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Produção, distribuição e uso de livros digitais de acesso aberto nas ciências sociais e humanas Uma revisão sistematizada da literatura

RESUMO

Introdução:

A comunicação científica em ciências sociais e humanas desenvolveu-se através de publicações monográficas. Nas últimas décadas, os livros eletrônicos ganharam destaque na comunicação nessas áreas.

Objetivo:

Dada a importância da criação de uma ciência mais democrática e da consolidação e avanços do acesso aberto apresentados nos últimos tempos, esta pesquisa identifica o estado atual do conhecimento científico sobre a produção, distribuição e uso de livros eletrônicos de acesso aberto nas áreas de ciências sociais e humanas.

Metodologia:

Baseado em uma abordagem metodológica qualitativa, o estudo utilizou o método de revisão sistemática da literatura (RSL) com as bases de dados Library and Information Science Abstracts (LISA) e Scopus, que possui reconhecimento internacional nas áreas de ciência da informação, ciências sociais e humanidades.

Resultados:

Foram verificados quarenta e dois artigos que abordavam os temas analisados com base nos protocolos SLR definidos e na ferramenta StArt.

Conclusão:

Concluiu-se que a área de ciências sociais e humanas tem utilizado livros digitais de acesso aberto em suas pesquisas, sendo as bibliotecas acadêmicas e a editora universitária os principais atores na sua distribuição. Além disso, persistem alguns obstáculos tecnológicos, sociais e econômicos na utilização e produção de estudos sobre o tema devido à sua reduzida importância em comparação com pesquisas em periódicos de acesso aberto em diversas outras áreas do conhecimento.

PALAVRAS-CHAVE:
Comunicação científica; Acesso aberto; Livros eletrônicos; Bibliotecas universitárias

ABSTRACT

Introduction:

Scholarly communication in social sciences and humanities has developed through monographic publications. In recent decades, electronic books have become prominent for communication in these areas.

Objective:

Given the importance of creating a more democratic science and the consolidation and advances of open access presented in recent times, this research identifies the current state of scientific knowledge on the production, distribution, and use of open access electronic books in the social sciences and humanities.

Methodology:

Based on a qualitative methodological approach, the study used the systematic literature review (SLR) method with the library and information science abstracts (LISA) and the Scopus databases, which has international recognition within the areas of information science, social sciences and humanities.

Results:

Forty two articles that discussed the analyzed themes were verified based on the defined SLR protocols and StArt tool.

Conclusions:

It was concluded that the social sciences and humanities area has been using open access digital books in its research, and academic libraries and university press are the main actors in their distribution. Moreover, some technological, social, economic obstacles persist in the use and production of studies on the subject owing to its reduced importance compared to research on open access journals in various other areas of knowledge.

KEYWORDS:
Scholarly communication; Open access; Electronic book; Academic library

1 INTRODUÇÃO

A comunicação científica constitui um dos tópicos de estudos mais bem sedimentados na Ciência da Informação. Os modos como resultados de pesquisa foram comunicados ao longo do tempo foram demarcados por transformações sociais, econômicas, culturais e, sobretudo, tecnológicas.

A comunicação científica passa pela essencialmente pela discussão do caminho da informação resultante dos estudos de cientistas. Ou seja, ao entender a comunicação científica como um sistema de características e dimensões essencialmente sociais e econômicas, é possível partir para uma análise correlacionada de fatores que influenciam e são influenciados pela percepção dos pesquisadores envolvidos na produção, na distribuição e no uso da informação científica (Garvey, 1979GARVEY, W. D. Communication: the essence of science: facilitating information exchange among librarians, scientists, engineers and students. New York: Pergamon Press, 1979.).

