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EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO CRÔNICA DE AÇAÍ SOBRE DANOS MUSCULARES EM CORREDORES DE RUA

EFFECTS OF CHRONIC SUPPLEMENTATION OF AÇAÍ ON THE MUSCLE DAMAGE IN TRACK RUNNERS

RESUMO

O exercício físico aeróbio eleva o volume de oxigênio consumido e, consequentemente, de espécies reativas de oxigênio. O acúmulo destas culmina em estresse oxidativo, e a susceptibilidade a danos musculares. O açaí contém elevadas concentrações de antioxidantes, responsáveis por reduzir o estresse oxidativo. Esse estudo objetivou avaliar o efeito do consumo crônico de açaí sobre o dano muscular de corredores de rua. 14 corredores homens foram randomicamente divididos em grupos açaí (200g diários) ou controle, durante 25 dias. Foram avaliados, no período pré (M1) e pós intervenção (M2), marcador de dano muscular (CK) em repouso, imediatamente e 24h após corrida, percepção subjetiva do esforço (PSE) e antropometria. No M1, houve elevações significativas de CK após o exercício (0h e 24h) em ambos os grupos, sem haver diferença entre eles. Após a intervenção, observou-se redução significativa da CK 24h no grupo que recebeu açaí, em relação ao M1, demonstrando que o consumo crônico de açaí preveniu danos musculares. Não houve diferença significativa acerca dos dados antropométricos e a PSE entre ambos os momentos e grupos. Conclui-se que suplementação de açaí reduziu significativamente a CK de corredores de rua em prova de 10km, porém, sem alterar a PSE e a composição corporal.

Palavras-chave:
Açaí; Corrida de rua; Antioxidante; Dano muscular; Prevenção

ABSTRACT

Aerobic physical exercise increases the volume of oxygen consumed and, consequently, of reactive oxygen species. The accumulation of these culminates in oxidative stress and susceptibility to muscle damage. Açaí berry contains high concentrations of antioxidants, responsible for reducing oxidative stress. This study aimed to evaluate the effect of chronic consumption of açaí on the muscular damage of street runners. Fourteen male runners were randomly divided into açaí berry (200g daily) or control groups for 25 days. They were evaluated in the pre (M1) and post-intervention period (M2), muscle damage marker (CK) at rest, immediately and 24h post-run, subjective effort perception (PSE) and anthropometry. In M1, there were significant increases of CK after exercise (0h and 24h) in both groups, with no difference between them. After the intervention, a significant reduction of CK 24h was observed in the group that received açaí berry, in relation to M1, demonstrating that chronic consumption of açaí berry prevented muscle damage. There was no significant difference between the anthropometric data and the PSE between the two moments and groups. It was concluded that açaí berry supplementation significantly reduced the CK of street runners in 10km test, however, without altering the PSE and body composition.

Keywords:
Acai; Tracking run; Antioxidant; Muscle damage; Prevention

Introdução

A prática de exercício físico extenuante tem demonstrado elevar significativamente o volume de oxigênio total consumido (VO2)11 Zoppi CC, Antunes-Neto J, Catanho FO, Goulart LF, Moura NM, Macedo DV. Alterações em biomarcadores de estresse oxidativo, defesa antioxidante e lesão muscular em jogadores de futebol durante uma temporada competitiva. Revista Paulista de Educação Física 2003;17(2), 119-30. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2594-5904.rpef.2003.137562
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, por meio da tensão mecânica22 Gross M, Baum O, Hoppeler H. Antioxidant supplementation and endurance training: winorloss?. European Journal of Sport Science 2011;11(1), 27-32. DOI: 10.1080/17461391003699088.
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. Associadamente, sabe-se que cerca de 2 a 5% do oxigênio (O2) consumido por humanos originam espécies reativas de oxigênio (EROs), e consequentemente, se houver acúmulo dessas espécies, instala-se uma situação danosa denominada ‘estresse oxidativo’22 Gross M, Baum O, Hoppeler H. Antioxidant supplementation and endurance training: winorloss?. European Journal of Sport Science 2011;11(1), 27-32. DOI: 10.1080/17461391003699088.
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3 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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-44 Evans LW, Omaye ST. Use of Saliva Biomarkers to Monitor Efficacy of Vitamin C in Exercise-Induced Oxidative Stress. Antioxidants 2017;6(1), 5. DOI: 10.3390/antiox6010005.
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.

O exercício de endurance, definido como atividade contínua, prolongada e intensa, apresenta o O2 como relevante componente na geração de energia utilizada por seus praticantes. Desta forma, a produção de EROs nesse tipo de exercício tem se mostrado superior, quando comparada à aquela observada entre praticantes de exercícios que utilizam predominantemente sistemas anaeróbios de produção de energia55 Alves JP, Deresz LF. Sedentarismo, Atividade Física e Exercício Físico. In: Vitolo MR, organizadora. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2015, p. 362-365..

