriz circular, glabros; corolas, estames e gineceu não vistos. Frutos esferoides, 4,2-8,1 mm diâm., vermelhos quando maduros, tomentosos, tricomas ferrugíneos. Sementes 1-2 por fruto.

Material examinado: Saco da Onça, 14º44’30”S, 42º34’17,1”W, 974 m, 4.XI.2013, fr., A. Stadnik et al. 175 (HUEFS); 27.V.2014, fr., A. Stadnik et al. 202 (ALCB, HUEFS, RB, UB).

Distribuição e comentários: Calyptranthes clusiifolia é endêmica do Brasil com ampla distribuição em Minas Gerais e São Paulo (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
). Na Bahia, há registros de coletas em áreas de Mata Atlântica (municípios de Alagoinhas, Entre Rios, Maraú, Mata de São João e Una), e a sua ocorrência na SGLA representa o primeiro registro da espécie em áreas serranas da Bahia. Calyptranthes clusiifolia é caracterizada principalmente pela presença de caliptra. Na área de estudo é rara e foi coletada em floresta estacional, a 974 m de altitude e circundada por uma vegetação de cerrado.

3 . Campomanesia Ruiz & Pav.

3.1. Campomanesia grandiflora (Aubl.) Sagot, Ann. Sci. Nat., Bot ser. 6, 20: 182. 1885. Figs. 3b; 10d

Árvores ca. 2 m; ramos avermelhados, tomentosos, ritidoma descamando em placas papiráceas, ramos jovens cilindricos. Folhas decussadas, pecíolos 4-10 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas alvos e ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 5-9,2 × 3-4 cm, elípticas ou obovadas, tomentosas, ápice agudo, base arredondada, margem plana, glândulas inconspícuas, nervura principal plana ou impressa na face adaxial e saliente na abaxial, nervuras secundárias 6-8 pares, saliente em ambas as faces, nervura marginal ausente. Flores solitárias, pentâmeras, axilares, pedicelos 25­-36 mm compr.; brácteas 2,5-3,5 × 0,1-0,2 mm, filiformes, tomentosas, decíduas; bractéolas não vistas; lobos calicinais verde-amarelados, unidos na base, eretos, 3-5 × 4-7 mm, auriculados, persistentes no fruto, tomentosos, tricomas alvos e ferrugíneos; corolas alvas a rosadas, pétalas 2,7-3 × 2-2,1 mm, obovadas, côncavas, tomentosas, tricomas alvos; estames 230-441, filetes 4-10 mm compr., anteras ca. 0,5-1,2 compr., uma glândula apical; estigma peltado, estiletes 7-10 mm compr., pilosos na base; hipantos 2-3 mm compr., verrucosos; ovários 8-locular; óvulos 5-7 por lóculo. Frutos esferoides 9,8-13,1 mm compr. diâm., imaturos verdes, indumento tomentosos, tricomas ferrugíneos. Sementes não vistas.

Material examinado: Jurema, estrada para São Domingos, 14º27’21,5”S, 42º31’6”W, 905 m, 22.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 285. (ALCB, HUEFS, RB, UB).

Distribuição e comentários: C. grandiflora ocorre do sul das Guianas até a Amazônia, Roraima, Pará e Bahia (Landrum 1986Landrum LR (1986) Campomanesia, Pimenta, Blepharocalyx, Legrandia, Acca, Myrrhinium and Luma (Myrtaceae). Flora Neotropica Monograph 45: 65-66.; Oliveira et al. 2012Oliveira MIU, Funch LS & Landrum LR (2012) Flora da Bahia: Campomanesia (Myrtaceae). Sitientibus série Ciências Biológicas 12: 91-107.; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Foram registradas apenas duas coletas dessa espécie na Bahia, uma em Ilhéus e outra em Entre Rios. Na SGLA, a espécie é rara e foi coletada em uma área de floresta estacional, com altitude de 905 m alt., sendo este o primeiro registro da espécie para a Cadeia do Espinhaço. Na SGLA, C. grandiflora difere das outras espécies do gênero principalmente pelos pedicelos longos (25-30 mm), hipanto verrucoso e lobos calicinais auriculados.

3.2. Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk., Enum. Myrt. Bras.: 8. 1893.Fig. 3c,d

Árvores ca. 3 m; ramos avermelhados, tomentosos, ritidoma descamando em placas papiráceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 2,5-5 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares papiráceas, planas, 3,3-8,5 × 2,1-4,4 cm, elípticas, tricomas alvos, formando tufos de tricomas apenas nas nervuras, ápice acuminado, base cuneada a arredondada, margem plana, glândulas inconspícuas, nervura principal plana ou impressa na face adaxial e saliente na abaxial, nervuras secundárias 8-10 pares, saliente em ambas as faces, nervura marginal ausente. Flores solitárias, pentâmeras, axilares; pedicelos 5-10 mm; brácteas 5 × 1-1,5 mm, lanceoladas, tomentosas, decíduas; bractéolas não vistas; lobos calicinais verdes, unidos na base, eretos, 3-3,4 × 7 mm, triangulares, persistentes, tomentosos, tricomas alvos; corolas alvas, pétalas 14,7-15,3 × 6,7-7,2 mm, obovadas, tomentosas, tricomas alvos; estames 390-490, filete 1-7 mm compr., anteras ca. 1,5 compr., eglandulares; estigmas peltados, estiletes 11,5 mm compr., glabros; hipantos 2-3 mm compr., lisos; ovários 8-locular; óvulos 15-18 por lóculo. Frutos largamente elipsoides, 13,6-17,2 mm de diâm., indumento tomentoso, tricomas alvos. Sementes não vistas.

Material examinado: Jurema, estrada para São Domingos, 14º27’21,5”S, 42º31’06”W, 905 m, 22.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 286. (ALCB, HUEFS, RB, UB); Fazenda São Domingos, 14º27’5”S, 42º31’30”W, 878 m, 10.12.2009, fl., M.L. Guedes et al. 16797 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Campomanesia guaviroba tem distribuição disjunta, ocorrendo na Amazônia e leste do Brasil, desde Sergipe ao Rio Grande do Sul, estendendo-se para o Paraguai e Argentina (Landrum 1986Landrum LR (1986) Campomanesia, Pimenta, Blepharocalyx, Legrandia, Acca, Myrrhinium and Luma (Myrtaceae). Flora Neotropica Monograph 45: 65-66.; Landim & Landrum 2002Landim MF & Landrum LR (2002) The genus Campomanesia (Myrtaceae) in Atlantic Rainforest fragments in Sergipe, Northeast region of Brazil. SIDA 20: 205-214.; Oliveira et al. 2012Oliveira MIU, Funch LS & Landrum LR (2012) Flora da Bahia: Campomanesia (Myrtaceae). Sitientibus série Ciências Biológicas 12: 91-107.; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Caracteriza-se por possuir tufos de tricomas nas axilas das nervuras secundárias, na face abaxial das folhas. As bractéolas são foliáceas e os lobos calicinais triangulares, mais largos que compridos. Na SGLA é rara. Foi encontrado apenas um indivíduo em área de floresta semidecidual em altitude de 905 m alt.

3.3. Campomanesia sessiliflora (O. Berg) Mattos var. lanuginosa (Barb. Rodr. ex Chodat & Hassl.) Landrum, Brittonia 36(3): 241. 1984.Fig. 3e,f; 10e

Arbustos ca. 1 m; ramos avermelhados, lanuginosos, ritidoma descamando em placas papiráceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 3-6 mm compr., sulcados, lanuginosos, tricomas alvos; lâminas foliares cartáceas, planas, 2,8-6,1 × 1,2-2 cm, ápice acuminado, base cuneada, margem revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal impressa na face adaxial e saliente na abaxial, nervuras secundárias 5-7 pares, salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Flores solitárias, pentâmeras, axilares; pedicelos 0-2,7 mm compr.; brácteas 3-3,5 × 1-2 mm, lanceoladas, lanuginosas, decíduas; bractéolas não vistas; lobos calicinais verdes, unidos na base, eretos, 2-7 × 3-4 mm, triangulares, persistentes, tomentosos, tricomas alvos; corolas alvas, pétalas 3,5-4,6 × 3-4,8 mm, obovadas, tomentosas, tricomas alvos; estames 208-408, filetes 1,2-4 mm compr., anteras ca. 2 mm compr., com uma glândula apical; estigmas peltados, estiletes 5-10 mm compr., glabros; hipantos ca. 1 mm compr., lisos; ovários 9-locular; óvulos 5-10 por lóculo. Frutos esferoides a largamente elipsoides, 6,7-8,1 mm diâm., indumento lanoso, tricomas alvos. Sementes não vistas.

Material examinado: Riacho de Areia, caminho para mata de grotão, 14º46’54,7”S, 42º34’4,9”W, 994 m, 20.I.2015, fl. e fr., A. Stadnik et al. 258 (ALCB, HUEFS, RB, UB); Xaxá, cerrado após a mata, 14º38’45,7”S, 42º33’16,8”W, 1.044 m, 21.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 274 (ALCB, HUEFS, RB).

Distribuição e comentários: Campomanesia sessiliflora ocorre no Paraguai e Brasil, mais diversa na Bahia e Minas Gerais, porém, ocorre também em Goiás, São Paulo e Mato Grosso do Sul (Landrum 1986Landrum LR (1986) Campomanesia, Pimenta, Blepharocalyx, Legrandia, Acca, Myrrhinium and Luma (Myrtaceae). Flora Neotropica Monograph 45: 65-66.; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Na SGLA é reconhecida por ter lobos calicinais triangulares, mais largos que compridos, e flores sésseis ou curto pediceladas. É uma espécie rara e foi encontrada em áreas entre 994 a 1.044 m de altitude, em vegetação de campos rupestres e cerrados de altitude.

4. Eugenia L.

4.1. Eugenia angustissima O. Berg, Fl. bras. 14(1): 569. 1859.Fig. 11a

Figura 11
a-k. Espécies de Myrtaceae coletadas na SGLA – a. Eugenia angustissima. b,c. Eugenia sp. d-f. Eugenia gracillima. g. Myrcia ilheosensis. h. Myrcia venulosa. i. Psidium rhombeum. j,k. Psidium rufum.
Figure 11
a-k. Myrtaceae species collected in SGLA – a. Eugenia angustissima. b,c. Eugenia sp. d-f. Eugenia gracillima. g. Myrcia ilheosensis. h. Myrcia venulosa. i. Psidium rhombeum. j,k. Psidium rufum.

Arbustos ca. 60 cm; ramos acinzentados, velutinos, ritidoma descamando em placas papiráceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas alternas espiraladas, pecíolos 0,7-1 mm compr., sulcados, velutinos, tricomas hialinos; lâminas foliares cartáceas, planas, 0,7-1,3 × 0,7-0,9 cm, estreitamente elípticas, ápice arredondado, base cuneada, margem revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal não visível na face adaxial e saliente na face adaxial, nervuras secundárias não visíveis, nervura marginal não visível. Inflorescências racemosas, terminais, 6-8 flores. Flores tetrâmeras, pedicelos 2,8-5,3 mm compr.; brácteas 1,2-1,5 × 0,4-0,6 mm, lanceoladas, glabras, persistentes; bractéolas 1,2-1,8 × 0,2-0,4 mm, lanceoladas, glabras, decíduas; lobos calicinais verde-amarelados, livres, reflexos, 1,5-1,8 × 1,5-1,7 mm, triangulares, ciliados, tricomas hialinos; corola alva com estrias rosadas, pétalas 3,4-3,8 × 2,8-3,1 mm, elípticas, velutinas, tricomas alvos; estames 38-42, filetes 0,4-1,9 mm compr., anteras 0,4-0,6 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 2,5-2,9 mm compr., glabros; hipanto não prolongado acima do ovário, liso; óvulos 5-10 por lóculo. Frutos não vistos. Sementes não vistas.

Material examinado: Cascarrento, 14º33’9,1”S, 42º34’11”W, 1.029 m alt., 16.XI.2011, fl., N. Roque et al. 3330 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Ocorre na Bolívia (Villarroel & Proença 2013Villaroel D & Proença CEB (2013) A new species and new records of Myrtaceae from the Noel Kempff Mercado National Park region of Bolivia. Kew Bulletin 68: 261-267.) e no Brasil nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Tocantins e Distrito Federal (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). E. angustissima diferencia-se das demais espécies por ter folhas alternas espiraladas e lâmina foliar pequena (0,7-1,3 cm compr.), estreito-elíptica, quase linear. Na SGLA a espécie é rara e foi coletada em uma área de cerrado.

4.2. Eugenia bimarginata DC., Prodr. 3: 271. 1828.Fig. 4a,b

Subarbustos ou arbustos, 0,5-2 m; ramos acinzentados, glabros, ritidoma descamando em placas papiráceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 1,5-3,2 mm compr., sulcados, glabros; lâminas foliares cartáceas, planas, 3,5-7 × 2,1- 4,1 cm, ovadas, glabras, ápice agudo, base arredondada ou cordada, margem revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 9-14 pares, saliente em ambas as faces, nervura marginal, 1,7-2,8 mm distante da margem. Inflorescências fasciculares, axilares, 4-8 flores. Flores tetrâmeras, pedicelos 6,6-8,7 mm compr.; brácteas 0,5-0,8 × 0,2-0,3 mm, ovadas, glabras, decíduas; bractéolas 1,2-1,6 × 1,4-1,6 mm, ovadas, glabras, persistentes; lobos calicinais rosados, livres, eretos, 1,2-1,6 × 2,3-2,9 mm, ovados, glabros; corola alva com estrias rosadas, pétalas 4,7-5,3 × 3,8-5,4 mm, orbiculares, glabras; estames 78-101, filetes 3,2-5,1 mm compr., anteras 1-1,3 mm compr., eglandulares; estigmas punctiformes, estiletes 6,4-6,9 mm compr., glabros; hipanto não concrescido acima do ovário, liso; óvulos 6-10 por lóculo. Frutos largamente elipsoides, 5,2-12,2 mm diâm., amarelos imaturos, glabros. Sementes 1-3 por fruto.

Material examinado: Cascarrento, 14º33’13”S, 42º33’19”W, 977 m alt., 19.VII.2012, fr., A. Stadnik et al. 68 (HUEFS); 14º33’13”S, 42º33’19”W, 977 m alt., 13.V.2015, fl., A. Stadnik et al. 325 (HUEFS); Lameirão para o Cachoeirão, 14º30’15”S, 42º13’14”W, 805 m alt., 11.V.2012, fl., N. Roque et al. 3524 (ALCB); Riacho Fundo, 14º35’28”S, 42º32’18”W, 840 m alt., 22.V.2013, fl., A. Stadnik et al. 153 (ALCB, HUEFS); Saco da Onça, 14º44’39”S, 42º34’22”W, 963 m alt., 14.X.2014, fr., A. Stadnik et al. 222 (HUEFS); Santa Clara, 14º29’52”S, 42º32’44”W, 972 m alt., 25.V.2013, fl., A. Stadnik et al. 166 (ALCB, HUEFS); Xaxá, 14º38’47”S, 42º33’16”W, 1.022 m alt., 23.V.2013, fr., A. Stadnik et al. 157 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Eugenia bimarginata é amplamente distribuída no Brasil, nos estados de Minas Gerais e São Paulo, ocorrendo também em Goiás, Mato Grosso, Espirito Santo (Govaerts 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Pode ser distinguida das outras espécies por ter lâmina foliar ovada e nervura marginal conspícua, inflorescência em fascículos, frutos largamente elipsoides e amarelos quando imaturos. Na SGLA, E. bimarginata é abundante, coletada em ambientes de Cerrado.