Nas últimas décadas, assistiu-se o nascimento, o debate e uma possível maioridade do Movimento Acesso Aberto, culminando, dentre outras tantas diretrizes, também na Ciência Aberta. De forte apelo democrático e, portanto, científico, o acesso aberto veio para alargar e muitas vezes desaparecer com as fronteiras do alcance ao conhecimento científico e acadêmico nas diversas partes do mundo. Mesmo diante de alguns modelos de negócio que buscam por algum tipo de cobrança e das crises cíclicas das grandes editoras de periódicos, o Movimento tem se mostrado como alternativa urgente e viável para o uso e distribuição de dados científicos, principalmente em tempos de pandemia, guerras e exceções políticas.

É reconhecido pela literatura da área que as CS&H possuem como principal e mais consistente forma de comunicação os livros, as publicações monográficas. Em consonância com os avanços tecnológicos que as primeiras décadas do século XXI trouxeram, como o crescimento do uso da internet, computadores e gadgets mais pontentes, dentre outros, o livro digital também passou a ser um item de consumo e produção nessa área. Muito se estuda e debate acerca das publicações periódicas dentro das ciências, entretanto, em especial quando se fala em acesso aberto, as análises e pesquisas sobre o uso e acesso de livros digitais de acesso aberto não refletiram o afinco e protagonismo pelo qual seus pares de publicações periódicas tiveram.

Desta forma, essa pesquisa buscou responder a indagação sobre qual é o estado da arte do conhecimento científico a respeito da produção, distribuição e uso de livros digitais de acesso aberto no campo das ciências sociais e humanas. Com objetivos específicos de identificar e analisar, com base na literatura, esse estado da arte dentro das CS&H, o método escolhido foi o da Revisão Sistematizada da Literatura (RSL), que a partir de protocolos bem definidos, buscou reconhecer e verificar na literatura especializada da área da Ciência da Informação as possíveis respostas para essa questão.

2 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O ACESSO ABERTO NAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

A cadeia de conhecimentos que envolveu a descoberta, a evolução e a história da humanidade passou por sua comunicação, pela possibilidade do diálogo e da construção coletiva de novas descobertas, aquilo que amplamente é identificado como ciência. A comunicação científica pode ser considerada a legitimação do feitio da ciência e da pesquisa acadêmica (Meadows, 1999MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 1999.), uma atividade dinâmica e permeada de várias vertentes que caminha entrelaçada à origem de seus questionamentos. Portanto, essa comunicação difere-se em forma e conteúdo nas três grandes áreas do conhecimento científico: ciências, humanidades e ciências sociais (Costa, 2000COSTA, S. Changes in the information dissemination process within the scholarly world: the impact of electronic publishing on scholarly communities of academic social scientists. In: ELPUB CONFERENCE ON ELECTRONIC PUBLISHING, 4., 2000, Rússia. Proceedings of the […]. Russia: ICCC Press, 2000. Disponível em: https://encurtador.com.br/vNQ59. Acesso em: 14 jun. 2021.
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).

A Ciência da Informação possui na comunicação científica um de seus grandes campos de pesquisa e estudo, justamente por identificar em seus atores envolvidos, nas formas de organização, na distribuição e em seu consumo um arcabouço possível de delinear as maneiras de (re)criar a ciência e o conhecimento formal e informal acadêmico. O ciclo da informação subsiste e reivindica os fenômenos pelos quais saberes e conhecimentos científicos podem se comportar, logo, demonstra a forma como chegam à sociedade e aos demais pesquisadores tais informações. Desta maneira, analisar os fenômenos da comunicação da informação científica de modo isolado, sem considerar as áreas de estudo dos pesquisadores, pode não refletir contextualmente seu comportamento, já que a comunicação de descobertas científicas possui comportamentos específicos que dependem das disciplinas às quais estão atreladas.