Dentre os exercícios de endurance, atualmente destaca-se a corrida em provas de 10 km, uma modalidade esportiva que vem conquistando cada vez mais adeptos66 Klapcinska B, Waskiewicz Z, Chrapusta SJ, Sadowska-Krepa E, Czuba M, Langfort, J. Metabolic responses to a 48-h ultra-marathon run in middle-aged male amateur runners. European Journal of Applied Physiology 2013;113(11), 2781-2793. DOI: 10.1007/s00421-013-2714-8.
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,77 Maemura H, Goto K, Yoshioka T, Sato M, Takahata Y, Morimatsu F, et al. Effects of carnosine and an serine supplementation on relatively high intensity endurance performance. International Journal of Sport and Health Science 2006;4: 86-94. DOI: 10.5432/ijshs.4.86.
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. A corrida é uma das atividades esportivas mais populares e acessíveis em todo o mundo, podendo ser realizada com equipamento mínimo, e por uma ampla variedade de pessoas em quase todas as partes do mundo88 Videbæk S, Bueno AM, Nielsen RO, Rasmussen S. Incidence of running-related injuries per 1000 h of running in different types of runners: a systematic review and meta-analysis. Sports Medicine 2015;45(7), 1017-1026. DOI: 10.1007/s40279-015-0333-8.
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. Nos EUA, mais de 40.000.000 pessoas correm99 Running USA [Internet]. 2014 State of the sportp art II: running industry report [acesso em 16 mar 2017]. Disponível em: http://www.runningusa.org/2016-running-industry-report?returnTo=annual-reports.
http://www.runningusa.org/2016-running-i...
. Atualmente, a corrida de rua vem ganhando novos adeptos no Brasil, apresentando um crescimento no número de praticantes de 25% ao ano1010 Sanfelice R, Souza MK, Neves RVP, Rosa TS, Olher RR, Souza LHR, et al. Análise qualitativa dos fatores que levam à prática da corrida de rua. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício 2017;11(64), 83-88., principalmente em virtude de benefícios cardiovasculares, metabólicos e psicossociais. No entanto, de acordo com Videbæk et al.88 Videbæk S, Bueno AM, Nielsen RO, Rasmussen S. Incidence of running-related injuries per 1000 h of running in different types of runners: a systematic review and meta-analysis. Sports Medicine 2015;45(7), 1017-1026. DOI: 10.1007/s40279-015-0333-8.
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, têm sido relatadas lesões relacionadas à corrida em muitos corredores, principalmente entre iniciantes, mas também entre corredores recreacionais e de elite. Isto porque a intensidade do treinamento físico correlaciona-se com os níveis de produção de EROs e também com a adaptação de enzimas antioxidantes, onde o treinamento apropriado diminui a produção de EROs e melhora a resposta antioxidante do organismo11 Zoppi CC, Antunes-Neto J, Catanho FO, Goulart LF, Moura NM, Macedo DV. Alterações em biomarcadores de estresse oxidativo, defesa antioxidante e lesão muscular em jogadores de futebol durante uma temporada competitiva. Revista Paulista de Educação Física 2003;17(2), 119-30. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2594-5904.rpef.2003.137562
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,22 Gross M, Baum O, Hoppeler H. Antioxidant supplementation and endurance training: winorloss?. European Journal of Sport Science 2011;11(1), 27-32. DOI: 10.1080/17461391003699088.
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,55 Alves JP, Deresz LF. Sedentarismo, Atividade Física e Exercício Físico. In: Vitolo MR, organizadora. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2015, p. 362-365., ampliando a eficácia das enzimas superóxido desmutase (SOD) e glutationa peroxidase (GPx), além de melhorar o equilíbrio glutationa reduzida/glutationa oxidada55 Alves JP, Deresz LF. Sedentarismo, Atividade Física e Exercício Físico. In: Vitolo MR, organizadora. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2015, p. 362-365..

O acúmulo dos radicais livres e o estresse oxidativo trazem consigo diversas consequências, como por exemplo: elevação dos níveis de peroxidação, causando mau funcionamento de membranas celulares11 Zoppi CC, Antunes-Neto J, Catanho FO, Goulart LF, Moura NM, Macedo DV. Alterações em biomarcadores de estresse oxidativo, defesa antioxidante e lesão muscular em jogadores de futebol durante uma temporada competitiva. Revista Paulista de Educação Física 2003;17(2), 119-30. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2594-5904.rpef.2003.137562
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,22 Gross M, Baum O, Hoppeler H. Antioxidant supplementation and endurance training: winorloss?. European Journal of Sport Science 2011;11(1), 27-32. DOI: 10.1080/17461391003699088.
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; obstrução da função ou lesões ao esqueleto celular22 Gross M, Baum O, Hoppeler H. Antioxidant supplementation and endurance training: winorloss?. European Journal of Sport Science 2011;11(1), 27-32. DOI: 10.1080/17461391003699088.
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; disfunção do sistema imune; danos à organelas como a mitocôndria33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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, e ao DNA22 Gross M, Baum O, Hoppeler H. Antioxidant supplementation and endurance training: winorloss?. European Journal of Sport Science 2011;11(1), 27-32. DOI: 10.1080/17461391003699088.
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,33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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,55 Alves JP, Deresz LF. Sedentarismo, Atividade Física e Exercício Físico. In: Vitolo MR, organizadora. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2015, p. 362-365., aumentando a propensão a tumores e cânceres22 Gross M, Baum O, Hoppeler H. Antioxidant supplementation and endurance training: winorloss?. European Journal of Sport Science 2011;11(1), 27-32. DOI: 10.1080/17461391003699088.
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,33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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; mudança na estrutura e função ou até desnaturação de proteínas22 Gross M, Baum O, Hoppeler H. Antioxidant supplementation and endurance training: winorloss?. European Journal of Sport Science 2011;11(1), 27-32. DOI: 10.1080/17461391003699088.
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,55 Alves JP, Deresz LF. Sedentarismo, Atividade Física e Exercício Físico. In: Vitolo MR, organizadora. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2015, p. 362-365.; inibição da contractilidade em fibras musculares22 Gross M, Baum O, Hoppeler H. Antioxidant supplementation and endurance training: winorloss?. European Journal of Sport Science 2011;11(1), 27-32. DOI: 10.1080/17461391003699088.
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; e agravo de estados como diabetes mellitus tipo 255 Alves JP, Deresz LF. Sedentarismo, Atividade Física e Exercício Físico. In: Vitolo MR, organizadora. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2015, p. 362-365., envelhecimento33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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,55 Alves JP, Deresz LF. Sedentarismo, Atividade Física e Exercício Físico. In: Vitolo MR, organizadora. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2015, p. 362-365.,1111 Park SY, Kwak YS. Impact of aerobic and anaerobic exercise training on oxidative stress and antioxidant defense in athletes. Journal of Exercise Rehabilitation 2016;12(2), 113. DOI: 10.12965/jer.1632598.299.
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, inflamações1212 Viana DS, Carvalho LMJD, Moura MRL, Peixoto JC, Carvalho JLVD. Biochemical assessment of oxidative stress by the use of açai (Euterpe oleracea Martius) gel in physically active individuals. Food Science and Technology 2017;37(1): 90-96. DOI: 10.1590/1678-457x.0046.
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, doenças cardiovasculares33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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. Estudos ainda estabelecem uma relação entre a elevação na produção de EROs com a disposição do processo de fadiga muscular e/ou processo de lesão muscular11 Zoppi CC, Antunes-Neto J, Catanho FO, Goulart LF, Moura NM, Macedo DV. Alterações em biomarcadores de estresse oxidativo, defesa antioxidante e lesão muscular em jogadores de futebol durante uma temporada competitiva. Revista Paulista de Educação Física 2003;17(2), 119-30. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2594-5904.rpef.2003.137562
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,1111 Park SY, Kwak YS. Impact of aerobic and anaerobic exercise training on oxidative stress and antioxidant defense in athletes. Journal of Exercise Rehabilitation 2016;12(2), 113. DOI: 10.12965/jer.1632598.299.
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.