4.3. Eugenia dysenterica (Mart.) DC., Prod. 3: 268. 1828. Figs. 4c,d; 10f

Arbustos ou árvores, 1,8-15 m; ramos enegrecidos, puberulentos, ritidoma descamando em blocos lenhosos, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 1,5-4,8 mm compr., sulcados, glabros; lâminas foliares cartáceas, planas, 3,2-7,4× 1,4-3,6 cm, elípticas, glabras, ápice agudo, base arredondada, margem plana, glândulas inconspícuas, nervura principal saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 9-12 pares, saliente em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências racemosas, axilares ou terminais, pedúnculos verdes, 6-8 flores. Flores tetrâmeras, pedicelos 1,1-1,4 cm compr.; brácteas 0,8-5,4 × 1,3-2,2 mm, lanceoladas, ovadas, elípticas ou triangulares, glabras, persistentes; bractéolas 0,8-1,4 × 0,3-0,5 mm, lanceoladas, glabras, decíduas; lobos calicinais verde-amarelados livres, eretos, 5,3-7,2 × 4,6-6,1 mm, ovados, glabros; corola alva rosada, pétalas 3,2-4,6 × 3,3-4,5 mm, elípticas, ciliadas, tricomas hialinos; estames 80-110, filetes 1-2,7 mm compr., anteras 0,8-1 mm compr., eglandulares; estigmas capitados, estiletes 4,6-5,1 mm compr. glabros; óvulos 2 por lóculo. Frutos largamente elipsoides, 9,8-19 mm diâm., amarelos quando maduros, glabros. Sementes 1-3 por fruto.

Material examinado: Cascarrento, 14º33’13”S, 42º33’19”W, 977 m alt., 13.V.2015, fl., A. Stadnik et al. 324 (HUEFS); Pedra Preta, 12º41’39”S, 39º9’2”W, 917 m alt., 21.VII.2012, fr., A. Stadnik et al. 77 (ALCB, HUEFS); 12º41’39”S, 39º9’2”W, 917 m alt., 4.XI.2013, fl. e fr., A. Stadnik et al. 172 (ALCB, HUEFS); Saco da Onça, 14º44’44”S, 42º34’23”W, 1.032 m alt., 21.VII.2012, fl., A. Stadnik et al. 74 (ALCB, HUEFS, RB, UB); 14º44’39”S, 42º34’22”W, 963 m alt., 14.X.2014, fr., A. Stadnik et al. 223 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Eugenia dysenterica ocorre na Bolívia e Brasil (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). No Brasil é amplamente distribuída, endêmica do cerrado e conhecida popularmente como cagaita. Na SGLA a espécie pode ser reconhecida pelo tronco enegrecido com fissurasprofundas, caducifólia e racemos com brácteas persistentes. E. dysenterica é frequente na SGLA, coletada em ambientes de Cerrado.

4.4. Eugenia gracillima Kiaersk, Enum. Myrt. Bras. 120. 1893.Fig. 11d-f

Arbustos ou árvores, 1,5-6 m; ramos avermelhados, vilosos, ritidoma descamando em tiras cartáceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 1,7-2,5 mm compr., sulcados, vilosos, tricomas alvos ou acinzentados; lâminas foliares cartáceas, planas, 3,6-5,7 × 1,8-2,6 cm, vilosas, elípticas, ápice agudo, base cuneada, margem plana, glândulas conspícuas, nervura principal levemente saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 14-19 pares, levemente saliente em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências fasciculadas, terminais, 4-6 flores. Flores tetrâmeras, pedicelos 3,7-4,2 mm compr.; brácteas 0,7-1,3 × 0,3-0,7 mm, lanceoladas, tomentosas, persistentes; bractéolas 0,8-1,1 × 0,4-0,8 mm, triangulares, tomentosas, persistentes; lobos calicinais verdes, livres, eretos, 1,9-2,1 × 1,7-2,3 mm, elípticos, tomentosos, tricomas alvos ou acinzentados; corola alva amarelada, pétalas 2,1-2,5 × 2,1-2,9 mm, ovadas, tomentosas, tricomas alvos ou acinzentados; estames 87-94, filetes 1,2-3,4 mm compr., anteras 0,3-0,5 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 1,5-3,3 mm compr., glabros; hipanto não concrescido acima do ovário, liso; ovários bilocular; óvulos 4-6 por lóculo. Frutos estreitamente elipsoides, 7,2-8,1 mm diâm., atropurpúreos quando maduros, tomentosos. Semente 1 por lóculo.

Material examinado: Jurema, 14º27’21”S, 42º31’6”W, 905 m alt., 22.I.2015, fl. e fr., A. Stadnik et al. 284 (AJU, ALCB, BHCB, HUEFS, RB, UB); Xaxá, 14º39’6”S, 42º32’48”W, 930 m alt., 22.I.2013, fl., A. Stadnik et al. 109.1 (AJU, ALCB, HUEFS, RB, UB).

Distribuição e comentários: Endêmica e amplamente distribuída no Brasil (Govaerts 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
) ocorrendo na Bahia, Espirito Santo, Paraná e São Paulo (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Pode ser reconhecida por ter tronco avermelhado, folhas tomentosas, com grandes pontuações translúcidas e fruto elíptico, atropurpúreo, com sabor adocicado. Na SGLA, a espécieé rara, coletada em ambientes de floresta estacional.

4.5. Eugenia pistaciifolia DC., Prodr. 3: 270. 1828.Fig. 4e,f

Arbustos ou árvores, 1,5-4 m; ramos acinzentados, glabros, ritidoma descamando em placas coriáceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 3-4,3 mm compr., sulcados, glabros; lâminas foliares cartáceas, planas 1,6-6,7 × 0,9-1,5 cm, lanceoladas, glabras, ápice acuminado, base arredondada, margem plana, glândulas inconspícuas, nervura principal levemente saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 5-7 pares, salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências racemosas, terminais, pedúnculos amarelos, 6-8 flores. Flores tetrâmeras, pedicelos 8,2-9,4 mm compr.; brácteas 0,8-1,5 × 0,6-1 mm, elípticas ou triangulares, glabras, persistentes; bractéolas 1,1-1,8 × 1,2-1,8 mm, ovadas, glabras, persistentes; lobos calicinais amarelos livres, eretos, 1,2-2 × 1,7-2,1 mm, largamente ovados, ciliados, tricomas hialinos; corola alva, pétalas 2-2,2 × 1,9-2,2 mm, orbiculares, ciliadas, tricomas hialinos; estames 27-34, filetes 0,4-1,8 mm compr., anteras 0,2-0,8 mm compr., eglandulares; estigmas truncados, estiletes 1,5-2,8 mm compr., glabros; hipanto não concrescido acima do ovário; ovários biloculares; óvulos 4-6 por lóculo. Frutos estreitamente elipsoides, 6,7-7,3 mm diâm., vermelhos quando maduros, glabros. Sementes 2-4 por fruto.

Material examinado: 7 Quedas, 14º31’1”S, 42º32’W, 756 m alt., 22.V.2013, fr., A. Stadnik et al. 150 (ALCB, HUEFS); 14º31’1”S, 42º32’W, 756 m alt., 5.XI.2013, fl., A. Stadnik et al. 188 (HUEFS); 14º30’59”S, 42º31’59”W, 772 m alt., 29.V.2014, fr., A. Stadnik et al. 217 (ALCB, HUEFS, RB); caminho para o Cahoeirão, 14º41’33”S, 42º31’52”W, 783 m alt., 13.V.2015, fl. e fr., A. Stadnik et al. 317 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Eugenia pistaciifolia é endêmica do Brasil, ocorrendo exclusivamente entre a Bahia e Minas Gerais, principalmente na Chapada Diamantina (Govaerts 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie é distinguida das demais por ter lâmina foliar lanceolada, glabra e frutos vermelhos glabros. Na SGLA a espécie é frequente e foi coletada em áreas de caatinga e floresta estacional.

4.6. Eugenia punicifolia (Kunth) DC., Prodr. 3: 270. 1828.Fig. 5a

Arbustos ou árvores, 0,3-5 m alt.; ramos acinzentados ou avermelhados, tomentosos ou glabros, ritidoma descamando em placas membranáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 0,6-2,9 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 2-6,7 × 1,2-2,9 cm, obovadas, tomentosa a glabras, ápice agudo, base cuneada, margem plana a revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal levemente saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 6-10 pares, saliente em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências fasciculares ou flores solitárias, axilares, 1-4 flores. Flores tetrâmeras, pedicelos 2,8-4,9 mm compr.; brácteas 1,1-2,1 × 0,5-0,8 mm, lanceoladas, glabras, decíduas; bractéolas 0,8-0,9 × 0,6-0,7 mm, triangulares, glabras, persistentes; lobos calicinais amarelos, livres, eretos, 0,8-3,1 × 1,4-3,5 mm, elípticos, ciliados, tomentosos, tricomas hialinos; corola alva, pétalas 5,1-5,8 × 3,4-4,8 mm, obovadas, ciliadas, tricomas hialinos; estames 57-63, filete 2,3-5,2 mm compr., anteras 0,8-1,3 mm compr.; com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 2,3-3,4 mm compr., glabros; hipanto não concrescido acima do ovário; ovários biloculares; óvulos 6-8 por lóculo. Frutos elipsoides, 4,9-5,7 mm diâm., vermelhos quando maduros, glabros. Sementes 1-2 por fruto.

Material examinado: caminho para a Pedra Preta, 14º44’43”S, 42º32’44”W, 854 m alt., 21.I.2013, fl., A. Stadnik et al. 102 (ALCB, HUEFS, RB, UB); Curral do Estevão, 14º35’28,2”S, 42º34’12”W, 1.034 m alt., 10.V.2012, N. Roque et al. 3507 (ALCB); Jurema, Fazenda São Domingos, 14º27’5”S, 42º31’30”W, 878 m, 10.XII.2009, fl., M.L. Guedes et al. 16765 (HUEFS, ALCB); Riacho de Areia, 14º45’33”S, 42º34’39”W, 1.169 m alt., 24.V.2013, fr., A. Stadnik et al. 161 (ALCB, HUEFS); 14º45’32”S, 42º34’38”W, 1.163 m alt., 20.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 257 (ALCB , HUEFS); 14º45’32”S, 42º34’38”W, 1.163 m alt., 21.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 313 (HUEFS); Riacho Fundo, 14º33’35,1”S, 42º32’33”W, 1.001 m alt., 19.VII.2012, fl., A. Stadnik et al. 70 (ALCB, HUEFS); Rod. BA-S/C Caculé - Licínio de Almeida, 14º38’29”S, 42º27’41”W, 1.000 m alt., 30.III.2001, J.G. Jardim 3243 (UB, SPF, HUEFS, CEPEC, ALCB); Saco da Onça, 14º44’39”S, 42º34’22”W, 963 m alt., 27.V.2014, fr., A. Stadnik et al. 200 (HUEFS); Santa Clara 14º30’21,6”S, 42º32’51”W, 973 m alt., 29.V.2014, fr., A. Stadnik et al. 219 (ALCB, HUEFS); São Domingos, 14º27’18”S, 42º32’23”W, 982 m alt., 29.V.2014, fl., A. Stadnik et al. 218 (ALCB, HUEFS, RB, UB); Topo de Morro, estrada para Licínio de Almeida, 14º38’25”S, 42º27’41”W, 850 m alt., 12.I.2010, L.J. Alves 436 (HUEFS); Xaxá, subida para o campo rupestre, 14º39’11”S, 42º33’3”W, 944 m alt., 21.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 268 (ALCB , HUEFS); após o campo rupestre 14º38’45”S, 42º33’16”W, 1.044 m alt., 12.V.2015, fr., A. Stadnik et al. 300 (HUEFS).

Distribuição e comentários: A espécie tem distribuição neotropical e uma grande variação morfológica foliar e no tipo de inflorescência (Kawasaki 2004Kawasaki ML (2004) Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Myrtaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 22: 323-337.; Amorim & Alves 2011Amorim BS & Alves M (2011) Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Myrtaceae. Rodriguésia 62: 499-514.; Lourenço & Barbosa 2012Lourenço ARL & Barbosa MRV (2012) Myrtaceae em restingas no limite norte de distribuição da Mata Atlântica, Brasil. Rodriguésia 63: 373-393.), sendo assim representada por 92 sinônimos (Govaerts 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
). Diferencia-se das demais espécies pela lâmina foliar obovada, flor solitária ou inflorescências fasciculares, e frutos elipsoides vermelhos e glabros. Na SGLA, E. punicifolia é abundante, coletada em áreas de Cerrado, caatinga, campo rupestre e florestas estacionais.

4.7. Eugenia sonderiana O. Berg, Fl. bras. 14(1): 320. 1857.Fig. 5b,c

Arbusto 0,5-2 m; ramos acinzentados, puberulentos, ritidoma sem descamação evidente, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 0,7-3,3 mm compr., sulcados, puberulentos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 1,9-3,9 × 0,8-2,1 cm, elípticas, puberulento apenas na base da nervura principal, tricomas ferrugíneos, ápice agudo, base arredondada a cuneada, margem revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal saliente em ambas as faces ou levemente sulcada na face adaxial, nervuras secundárias 9-15 pares, saliente em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências fasciculares, 6-8 flores. Flores tetrâmeras, pedicelos 2,8-4,9 mm compr.; brácteas 0,4-0,7 × 0,4-0,6 mm, triangulares, glabras, decíduas; bractéolas 0,9-1,4 × 1,1-1,4 mm, ovadas, glabros, persistentes, glabros; lobos calicinais amarelados, livres, eretos, 0,4-1,2 × 1,1-1,6 mm, ovados, ciliados, tricomas hialinos; corola alva, pétalas 1,8-3,1 × 2,1-2,9 mm, orbiculares, ciliadas, tricomas ferrugíneos; estames 70-90, filetes 0,5-2,1 mm compr.; anteras 0,5-0,8 mm compr., 2-3 glândulas; estigmas punctiformes, estiletes 4,4-5,1 mm compr., glabros; hipanto não concrescido acima do ovário; ovários biloculares; óvulos 12 por lóculo. Frutos esferoides, 5-7,2 mm diâm., atropurpúreos quando maduros. Semente 1 por fruto.

Material examinado: Saco da Onça, 14º35’S, 42º31’35,2”W, 779 m alt., 20.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 248 (HUEFS); 14º35’S, 42º31’35,2”W, 779 m alt., 21.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 276 (HUEFS, ALCB); 14º35’S, 42º31’35,2”W, 779 m alt., 13.V.2015, fr., A. Stadnik et al. 328 (ALCB, HUEFS); Santa Clara, 14º29’52”S, 42º32’45”W, 972 m alt., 25.V.2013, fr., A. Stadnik et al. 165 (ALCB, HUEFS, RB); Sete Quedas, 14º37’42”S, 42º30’395”W, 724 m alt., 14.VII.2011, N. Roque et al. 3166 (ALCB); trilha após o Cachoeirão, 14º42’11”S, 42º33’45”W, 1.047 m alt., 23.I.2013, fl., A. Stadnik et al. 115 (ALCB, AJU, HUEFS, RB, UB); Xaxá, 14º38’45”S, 42º33’16”W, 1.044 m alt., 12.V.2015, fl., A. Stadnik et al. 303 (ALCB, HUEFS, RB).