Desde a década de 1950, pesquisadores da área de Ciência da Informação e outras correlatas vem estudando o comportamento de cientistas sociais e humanistas na busca pela informação acadêmica. Folster (1995FOLSTER, M. B. Information seeking patterns: social sciences. Reference Librarian, London, v. 23, n. 49-50, p. 83-93, 1995. DOI: https://doi.org/10.1300/J120v23n49_06.
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), em sua pesquisa, indica alguns resultados desses estudos, demonstrando que periódicos científicos eram as fontes de informação mais buscadas por cientistas sociais e humanistas, assim como frisou a importância dos canais informais de comunicação aliado ao fato de que os serviços de bibliotecas não eram fatores substanciais para esse público.

Line (1971LINE, M. B. The information uses and needs of socials cientists; an overview of INFROSS. Aslib Procedings, Bingley, UK, v. 23, n. 8, p. 412-434, 1971. Disponível em: https://encurtador.com.br/cmBOT. Acesso em: 12 mar. 2022.
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) e Costa (2000COSTA, S. Changes in the information dissemination process within the scholarly world: the impact of electronic publishing on scholarly communities of academic social scientists. In: ELPUB CONFERENCE ON ELECTRONIC PUBLISHING, 4., 2000, Rússia. Proceedings of the […]. Russia: ICCC Press, 2000. Disponível em: https://encurtador.com.br/vNQ59. Acesso em: 14 jun. 2021.
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) analisam o INFROSS (Investigation Into Information Requirements of The Social Sciences), um dos grandes projetos de estudo do comportamento de busca por informação de cientistas sociais, feito entre 1967 e 1970 com profissionais do Reino Unido (Spink; Cole, 2001SPINK, A.; COLE, C. Information and poverty: information-seeking channels used by African American low-income households. Library & Information Science Research, Oxford, v. 23, n. 1, p. 45-65, 2001.DOI: https://doi.org/10.1016/S0740-8188(00)00067-0.
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; Wilson, 2010WILSON, T. D. Fifty years of information behavior research. Bulletin of the American Society for Information Science and Technology, Silver Spring, MD, v. 36, n. 3, p. 27-34, 2010. DOI: https://doi.org/10.1002/bult.2010.1720360308.
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). O INFROSS conclui que esse grupo de cientistas utilizam mais monografias e livros do que artigos de periódicos na busca por informações e na divulgação de suas descobertas, além de corroborar com Folster (1995FOLSTER, M. B. Information seeking patterns: social sciences. Reference Librarian, London, v. 23, n. 49-50, p. 83-93, 1995. DOI: https://doi.org/10.1300/J120v23n49_06.
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) na indicação de que a comunicação informal é a mais utilizada na área. Costa (2000) lembra que para os humanistas o papel das publicações monográficas é ainda mais relevante, sendo o meio formal por qual eles distribuem suas comunicações e trocas informais de informação.

Há o consenso de que o avanço das TICs e da internet no contexto da comunicação da informação científica pode ter afastado a ideia de um comportamento estritamente delineado na busca pela informação dos cientistas e pesquisadores, já que nesse ambiente poderia ser mais importante ter acesso aos textos integrais do que ao tipo de publicação em si (Kern; Hienert, 2018KERN, D.; HIENERT, D. Understanding the information needs of social scientists in Germany. Proceedings of the Association for Information Science and Technology, Hoboken, NJ, v. 55, n. 1, p. 234-243, 2018. DOI: https://doi.org/10.1002/pra2.2018.14505501026.
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). Contudo, mesmo diante dessa prioridade de acesso à informação completa, ainda se faz importante entender o comportamento dos cientistas sociais e humanistas na busca pela informação, seja no contexto do século XX ou XXI.