Diante do exposto, alimentos ricos em nutrientes antioxidantes têm sido considerados possíveis estratégias de prevenção de lesões entre praticantes de exercício, com destaque para o açaí, por possuir elevada capacidade de combate aos radicais superóxido e peroxil33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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Alguns estudos têm sido realizados no intuito de verificar o potencial antioxidante do açaí, porém, em nossas buscas, até o presente momento não foram encontradas publicações que envolvam corredores de rua33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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,1313 Guerra JFC, Magalhães CLB, Costa DC, Silva ME, Pedrosa ML. Dietary acai modulates ROS production by neutrophils and gene expression of liver antioxidant enzymes in rats. Journal of Clinical Biochemistry and Nutrition 2011;49(3), 188-194. DOI: 10.3164/jcbn.11-02.
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14 Jensen GS, Ager DM, Redman KA, Mitzner MA, Benson KF, Schauss AG. Pain Reduction and Improvement in Range of Motion After Daily Consumption of an Açai (Euterpe oleracea Mart.) Pulp-Fortified Polyphenolic-Rich Fruit and Berry Juice Blend. Journal of Medicinal Food 2011;14(7-8), 702-711. DOI: 10.1089/jmf.2010.0150.
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15 Bonomo LF, Silva DN, Boasquivis PF, Paiva FA, Guerra JFC, Martins TAF, et al. Açaí (Euterpe oleracea Mart.) modulates oxidative stress resistance in Caenorhabditis elegans by direct and indirect mechanisms. Plos One 2014;9(3), 1-15. DOI: 10.1371/journal.pone.0089933.
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16 Oliveira AG, Costa MCD, Rocha SMBM. Benefícios Funcionais do Açaí na Prevenção de Doenças Cardiovasculares. Journal of Amazon Health Science 2015;1(1), 1-10.
-1717 Canuto GAB, Xavier AAO, Neves LC, Benassi MDT. Caracterização físico-química de polpas de frutos da Amazônia e sua correlação com a atividade anti-radical livre. Revista Brasileira de Fruticultura 2010;32(4), 1196-1205. DOI: 10.1590/S0100-29452010005000122.
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Considerando o estresse oxidativo causado pela prática de corrida de rua, a composição nutricional do açaí, e o crescimento do número de adeptos às provas de 10km, acredita-se que a suplementação crônica da polpa desse fruto em corredores de rua de provas de 10 km possa ser considerada importante estratégia de prevenção de lesões. Sendo assim, o presente estudo tem o objetivo de avaliar o efeito do consumo crônico de açaí sobre o dano muscular de corredores de rua de provas de 10 km da cidade de Aracaju-SE.

Métodos

Trata-se de um ensaio clínico randomizado, cujo objetivo consistiu em avaliar os efeitos da suplementação crônica de açaí sobre a atividade de Creatinaquinase (CK), a percepção subjetiva de esforço (PSE) e a composição corporal de corredores de 10km.

Os participantes foram, inicialmente, avaliados por um investigador independente, no que se refere à atividade da CK, à performance, e composição corporal (Momento 1 = M1). Após realizarem as avaliações iniciais, os corredores foram randomicamente distribuídos em dois grupos, no intuito de receberem a suplementação de açaí (ACA) ou permanecerem no grupo controle (CON). Ao completarem vinte e cinco dias consecutivos de intervenção, os participantes foram novamente avaliados pelo primeiro avaliador independente (Momento 2 = M2).

Amostra

Foram recrutados corredores do sexo masculino, matriculados em uma assessoria esportiva da cidade de Aracaju-SE (Brasil), cujo objetivo de treinamento consistia em aprimorar a performance em provas de 10km, desde que apresentassem volume semanal de treinamento entre 25 e 40km e pace entre 4.5 e 6.5min/km em provas de 10km.

Os critérios de inclusão adotados foram: não ingerir açaí regularmente; não consumir suplementos antioxidantes; não consumir suplementos com alegações anti-inflamatórias; não ingerir medicamentos anti-inflamatórios; não apresentar alergia, intolerância ou aversão ao açaí. Já os critérios de exclusão foram: ausência em 10% das sessões de treinamento durante o estudo; ingestão incorreta do açaí por dois dias durante o estudo; ausência nos testes referentes à pesquisa.

Inicialmente, atendendo aos critérios de inclusão, foram incluídos 18 corredores, porém, três faltaram ao primeiro dia do teste de performance, resultando em 15 corredores (ACA=8; CON=7). Ao longo do estudo um participante do grupo CON sofreu lesão, sendo excluído da amostra.

Deste modo, participaram do estudo, 14 corredores de rua do sexo masculino, entre 24 e 48 anos de idade (M=31,47; DP=6,86), divididos em dois grupos, sendo 8 pessoas no grupo açaí (AÇA) e 6 pessoas no grupo controle (CON).

O protocolo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de Sergipe sob o número 1.974.032, e todos os corredores assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, antes da sua participação.

Desfechos

Desfecho primário: Efeito da suplementação crônica de açaí sobre a concentração plasmática de CK, como marcador de dano muscular de corredores de rua.

Desfechos secundários: (1) Efeito da suplementação crônica de açaí sobre a percepção subjetiva de esforço de corredores de rua; (2) Efeito da suplementação crônica de açaí sobre a composição corporal de corredores de rua.