Distribuição e comentários: Eugenia sonderiana é endêmica do Brasil, ocorrendo a leste do país (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie é bastante confundida com E. punicifolia, porém diferencia-se por ter lâmina foliar elíptica (vs. obovada) e fruto esferoide e atropurpúreo (vs. fruto elipsoide e vermelhos). Na SGLA é frequente, coletada em ambientes de Cerrado e floresta estacional.

4.8. Eugenia stictopetala DC., Prodr. 3: 270. 1828.Fig. 5d,e

Arbustos 0,3-2 m; ramos acinzentados, glabros, ritidoma descamando em placas membranáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 2,4-3,6 mm compr., inteiros, glabros; lâminas foliares cartáceas, planas, 1,8-7,3 × 1,2-3,2 cm, oblongas, glabras, ápice arredondado, base arredondada, margem revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 8-12 pares, salientes em ambas as faces, nervura marginal conspícua, 0,4-2,1 mm distância da margem. Inflorescências fasciculares, 6-8 flores. Flores tetrâmeras, pedicelo 3,8-5,2 mm compr.; brácteas 1-1,2 × 0,9-1,2 mm compr., triangulares, glabras, decíduas; bractéolas 0,9-1,2 × 1-1,4, triangulares, glabras, persistentes; lobos calicinais rosados, livres, eretos, 1,1-1,2 × 0,8-1 mm, ovados, puberulentos, tricomas hialinos; corola rósea, pétalas 4,5-4,8 × 3,4-4,1 mm, obovadas a elípticas, ciliadas; estames 164-170, filete 1-4,5 mm compr., antera 0,3-0,4 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 5-7,8 mm compr., glabros; hipanto não concrescido acima do ovário; ovários biloculares; óvulos 8-10 por lóculo. Frutos elipsoides, 4,4-7,3 mm diâm., atropurpúreos quando maduros. Semente 1 por fruto.

Material examinado: Lagoa da Vereda, 14º34’11”S, 42º27’59”W, 738 m alt., 11.XII.2009, fl., F.S. Gomes et al. 394 (AlCB, HUEFS); 2 km da entrada da cidade, 14º32’4”S, 42º31’51”W, 10.I.2006, fr., T.S. Nunes 1655 (HUEFS); Riacho de Areia, 14º45’33”S, 42º34’38”W, 1.169 m alt., 21.I.2013, fl., A. Stadnik et al. 105 (ALCB, HUEFS, RB, UB); 14º45’32”S, 42º34’38”W, 1.163 m alt., 21.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 314 (HUEFS); 14º45’33”S, 42º34’38”W, 1.169 m alt., 24.V.2013, fr., A. Stadnik et al. 159 (ALCB, HUEFS); Saco da Onça, 14º35’S, 42º31’35,2”W, 779 m alt., 20.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 246 (HUEFS); 14º35’S, 42º31’35,2”W, 779 m alt., 21.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 273 (ALCB, HUEFS); trilha após o Cachoeirão, 14º42’11”S, 42º33’45”W, 1.047 m alt., 23.I.2013, fl., A. Stadnik et al. 116 (AJU, ALCB, HUEFS, RB, UB).

Distribuição e comentários: Eugenia stictopetala tem distribuição neotropical e é amplamente distribuída no Brasil (Govaerts 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Na SGLA, é caracterizada por ter folhas oblongas, nervuras bem marcadas e presença de nervura marginal; geralmente as pétalas e estames são róseos e exalam um forte aroma adocicado; fruto atropurpúreo, glabro. Eugenia stictopetala é frequente na SGLA, coletada em áreas de campo rupestre e cerrado.

4.9. Eugenia vetula DC., Prodr. 3: 271. 1828. Figs. 5f; 9

Arbustos ou árvores, 0,2-2 m; ramos, acinzentados, lanosos, ritidoma descamando em placas membranáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas ou trísticas, pecíolos 0-2,5 mm compr., inteiros, lanosos; lâminas foliares cartáceas, planas, 0,5-4,4 × 0,5-1,5 cm, elíptica, ovada ou cordada, lanosas, ápice agudo, base cuneada, arredondada ou cordada, margem plana ou revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal levemente saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 5-8 pares, levemente salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências fasciculares, 4-12 flores. Flores tetrâmeras, pedicelos 1,3-9,5 mm compr.; brácteas 0,7-2,2 × 0,8-1,3 mm, ovadas ou triangulares, glabras, decíduas; bractéolas 0,5-1,5 × 0,3-1,9 mm, triangulares, glabras, persistentes; lobos calicinais verdes, livres, eretos, 0,9-2,7 × 1-3,4 mm, triangulares ou ovados, ciliados, tricomas hialinos; corola alva rosada, pétalas 2-3,4 × 1,8-3,7 mm, obovadas, circulares ou elípticas, ciliadas, tricomas hialinos; estames 44-106; filetes 0,7-3,9 mm compr., anteras 0,4-0,9 mm compr.; estigmas punctiformes, estilete 2,4-4,2 mm compr., glabros; hipanto não concrescido acima do ovário; ovários biloculares; óvulos 8-15 por lóculo. Frutos elipsoides, 6,9-7,1 mm diâm., roxos ou róseos quando maduros, glabros. Sementes 1-2 por fruto.

Material examinado: Riacho de areia, 14º45’29”S, 42º34’32”W, 1.112 m alt., 12.V.2012, fl., N. Roque et al. 3571 (ALCB, HUEFS); 14º45’33”S, 42º34’34”W, 1.131 m alt., 7.VIII.2014, fr., M.L. Guedes et al. 22189 (ALCB); 14º45’37”S, 42º34’41”W, 1.166 m alt., 27.V.2014, fl., A. Stadnik et al. 203 (ALCB, HUEFS); 14º46’56”S, 42º34’18”W, 1.129 m alt., 27.V.2014, fl., A. Stadnik et al. 206 (ALCB, HUEFS, RB, UB); 14º45’32”S, 42º34’38”W, 1.163 m alt., 20.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 256 (ALCB, HUEFS); caminho para mata de grotão, 14º46’54,7”S, 42º34’4,9”W, 994 m alt., 20.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 259 (ALCB, HUEFS); 14º45’32”S, 42º34’38”W, 1.163 m alt., 21.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 310, 311 e 312 (HUEFS); Riacho Fundo, 14º35’9”S, 42º32’23”W, 909 m alt., 19.VII.2012, fr., A. Stadnik et al. 69 (ALCB, HUEFS); 14º35’28”S, 42º32’18”W, 840 m alt., 22.V.2013, fl., A. Stadnik et al. 155 (ALCB, HUEFS); Saco da Onça, 14º44’44”S, 42º34’23”W, 1.032 m alt., 21.VII.2012, fr., A. Stadnik et al. 73 (HUEFS); Xaxá, subida para o campo rupestre, 14º39’11”S, 42º33’3”W, 944 m alt., 21.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 266 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Eugenia vetula é endêmica do Brasil e ocorre principalmente na Bahia, embora seja coletada também em Minas Gerais, Goiás e São Paulo (Govaerts 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015). Durante visitas aos herbários, observa-se que espécie apresenta uma ampla variação morfológica. Na SGLA, foram encontrados três morfotipos, coletados no mesmo ambiente, todos identificados por especialistas como E. vetula. Os morfotipos foram ilustrados e são diferenciados principalmente pelo formato da lâmina foliar, indumento e tamanho do botão (Fig. 9). Sugere-se que estudos envolvendo genética de população ou cariótipos possam classificar esses morfotipos como novas espécies ou variedades. E. vetula é frequente na SGLA, coletada em áreas de campo rupestre e cerrado.

4.10. Eugenia sp.Fig. 11b,c

Árvores 5 m; ramos acinzentados, glabros, ritidoma descamando em placas membranáceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 9,4-14 mm compr., sulcados, glabros; lâminas foliares coriáceas, planas, 11,5-14,4 × 4,7-0,8 cm, elípticas, glabras, ápice agudo, base arredondada, margem revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal levemente saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 11-18 mm, levemente saliente em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências fasciculadas, 6-8 flores, axilares. Flores tetrâmeras, pedicelos 5,9-10,3 mm compr.; brácteas não vistas; bractéolas 1,2-3,5 × 3,2-3,6 mm, cordadas, glabras, persistentes; lobos calicinais verdes, livres, eretos, 3,2-4,6 × 2,9-6,8 mm, irregulares, glabros; corola, estames e gineceu não vistos. Frutos elipsoides, 12,9-13,8 mm diâm., vermelhos quando maduros. Sementes 2- 3 por fruto.

Material examinado: Lameirão, 14º41’32”S, 42º31’55”W, 814 m alt., 15.XI.2013, fr., A. Stadnik et al. 180 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Eugenia sp. é rara e foi encontrada com fruto apenas uma vez na SGLA, em uma área de floresta estacional. Infelizmente a ausência de flores não possibilitou aprofundar a identificação ao nível específico.

5. Myrcia DC.

5.1. Myrcia guianensis (Aubl.) DC., Prodr. 3: 245. 1828.Fig. 6a

Arbustos 0,3-2 m alt.; ramos glabros, acinzentados, ritidoma de desprendendo em tiras membranáceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 1,1-3,9 mm compr., inteiros, glabros; lâminas foliares cartáceas, planas, 1,6-6,9 × 1-2,3 cm, elípticas, glabras, ápice agudo a arredondado, base cuneada a arredondada, margem plana, glândulas conspícuas, nervura principal impressa na face adaxial e saliente na abaxial, nervuras secundárias 8-21 pares, levemente salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências paniculiformes, terminais, pedúnculos vináceos, 10-25 flores. Flores pentâmeras, sésseis; brácteas 2,5-3,1 × 1,1-1,8 mm, lanceoladas, tomentosas; bractéolas 1,2-1,9 × 0,4-0,8 mm, lanceoladas, tomentosas; lobos calicinais róseos, livres, eretos, 1-1,3 × 2-2,1 mm, largamente ovados, tomentosos na face interna; corola alva, pétalas 2,1-3,2 × 2,3-3,1 mm, orbiculares, glabras; estames 50-55, filetes 2,5-4,8 mm compr., anteras 0,4-0,7 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 2,5-4,3 mm compr., glabros; hipanto prolongado acima do ovário, 1,3-1,6 mm compr.; ovários biloculares. Frutos esferoides, 6,5-7,1 mm diâm., atropurpúreos quando maduros, glabros. Semente 1 por fruto.

Material examinado: Estrada de terra para Caetité, 14º40’41”S, 42º30’43”W, 980 m alt., 3.XI.2006, fr., P.D. Carvalho 350 (HUEFS); Lagoa Vereda, 14º34’11”S, 42º27’59”W, 738 m alt., 11.XII.2009, fr., F.S. Gomes et al. 336 (ALCB); 14º34’11”S, 42º27’59”W, 738 m alt., 11.XII.2009, fr., F.S. Gomes et al. 368 (HUEFS); Pedra Preta, 14º44’44”S, 42º34’23”W, 1.032 m alt., 27.X.2012, fr., A. Stadnik et al. 81 (ALCB, HUEFS); 14º45’10”S, 42º32’48”W, 963 m alt., 5.VIII.2014, fl., M.L. Guedes et al. 22075 (ALCB); Riacho de Areia, 14º46’56,9”S, 42º34’18,8”W, 1.029 m alt., 14.X.2014, fl., A. Stadnik et al. 231, 235 (HUEFS); 14º45’32”S, 42º34’38”W, 1.163 m alt., 20.I.2015, fl. e fr., A. Stadnik et al. 250, 254 (AJU, HUEFS); Riacho Fundo, 14º35’28”S, 42º32’18”W, 840 m alt., 16.X.2014,fl., A. Stadnik et al. 238 (ALCB, HUEFS); Saco da Onça, 14º44’46”S, 42º34’26”W, 980 m alt., 17.IX.2011, fl., N. Roque et al. 3343 (ALCB); 14º44’44”S, 42º34’23”W, 1.032 m alt., 28.X.2012, fl., A. Stadnik et al. 86, 89, 91 (ALCB, HUEFS); cerrado, 14º44’38,9”S, 42º34’22,5”W, 963 m alt, 14.X.2014, fl., A. Stadnik et al. 227, 228 (HUEFS, RB); Santa Clara, 14º29’52”S, 42º32’44”W, 972 m alt., 28.X.2012, fl. e fr., A. Stadnik et al. 97, 98 (HUEFS); São Domingos, trilha para Jurema, 14º27’21,5”S, 42º31’6”W, 905 m alt., 5.XI.2013, fl., A. Stadnik et al. 190 (ALCB, HUEFS); trilha após o Cachoeirão, 14º42’11”S, 42º33’45”W, 1.047 m alt., 23.I.2013, fr., A. Stadnik et al. 118 (HUEFS); 14º45’28,2”S, 42º34’38,1”W, 1.116 m alt., 4.XI.2013, fl., A. Stadnik et al. 174 (HUEFS); trilha para o Cascarrento, 14º33’13”S, 42º33’19”W, 977 m alt., 16.X.2014, fl., A. Stadnik et al. 241(HUEFS).

Distribuição e comentários: Myrcia guianensis tem ocorrência neotropical (Govaerts 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
) e no Brasil é amplamente distribuída em todas as fitofisionomias (BFG 2015). A espécie tem grande complexidade morfológica, composta por ca. 150 sinônimos. É caracterizada por ter frutos esferoides, com 1 semente, atropurpúreos e glabros. Na SGLA, M. guianensis é abundante, ocorrendo em áreas de cerrado, campo rupestre e borda de floresta estacional.

5.2. Myrcia ilheosensis Kiaersk., Enum. Myrt. Bras.: 109. 1893.Fig. 11g

Arbustos ou árvores 2-3 m; ramos acinzentados, tomentos, ritidoma se desprendendo em tiras papiráceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 1,4-4,8 mm compr., sulcados, glabros; lâminas foliares cartáceas, planas, 3,6-5,5 × 1,4-2,5 cm, elípticas, tomentosas, ápice arredondado ou retuso, base arredondada, margem revoluta, glândulas conspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 6-10 pares, impressas na face adaxial e salientes na abaxial, nervura marginal ausente. Inflorescências paniculiformes, axilares e terminais, pedúnculos amarelos, 40-80 flores. Flores pentâmeras, sésseis; brácteas 4,4-5,1 × 1,9-2,5 mm, lanceoladas, tomentosas; bractéolas 2-3,2 × 0,9-1,5 mm, lanceoladas, tomentosas; lobos calicinais amarelos, livres, eretos, 1,3-1,8 × 1,9-2,4 mm, triangulares, tomentosos, tricomas alvos; corola alva, pétalas 2,4-4,8 × 2,5-3,1 mm, elípticas, tomentosas, tricomas alvos; estames 72-75, filete 2,7-3,4 mm compr., anteras 0,7-0,9 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 4,5-5,2 mm compr., tomentosos na base; hipanto prolongado acima do ovário, 1-1,2 mm compr.; ovários biloculares. Frutos esferoides, 5,8-7,6 mm diâm., atropurpúreos quando maduros, tomentosos, tricomas alvos. Sementes 1-2 por fruto.