Costa (2000COSTA, S. Changes in the information dissemination process within the scholarly world: the impact of electronic publishing on scholarly communities of academic social scientists. In: ELPUB CONFERENCE ON ELECTRONIC PUBLISHING, 4., 2000, Rússia. Proceedings of the […]. Russia: ICCC Press, 2000. Disponível em: https://encurtador.com.br/vNQ59. Acesso em: 14 jun. 2021.
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), Huang e Chang (2008HUANG, M. H.; CHANG, Y. W. Characteristics of research output in social sciences and humanities: from a research evaluation perspective. Journal of the American Society for Information Science and Technology, Hoboken, NJ, v. 59, n. 11, p. 1819-1828, 2008.) comentam sobre as diferenças intrínsecas entre as Ciências Naturais (CN) e as Ciências Sociais e Humanidades (CS&H). No compêndio literário acadêmico é possível identificar alguns entendimentos sobre ambos os campos do saber, sendo que alguns até mesmo afirmam que as CC&H não caberiam no conjunto interpretativo de ciência, seriam apenas o conjunto do saber humano (Huang; Chang, 2008). Contudo, há muito mais consenso que as CC&H possam ser consideradas campos do saber que fazem uso da prática científica com diferentes assuntos, objetos e aplicações, portanto, possuindo o mesmo status acadêmico e conceitual nos campos do saber humano que as CN.

Mesmo diante de disparidades na forma de fazer e divulgar a ciência, tanto nas CN quanto nas CC&H a comunicação formal da informação é tida como a maneira mais reconhecida de busca e compartilhamento da informação, já que possuem instrumentos de afirmação do método científico, como revisão de pares e análise bibliográfica de fontes. Contudo, como já analisado, há diferenças comportamentais entre os cientistas de ambas as áreas e entender os componentes que fazem parte desse percurso comunicativo é essencial para ampliar, melhorar e divulgar as ferramentas e canais de informação disponíveis.

Quando a literatura da área identifica que os cientistas de CN utilizam mais periódicos científicos para divulgarem e buscarem suas informações que aqueles das CC&H é importante entender quais fenômenos contribuem para esse contexto. O substrato utilizado para o fazer científico na CN é considerado muito dinâmico, talvez por não envolver sobremaneira a pesquisa com humanos e seus comportamentos, e sim elementos físicos, químicos e naturais. É preciso o uso de canais de comunicação formais mais velozes e de rápida divulgação para que a comunidade científica da área possa compartilhar resultados dinamicamente, de forma a enriquecer novas pesquisas e achados acadêmicos correlatos. Também por esse motivo a prática de publicação em pré-prints é amplamente utilizada por pesquisadores das áreas de física e ciências da saúde, por exemplo, de forma a disponibilizar o mais rápido possível suas revisões, métodos e achados, antes mesmo que seus objetos de estudo mudem ou se modifiquem com o tempo.

Já os cientistas sociais e humanistas divulgam seus resultados de estudo e pesquisas substancialmente por meio de livros e capítulos de livros acadêmicos, muitas vezes extrapolando para a literatura tida como de entretenimento comercial, conforme literatura da área (Baruchson-Arbib; Bronstein, 2007; Budd; Christensen, 2003BUDD, J. M.; CHRISTENSEN, C. Social sciences literature and electronic information. Libraries and the Academy, Baltimore, MA, v. 3, n. 4, p. 643-651, 2003. Disponível em: https://muse.jhu.edu/article/49289. Acesso em: 27 set. 2022.
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; Eve, 2014EVE, M. P. Open access and the humanities: contexts, controversies and the future. Cambridge: Cambridge University Press, 2014. DOI: https://doi.org/10.1017/ CBO9781316161012.
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; Leite, 2014LEITE, F. C. L. Busca, acesso e disseminação da informação científica de cientistas, cientistas sociais e humanistas. Biblios, Lima, n. 57, p. 22-42, 2014. Disponível em: http://biblios.pitt.edu/ojs/index.php/biblios/article/viewFile/195/214. Acesso em: 19 fev. 2022.
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). Muito embora sejam consideradas publicações que demandem mais esforço editorial e autoral, as publicações monográficas ainda assim possuem mais chance de serem citadas dentro do contexto da CS&H já que permitem um maior espaço para o delineamento das descobertas científicas desta área, além da tradição que se colocou nas últimas décadas nesse comportamento informacional dos cientistas sociais e humanistas (Huang; Chang, 2008HUANG, M. H.; CHANG, Y. W. Characteristics of research output in social sciences and humanities: from a research evaluation perspective. Journal of the American Society for Information Science and Technology, Hoboken, NJ, v. 59, n. 11, p. 1819-1828, 2008.).