Randomização

Após assinarem o consentimento, e realizarem as análises iniciais, os participantes foram randomizados em uma proporção de 1:1 em grupos açaí ou controle.

Protocolo de suplementação

Os participantes foram divididos em dois grupos, seguindo as orientações abaixo, durante 25 dias:

Grupo açaí (n=8): 2 doses diárias de 100g (200g/dia) de polpa de açaí sem açúcar da marca Mais Açaí (indústria Nature Amazon). Foi orientada a ingestão em turnos diferentes. Cada dose foi entregue embalada individualmente, sendo porcionada com auxílio de balança analítica (Balmak ELC-6/15/30), em copos descartáveis com tampa.

Grupo controle (n=6): consumo de duas unidades de frutas não vermelhas ao dia.

Performance esportiva

Teste de corrida de 10km: Após aquecimento padronizado (5min de alongamento e uma volta na pista com trote leve - 400 m), foi realizada a simulação da prova de 10km, com água sendo oferecida ad libitum. Os sujeitos foram instruídos a completar a prova o mais rápido possível, como se estivessem em um evento competitivo. Estímulos verbais foram dados durante todo o evento. Os tempos foram registrados a cada volta (400 m) com cronômetro profissional (VOLLO® 237). O tempo total foi utilizado para fins de análise da performance como também para determinação do ritmo médio (pace) da corrida (minutos/km).

Avaliação Subjetiva de Esforço: Após 30 min do término do teste de corrida de 10km, os atletas classificaram seu esforço por meio da Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) de Foster (1998)1818 Foster C. Monitoring training in athletes with reference to overtraining syndrome. Medicine and Science in Sports and Exercise 1998;30: 1164-1168. PMID: 9662690.

Danos musculares

Como indicador de danos musculares, nos momentos M1 e M2 (pré e pós-suplementação), foi adotada a atividade de CK. Para isso, foi colhida amostra de 4mL de sangue venoso dos corredores, pré (CK pré) e pós corrida no percurso de 10km (CK 0h pós), como também a mesma quantidade 24h após a corrida (CK 24h pós), por enfermeiro altamente habilitado para a execução dos procedimentos.

Tais momentos foram determinados a partir de evidências científicas que demonstram haver elevações significativas após exercícios extenuantes1919 Mello NF, Vichetti JC, Vendrusculo AP. Marcadores bioquímicos no diagnóstico da lesão muscular. Fisioterapia Brasil 2016;17(4), 375-383., assim como o pico de elevação se dá por volta de 24h após o término da sessão do exercício1919 Mello NF, Vichetti JC, Vendrusculo AP. Marcadores bioquímicos no diagnóstico da lesão muscular. Fisioterapia Brasil 2016;17(4), 375-383.,2020 Santos RVT, Bassit RA, Caperuto EC, Rosa LC. The effect of creatine supplementation upon inflammatory and muscle soreness markers after a 30km race. Life Sciences 2004;75(16), 1917-1924. DOI: 10.1016/j.lfs.2003.11.036.
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.

Após a coleta do sangue, este foi centrifugado, retirado e congelado o seu plasma em tubos eppendorfs no freezer à -80ºC até o momento das dosagens.

A atividade de CK foi determinada por meio de kits comerciais, segundo instruções do fabricante (LabTest). Para tanto, 5 µL das amostras ou do calibrador, em duplicata, foram adicionadas a 250 µL do reagente de trabalho previamente aquecido a 37ºC e realizado leitura, em leitor de placas, a 340 nm nos tempos 2 e 4 minutos após adição do reagente de trabalho.

Composição corporal - Antropometria:

Para calcular o percentual de gordura corporal, foi utilizada a equação das 7 dobras, para homens de 18 a 61 anos, de Jackson e Pollock2121 Jackson AS, Pollock ML. Generalized equations for predicting body density of men. British Journal of Nutrition 1978;40(03), 497-504., definida por: [1.1120.00043499x(Σ7dobras)+0.00000055x(Σ7dobras)20.00028826x(idade)].

Padronizações

Para que os atletas apresentassem condições físicas similares nos dois momentos de testes de performance, foram adotados procedimentos de padronização ao longo do estudo, especialmente no que se refere à ingestão alimentar e ao treinamento.

Ingestão alimentar: os participantes foram orientados a manterem o padrão alimentar ao longo de todo o experimento, em especial, na véspera e nos dias dos testes. Os corredores realizaram registros alimentares de 24 horas2222 Wrieden WL, Momen NC. Workshop 3: Novel approaches for estimating portion sizes. European Journal of Clinical Nutrition 2009;63(S1), S80.nas vésperas e nos dias de testes de performance. Para a análise desses dados, foi utilizado o software Avanutri versão 4.0.

Treinamento: Ao longo dos 25 dias do experimento, os participantes obedeceram às prescrições de treinamento, equalizadas em relação à distância total a ser percorrida. Os participantes percorreram o volume total de 26, 32 e 28km durante as semanas um, dois e três de treinamento, respectivamente. Foram quatro sessões de treinamento por semana, sendo duas sessões utilizando-se do método contínuo e duas sessões do método intervalado. Os sujeitos treinaram em parques e pistas de corrida de terreno plano. As zonas de intensidade das corridas foram prescritas individualmente, a partir do ritmo médio obtido no teste de corrida de 10km realizado no M1. No intuito de monitorar o treinamento e evitar vieses, os sujeitos reportaram, ao final de cada sessão, relatório da corrida obtido por meio de aplicativos ou relógio esportivo com global position system (GPS). O programa de treinamento foi elaborado e monitorado por profissional habilitado.

Tratamento estatístico

A normalidade e homogeneidade dos dados foram avaliados aplicando o teste de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. A ANOVA two way, seguido do post hoc de Tukey, foi utilizada para calcular as diferenças entre grupos (AÇA X CON) e momentos (M1 x M2). Os dados foram analisados por meio do SPSS version 21.0. A significância adotada foi de p ≤ 0.05.