Material examinado: 7 Quedas, 14º31’1”S, 42º32’W, 756 m alt., 5.XI.2013, fr., A. Stadnik et al. 187 (AJU, CEPEC, HUEFS); Riacho Fundo, 14º35’28”S, 42º32’18”W, 840 m alt., 16.X.2014, fr., A. Stadnik et al. 239 (ALCB, HUEFS); Trilha das Ametistas, 14º31’42”S, 42º32’3”W, 825 m alt., 28.X.2012, fl. e fr., A. Stadnik et al. 95, 108 (AJU, ALCB, CEPEC, HUEFS, RB, UB); Xaxá, 14º41’55”S, 42º33’30”W, 1.020 m alt., 4.XI.2013, fr., A. Stadnik et al. 176 (ALCB, HUEFS, RB); 14º39’11”S, 42º33’3”W, 265 m alt., 28.V.2014, fl., A. Stadnik et al. 211 (ALCB, BHCB, HUEFS, UB); subida para o campo rupestre, 14º39’11”S, 42º33’3”W, 944 m alt., 21.I.2015, fl. e fr., A. Stadnik et al. 267 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Myrcia ilheosensis é emdêmica a América do Sul (Goevarts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
). No Brasil ocorre na Bahia, Espirito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e toda região Sul (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie caracteriza-se pela lâmina foliar com margem revoluta, ápice arredondado ou retuso, lobos eretos e frutos tomentosos com tricomas alvos. Na SGLA é frequente e ocorre em áreas de campo rupestre e caatinga rupestre, sempre sob solos arenosos.

5.3. Myrcia mischophylla Kiaersk., Enum. Myrt. Bras.: 61 (1893).Fig. 6c

Arbustos ou árvores 2-6 m; ramos ferrugíneos, tomentosos, ritidoma desprendendo em pequenas placas papiráceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolo 6,4-18,7 mm compr., inteiros, tomentosos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares coriáceas, levemente conduplicadas, 4,5-16,8 × 1,2-4,5 cm, elípticas, tomentosas, ápice agudo ou acuminado, base arredondada, margem levemente revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal levemente saliente na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 20-30 pares, levemente salientes na face adaxial e salientes na face abaxial, nervura marginal ausente. Inflorescências paniculiformes, axilares, pedúnculos ferrugíneos, 20-50 flores. Flores pentâmeras, sésseis; brácteas 6,2-7,8 × 2,3-2,7 mm, lanceoladas, tomentosas; bractéolas 2-2,3 × 0,8-1,1 mm, lanceoladas, tomentosas; lobos calicinais verdes, livres, eretos, 1-1,4 × 0,9-1,6 mm, triangulares, tomentosos, tricomas ferrugíneos; corola alva, pétalas 3,2-5,7 × 3-4,2 mm, obovadas, tomentosas, tricomas ferrugíneos; estames 52-65, filetes 1,4-5,2 mm compr., anteras 0,5-1 mm compr., eglandulares; estigmas punctiformes, estiletes 1,4-5,2 mm compr., pilosos na base; hipanto prolongado acima do ovário, 0,8-1,2 mm compr.; ovários biloculares. Frutos esferoides, 4,9-7,6 mm compr., atropurpúreos quando maduros, tomentosos. Sementes 1-2 por fruto.

Material examinado: Cascarrento, 14º33’13”S, 42º33’19”W, 977 m alt., 13.V.2015, fl., A. Stadnik et al. 322 (HUEFS); Riacho de Areia, caminho para mata de grotão, 14º46’54,7”S, 42º34’4,9”W, 994 m alt., 20.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 262 (ALCB, HUEFS); 14º45’32”S, 42º34’38”W, 1.163 m alt., 21.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 309 (AJU, ALCB, CEPEC, HUEFS, RB, UB); Santa Clara, 14º29’52”S, 42º32’44”W, 972 m alt., 22.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 291 (ALCB , HUEFS); trilha para o Cascarrento, 14º33’13”S, 42º33’19”W, 977 m alt., 16.X.2014, fr., A. Stadnik et al. 240 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Myrcia mischophylla é endêmica do Brasil, ocorre na Bahia, Goiás e Minas Gerais, principalmente na Cadeia do Espinhaço (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
). Caracteriza-se pela lâmina foliar grande (4,5-16,8 cm), conduplicadas, indumento tomentoso ferrugíneo na face abaxial e pecíolos negros após secos. Na SGLA, a espécie é frequente, ocorrendo em áreas de florestas estacionais ou campos rupestres.

5.4. Myrcia multipunctata Mazine, Phytotaxa 173: 99. 2014.Fig. 6b

Arbustos ou árvores 1-2,5 m; ramos acinzentados, glabros, ritidoma desprendendo em lâminas papiráceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 5,1-8,5 mm compr., sulcados, glabros; lâminas foliares cartáceas, planas, 5,8- 10,8 × 2,6-3,9 cm, elípticas, glabras, ápice acuminado, base cuneada ou arredondada, margem plana, glândulas conspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 30-50 pares, impressas na face adaxial e levemente salientes na face abaxial, nervura marginal ausente. Inflorescências paniculiformes, terminais, pedúnculos verdes, 38-49 flores. Flores tetrâmeras, sésseis; brácteas 2,1-2,5 × 1,5-1,8 mm, ovadas, tomentosas, decíduas; bractéolas não vistas; lobos calicinais verdes, fundidos na base, eretos, 0,6-0,8 × 0,9-1,3 mm, largamente ovados, tomentosos, tricomas hialinos; corola alva, pétalas 0,8-1,2 × 0,9-1,4 mm, largamente elípticas, glabras; estames 53-68, filete 0,8-1,5 mm compr., anteras 0,3-0,7 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 2,7-3,5 mm compr., glabros; hipanto prolongado acima do ovário, 1,6-1,9 mm compr.; ovários biloculares. Frutos esferoides, 3,2-5,4 mm diâm., atropurpúreos quando maduros, tomentosos. Sementes 1-2 por fruto.

Material examinado: Riacho de Areia, 14º46’56,9”S, 42º34’18,8”W, 1.029 m alt., 14.X.2014, fl., A. Stadnik et al. 234 (ALCB, CEPEC, HUEFS); Riacho Fundo, 14º35’28”S, 42º32’18”W, 840 m alt., 16.X.2014, fr., A. Stadnik et al. 237 (ALCB, HUEFS); Saco da Onça, 14º44’46”S, 42º34’26”W, 980 m alt., 17.IX.2011, fl., N. Roque et al. 3344 (ALCB); 14º44’44”S, 42º34’23”W, 1.032 m alt., 28.X.2012, fl. e fr., A. Stadnik et al. 92, 93 (ALCB, HUEFS); cerrado, 14º44’38,9”S, 42º34’22,5”W, 963 m alt., 14.X.2014, fl., A. Stadnik et al. 225 (HUEFS); 14º44’44,2”S, 42º34’23”W, 1.032 m alt., 21.VII.2012, fl., A. Stadnik et al. 72 (ALCB, HUEFS, RB); Trilha do Cascarrento, 14º33’5”S, 42º33’51”W, 994 m alt., 16.IX.2011, fl., N. Roque et al. 3316 (ALCB); Xaxá, 14º41’55”S, 42º33’30”W, 1.020 m alt., 23.I.2013, fr., A. Stadnik et al. 113 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Myrcia multipunctata é endêmica do Brasil, ocorrendo a leste do país, desde o estado da Bahia até o Panará (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie é caracterizada principalmente pela lâmina foliar elíptica com glândulas muito evidentes a olho nu e lobos calicinais com 4 lobos fundidos. Na SGLA é frequente, ocorrendo em áreas de cerrado, mata estacional e campo rupestre.

5.5. Myrcia mutabilis (O. Berg) N. Silveira, Loefgrenia 88: 1. 1985.

Arbustos ca. 2,5 m; ramos acinzentados, tomentosos, ritidoma descamando em tiras membranáceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 5,4-8,4 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 5,9-8,6 × 2,8-4,2 cm, ovadas, tomentosas, ápice acuminado, base arredondada, glândulas inconspícuas, nervura principal impressa ou levemente saliente na face adaxial e saliente na abaxial, nervuras secundárias 25-32 pares, impressas na face adaxial e levemente salientes na face abaxial, nervura marginal ausente. Inflorescências paniculiformes, terminais, pedúnculos ferrugíneos, 30-47 flores. Flores tetrâmeras, sésseis; brácteas 1,8-2,7 × 1,1-2,1 mm, ovadas, tomentosas; bractéolas 1,2-1,4 × 0,2-0,3 mm, lineares, tomentosas; lobos calicinais verdes, fundidos, eretos, 0,7-0,8 × 1,1-1,8 mm, largamente ovados, tomentosos; corola alva, pétalas 1,2-1,4 × 1,6-1,9 mm, largamente ovadas, tomentosas; estames 67-73, filetes 1,2-4,6 mm compr., anteras 0,4-0,6 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 5,8-6,1 mm compr., glabros; hipanto prolongado acima do ovário, 1,7-2 mm compr.; ovários biloculares Frutos não vistos.

Material examinado: Trilha do Cascarrento, 14º33’9”S, 42º34’11”W, 1.029 m alt., 16.IX.2011, fl., N. Roque et al. 3335 (ALCB).

Distribuição e comentários: Myrcia mutabilis é endêmica do Brasil, ocorrendo nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie assemelha-se muito com M. multipunctata. Diferem-se por ter folhas ovadas (vs. elípticas), pecíolo tomentoso (vs. glabro), pontuações translúcidas na lâmina pouco visíveis a olho nu (vs. muito visíveis). Na SGLA a espécie é rara e foi coletada apenas uma vez em área de cerrado.

5.6. Myrcia splendens (Sw.) DC., Prodr. 3: 244. 1828.

Árvores ou arbustos 1-4 m alt.; ramos acinzentados, pubescentes, ritidoma descamando em placas coriáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 2,4-5 mm compr., sulcados, pubescentes, tricomas alvos; lâminas foliares cartáceas, planas, 2,7-11,3 × 1,3-5 cm, elípticas a lanceoladas, pubescentes, ápice acuminado a caudado, base arredondada, margem plana, glândulas inconspícuas, nervura principal levemente saliente na face adaxial e saliente na abaxial, nervuras secundárias 20-30 pares, salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências paniculiformes, axilares, pedúnculos verdes, 15-25 flores. Flores pentâmeras, pedicelos 0,4-1,2 mm compr.; brácteas 4,9-5,1 × 1,4-1,7 mm, lanceoladas, tomentosas; bractéolas 2,1-2,4 × 0,5-0,7 mm, lanceoladas, tomentosas; lobos calicinais amarelos, livres, eretos, 1,5-1,8 × 1-1,4 mm, ovados, tomentosos; corola alva, pétalas 0,8-1,9 × 1,2-1,7 mm, elípticas a orbiculares, tomentosas; estames 38-57, filete 0,9-1,8 mm compr., anteras 0,2-0,3 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 2,1-2,5 mm compr., glabros; hipanto prolongado acima do ovário, 1,3-1,8 mm compr.; ovários biloculares. Frutos elipsoide, 5,2-5,3 mm diâm., amarelos quando maduros, glabros. Semente 1 por fruto.

Material examinado: Jurema, Fazenda São Domingos, 14º27’5”S, 42º31’30”W, 10.XII.2009, fl., M.L. Guedes 16789 (HUEFS, ALCB); Cascarrento, 14º34’51”S, 42º33’40”W, 991 m alt., 10.V.2012, fr., N. Roque et al. 3502 (ALCB); 14º33’13”S, 42º33’19”W, 977 m alt., 22.I.2013, fr., A. Stadnik et al. 109 (HUEFS); Pedra Preta, 14º45’7,6”S, 42º32’41”W, 936 m alt., 21.I.2013, fl., A. Stadnik et al. 104 (HUEFS); Riacho de Areia, 14º46’56,9”S, 42º34’18,8”W, 1.029 m alt., 14.X.2014, fl., A. Stadnik et al. 230 (AJU, HUEFS); 14º45’32”S, 42º34’38”W, 1.163 m alt., 20.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 252 (HUEFS); Santa Clara, 14º29’52”S, 42º32’44”W, 972 m alt., 28.X.2012, fl., A. Stadnik et al. 96 (ALCB, HUEFS); 14º29’52”S, 42º32’44”W, 972 m alt., 22.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 292 (ALCB, HUEFS); Xaxá, 14º41’55”S, 42º33’30”W, 1.020 m alt., 23.I.2013, fr., A. Stadnik et al. 112 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Myrcia splendens tem ocorrência na região neotropical e no Brasil, ocorre em praticamente todos os estados (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015). A espécie tem ampla variação no tamanho da lâmina foliar e pode ser confundida com M. multipunctata. Ambas têm lâmina foliar elíptica com tamanhos similares, porém, M. splendens apresenta flores subsésseis (vs. sésseis), 5 lobos calicinais livres (vs. 4 lobos fundidos na base), fruto elipsoide, amarelo quando maduro (vs. fruto esferoide, atropurpúreo quando maduro). Na SGLA, é uma espécie frequente que ocorre em áreas de cerrado e florestas estacionais.

5.7. Myrcia tomentosa (Aubl.) DC., Prodr. 3: 245. 1828.Fig. 6d,e

Arbustos ou árvores 1-6 m alt.; ramos alvos, tomentosos, ritidoma se descamando em tiras papiráceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas ou trísticas, pecíolos 0,6-8,9 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas alvos; lâminas foliares cartáceas, planas 1,8-9,8 × 1,2-5,2 cm, geralmente obovadas, raro elípticas, tomentosa, ápice agudo, base truncada, margem plana, glândulas inconspícuas, nervura principal saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 8-11 pares, salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências paniculiformes, axilares, pedúnculos verdes, 8-30 flores. Flores pentâmeras, sésseis; brácteas 4,3-5,1 × 1,4-1,7 mm, ovadas, tomentosas; bractéolas 1,2-1,7 × 0,2-0,3 mm, lanceoladas, tomentosas; lobos calicinais vináceos, livres, reflexos, 0,5-1,4 × 1-1,7 mm, triangulares, tomentosos; corola alva, pétalas 2,1-2,5 × 2,2-2,8 mm, orbiculares, glabras; estames 46-52, filetes 0,8-1,5 mm compr., anteras 0,2-0,8 mm compr., com uma glândula mediana; estigmas punctiformes, estiletes 4,5-5,8 mm compr., glabros; hipanto prolongado acima do ovário, 0,9-1,4 mm compr.; ovários biloculares. Frutos largamente elipsoides, 6,7-10,4 mm diâm., amarelos quando maduros, tomentosos. Sementes 1-3 por fruto.