A comunicação científica por meio de livros e capítulos de livros também é um reflexo do recorte temporal das citações dentro da área da CS&H. Huang e Chang (2008HUANG, M. H.; CHANG, Y. W. Characteristics of research output in social sciences and humanities: from a research evaluation perspective. Journal of the American Society for Information Science and Technology, Hoboken, NJ, v. 59, n. 11, p. 1819-1828, 2008.) afirmam que dentro desse campo há uma variação de citações de literaturas mais recentes e antigas, contudo, esse é um dos aspectos que pode caracterizar a forma como os cientistas sociais e, especialmente, humanistas se comunicam. Parte das referências bibliográficas que usam são do século passado ou de décadas atrás, o que não necessariamente compromete o resultado de suas pesquisas justamente pela especificidade dos objetos de estudo da área. Outra explicação para esse fenômeno pode estar no fato de que as CS&H usam menos dados codificados ou quantitativos em suas pesquisas do que as CN, o que implica numa menor necessidade de comunicação ágil e que permita a não obsolescência das informações.

2.1 Livros digitais de acesso aberto nas ciências sociais e humanidades

Usada pela primeira vez em 2002 na BOAI (Budapest Open Access Initiative), a expressão Acesso Aberto (ou Open Access - OA) foi considerada por Suber (2022SUBER, P. Timeline of the Open Access Movement. [S. l.], 2022. Disponível em: http://oad.simmons.edu/oadwiki/Timeline. Acesso em: 9 mar. 2022.
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) como aquela digital, online, gratuita e livre da maioria das restrições de direitos autorais. Já Harnad (2007HARNAD, S. Mandates and metrics: how open repositories enable universities to manage, measure and maximise their research assets. In: UUK RESEARCH INFORMATION AND MANAGEMENT WORKSHOP, 2007, London. Conference of the… London, United Kingdom: [s. n.], 2007. Disponível em: http://eprints.soton.ac.uk/id/eprint/265693. Acesso em: 1 maio 2023. 98 slideshow.
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) descreve OA como a informação que é imediata, permanente, gratuita, de texto completo, online e acessível. Essa nova perspectiva de comunicação científica chega ao mundo acadêmico e de pesquisa como uma alternativa encontrada pela comunidade acadêmica em contraponto às maneiras tradicionais de comunicação da ciência, no encalço de transpor os obstáculos e reestruturar as formas de produção, consumo e distribuição do saber científico (Leite; Costa, 2018LEITE, F. C. L; COSTA, S. M. S. Modelo genérico de gestão da informação científica digital para instituições de pesquisa na perspectiva da comunicação científica e do acesso aberto. In: COSTA, S. M. S.; LEITE, F. C. L.; TAVARES, R. B. (org.). Comunicação da informação, gestão da informação e gestão do conhecimento. Brasília: Ibict, 2018. p. 339-362. Disponível em: http://livroaberto.ibict.br/handle/123456789/1071. Acesso em: 10 jan. 2022.
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). Na literatura, há algumas definições das dimensões do Acesso Aberto, dentre elas, àquela relacionada à tecnologia, que traz estímulo às iniciativas de arquivos abertos nas instituições e editoras, além da primazia pela interoperabilidade entre sistemas e adoção de softwares livres, o que culminaria no conceito de Ciência Aberta (Costa; Leite, 2016).