Resultados

Os principais resultados do estudo podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 1
Atividade de Creatinaquinase nos momentos 1 e 2, nos grupos Açaí e Controle (média±desvio padrão)

A Tabela 1 mostra a atividade na CK em repouso, imediatamente após a corrida de 10km e 24h após o mesmo esforço, em ambos os grupos, antes e a pós a intervenção. Não houve diferenças significativas na CK de repouso, entre grupos e momentos. Houve elevação significativa da CK entre o repouso e o final da corrida, em ambos os grupos, e ambos os momentos, porém sem diferença entre os grupos. No M1, após 24h do término da corrida, observa-se que a CK se elevou ainda mais, com diferença para a CK de repouso e CK 0h no grupo açaí, e diferença para a CK de repouso para a grupo controle. Entretanto, no M2, nota-se que a CK de 24h no grupo açaí foi significativamente menor, em relação ao M1, fato esse, não observado no grupo controle.

Gráfico 1
Variação dos valores médios da atividade de Creatinaquinase após a intervenção, nos grupos Açaí e Controle

O Gráfico 1 representa o aumento da atividade de CK (média) entre os tempos pré, imediatamente e 24h pós corrida, em ambos os grupos, no momento 2. Observa-se que o grupo açaí apresentou elevação de CK significativamente menor após 24h, quando comparado ao grupo controle.

No que se refere ao tempo de prova, à percepção subjetiva do esforço e aos dados antropométricos, não houve diferença significativa entre os momentos 1 e 2, porém, houve diferença significante sob a variável peso entre os grupos Açaí e controle, tanto em M1, como em M2, bem como sob a variável MGkg em M1 (Tabela 2).

Tabela 2
Tempo de prova, dados antropométricos, percepção subjetiva de esforço e ingestão calórica nos momentos 1 e 2, nos grupos Açaí e Controle (média±desvio padrão)

Discussão

O principal achado do presente estudo consiste no efeito do açaí sobre a atividade de CK 24h após a execução de uma prova de 10 km. Os resultados mostraram que a suplementação com açaí promoveu proteção em relação a danos musculares, uma vez que, no M2, a CK 24h após o esforço se mostrou significativamente menor no grupo açaí do que aquela encontrada no M1 nesse mesmo grupo.

Praticantes de exercício físico, principalmente aeróbio, estão suscetíveis ao acúmulo de espécies reativas de oxigênio (EROs)11 Zoppi CC, Antunes-Neto J, Catanho FO, Goulart LF, Moura NM, Macedo DV. Alterações em biomarcadores de estresse oxidativo, defesa antioxidante e lesão muscular em jogadores de futebol durante uma temporada competitiva. Revista Paulista de Educação Física 2003;17(2), 119-30. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2594-5904.rpef.2003.137562
https://doi.org/https://doi.org/10.11606...
e, consequentemente, ao estresse oxidativo1111 Park SY, Kwak YS. Impact of aerobic and anaerobic exercise training on oxidative stress and antioxidant defense in athletes. Journal of Exercise Rehabilitation 2016;12(2), 113. DOI: 10.12965/jer.1632598.299.
https://doi.org/10.12965/jer.1632598.299...
. O aumento das EROs leva a desfechos como e danos celulares com ruptura da membrana2020 Santos RVT, Bassit RA, Caperuto EC, Rosa LC. The effect of creatine supplementation upon inflammatory and muscle soreness markers after a 30km race. Life Sciences 2004;75(16), 1917-1924. DOI: 10.1016/j.lfs.2003.11.036.
https://doi.org/10.1016/j.lfs.2003.11.03...
, lesões musculares11 Zoppi CC, Antunes-Neto J, Catanho FO, Goulart LF, Moura NM, Macedo DV. Alterações em biomarcadores de estresse oxidativo, defesa antioxidante e lesão muscular em jogadores de futebol durante uma temporada competitiva. Revista Paulista de Educação Física 2003;17(2), 119-30. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2594-5904.rpef.2003.137562
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e queda do desempenho físico2323 Souza RA, Miranda H, Xavier M, Salles BF, Simão R, Osório RAL, et al. Influência da suplementação aguda e crônica de creatina sobre marcadores enzimáticos de dano muscular de ratos sedentários e exercitados com natação. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte 2010;24(3), 343-352. DOI: 10.1590/S1807-55092010000300005.
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.

A lesão muscular pode ser identificada por meio do aumento das concentrações de proteínas citosólicas no líquido extracelular, visto que estas são impermeáveis à membrana plasmática, sendo incapazes de atravessá-la em sua integridade1919 Mello NF, Vichetti JC, Vendrusculo AP. Marcadores bioquímicos no diagnóstico da lesão muscular. Fisioterapia Brasil 2016;17(4), 375-383.,2424 Faria FR. Efeito da suplementação crônica de Curcuma longa l. sobre marcadores de inflamação e dano muscular após uma meia maratona. [Tese de Mestrado em Nutrição e Saúde]. Goiânia: Universidade Federal de Goiás. Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde; 2016.. Com o dano muscular, ocorre a fragilização e ruptura da membrana plasmática, com extravasamento daquelas proteínas para o meio extracelular2020 Santos RVT, Bassit RA, Caperuto EC, Rosa LC. The effect of creatine supplementation upon inflammatory and muscle soreness markers after a 30km race. Life Sciences 2004;75(16), 1917-1924. DOI: 10.1016/j.lfs.2003.11.036.
https://doi.org/10.1016/j.lfs.2003.11.03...
,2525 Puggina EF, Filho HT, Machado DRL, Barbanti VJ. Efeitos do treinamento e de uma prova de triathlon em indicadores de lesão muscular e inflamação. Revista Brasileira de Ciências do Esporte 2016;38(2), 115-123. http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2015.10.014., aumentando suas concentrações plasmáticas1919 Mello NF, Vichetti JC, Vendrusculo AP. Marcadores bioquímicos no diagnóstico da lesão muscular. Fisioterapia Brasil 2016;17(4), 375-383.,2424 Faria FR. Efeito da suplementação crônica de Curcuma longa l. sobre marcadores de inflamação e dano muscular após uma meia maratona. [Tese de Mestrado em Nutrição e Saúde]. Goiânia: Universidade Federal de Goiás. Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde; 2016.. A creatinaquinase (CK), bem como desidrogenase láctica (LDH), aspartatoaminotransferase (AST) e mioglobina são proteínas geralmente utilizadas para a investigação de lesão muscular2424 Faria FR. Efeito da suplementação crônica de Curcuma longa l. sobre marcadores de inflamação e dano muscular após uma meia maratona. [Tese de Mestrado em Nutrição e Saúde]. Goiânia: Universidade Federal de Goiás. Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde; 2016., e dentre elas, a CK é destacada, pois, além de ser o biomarcador que mais apresenta variações entre o pré e pós-exercício, sua análise apresenta reduzido custo1919 Mello NF, Vichetti JC, Vendrusculo AP. Marcadores bioquímicos no diagnóstico da lesão muscular. Fisioterapia Brasil 2016;17(4), 375-383..