Material examinado: Sete Quedas, 14º31’1”S, 42º32’W, 756 m alt., 5.XI.2013, fr., A. Stadnik et al. 186 (AJU, ALCB, CEPEC, HUEFS); curral do Estevão, 14º35’10”S, 42º34’6”W, 1.041 m alt., 15.IX.2011, fr., N. Roque et al. 3274 (ALCB); Pedra Preta, 12º41’39”S, 39º9’2”W, 917 m alt., 21.VII.2012, fl. e fr., A. Stadnik et al. 76, 80, 82, 83 (ALCB, HUEFS); Riacho de Areia, 14º46’56,9”S, 42º34’18,8”W, 1.029 m alt., 14.X.2014, fr., A. Stadnik et al. 233 (HUEFS); Saco da Onça, cerrado, 14º44’38,9”S, 42º34’22,5”W, 963 m alt, 28.X.2012, fl., A. Stadnik et al. 84, 87, 90 (HUEFS); 14º44’39”S, 42º34’22”W, 963 m alt., 14.X.2014, fl., A. Stadnik et al. 220 (HUEFS); 14º44’38,9”S, 42º34’22,5”W, 963 m alt, 14.X.2014, fl., A. Stadnik et al. 229 (HUEFS, RB); Santa Clara, 14º29’52”S, 42º32’44”W, 972 m alt., 22.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 293 (ALCB, HUEFS); trilha após o Cachoeirão, 14º42’11”S, 42º33’45”W, 1.047 m alt., 23.I.2013, fr., A. Stadnik et al. 117 (HUEFS); Xaxá, subida para o campo rupestre, 14º39’11”S, 42º33’03”W, 944 m alt., 21.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 297 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Myrcia tomentosa ocorre em Trinidade e Tobago, Panamá e América do Sul, distribuída por todas as regiões do Brasil (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; Sobral et al. 2016). Caracteriza-se pela lâmina foliar geralmente obovada, base truncada, algumas vezes três por nó. Flores com lobos calicinais vináceos, pendentes, antera com uma glândula central, fruto largamente elipsoide, amarelo quando maduro e tomentoso. Na SGLA, a espécie é frequente e foi coletada em áreas de cerrado, campo rupestre, caatinga rupestre e florestas estacionais.

5.8. Myrcia venulosa DC., Prodr. 3: 250. 1828. Figs. 6f; 11h

Arbustos ou árvores 2,5-5 m alt., ramos acinzentados, tomentosos, ritidoma se descamando em placas cartáceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas ou turísticas, pecíolos 4,3-6,2 mm compr., cilíndricos, tomentosos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares coriáceas, planas, 2,3-5,2 × 1,1-2,4 cm, elípticas ou obovadas, glabrescentes, abaxial tomentosa ferrugínea, ápice arredondado, base cuneada, margem levemente revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 13-15 pares, salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências paniculiformes, pedúnculos ferrugíneos, 10-15 flores. Flores pentâmeras, sésseis; brácteas e bractéolas não vistas; lobos calicinais amarelados, livres, 0,4-1,1 × 0,8-1,2 mm, ovados, tomentosos; corola alva, pétalas 1,3-2,1 × 1,5-1,7 mm, elípticas, tomentosas; estames 43-63, filetes 2,3-4,9 mm compr., anteras 0,2-0,6 mm, com uma glândula apical; estigmas punctiformes, filetes 5,3-5,6 mm compr., tomentosos; hipanto não prolongado acima do ovário; ovários triloculares. Frutos esferoides, 4,5-4,8 mm diâm., atropurpúreos quando maduros, tomentosos. Sementes 1-2 por fruto.

Material examinado: Riacho de Areia, caminho para mata de grotão, 14º46’54,7”S, 42º34’4,9”W, 994 m alt., 20.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 260 (AJU, ALCB, HUEFS, RB, UB).

Distribuição e comentários: Myrcia venulosa é endêmica do Brasil, ocorrendo desde a Bahia e Goiás até o Rio Grande do Sul (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Caracteriza-se pela lâmina foliar densamente tomentosa, nervuras fortemente salientes quando secas, ápice arredondado, hipanto não prolongado e três lóculos no ovário. A espécie é rara e ocorre em áreas de cerrado e campo rupestre.

6. Myrciaria O. Berg

6.1. Myrciaria cuspidata O. Berg, Linnaea 27: 328. 1856.

Árvores 2-3 m; ramos acinzentados, puberulentos, ritidoma se descamando em placas papiráceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 1,8-2,4 mm compr., sulcados, puberulentos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 1,8-2,8 × 1,1-1,3 cm, elípticas, ápice agudo-mucronado, base cuneada, margem plana, glândulas conspícuas, nervura principal impressa na face adaxial e saliente na abaxial, nervuras secundárias inconspícuas, nervura marginal ausente. Inflorescências glomerulares, axilares, 6-4 flores. Flores tetrâmeras, sésseis; brácteas 0,7-0,9 × 0,5-0,8 mm, orbiculares, tomentosas, tricomas ferrugíneos; bractéolas 0,9-1,1 × 1,8-2,1 mm, largamente ovadas, ciliadas; lobos calicinais verdes, eretos, fundidos, 0,8-0,9 × 0,7-0,8 mm, ovadas, tomentosos, tricomas ferrugíneos, corola estames e gineceu não vistos; hipanto liso, prolongado acima do ovário, 0,3-0,4 mm compr.. Frutos não vistos.

Material examinado: Pedra Preta, 14º44’43,8”S, 42º32’44”W, 854 m alt., 27.X.2012, fl., A. Stadnik et al. 75 (ALCB, HUEFS, RB); 14º45’7,6”S, 42º32’41”W, 936 m alt., 21.I.2013, fl., A. Stadnik et al. 103 (AJU, HUEFS); rodovia para Urandi, 14º42’47”S, 42º30’33”W, 860 m alt., 31.III.2001, fl., J.G. Jardim et al. 3286 (ALCB, CEPEC).

Distribuição e comentários: Myrciaria cuspidata ocorre na Bolívia, Brasil e Paraguai. No Brasil, é amplamente distribuída, ocorrendo em quase todos os estados brasileiros (BFG 2015), ocorrendo em ambientes de cerrado, matas pluviais, de galeria e restinga (Sobral 2003; Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
). A espécie é caracterizada por ter lâmina foliar pequena, e escurecidas após secas, além de ápice agudo com múcron. Na SGLA, a espécie pode ser confundida com M. floribunda, porém seus ramos apresentam tricomas muito curtos, puberulentos (vs. tomentosos), lâmina foliar mucronada (vs. sem mucron). Myrciaria cuspidata é rara e foi coletada em áreas de cerrado e borda das florestas estacionais.

6.2. Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg, Linnaea 27: 330. 1856.

Arbustos ou árvores 2-3 m; ramos acinzentados ou amarronzados, tomentosos, ritidoma desprendendo em tiras coriáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 2,1-3,4 mm compr., sulcados, tomentosos, alvos ou ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 3-4,5 × 1,5-1,7 cm, elípticas, tomentosas, ápice acuminado a caudado, base cuneada ou arredondada, margem plana, glândulas conspícuas, nervura principal sulcado na face adaxial e saliente na abaxial, nervuras secundárias 18-27 pares, levemente salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências glomerulares, axilares, 2-4 flores. Flores tetrâmeras, sésseis; brácteas 1,8-2,1 × 1,1-1,3 mm, ovadas, tomentosas, tricomas alvos; bractéolas 1,1-1,6 × 1,6-1,9 mm, largamente ovadas, tomentosas, tricomas alvos; lobos calicinais verdes, fundidos, eretos, 0,8-1,2 × 1-1,3 mm, ovados, tomentosas; corola alva, pétalas 0,6-1,1 × 0,9-1,2 mm, ovadas, tomentosas; estames 58-74, filetes 0,6-1 mm compr., anteras 0,2-0,5 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 1,8-2,1 mm compr., glabros; hipanto liso, prolongado acima do ovário, 1,2-1,5 mm compr.; ovários com 4-6 óvulos por lóculo. Frutos esferoides 4,6-7,2 mm diâm., roxos quando maduros, glabros. Sementes 1-3 por fruto.

Material examinado: Sete Quedas, 14º31’1”S, 42º32’W, 756 m alt., 22.V.2013, fl. e fr., A. Stadnik et al. 147 (ALCB, HUEFS, RB); Saco da Onça, cerrado, 14º44’38,9”S, 42º34’22,5”W, 963 m alt., 28.X.2012, fl., A. Stadnik et al. 85 (ALCB, HUEFS); 14º44’38,9”S, 42º34’22,5”W, 963 m alt., 14.X.2014, fl. e fr., A. Stadnik et al. 226 (AJU, HUEFS, RB); Xaxá, 14º41’3”S, 42º32’44”W, 968 m alt., 21.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 277 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Myrciaria floribunda é amplamente distribuída na Américas do Sul e Central, em todas as fitofisionomias (Sobral 2003Sobral M (2003) A Família Myrtaceae no Rio Grande do Sul. Unisinos, São Leopoldo. 215p.; Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
). No Brasil, a espécie ocorre em todos os estados (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Myrciaria floribunda tem ca. de 50 sinônimos, e uma grande variação morfológica (McVaugh 1963McVaugh R (1963) Tropical american Myrtaceae. Fieldiana - Botany, Chicago 29: 393-532.; Sobral 2003Sobral M (2003) A Família Myrtaceae no Rio Grande do Sul. Unisinos, São Leopoldo. 215p.; Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
). É caracterizada por ter lâmina com ápice acuminado a caudado, tomentosa. Na SGLA, é frequente e foi coletada em áreas de cerrado, catinga rupestre e florestas estacionais.

6.3. Myrciaria glanduliflora (Kiaersk.) Mattos & D.Legrand, Loefgrenia 67: 6. 1975.Fig. 10h

Árvores 1-5 m; ramos acinzentados, puberulentos, ritidoma desprendendo em tiras coriáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 2,6-6,4 mm compr., sulcados, puberulentos, ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 3,4-7,2 × 1,3-2,3 cm, elípticas, puberulentas, ápice agudo, base cuneada, margem plana, glândulas conspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial, saliente na face abaxial, nervuras secundárias 18-24 pares, levemente salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências glomerulars, axilares, 6-8 flores. Flores tetrâmeras, sésseis; brácteas 0,8-1,2 × 1,3-1,6 mm, ovadas, puberulentas, tricomas ferrugíneos; bractéolas 0,8-1,1 × 0,7-0,9 mm, ovadas, puberulentas, tricomas ferrugíneos; lobos calicinais verdes, fundidos na base, eretos, 0,6-0,9 × 0,7-1 mm, ovados, tomentosos na face interna, tricomas ferrugíneos; corola alva, pétalas 0,4-0,6 × 0,5-0,8 mm, triangulares, ciliadas; estames 32-57, filetes 1-2,7 mm compr., anteras 0,1-0,5 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 1,2-1,6 mm compr., glabros; hipanto glanduloso, prolongado acima do ovário, 0,8-0,9 mm compr.; ovários com 2-4 óvulos por lóculo. Frutos esferoides, 3,9-5,2 mm diâm., roxos quando maduros. Sementes 2-3 por fruto.

Material examinado: Riacho Fundo, 14º35’28”S, 42º32’18”W, 840 m alt., 22.V.2013, fl., A. Stadnik et al. 154 (ALCB, HUEFS); Xaxá, mata depois do campo rupestre, 14º38’44,5”S, 42º33’17,8”W, 1.053 m alt., 21.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 270 (ALCB, HUEFS, RB); 14º38’45”S, 42º33’16”W, 1.044 m alt., 12.V.2015, fl., A. Stadnik et al. 305 (ALCB, HUEFS, RB).

Distribuição e comentários: Myrciaria glanduliflora é endêmica do Brasil, ocorrendo principalmente na Cadeia do Espinhaço, nos estados da Bahia e Minas Gerais (Sobral 2003Sobral M (2003) A Família Myrtaceae no Rio Grande do Sul. Unisinos, São Leopoldo. 215p.; Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie é caracterizada pela lâmina foliar glabra, ápice agudo, hipanto com glândulas conspícuas, dando aparência lustrosa. Na SGLA, a espécie ocorre em áreas de florestas estacionais e cerrado.

6.4. Myrciaria guaquiea (Kiaersk.) Mattos & D.Legrand, Loefgrenia 67: 6. 1975.

Arbustos ou árvores 0,5-3 m; ramos acinzentados, tomentosos, ritidoma se desprendendo em tiras cartáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 0,3-1,5 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, revolutas, 2,9-5,8 × 1,9-2,2 cm, ovadas, tomentosas, ápice agudo, base cordada, margem revoluta, glândulas conspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 19-25 pares, levemente sulcadas em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências glomerulares, axilares, 4-6 flores. Flores tetrâmeras, sésseis; brácteas não vista; bractéolas 1,3-1,8 × 1,7-2,1 mm, ovadas, tomentosas; lobos calicinais verdes, eretos, fundidos, 1,3-2,3 × 1,9-2,5 mm, tomentosos; corola alva, pétalas 1,3-1,8 × 0,7-1,2 mm, elípticas, ciliadas; estames 66-72, filetes 0,5-1,5 mm compr., anteras 0,3-0,8 mm compr., eglandulares; estigmas punctiformes, estiletes 1,8-2,3 mm compr., pilosos na base; hipanto prolongado acima do ovário, 1,8-2,1 mm compr.; ovários com 2-4 óvulos por lóculo. Frutos esferoides, 2,4-4,3 mm diâm., roxos quando maduros. Sementes 1-2 por fruto.

Material examinado: 7 Quedas, 14º31’1”S, 42º32’W, 756 m alt., 22.V.2013, fl., A. Stadnik et al. 148 (ALCB, HUEFS); Xaxá, 14º39’43”S, 42º32’52”W, 954 m alt., 28.IV.2014, fl., A. Stadnik et al. 213 (ALCB, HUEFS); caminho para o Cachoeirão, 14º41’33”S, 42º31’52”W, 783 m alt., 13.V.2015, fl., A. Stadnik et al. 316 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Myrciaria guaquiea é endêmica do Brasil, ocorrendo na região Nordeste e no Rio de Janeiro (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
). Distingue-se das outras espécies pela lâmina foliar revoluta, folhas curto-pecioladas (0,3-1,5 mm), anteras eglandulares e estilete piloso na base. NA SGLA, a espécie é frequente e foi coletada em caatinga, cerrado e floresta estacional.

6.5. Myrciaria pilosa Sobral & Couto, Novon 16: 523. 2006. Figs. 7a; 10i

Arvores 3-5 m; ramos acinzentados, tomentosos, ritidoma se desprendendo em tiras cartáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, peciolos 4-5,5 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas alvos; lâminas foliares cartáceas, planas, 3,8-5,6 × 1,3-2,1 cm, elípticas, tomentosas, ápice acuminado, base cuneada, margem plana, glândulas conspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 17-26 pares, saliente em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências fasciculares, 6-8 flores. Flores tetrâmeras, axilares, pedicelos 1,2-1,5 mm compr., tomentosos, tricomas alvos; brácteas 0,9-1,1 × 0,6-0,9 mm, ovadas, tomentosas; bractéolas 0,9-1,3 × 1,2-1,5 mm, ovadas, tomentosas; lobos calicinais verdes, ereto, fundidos, 0,3-1,4 × 1,2-1,5 mm, tomentosos; corola alva, pétalas 1,3-1,8 × 0,8-1 mm, obovadas, tomentosas; estames 54-69, filetes 1,1-1,5 mm compr., anteras 0,3-0,6 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 2,2-3,5 mm compr., pilosos na base; hipanto prolongado acima do ovário, 1,8-2 mm compr.; ovário com 4 óvulos por lóculo. Frutos não vistos.

Material examinado: Jurema, estrada para São Domingos, 14º27’21,5”S, 42º31’6”W, 905 m, 22.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 287. (HUEFS); subida para Riacho de Areia, 14º45’33”S, 42º34’38”W, 1.169 m alt., 21.I.2013, fl., A. Stadnik et al. 106 (AJU, ALCB, BHCB, CEPEC, HUEFS, MBM, RB); Riacho de Areia, 14º45’37”S, 42º34’41”W, 1.166 m alt., 27.V.2014, fl., A. Stadnik et al. 204 (ALCB, HUEFS, SP); caminho para mata de grotão, 14º46’54,7”S, 42º34’4,9”W, 994 m alt., 20.I.2015, fl. e fr., A. A. Stadnik et al. 264 (ALCB, HUEFS); Xaxá, mata depois do campo rupestre, 14º38’44,5”S, 42º33’17,8”W, 1.053 m alt., 21.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 269 (ALCB, HUEFS, R, UB); 14º38’45”S, 42º33’16”W, 1.044 m alt., 12.V.2015, fl. e fr., A. Stadnik et al. 306 (ALCB, HUEFS, RB).