Corroborando com os autores já analisados, Eve (2014EVE, M. P. Open access and the humanities: contexts, controversies and the future. Cambridge: Cambridge University Press, 2014. DOI: https://doi.org/10.1017/ CBO9781316161012.
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) afirma que a monografia é o componente chave da comunicação e avaliação na área das CS&H e que seus componentes econômicos são muito mais complexos do que de artigos de periódicos. Eve (2015) segue ao estabelecer que a versão de livros digitais em acesso aberto não impacta as possíveis vendas comerciais de suas versões físicas e que, muito pelo contrário, impulsionariam o número de citações e reconhecimento da obra e de seu conteúdo. A via dourada (Gold OA books) pra livros digitais de acesso aberto têm sido a opção mais escolhida e querida pelos autores que escrevem e publicam em OA, conforme Pyne e colegas (2019PYNE, R. et al. The future of open access books: findings from a global survey of academic book authors. Copyright, Fair Use, Scholarly Communication, etc, 2019. Disponível em: https://digitalcommons.unl.edu/scholcom/113. Acesso em: 16 set. 2022.
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) e Ferwerda, Snijder e Adema (2013FERWERDA, E. A project exploring Open Access monograph publishing in the Netherlands: final report. Netherlands: OAPEN Foundation, 2013. Disponível em: https://openreflections.files.wordpress.com/2011/03/oapen-nl-final-report.pdf. Acesso em: 16 set. 2022.
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), além de custar cerca de 50% menos em sua produção, quando comparada a sua versão impressa. Ela seria a via que envolveria diretamente distribuidores mais frequentes desse tipo de literatura em OA derivada e resultante das pesquisas em CS&H, como seria o caso das Bibliotecas e Editoras Universitárias, por meio da publicação direta do conteúdo exclusivamente ou também em OA.

Acadêmicos e pesquisadores reconhecem a importância das universidades, em especial na figura de suas bibliotecas e casas editoriais, na busca da informação particularmente quando se trata de livros digitais de acesso aberto dentro das CS&H. Seja por meio dos repositórios institucionais, de suas bibliotecas e ferramentas digitais de publicação, pelo conhecimento e letramento informacional acumulado em anos de organização da informação monográfica impressa, a reconhecida habilidade com as vias verde e dourada, assim como pelo fluxo editorial dos periódicos e livros impressos, essas instituições vêm sendo essenciais para o estudo do uso e distribuição das monografias de acesso aberto nas áreas das humanidades e ciências sociais (Ferwerda; Snijder; Adema, 2013FERWERDA, E. A project exploring Open Access monograph publishing in the Netherlands: final report. Netherlands: OAPEN Foundation, 2013. Disponível em: https://openreflections.files.wordpress.com/2011/03/oapen-nl-final-report.pdf. Acesso em: 16 set. 2022.
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; Shaw; Phillips; Gutiérrez, 2022SHAW, P.; PHILLIPS, A.; GUTIÉRREZ, M. B. The death of the monograph?. Publishing Research Quarterly, New York, v. 38, n. 2, p. 382-395, 2022.).

3 METODOLOGIA DO ESTUDO

A fim de responder à questão de pesquisa, em diálogo com o referencial teórico, foi realizado um estudo de natureza qualitativa, que buscou entender um problema social por meio da investigação e interpretação documentais, além utilizar uma investigação reflexiva e analítica das informações coletadas de uma situação social específica (Creswell, 2010CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2010.).

Com um propósito descritivo, que segundo Serakan (2003SERAKAN, U. Research methods for business: a skill-building approach. New York: John Wiley & Sons, 2003.) visa analisar e retratar as características do fenômeno estudado, o estudo utiliza o método de revisão sistematizada da literatura (RSL) de forma a descrever o atual estado da arte no que tange ao conhecimento científico a respeito da produção, distribuição e uso de livros digitais de acesso aberto no campo das ciências sociais e humanas.