Siqueira et al.2626 Siqueira LDO, Muccini T, Agnol ID, Filla LH, Mendes PT, Luvison A, et al. Análise de parâmetros bioquímicos séricos e urinários em atletas de meia maratona. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia 2009;53(7),844-852. DOI: 10.1590/S0004-27302009000700008.
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desenvolveram um estudo que objetivou analisar as alterações bioquímicas agudas de atletas profissionais submetidos a uma prova de meia maratona, com coleta sanguínea 15 minutos pré aquecimento e 15 minutos pós corrida. Os resultados evidenciaram o aumento significativo da concentração sérica de CK total e frações. Já Kratz et al.2727 Kratz A, Lewandrowski KB, Siegel AJ, Chun KY, Flood JG, Cott EMV, et al. Effect of marathon running on hematologic and biochemical laboratory parameters, including cardiac markers. American Journal of Clinical Pathology 2002;118(6), 856-863. DOI: 10.1309/14TY-2TDJ-1X0Y-1V6V.
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avaliaram os efeitos da realização de uma maratona sobre parâmetros laboratoriais comuns de corredores maratonistas, tendo a coleta de sangue realizada 1 dia antes, 4h e 24h pós prova; como resultado, observou-se, também, o aumento significante de CK entre os tempos pré corrida e pós 4h e 24h.

No presente estudo, foram observadas elevações significativas de atividade de CK imediatamente e 24h após a corrida, em ambos os grupos, e em ambos os momentos. Porém, no grupo açaí, nota-se que a CK 24h no M2 (após a suplementação) foi significativamente menor que a CK 24h no M1, o que demonstra que a estratégia de suplementação foi capaz de diminuir esse importante marcador de danos musculares.

Trata-se de resultado bastante otimista, considerando-se que o açaí, apesar ser uma fruta originalmente mais consumida na região Norte do Brasil, tem apresentado crescimento significativo na culinária do todo o país, por possuir boa aceitação, do ponto de vista sensorial, além da facilidade de acesso e versatilidade33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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.

Viana et al.1212 Viana DS, Carvalho LMJD, Moura MRL, Peixoto JC, Carvalho JLVD. Biochemical assessment of oxidative stress by the use of açai (Euterpe oleracea Martius) gel in physically active individuals. Food Science and Technology 2017;37(1): 90-96. DOI: 10.1590/1678-457x.0046.
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realizaram um ensaio clínico que avaliou os efeitos da ingestão regular, durante três dias consecutivos, de um gel produzido partir da polpa do açaí. Como resultados, a ingestão do gel desenvolvido reduziu o estresse muscular, medido por meio da redução da CK, LDH, alanina aminotransferase (GPT), bem como alterou as concentrações de glutationa peroxidase (GPx).

Um outro estudocontrolado1111 Park SY, Kwak YS. Impact of aerobic and anaerobic exercise training on oxidative stress and antioxidant defense in athletes. Journal of Exercise Rehabilitation 2016;12(2), 113. DOI: 10.12965/jer.1632598.299.
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, realizado com ratos de laboratório diabéticos e não-diabéticos, concluiu, após 30 dias de tratamento, que a suplementação dietética com a polpa de açaí atuou como um potente antioxidante, modulando a produção de EROs por neutrófilos e melhorando o equilíbrio oxidante/antioxidante no fígado, pela indução da expressão de RNAm de enzimas antioxidantes, como a glutationa, sob condição fisiológica do estresse oxidativo.

Os fitoquímicos mais relevantes presentes na polpa do açaí são as antocianinas33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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,1212 Viana DS, Carvalho LMJD, Moura MRL, Peixoto JC, Carvalho JLVD. Biochemical assessment of oxidative stress by the use of açai (Euterpe oleracea Martius) gel in physically active individuals. Food Science and Technology 2017;37(1): 90-96. DOI: 10.1590/1678-457x.0046.
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,1616 Oliveira AG, Costa MCD, Rocha SMBM. Benefícios Funcionais do Açaí na Prevenção de Doenças Cardiovasculares. Journal of Amazon Health Science 2015;1(1), 1-10., principal composto responsável pelo efeito antioxidante do açaí33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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,1616 Oliveira AG, Costa MCD, Rocha SMBM. Benefícios Funcionais do Açaí na Prevenção de Doenças Cardiovasculares. Journal of Amazon Health Science 2015;1(1), 1-10., proantocianidina e compostos fenólicos, como ácidos fenólicos, flavanóis, flavonóis e outros flavonóides33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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,1616 Oliveira AG, Costa MCD, Rocha SMBM. Benefícios Funcionais do Açaí na Prevenção de Doenças Cardiovasculares. Journal of Amazon Health Science 2015;1(1), 1-10., como a quercetina, catequina, epicatecna, rutina e astolbina1616 Oliveira AG, Costa MCD, Rocha SMBM. Benefícios Funcionais do Açaí na Prevenção de Doenças Cardiovasculares. Journal of Amazon Health Science 2015;1(1), 1-10.. Sobre as antocianinas, são pigmentos hidrossolúveis, que proporcionam a cor vermelha escura do açaí1616 Oliveira AG, Costa MCD, Rocha SMBM. Benefícios Funcionais do Açaí na Prevenção de Doenças Cardiovasculares. Journal of Amazon Health Science 2015;1(1), 1-10.,2828 Lopes T, Xavier M, Quadri MG, Quadri, M. Antocianinas: uma breve revisão das características estruturais e da estabilidade. Revista Brasileira de Agrociência 2007;13(3), 291-297. DOI: 10.18539/CAST.V13I3.1375
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, que têm a maior capacidade antioxidante entre seus flavonóides. As principais encontradas nesse fruto são as cianidina-3-glucosídeo, cianidina-3-rutinosídeo, perlagonidina-3-glucosídeo, cianidina-3-sambiosídeo, peonidina-3-glucosídeo e peonidina-3-rutinosídeo33 Portinho JA, Zimmermann LM, Bruck MR. Efeitos benéficos do açaí. International Journal of Nutrology 2012;5(1), 15-20. DOI: 10.22565/ijn.v5i1.54.
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,1616 Oliveira AG, Costa MCD, Rocha SMBM. Benefícios Funcionais do Açaí na Prevenção de Doenças Cardiovasculares. Journal of Amazon Health Science 2015;1(1), 1-10.. Para que sua estabilidade seja intensificada, as antocianinas associam-se à outras moléculas que podem ser flavonóides, alcaloides, aminoácidos, ácidos orgânicos, nucleotídeos, polissacarídeos, metais (copigmentação intermolecular) ou outra antocianina (copigmentação intramolecular), formando um copigmento, melhorando assim, seu potencial antioxidante 3.