Distribuição e comentários: Myrciaria pilosa é endêmica do Brasil ocorrendo na Bahia e em Minas Gerais (Sobral & Couto 2006Sobral M & Couto F (2006) Four new Myrtaceae from Eastern Brasil. Novon 16: 520-529.; Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie se assemelha vegetativamente a M. floribunda, porém difere pelas flores pediceladas (vs. sésseis), densamente tomentosas (vs. esparsamente tomentosas). Na SGLA, M. pilosa é frequente e ocorre em áreas de cerrado, florestas estacionais.

7. Plinia L.

7.1. Plinia cauliflora (Mart.) Kausel, Ark. Bot., 3: 508. 1956. Figs. 7b,c; 10j

Árvores 3-4 m alt.; ramos acinzentados, pubescentes, ritidoma se desprendendo em placas cartáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 1,8-2,2 mm compr., sulcados, pubescentes, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 2-3,4 × 1,2-1,4 cm, elípticas, pubescentes, ápice agudo, às vezes com pequeno mucron, base cuneada, margem plana, glândulas inconspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 13-17 pares, levemente salientes em ambas as faces, nervura marginal presente, 1,1-1,5 mm distância da margem. Inflorescências fasciculares, axilares ou caulifloras, 6-8 flores; flores tetrâmeras, pedicelos 1,8-4,3 mm compr., puberulentos, tricomas ferrugíneos; brácteas 1,8-2,3 × 1,2-1,7 mm, ovada, tomentosa; bractéola 0,3-0,6 × 0,7-0,9 mm, triangulares, tomentosas; lobos calicinais verdes, pendentes, livres, 1,1-1,4 × 1,3-1,5 mm, triangulares, glabros; corola alva, pétalas 2,2-2,3 × 1,8-1,3mm, obovadas, glabras; estames 36-52, filetes 3,4-5,8 mm compr., antera 0,4-0,6 mm compr., com um glândula apical, estigmas capitados, estiletes 1,8-3,5 mm compr., glabros; hipanto prolongado acima do ovário 1-1,2 mm compr. Frutos 12-15,3 mm diâm., roxos quando maduros, glabros. Semente 1 por fruto.

Material examinado: Jurema, estrada para São Domingos, 14º27’21,5”S, 42º31’6”W, 905 m alt., 22.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 288 (BHCB, HUEFS, RB); garimpo das ametistas, 14º31’43”S, 42º32’5”W, 825 m alt., 5.XI.2013, fl. e fr., A. Stadnik et al. 191 (ALCB, AJU, CEPEC, HUEFS); Santa Clara, 14º29’52”S, 42º32’44”W, 972 m alt., 25.V.2013, fl., A. Stadnik et al. 170 (ALCB, HUEFS); Xaxá, subida para o campo rupestre, 14º39’11”S, 42º33’3”W, 944 m alt., 21.I.2015, fl. e fr., A. Stadnik et al. 296 (HUEFS, UB).

Distribuição e comentários: Plinia cauliflora é amplamente distribuída nas Américas Central e do Sul, ocorrendo no Brasil nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie caracteriza-se pelas folhas com nervura marginal evidente, inflorescências em fascículos e lobos calicinais persistente. Na SGLA, P. cauliflora é frequente, ocorrendo em áreas de cerrado e floresta estacional.

8. Psidium L.

8.1. Psidium appendiculatum Kiaersk, Enum. Myrt. Bras. 33. 1893. Figs. 8a; 10k

Arbustos ou árvores 0,5-4 m; ramos amarronzados, tomentosos, ritidoma desprendendo em placas cartáceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 1,7-3,8 mm compr., sulcados ou inteiros, pubescentes, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 3,3-7,3 × 1,5-3,9 cm, elípticas a obovadas, tomentosas, ápice acuminado, base cuneada, margem revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 7-16 pares, sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervura marginal ausente. Flores solitárias, pentâmeras, axilares, pedicelos 1,7-9,4 mm compr.; brácteas não vistas; bractéolas 5,2-5,4 × 0,4-0,6 mm, lineares, pubescentes, persistentes; lobos calicinais verdes, parcialmente fundidos, eretos, 2,1-2,5 × 0,3-0,5 mm, lanceolados, rompendo-se longitudinalmente, pubescentes; corola, androceu e gineceu não vistos; hipanto não prolongado acima do ovário. Frutos esferoides, 9,2-10,7 mm diâm., amarelos quando maduros, pubescentes. Sementes 5-10 por fruto.

Material examinado: caminho para o Cachoeirão, 14º41’35”S, 42º32’48”W, 885 m alt., 23.I.2013, fr., A. Stadnik et al. 111 (ALCB, HUEFS, RB, UB); São Domingos de Baixo, estrada para Jurema, 14º27’21”S, 42º31’38”W, 905 m alt., 22.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 282 (ALCB, HUEFS); 14º27’21”S, 42º31’38”W, 905 m alt., 14.V.2015, fr., A. Stadnik et al. 334 (ALCB, HUEFS); Xaxá, 14º38’44”S, 42º33’18”W, 1.053 m alt., 21.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 275 (ALCB, HUEFS, RB).

Distribuição e comentários: Psidium appendiculatum é endêmico do nordeste brasileiro (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie é caracterizada principalmente pelos lobos calicinais lanceolados com um múcron no ápice (Fig. 10k). Na SGLA a espécie é pouco frequente na área e ocorre em áreas de Cerrado e florestas estacionais.

8.2. Psidium brownianum Mart. ex DC. Prodr. 3: 236. 1828.Fig. 7d

Arbustos ou árvores 1-2 m; ramos acinzentados, glabros, ritidoma descamando em lâminas papiráceas, ramos jovens cilindricos. Folhas decussadas, pecíolos 0-6,8 mm compr., cilindricos, glabros; lâminas cartáceas, plana, 3,5-8,7 × 1,4-4,5 cm, elípticas a ovadas, glabras, ápice acuminado a caudado, base cuneada a cordada, margem levemente revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal impressa na face adaxial e saliente na face abaxial, nervura secundárias 8-11 pares, saliente em ambas as faces, nervura marginal inconspícua. Inflorescências racemosas, auxotélicas, axilares, pedúnculos verdes, 2-4 flores. Flores trimeras, tetrâmeras ou pentâmeras, pedicelos 5,5-15,9 mm compr.; brácteas 2-1,5 × 0,5-1 mm, ovadas, glabras, decíduas; bractéolas, 1-1,2 × 0,4-0,6 mm, lanceoladas, glabras, decíduas; lobos calicinais verdes completamente fundidos, eretos, 3-5,2 × 2,8-3,2 mm, irregulares, rompendo-se longitudinalmente, glabros; corola alva, pétalas 3,8-4,1 × 2,3-3,3 mm, obovadas, glabras; estames 246-320, filetes 1-5,5 mm compr., anteras 0,8-1,8 mm compr., com uma glândula apical; estigmas puntiformes, estiletes 4-4,5 mm compr., glabros; hipanto não prolongado acima do ovário; ovários biloculares; óvulos 10-12 por lóculo. Frutos elipsoides, 0,6-1,3 mm diâm., frutos verdes, glabros. Sementes 10-23 por fruto.

Material examinado: Jurema, estrada para São Domingos, 14º27’21,5”S, 42º31’6”W, 905 m alt., 22.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 283 (ALCB, HUEFS); Xaxá, mata depois do campo rupestre, 14º38’44,5”S, 42º33’17,8”W, 1.053 m alt., 21.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 271 (ALCB, HUEFS, RB).

Distribuição e comentários: Psidium brownianum ocorre na Venezuela e leste do Brasil (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; Sobral et al. 2016). Possui variação morfológica foliar grande, podendo apresentar folhas pediceladas ou sésseis, lâminas elípticas ou ovadas (Giaretta & Peixoto 2015Giaretta A & Peixoto AL (2015) Myrtaceae da restinga no norte do Espírito Santo, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão 37: 53-134.). Psidium brownianum pode ser confundido com espécies de Eugenia, uma vez que tem dois lóculos no ovário e lobos calicinais fundidos, podendo se partir em quatro lobos, contudo, difere pelo grande número de sementes no fruto (vs. 1-2 sementes) e os lobos irregulares (vs. lobos regulares) (Giaretta & Peixoto 2015Giaretta A & Peixoto AL (2015) Myrtaceae da restinga no norte do Espírito Santo, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão 37: 53-134.). Na SGLA é pouco frequente e ocorre em áreas de floresta estacional.

8.3. Psidum cattleianum Sabine, Trans. Hort. Soc. London 4: 317. 1821.

Árvores 5 m alt.; ramos acinzentados, tomentosos, ritidoma descamando em placas cartaceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 7,4-9 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 10,2-11,6 × 4,5-5,8 cm compr., obovadas, tomentosas, ápice atenuado, base cuneada, margem revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 15-20 pares, sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervura marginal ausente. Flores solitárias, pentâmeras, axilares, pedicelos 7,3-7,5 mm compr.; brácteas e bractéolas não vistas; lobos calicinais verdes, fundidos, eretos, 2-2,5 × 3,6-4,2 mm, irregulares, tomentosos, tricomas ferrugíneos; corola, androceu e gineceu não vistos; hipanto não prolongado acima do ovário, rompendo longitudinalmente o disco estaminal. Frutos esferoides, ca. 3,4 cm diâm., vináceos quando maduros, glabros. Sementes 50-70 por fruto.

Material examinado: Xaxá, margem do rio, 14º38’44,5”S, 42º33’17,8”W, 923 m alt., 7.VIII.2014, fr., M.L. Guedes et al. 22165 (ALCB).

Distribuição e comentários: P. cattleianum tem ampla distribuição no leste do Brasil, ocorrendo desde o Ceará ao Rio Grande do Sul, chegando até o Uruguai (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie pode ser caracterizada pelas folhas obovadas e quando secas, as venações se destacam pela cor mais escura; os lobos calicinais se partem profundamente, rompendo o disco estaminal. Na SGLA, P. cattleianum se assemelha a P. rufum no formato da folha e tipo de indumento, porém, difere pelo formato dos lobos irregulares (vs. triangulares), frutos vináceos (vs. amarelos), numerosas sementes (vs. 3-5). A ocorrência na área é rara, em áreas de floresta estacional.

8.4. Psidium firmum O. Berg, Fl. bras. 14(1): 390. 1857. Figs. 7e; 10l

Subarbustos ca. 50 cm alt.; ramos acinzentados ou amarronzados, puberulentos, ritidoma descamando em placas cartáceas, ramos jovens cilindricos. Folhas decussadas, pecioladas; pecíolos 3,1-6 mm compr., cilíndricos, puberulentos, tricomas hialinos; lâminas foliares coriáceas, planas, 4,2-7,3 × 1,5-4,2 cm, elípticas, glabras, ápice acuminado, base cuneada a obtusa, margem levemente revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 10-15 pares, saliente em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências racemosas, axilares, pedúnculos verdes, 4-8 flores. Flores pentâmeras, pedicelos 2,4-6,6 mm. compr.; brácteas 2-3 × 0,5-1 mm., ovadas, puberulentas, decíduas; bractéolas 1-1,5 × 0,6-0,7 mm, lanceoladas, puberulentas, decíduas; lobos calicinais verdes, eretos, fundidos na base, rompendo-se longitudinalmente, 2,2-4,5 × 3-4,1 mm, triangulares, glabros; corola, estames e gineceu não vistos; hipanto prolongado acima do ovário, 0,5-0,8 mm compr. Frutos esferoides, 9,5-14,2 mm diâm., verdes imaturos, glabros. Sementes 15-20 por fruto.

Material examinado: Saco da Onça, cerrado, 14º44’38,9”S, 42º34’22,5”W, 963 m alt, 14.X.2014, fr., A. Stadnik et al. 224 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Psidium firmum é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da região Sudeste, bem como em Goiás, Distrito Federal e Bahia (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie se distingue pelo porte subarbustivo, com folhas coriáceas, glabras elobos calicinais rígidos, eretos, formando uma coroa sobre o fruto (Fig. 10l). Na SGLA, P. firmum tem ocorrência rara, coletado apenas uma vez em áreas de cerrado, com frutos imaturos.

8.5. Psidium ganeviiLandrum & Funch, Novon 18(1): 75-77. 2008Landrum RL & Funch LS (2008) Two new species of Psidium (Myrtaceae) from Bahia, Brazil. Novon 18: 74-77.. Figs. 7f; 10m

Arbustos ou árvores 3-5 m; ramos marrons acinzentados, puberulentos, ritidoma desprendendo em placas coriáceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 2,4-4,6 mm compr., sulcados, puberulentos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares coriáceas, planas, 3-4,6 × 1,2-3,1 cm, elípticas, puberulentas, ápice arredondado, obtuso ou retuso, base cuneada a arredondada, margem revoluta, glândulas conspícuas, nervura principal impressa na face adaxial e saliente na abaxial, nervura secundária 8-11 pares, impressa nas duas faces, nervura marginal ausente. Flores solitárias, pentâmeras, axilares, pedicelos 7,6-16,2 mm compr.; brácteas e bractéolas não vistas; lobos calicinais vináceos, parcialmente fundidos, eretos, 2-3,4 × 4-4,6 mm, transversalmente oblongos, rompendo-se longitudinalmente, puberulentos; corola alva, pétalas 5,8-6,1 × 5-5,4 mm, obovadas, glabras; estames 310-375, filetes 1,1-3,4 mm compr., antera 0,3-0,7 mm compr., com uma glândula apical; estigmas punctiformes, estiletes 4,7-5,4 mm compr., glabros; hipanto prolongado acima do ovário, 1,9-2 mm compr.; ovários triloculares, 12-14 óvulos por lóculo. Frutos esferoides, 1,6-2,4 cm diâm, vináceos quando maduros, glabros. Semente 3-10 por fruto.

Material examinado: Cachoeirão, 14º45’28”S, 42º34’38”W, 1.116 m alt., 13.V.2015, fr., A. Stadnik et al. 319 (ALCB, HUEFS); Xaxá, 14º39’43”S, 42º32’52”W, 954 m alt., 17.IX.2011, fl. e fr., N. Roque et al. 3363 (ALCB); mata ciliar, 14º39’9”S, 42º32’48”W, 924 m alt., 5.IV.2013, fr., R.L. Borges et al. 101 (HUEFS); próximo a um córrego, 14º41’3”S, 42º32’44,1”W, 968 m alt., 28.V.2014, fr., A. Stadnik et al. 216 (ALCB, HUEFS, RB).

Distribuição e comentários: Psidium ganevii é endêmico da Bahia, ocorrendo apenas na Chapada Diamantina (Landrum & Funch 2008Landrum RL & Funch LS (2008) Two new species of Psidium (Myrtaceae) from Bahia, Brazil. Novon 18: 74-77.), agora ampliando a ocorrência para a Serra do Espinhaço. A espécie tem indumento puberulento, ferrugíneo, folhas com margem revoluta e, quando secas, apresentam cor amarronzada. Os lobos calicinais são parcialmente fundidos e depois da antese adquirem forma transversalmente oblongos (Fig. 10m). Na SGLA a espécie é rara e foi coletada em áreas floresta estacional e cerrado.