Guimarães e Vianna2929 Guimarães MRM, Vianna LMA. Estresse oxidativo e suplementação de antioxidantes na atividade física: uma revisão sistemática. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte 2013;12(2), 155-171. DOI http://dspace.mackenzie.br/handle/10899/16893realizaram uma revisão sistemática objetivando verificar a ação de alguns agentes antioxidantes na prática de atividade física, onde observou-se resultados pouco conclusivos porém, tendenciosamente favoráveis, aos agentes antioxidantes no controle do estresse oxidativo. Já Toscano et al3030 Toscano LT, Tavares RL, Toscano LT, Silva CSO, Almeida AEM, Biasoto ACT, et al. Potential ergogenic activity of grape juice in runners. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism 2015;40(9), 899-906. DOI: 10.1139/apnm-2015-0152.
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estudaram o potencial efeito ergogênico do suco integral de uva roxa no desempenho de corredores recreativos, e perceberam, dentre seus resultados, que, após 28 dias de suplementação, o grupo suplementado apresentou aumentos significativos na capacidade antioxidante total em relação ao grupo controle.

Nishizawa et al3131 Nishizawa M, Hara T, Miura T, Fujita S, Yoshigai E, A-Hon K, et al. Supplementation with a Flavanol rich Lychee Fruit Extract Influences the Inflammatory Status of Young Athletes. Phytotherapy Research 2011;25(10), 1486-1493. DOI: 10.1002/ptr.3430.
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sugerem, em seus achados, realizados com corredores de longa distância, que a suplementação de extrato de fruta de lichia enriquecido com flavanol, durante dois meses, podem suprimir a inflamação ou lesão tecidual causada por treinamento de alta intensidade.

Mcanulty e colaborares3232 McAnulty LS, Nieman DC, Dumke CL, Shooter LA, Henson DA, Utter AC, et al. Effectof blueberry ingestion on natural killer cell counts, oxidative stress, and inflammation prior to and after 2.5 h of running. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism 2011;36(6):976-84. DOI: 10.1139/h11-120.
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, investigaram os efeitos da suplementação de mirtilo (blueberry), um alimento rico em antioxidantes/antocianinas, mantida por seis semanas, sobre a imunocompetência e o estresse oxidativo de corredores de uma prova que teve duração de 150 minutos. Os autores concluíram que tal suplementação levou ao aumento da imunocompetência e diminuição do estresse oxidativo induzido pelo exercício.

No geral, diversos estudos têm sido realizados analisando o consumo de alimentos potencialmente antioxidantes por corredores3333 Howatson G, McHugh MP, Hill JA, Brouner J, Jewell AP, Someren KAV, et al. Influence of tart cherry juice on indices of recovery following marathon running. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports 2010;20(6),843-852. DOI: 10.1111/j.1600-0838.2009.01005.x.
https://doi.org/10.1111/j.1600-0838.2009...
,3434 Levers K, Dalton R, Galvan E, O'Connor A, Goodenough C, Simbo S. Effects of powdered Montmorencytart cherry supplementation on acute endurance exercise performance in aerobically trained individuals. Journal of the International Societyof Sports Nutrition 2016;13(1), 22. DOI: 10.1186/s12970-016-0133-z.
https://doi.org/10.1186/s12970-016-0133-...
, ciclistas3535 Bell PG, Walshe IH, Davison GW, Stevenson E, Howatson, G. Montmorency cherries reduce the oxidative stress and inflammatory responses torepeated days high-intensity stochastic cycling. Nutrients 2014;6(2), 829-843. DOI: 10.3390/nu6020829.
https://doi.org/10.3390/nu6020829...
, remadores3636 Skarpanska-Stejnborn A, Basta P, Trzeciak J, Michalska A, Kafkas ME, Woitas-Slubowska D. Effects of cranberry (Vaccinum macrocarpon) supplementation on iron status and inflammatory markers in rowers. Journal of the International Societyof Sports Nutrition 2017;14(1), 7.DOI: 10.1186/s12970-017-0165-z.
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e atletas de outras modalidades3737 Lafay S, Jan C, Nardon K, Lemaire B, Ibarra A, Roller M, et al. Grape extract improves antioxidant status and physical performance in elite male athletes. Journal of Sports Science and Medicine 2009;8(3), 468-480., tendo resultados positivos com diminuições dos níveis de marcadores de estresse oxidativo3434 Levers K, Dalton R, Galvan E, O'Connor A, Goodenough C, Simbo S. Effects of powdered Montmorencytart cherry supplementation on acute endurance exercise performance in aerobically trained individuals. Journal of the International Societyof Sports Nutrition 2016;13(1), 22. DOI: 10.1186/s12970-016-0133-z.
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,3535 Bell PG, Walshe IH, Davison GW, Stevenson E, Howatson, G. Montmorency cherries reduce the oxidative stress and inflammatory responses torepeated days high-intensity stochastic cycling. Nutrients 2014;6(2), 829-843. DOI: 10.3390/nu6020829.
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,3737 Lafay S, Jan C, Nardon K, Lemaire B, Ibarra A, Roller M, et al. Grape extract improves antioxidant status and physical performance in elite male athletes. Journal of Sports Science and Medicine 2009;8(3), 468-480. e fortalecimento do potencial antioxidante3333 Howatson G, McHugh MP, Hill JA, Brouner J, Jewell AP, Someren KAV, et al. Influence of tart cherry juice on indices of recovery following marathon running. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports 2010;20(6),843-852. DOI: 10.1111/j.1600-0838.2009.01005.x.
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,3636 Skarpanska-Stejnborn A, Basta P, Trzeciak J, Michalska A, Kafkas ME, Woitas-Slubowska D. Effects of cranberry (Vaccinum macrocarpon) supplementation on iron status and inflammatory markers in rowers. Journal of the International Societyof Sports Nutrition 2017;14(1), 7.DOI: 10.1186/s12970-017-0165-z.
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.