8.6. Psidium grandifolium Mart. ex DC., Prodr. 3: 234. 1828.Fig. 8b

Arbustos ca. 1 m alt.; ramos cinza avermelhados, lanosos, ritidoma se desprendendo em tiras cartáceas ou coriáceas, ramos jovens quadrados. Folhas decussadas, pecíolos 0,5-5,9 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas alvos; lâminas foliares cartáceas, conduplicadas, 4,4-8,9 × 2,3-4,3 cm, elípticas, lanosas, ápice arredondado às vezes mucronado, base arredondada a cordada, margem revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 5-7 pares, salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Inflorescências dicasiais, axilares, pedúnculos glaucos, 3 flores. Flores pentâmeras pediceladas; pedicelos 8,1-8,6 mm compr.; brácteas 3,4-4,2 × 1-1,2 mm, lanceoladas, tomentosas, persistentes; bractéolas 1,7-2,1 × 0,7-0,8 mm, lanceoladas, tomentosas, persistentes; lobos calicinais verdes, fundidos, rompendo longitudinalmente, eretos, 2,4-5,1 × 3,1-4,8 mm, triangulares a ovados, densamente tomentosos na face interna; corola alva, pétalas 2,8-5,2 × 2,9-4,5 mm, elípticas, glabras; estames 397-418, filetes 0,5-4,7 mm compr., anteras 0,2-0,7 mm compr., com uma glândula apical; estigmas truncados, estiletes 3-4,2 mm compr., glabros; hipanto concrescido acima do ovário, 1,7-2,3 mm compr.; ovários tetraloculares, 81-89 óvulos por lóculo. Frutos esferoides ou piriformes 1-2,4 cm diâm., amarelos quando maduros, tomentosos. Sementes 25-58 por fruto.

Material examinado: Saco da Onça, 14º44’44”S, 42º34’23”W, 1.032 m alt., 28.X.2012, fl., A. Stadnik et al. 88 (HUEFS); 14º44’38”S, 42º34’22”W, 963 m alt, 27.V.2014, fr., A. Stadnik et al. 198 (HUEFS); Xaxá, 14º41’55”S, 42º33’30”W, 1.020 m alt., 23.I.2013, fr., A. Stadnik et al. 114 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Psidium grandifolium é amplamente distribuído pela Argentina, Bolívia, Brasil, Guianas, Paraguai e Venezuela e representa um dos problemas taxonômicos no gênero, o complexo Psidium grandifolium (Landrum 2005Landrum LR (2005) A Revision of the Psidium grandifolium complex (Myrtaceae). SIDA 21: 1335-1354.). Na SGLA P. grandifolium diferencia-se de P. guineense pelos ramos jovens quadrados (vs. achatado), folhas conduplicadas (vs. planas) e indumento lanoso (vs. indumento tomentoso). Psidium grandifolium é pouco frequente na SGLA, ocorrendo em áreas de campo rupestre e cerrado.

8.7. Psidium guajava L., Sp. Pl. 1: 470. 1753.Fig. 8c

Árvores ca. 2 m alt.; ramos cinza-avermelhados, tomentosos, ritidoma se desprendendo em tiras cartáceas, ramos jovens quadrangulares. Folhas decussadas, pecíolos 3,7-6 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas alvos; lâminas foliares cartáceas, planas, 5,6-8,2 × 3,5-5,2 cm, elípticas, face adaxial verde acinzentado, face abaxial verde clara, tomentosa, ápice arredondado a retuso, base arredondada, margem levemente revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 15-17 pares, sulcadas na face adaxial e salientes na face abaxial, nervura marginal ausente. Flores solitárias, tetrâmeras ou pentâmeras, axilares, pedicelo 11,3-12,8 mm compr.; brácteas não vistas; bractéolas 1,8-2,1 × 0,2-0,4 mm, lanceoladas, tomentosas, persistentes; lobos calicinais verdes fundidos, rompendo-se longitudinalmente, eretos, 8,3-9,6 × 5-6,4 mm, irregulares, glabrescentes; corola não vista; estames 360-385, filetes 1,1-1,5 mm compr., anteras 0,4-0,9 mm compr., com uma glândula apical; estigma nabiforme, estiletes 4,8-9,5 mm compr., glabros; hipanto não prolongado acima do ovário; ovários tetra ou pentaloculares, 90-104 óvulos por lóculo. Frutos esferoides, 26-32 mm diâm., amarelos quando maduros, glabrescentes. Sementes 40-95 por fruto.

Material examinado: garimpo das ametistas, 14º31’43”S, 42º32’5”W, 825 m alt., 5.XI.2013, fl. e fr., A. Stadnik et al. 192 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Psidium guajava é amplamente distribuída e cultivada na América tropical e subtropical (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
). A espécie pode ser confundida com P. guineense, uma vez que ambas têm uma alta taxa de hibridização natural (Landrum 1995), porém diferencia-se principalmente pelos ramos quadrangulares (vs. achatados), comumente 10-22 pares de nervuras secundárias (vs. 5-10 pares) e flores geralmente solitárias (vs. dicásios). Na SGLA, a espécie foi coletada em uma área antropizada onde há extração de ametista.

8.8. Psidium guineense Sw., Nov. Gen. Sp. Pl. 77. 1788.

Arbustos ou árvores 0,5-7 m; ramos acinzentados, tomentosos, ritidoma descamando em placas coriáceas, ramo jovem achatado. Folhas decussadas, pecíolos 5,6-13,9 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas alvos, cinzas ou ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 6,2-12,1 × 3,4-7,1 cm, elípticas, tomentosa, glabrescente, ápice agudo a arredondado, base cuneada a arredondada, margem levemente revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 6-9 pares, impressas na face adaxial, salientes na face abaxial, nervura marginal ausente. Inflorescências dicasiais, axilares, pedúnculos verdes, flores 3-7. Flores trimeras, tetrâmeras ou pentâmeras, pedicelos 0-8,8 mm compr.; brácteas 1,3-2,1 × 0,4-0,7 mm, lanceoladas, tomentosas, persistentes; bractéolas 2,8-3 × 0,8-1 mm, lanceoladas, tomentosas, persistentes; lobos calicinais verdes, fundidos, rompendo-se longitudinalmente, eretos, 4,4-5,5 × 2,4-6,5 mm, irregulares, tomentosos; corola alva, pétalas 5-12 × 3,8-5,1 mm, elípticas, tomentosas; estames 295-350, filete 1,4-5,2 mm compr., anteras 0,8-1,8 mm compr., com uma glândula apical; estigmas nabiformes, estiletes 4,5-7 mm compr., tomentosos; hipanto concrescido acima do ovário, 1,2-1,4 mm compr.; ovários tri ou tetraloculares, 76-83 óvulos por lóculo. Frutos esferoides, 2,3-2,6 cm diâm., róseos quando maduros, glabrescentes. Sementes 63-80 por fruto.

Material examinado: Cachoeirão, 14º45’28”S, 42º34’38”W, 1.116 m alt., 4.XI.2013, fl., A. Stadnik et al.177 (ALCB, HUEFS); Jurema, estrada para São Domingos, 14º27’21,5”S, 42º31’6”W, 905 m alt., 22.I.2015, fl., A. Stadnik et al. 280 (ALCB, HUEFS, RB, UB); Lameirão, 14º41’33”S, 42º31’55”W, 814 m alt., 5.XI.2013, fl., A. Stadnik et al. 183 (AJU, ALCB, HUEFS, RB, UB); Saco da Onça, 14º44’39”S, 42º34’22”W, 963 m alt., 14.X.2014, fl., A. Stadnik et al. 221 (HUEFS); 14º35’S, 42º31’35,2”W, 779 m alt., 20.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 249 (HUEFS); Santa Clara, 14º29’52”S, 42º32’44”W, 972 m alt., 28.X.2012, fl., A. Stadnik et al. 99 (HUEFS); 14º29’52”S, 42º32’44”W, 972 m alt., 25.V.2013, fr., A. Stadnik et al.168 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Psidium guineense tem ampla distribuição na América do Sul e México (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
). A espécie é frequentemente confundida com outras que também ocorrem na área (ver P. grandifolium e P. guajava). A espécie caracteriza-se pelas folhas conduplicadas, fortemente discolores, face abaxial da lâmina glauca. Na SGLA é frequente, ocorrendo em áreas de Cerrado e florestas estacionais.

8.9. Psidium myrsinites Mart. ex DC., Prodr. 3: 236. 1828.Fig. 8d,e; 10n

Arbustos ou árvores 1-2 m alt.; ramos cinza amarronzados, pubescentes, ritidoma desprendendo em placas papiráceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 0,5-2 mm compr., inteiros, pubescentes, tricomas cinzas; lâminas foliares membranáceas, planas, 4,3-10,1 × 1,6-4,1 cm, obovadas, pubescentes, ápice agudo a arredondado, base truncada, margem plana, glândulas inconspícuas, nervura principal impressa ou levemente saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 6-9 pares, levemente salientes em ambas as faces, nervura marginal ausente. Flores solitárias, pentâmeras, axilares, pedicelos 7,7-21,8 mm compr.; brácteas 0,8-1,3 × 0,2-0,5 mm, lanceoladas, pubescentes, decíduas; bractéolas 1,6-2,4 × 0,5-0,6 mm, lanceoladas, pubescentes, persistentes; lobos calicinais vináceos, fundidos, rompendo-se longitudinalmente, eretos, 2,3-3,3 × 3,1-3,8 mm, ovados a estreito-ovados, tomentosos; corola alva, pétalas 8,3-9,1 × 5-7 mm, obovadas, tomentosas; estames 223-232, filetes 1-3,4 mm compr., anteras 0,4-1 mm compr., com três glândulas; estigmas capitados, estiletes 6,4-9 mm, glabros; hipanto concrescido acima do ovário, ca. 0,1 mm compr.; ovários triloculares, 50-61 óvulos por lóculo. Frutos largamente elipsoides, 20-25 mm diâm., amarelos quando maduros, tomentosos. Sementes 3-5 por fruto.

Material examinado: caminho para a Pedra Preta, 14º44’43”S, 42º32’44”W, 854 m alt., 21.I.2013, fl., A. Stadnik et al. 101 (ALCB, HUEFS, RB); Pedra Preta, 12º41’39”S, 39º9’2”W, 917 m alt., 4.XI.2013, fl., A. Stadnik et al. 171 (ALCB, HUEFS); Riacho de Areia 14º45’32”S, 42º34’38”W, 1.163 m alt., 20.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 251 (HUEFS).

Distribuição e comentários: Psidium myrsinites tem ampla distribuição no Brasil chegando até a Bolívia (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015). A espécie é reconhecida pelas folhas subsésseis, lâmina membranácea, obovada, base truncada e marrom escura quando secas. Na SGLA, a espécie é frequente em áreas de Cerrado.

8.10. Psidium oligospermum Mart. ex DC., Prodr. 3: 236. 1828.

Árvores 1-4 m alt.; ramos glabros, acinzentados, ritidoma desprendendo em placas papiráceas, ramos jovens cilíndricos. Folhas decussadas, pecíolos 3,5-5,3 mm compr., sulcados, pubescentes, tricomas hialinos; lâminas foliares cartáceas, planas, 3,5-7,8 × 1,3-2,9 cm, elípticas a lanceoladas, glabras, ápice acuminado, base cuneada, margem plana, glândulas inconspícuas, nervura principal impressa ou levemente saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 6-12 pares, impressas na face adaxial e salientes na face abaxial, nervura marginal ausente. Inflorescências dicasiais ou flores solitárias, axilares, ou 1-3, pedúnculos verdes. Flores pentâmeras, ou caliptradas, pedicelos 1,3-1,8 cm compr.; brácteas e bractéolas não vistas; lobos calicinais verdes, fundidos, geralmente rompendo-se transversalmente, 3,6-4,7 × 2,3-4,1 mm, tomentosos; corola alva com estrias rosadas, pétalas 4,2-5,6 × 4,7-5,1 mm, ovadas a largamente elípticas, tomentosas; estames 180-252, filete 1,6-4,8 mm compr., anteras 0,5-0,7 mm compr., com uma glândula apical; estigmas capitados, estiletes 5-8,5 mm compr., pilosos na base; hipanto prolongado acima do ovário, 1,8-2 mm compr.; ovários triloculares, 26-30 óvulos por lóculo. Frutos piriformes, 9-10,8 mm diâm., amarelos quando maduros, glabrescentes. Sementes 3-5 por fruto.

Material examinado: Cachoeirão, 14º45’28”S, 42º34’38”W, 1.116 m alt., 13.V.2015, fr., A. Stadnik et al. 320 (ALCB, HUEFS); São Domingos de Baixo, estrada para Jurema, 14º27’21”S, 42º31’38”W, 905 m alt., 22.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 281 (ALCB, HUEFS); 14º27’21”S, 42º31’38”W, 905 m alt., 14.V.2015, fr., A. Stadnik et al. 335 (ALCB, HUEFS); trilha para o Cachoeirão, 14º41’33”S, 42º31’52”W, 785 alt., 23.V.2013, fr., A. Stadnik et al.158 (AJU, ALCB, HUEFS, RB, UB).

Distribuição e comentários: Psidium oligospermum é endêmica do Brasil (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
), ocorrendo no Nordeste, Minas Gerais e Goiás (BFG 2015). A espécie é caracterizada pela lâmina foliar elíptica com manchas verdes quando seca, lobos do lobos calicinais partindo transversalmente e frutos piriformes. Na SGLA, a espécie assemelha-se a P. rhombeum mas pode ser diferenciada pelos ramos jovens cilíndricos (vs. achatados), lâmina foliar elíptica (vs. geralmente obtrulada ou rômbica), geralmente lobo partido transversalmente dando aspecto de caliptra (vs. lobos triangulares partindo longitudinalmente). Psidium oligospermum é bem frequente em ambientes de Cerrado e borda de florestas estacionais.

8.11. Psidium rhombeum O. Berg, Fl. bras. 14(1): 383. 1857.Fig. 11i

Árvores ca. 4 m alt.; ramos acinzentados, tomentosos, ritidoma desprendendo em placas coriáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 1,3-2 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas acinzentados; lâminas foliares cartáceas, planas, 2,9-4,5 × 1,6-2,9 cm, obtruladas ou rômbicas, raro elípticas, tomentosas nas venações, glandulas inconspícuas, nervura principal impressa na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 8-11 pares, salientes nas duas faces, nervura marginal ausente. Flores solitárias, tetrâmeras ou pentâmeras, axilares, pedicelos 4,2-7,5 mm compr.; brácteas e bractéolas não vistas; lobos calicinais verdes, fundidos, rompendo-se longitudinalmente, reflexos, 1,8-2,4 × 1,8-2,5 mm, elípticos ou triangulares, tomentosos; corola alva, pétalas 5,3-5,7 × 5,6-5,9 mm, circulares, tomentosas; estames 140-190, filetes 1,7-3,4 mm compr., anteras 0,6-0,8 mm, com uma glândula apical; estigmas capitados, estiletes 7,2-7,4 mm compr., glabros; hipanto não prolongado acima do ovário; ovários biloculares, 10-16 óvulos por lóculo. Frutos elipsoides, 4,2-7,2 mm diâm., verdes imaturos, glabros. Sementes 3-6 por fruto.

Material examinado: Jurema, estrada para São Domingos, 14º27’21,5”S, 42º31’6”W, 905 m alt., 22.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 280 (ALCB, HUEFS, RB, UB); Lagoa Vereda, 14º34’11,5”S, 42º27’59”W, 738 m alt., 11.XII.2009, fl. e fr., F.S. Gomes et al. 336 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Psidium rhombeum é endêmica da Bahia (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015). A espécie pode ser reconhecida pela lâmina foliar com formato obtrulado ou rômbico e flores solitárias. P. rhombeum é rara na SGLA, ocorrendo em áreas de cerrado.

8.12. Psidium rufum Mart. ex DC., Prodr. 3: 234. 1828.Fig. 11j,k

Árvores ca. 4 m alt.; ramos avermelhados, tomentosos, ritidoma se desprendendo em placas cartáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 5,3-8,3 mm compr., sulcados, tomentosos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 6,3-9,3 × 3,3-4,3 cm, obovadas, tomentosas, ápice agudo a acuminado, base cuneada, margem plana, glandulas inconspícuas, nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial, nervuras secundárias 12-19 pares, sulcadas na face adaxial e salientes na face abaxial, nervura marginal ausente. Inflorescências racemosas, axilares, 3-6 flores. Flores tetrâmeras ou pentâmeras, pedicelos 4,5-9,8 mm compr.; brácteas e bractéolas não vistas; lobos calicinais ferrugíneos, fundidos na base, rompendo-se longitudinalmente, reflexos, 2,8-3,2 × 3,4-4,2 mm, triangulares, tomentosos; corola alva, pétalas 7,9-9,2 × 9,2-10,4 mm, circulares, tomentosas; estames 185-210, filetes 2,4-7,8 mm compr., anteras 0,8-1,3 mm compr., eglandulares; estigmas nabiformes, estiletes 7,6-7,8 mm compr., glabros; hipanto prolongado acima do ovário, 0,3-0,4 mm compr.; ovários triloculares, 10-15 óvulos por lóculo. Fruto esferoide, 1,3-1,8 cm diâm., amarelos quando maduros, tomentosos. Sementes 3-5 por fruto.

Material examinado: Saco da Onça, 14º44’44”S, 42º34’23”W, 1.032 m, alt., 28.X.2012, fr., A. Stadnik et al. 94 (HUEFS); Xaxá, 14º41’3”S, 42º32’44”W, 968 m alt., 28.V.2014, fr., A. Stadnik et al. 215 (AJU, ALCB, HUEFS, RB, UB); 14º41’3”S, 42º32’44”W, 968 m alt., 21.I.2015, fr., A. Stadnik et al. 277 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Psidium rufum é endêmica do Brasil e ocorre na porção leste do país (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). Assemelha-se com P. cattleianum (mais detalhes em comentários da espécie) e pode ser reconhecida pelo indumento densamente tomentoso, ferrugíneo, com frutos tomentosos, amarelos e polpa pastosa com 3-5 sementes. Psidium rufum é frequente na SGLA, uma vez que foi coletada em duas áreas distintas da serra, ambas em floresta estacional.

8.13. Psidium schenckianum Kiaersk, Enum. Myrt. Bras. 34. 1893.

Arbustos ca. 2 m alt.; ramos acinzentados, puberulentos, ritidoma desprendendo em pequenas placas membranáceas, ramos jovens achatados. Folhas decussadas, pecíolos 1,2-1,5 mm compr., inteiros, puberulentos, tricomas ferrugíneos; lâminas foliares cartáceas, planas, 1,1-2,1 × 0,4-0,3 cm, elípticas, glabras, ápice agudo, base cuneada, margem revoluta, glândulas conspícuas, nervura principal impressa ou levemente saliente em ambas as faces, nervuras secundárias inconspícuas, nervura marginal ausente. Flores solitárias, trímeras, tetrâmeras ou pentâmeras, pedicelos 1,6-1,8 cm compr.; brácteas não vista; bractéolas 2,5-3,2 × 0,3-0,4 mm, lineares, glabras, decíduas; lobos calicinais verdes, fundidos na base, rompendo-se longitudinalmente, 2,1-2,4 × 0,9-1,2 mm, cristados, glabros; corola alva, pétala 4,3-4,8 × 3,4-3,6 mm, elípticas, tomentosas; estames 160-203, filetes 2,2-4,6 mm compr., anteras 0,3-0,5 mm compr., com uma glândula apical; estigmas truncados, estiletes 4,2-4,4 mm compr., glabros; hipanto prolongado acima do ovário, 1,2-1,4 mm compr.; ovários triloculares, 5-8 óvulos por lóculo. Frutos elipsoides, 6,1-6,7 mm diâm., verdes imaturos, glabros. Sementes 2-3 por fruto.

Material examinado: Lagoa Vereda, 14º34’11,5”S, 42º27’59”W, 738 m alt., 11.XII.2009, fl., F.S. Gomes et al. 338 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Psidium schenckianum é endêmico do Brasil, ocorrendo no nordeste no país (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). É reconhecida pelas folhas pequenas e lobos calicinais cristados. A espécie é semelhante a P. glaziovianum, devido ao formato dos lobos do lobos calicinais e número de lóculos no ovário, no entanto, P. schenckianum apresenta lâmina foliar com 1,1-2,1 cm (vs. 3,3-7,3 cm), glabra (vs. pubescente), hipanto prolongado acima do ovário (vs. hipanto não prolongado), fruto com 2-3 sementes (vs. 5-10). Na SGLA a espécie é rara e foi coletada em áreas de cerrado e caatinga rupestre.

8.14. Psidium salutare (Kunth) O. Berg var. pohlianum (O. Berg) Landrum, Sida 20: 1466 (2003).Fig. 8f

Árvores ca. 3 m alt.; ramos acinzentados a enegrecidos, glabros, ritidoma desprendendo em placas lenhosas, ramos jovens cilindricos. Folhas decussadas, pecíolos 1,1-1,3 mm compr., inteiros, glabros; lâminas foliares coriáceas, planas, 3-3,9 × 1,8-3 mm, obovadas, glabras, ápice arredondado, base cuneada, margem levemente revoluta, glândulas inconspícuas, nervura principal impressa ou levemente saliente em ambas as faces, nervuras secundárias 9-13 pares, impressas na face adaxial e salientes na face abaxial, nervura marginal ausente. Inflorescências racemosas, axilares, pedúnculos verdes, 6-8 flores. Flores pentâmeras, pedicelos 5,4-9 mm compr.; brácteas e bractéolas não vistas; lobos calicinais verdes, parcialmente fundidos, eretos, 1,8-1,9 × 2,9-3,1 mm oblongos, glabros; corola, androceu e gineceu não vistos; hipanto não prolongado acima do ovário. Frutos esferoides, 6,6-10,8 mm diâm., vináceos quando maduros, glabros. Sementes 4-8 por fruto.

Material examinado: São Domingos, 14º27’24”S, 42º32’19”W, 1.000 m, 25.II.2012, fr., M. Alves et al. 90 (ALCB, HUEFS).

Distribuição e comentários: Psidium salutare var. pohlianum ocorre desde o sul da Venezuela até o Brasil (Govaerts et al. 2016Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
http://apps.kew.org/wcsp/...
; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
https://doi.org/10.1590/2175-78602015664...
). A espécie possui hábito arbóreo e apresenta tronco negro com sulcos profundos; os lobos calicinais são eretos e rígidos e a lâmina foliar é obovada. A espécie é rara na SGLA e foi coletada em estádio de frutificação, em área de cerrado.

  • Editora de área: Dra. Tatiana Carrijo

Agradecimentos

As autoras agradecem aos projetos PRONEM (PNE0020/2011) e Coleções Biológicas (CNPq 504208/2012-8), os recursos oferecidos para as viagens de campo; aos pesquisadores Dr. Marcos Sobral, Dr. Leslie Landrum e Dr. Jair Faria, as valiosas discussões e auxílios nas identificações; a Lídia Campos e Natan Nasciment, a confecção do mapa e das pranchas de ilustração, respectivamente; à CAPES, a bolsa de Mestrado concedida a Aline Stadnik; e ao CNPq, a bolsa de Produtividade concedida a Nádia Roque.

Referências

  • Amorim BS & Alves M (2011) Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Myrtaceae. Rodriguésia 62: 499-514.
  • Barroso GM & Funch LS (1998) Myrtaceae. In: Guedes MLS & Orge MDR (eds.) Checklist das espécies vasculares do Morro do Pai Inácio (Palmeiras) e Serra da Chapadinha (Lençóis) Chapada Diamantina, Bahia. Universidade Federal da Bahia, Salvador. Pp. 23-25.
  • Beentje H (2012) The Kew plant glossary: an illustrated dictionary of plant terms. Royal Botanic Gardens, Kew, Richmond, Surrey. 164p.
  • BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. DOI: 10.1590/2175-7860201566411
    » https://doi.org/10.1590/2175-7860201566411
  • Bünger M, Stehmann JR & Oliveira-Filho AT (2014) Myrtaceae throughout the Espinhaço Mountain Range of central eastern Brazil: floristic relationships and geoclimatic controls. Acta Botanica Brasilica 28: 109-119.
  • Campos L, Guedes ML, Acevedo-Rodríguez P & Roque N (2016) Filling floristic gaps in the Septentrional sector of Espinhaço Range, Bahia, Brazil. Brazilian Journal of Botany 4: 1-11.
  • Giaretta A & Peixoto AL (2015) Myrtaceae da restinga no norte do Espírito Santo, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão 37: 53-134.
  • Giulietti AM, Pirani JR & Harley RM (1997) Espinhaço Range region. In: Davis S, Heywood VH, Herrera MacBryde O, Villa-Lobos J & Hamilton AC (eds.) Centers of plant diversity: a guide & strategy for their conservation. Vol. 3. Cambridge University Press, Cambridge. Pp. 397-404.
  • Govaerts R, Sobral M, Ashton P, Barrie F, Holst B, Landrum L, Lucas E, Matsumoto K, Mazine F, Proença C, Soares-Silva L, Wilson P & Nic Lughadha E (2016) Myrtaceae. In: World checklist of Myrtaceae. Disponível em <http://apps.kew.org/wcsp/>. Acesso em 25 fevereiro 2016.
    » http://apps.kew.org/wcsp/
  • Harley RM (1995) Introduction. In: Stannard BL (ed.) Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Royal Botanic Gardens, Kew. Pp. 43-79.
  • Harris JG & Harris MW (1994) Plant identification terminology: an illustrated glossary. Spring Lake Publishing, Payson. 206p.
  • IBGE (2012) Manual técnico da vegetação brasileira. 2ª ed. revista e ampliada. Disponível em <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf>. Acesso em 22 abril 2016.
    » http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf
  • Kawasaki ML (1989) Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Myrtaceae. Boletim de Botânica da Universidade São Paulo 11: 121-170.
  • Kawasaki ML (2004) Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Myrtaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 22: 323-337.
  • Landim MF & Landrum LR (2002) The genus Campomanesia (Myrtaceae) in Atlantic Rainforest fragments in Sergipe, Northeast region of Brazil. SIDA 20: 205-214.
  • Landrum LR (1986) Campomanesia, Pimenta, Blepharocalyx, Legrandia, Acca, Myrrhinium and Luma (Myrtaceae). Flora Neotropica Monograph 45: 65-66.
  • Landrum LR & Kawasaki ML (1997) The genera of Myrtaceae in Brazil: an illustrated synoptic treatement and identification keys. Brittonia 49: 508-536.
  • Landrum LR (2005) A Revision of the Psidium grandifolium complex (Myrtaceae). SIDA 21: 1335-1354.
  • Landrum RL & Funch LS (2008) Two new species of Psidium (Myrtaceae) from Bahia, Brazil. Novon 18: 74-77.
  • Lourenço ARL & Barbosa MRV (2012) Myrtaceae em restingas no limite norte de distribuição da Mata Atlântica, Brasil. Rodriguésia 63: 373-393.
  • Lucas EL & Lisboa PC (2007) Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (SEDIR). Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável. PDRS Serra Geral, Salvador. 316p.
  • Lucas EJ, Harris SA, Mazine FF, Belsham SR, NicLughadha EM, Telford A, Gasson PE & Chase MW (2007) Suprageneric phylogenetics of Myrteae, the generically richest tribe in Myrtaceae (Myrtales). Taxon 56: 1105-1128.
  • Lucas E, Nunes T & Lughadha EN (2012) Lista preliminar da família Myrtaceae na Região Nordeste do Brasil. Série Repatriamento de Dados do Herbário de Kew para a Flora do Nordeste. 5a ed. Royal Botanic Gardens Kew, London. 38p
  • McVaugh R (1963) Tropical american Myrtaceae. Fieldiana - Botany, Chicago 29: 393-532.
  • Morais PO & Lombardi JA (2006) Família Myrtaceae na Reserva Particular do Patrimônio Natural da Serra do Caraça, Catas Altas, Minas Gerais, Brasil. Lundiana: 3-32
  • Mori SA, Mattos-Silva LA, Lisboa G & Coradin L (1985) Manual de manejo do herbário fanerogâmico. 2a ed. CEPLAC, Ilhéus. 97p.
  • Nic Lughadha E (1995) Myrtaceae. In: Stannard BL (ed.) Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia, Brazil. Royal Botanic Gardens, Kew. Pp. 492-517.
  • Oliveira MIU, Funch LS & Landrum LR (2012) Flora da Bahia: Campomanesia (Myrtaceae). Sitientibus série Ciências Biológicas 12: 91-107.
  • Radford AE, Dickison WC, Massey JR & Bell CR (1974) Vascular plant systematics. Harper & Row Publishers, New York. 891p.
  • Rapini A, Ribeiro PL, Lambert s & Pirani JR (2008) A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. Megadiversidade 4: 16-24.
  • Saadi A (1995) A geomorfologia da Serra do Espinhaço em Minas Gerais e de suas margens. Geonomos 3: 41-63.
  • Silva JA, Machado RB, Azevedo AA, Drumond GM, Fonseca RL, Goulart MF, Morais Júnior EA, Martins CS & Neto MBR (2008) Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil. Megadiversidade 4: 272-309.
  • Sobral M (2003) A Família Myrtaceae no Rio Grande do Sul. Unisinos, São Leopoldo. 215p.
  • Sobral M & Couto F (2006) Four new Myrtaceae from Eastern Brasil. Novon 16: 520-529.
  • Stadnik A, Oliveira MIU & Roque N (2016) Levantamento florístico de Myrtaceae no município de Jacobina, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Hoehnea 43: 87-97.
  • Thiers B [continuamente atualizado] Index Herbariorum: a global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/science/ih/>. Acesso em 16 maio 2015.
    » http://sweetgum.nybg.org/science/ih/
  • Villaroel D & Proença CEB (2013) A new species and new records of Myrtaceae from the Noel Kempff Mercado National Park region of Bolivia. Kew Bulletin 68: 261-267.
  • Zappi DC (2008) Fitofisionomia da Caatinga associada à Cadeia do Espinhaço. In: Silva JMC, Paglia AP, Azevedo AA, Fonseca MT et al (eds.) Cadeia do Espinhaço: avaliação do conhecimento científico e prioridade de conservação. Megadiversidade 4: 33-37.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2018

Histórico

  • Recebido
    08 Mar 2016
  • Aceito
    05 Jun 2017
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br