Acerca da antropometria, os resultados apresentados mostraram diferença significante no peso corporal (em M1 e M2) e na massa corporal em kg (em M1) entre os grupos, mas não intragrupo nos dois momentos. Os demais dados antropométricos não apresentaram diferenças significante entre ou intra grupos e momentos. Sabe-se que a otimização do sistema antioxidante pode reduzir a expressão de quadros inflamatórios crônicos, prevenindo-se, dessa forma, possíveis condições de resistência periférica à insulina, e consequentemente, facilitar o processo de emagrecimento3838 Udani JK, Singh BB, Singh VJ, Barrett ML. Effects of Açaí (Euterpe oleracea Mart.) berry preparation on metabolic parameters in a healthy overweight population: a pilot study. NutritionJournal2011;10(1), 45.DOI: 10.1186/1475-2891-10-45.
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.Porém, no presente estudo, não foi observada relação entre a ingestão de açaí e redução de massa gorda ao longo do estudo, o que pode ser decorrente de inúmeros fatores, tais como a curta duração da suplementação, a manutenção da ingestão calórica, e o perfil dos participantes, ou seja, atletas sem sobrepeso ou diagnóstico de resistência periférica a insulina.

Quanto ao tempo de prova (performance) e à percepção subjetiva do esforço, os resultados não identificaram alterações significativas entre grupos e momentos. A PSE é instrumento de fácil aplicação, bem aceito entre pesquisadores e profissionais do esporte, que refere um conjunto de sensações, como ritmo respiratório, esforço muscular e dor articular, sentidas pelo indivíduo que está sendo avaliado, que resulta na percepção subjetiva do esforço para realizar um trabalho físico3939 Nakamura FY, Moreira A, Aoki MS. Monitoramento da carga de treinamento: a percepção subjetiva do esforço da sessão é um método confiável? Journal of Physical Education 2010; 21(1), 1-11. DOI: 10.4025/reveducfis. v21i1. 6713.
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.

Vale ressaltar que, de acordo com Filho et al4040 Filho MGB, Ribeiro LCS, García FG. Comparação de características da personalidade entre atletas brasileiros de alto rendimento e indivíduos não-atletas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte 2005;11(2), 115-120. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-86922005000200004., atletas priorizam a performance esportiva, em detrimento da preocupação com seu estado de saúde, inclusive com fatores de prevenção. Desta forma, é fundamental que os resultados do presente estudo sejam trabalhados em programas de educação alimentar e nutricional para esse público, destacando-se a importância da prevenção de futuras lesões, diminuindo portanto, a necessidade de afastamentos das sessões de treinamento para tratamento, o que indiretamente, proporcionaria melhor performance.

A suplementação de açaí durante 25 dias não foi suficiente para interferir na performance (tempo de prova), na percepção subjetiva do esforço e na composição corporal da amostra representada. Assim, há a necessidade de mais pesquisas sobre o efeito do consumo de açaí acerca de tais fatores para maiores esclarecimentos. Até o momento, este é o primeiro estudo que investiga os efeitos da suplementação de açaí em corredores. Estes dados contribuem para que os profissionais de saúde possam melhorar a qualidade de vida de pacientes, através de orientação nutricional adequada e incentivo à prática de atividade física.

Como fatores limitadores para o presente estudo, destaca-se a reduzida amostra, em virtude da dificuldade de se encontrar atletas que não apresentassem ingestão de suplementos de nutrientes antioxidantes ou ingestão frequente de açaí. Outra limitação trata-se da ausência de um grupo placebo, uma vez trabalhamos com a polpa da fruta in natura, e não um suplemento comercial. Ou seja, seria demasiadamente difícil a elaboração de um composto com sabor, odor, consistência, textura e coloração similares ao açaí, porém, com potencial antioxidante nulo. Porém, como o desfecho principal do presente estudo não se referia à performance, e sim aos danos musculares, tal limitação torna-se pouco significativa.

Conclusão

A suplementação com açaí, em dose diária de 200g, mantida por 25 dias, promoveu redução significativa do marcador de dano muscular 24 horas após o teste de performance de corredores de rua especializados em prova de 10km, porém, sem alterar a percepção subjetiva de esforço e a composição corporal.

Agradecimentos:

Os autores agradecem aos corredores, pela dedicação e esforço em participar do estudo, à Assessoria Esportiva “Treinando OnLine” da cidade de Aracaju, pelo auxílio prestado, e à indústria Nature Amazon, pelos donativos das polpas de açaí utilizadas durante a pesquisa.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Dez 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    31 Jul 2017
  • Revisado
    28 Jul 2018
  • Aceito
    03 Ago 2018
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