Garimpar resultados de pesquisa por meio de critérios bem definidos e resumir o que de mais notório pode haver na literatura acadêmica vem sendo um critério de apoio à ciência. Grant e Booth (2009GRANT, M. J.; BOOTH, A. A typology of reviews: An analysis of 14 review types and associated methodologies. Health Information and Libraries Journal, Chichester, v. 26, n. 2, p. 91-108, 2009. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1471-1842.2009.00848.x.
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) definiram e elencaram tipos de revisão de literatura úteis à atualização do conhecimento científico. Dentre os tipos destacados, a RSL é apontada como uma forma derivada da revisão sistemática, mas que se utiliza de parte dos mesmos critérios. Portanto, esse tipo de revisão busca sistematizar o conhecimento já produzido e publicado em determinada área ou tópico, em uma ou mais fontes de informação, com intuito de codificar os resultados recuperados de forma sistematizada, ao permitir a demonstração do estado da arte do conhecimento de um tema, de acordo com os critérios pré-definidos (Grant; Booth, 2009). Ainda segundo Biolchini (2007BIOLCHINI, J. C. et al. Scientific research ontology to support systematic review in software engineering. Advanced Engineering Informatics, Oxford, UK, v. 21, n. 2, p. 133-151, 2007. Disponível em: https://encurtador.com.br/gsvxZ. Acesso em: 18 mar. 2022.
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), a RSL pode ser um instrumento metodológico para identificar os trabalhos literários acadêmicos sobre um determinado tema de pesquisa, sendo, portanto, um recurso útil ao alcance do objetivo deste estudo.

Desde início dos anos 2000, as RSLs vêm colaborando para descrever e reportar evidências relevantes para uma área do conhecimento, contudo, a fim de responder aos desafios analíticos desse método de pesquisa, algumas iniciativas proveram ferramentas tecnológicas para dar o devido suporte aos pesquisadores (Fabbri et al., 2016FABBRI, S. et al. Improvements in the StArt tool to better support the systematic review process. ACM International Conference Proceeding Series, New York, v. 01-03, Jun. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1145/2915970.2916013.
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). O software STArt (State of the Art through Systematic Review) é uma iniciativa utilizada e divulgada por diversos países no mundo, incluindo o Brasil, por meio da distribuição e suporte do Laboratório de Pesquisa em Engenharia e Software (LaPES) da Universidade Federal de São Carolos (UFSCar). Desta forma, o STArt provê ao pesquisador um protocolo completo de apoio à RSL cujas fases são descritas na Tabela 1.

Tabela 1
Fases de análise do STArt

Portanto, o software StArt foi utilizado tanto na fase da coleta, seleção e sumarização, quanto no momento de tabulação e análise das informações contidas nos artigos selecionados. Para tal, foi definida uma ficha de análise com dados necessários e resultantes da pesquisa, os quais foram incluídos no planejamento e protocolo inicial da RSL no StArt.

3.1 Protocolo da RSL

A pergunta de pesquisa da RSL realizada foi derivada da definição dos elementos apresentados na Tabela 2, que integram o esquema PICO de pesquisa. Segundo Mamédio, Santos, e Nobre (2007MAMÉDIO, Cristina et al. A estratégia PICO para a construção da pergunta de pesquisa e busca de evidências. Rev Latino-am Enferm., Ribeirão Preto, v. 15, n. 3, p. 508-511, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000300023.
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), tal estratégia orienta a construção da pergunta de pesquisa e de uma possível busca bibliográfica ao possibilitar que o pesquisador alcance de forma eficaz e com menores possibilidades de erros a informação científica disponível na literatura da área. Muito utilizada na área de medicina, a estratégia PICO também é recomendada para pesquisas na área de Ciências Sociais por conta de sua esquematização.

Tabela 2
Descrição dos Critérios da Pesquisa

Por ser considerada a base de dados mais relevante do campo da Ciência da Informação, área onde se realiza maior parte dos estudos de comunicação científica, a fonte de informação adotada para a realização da RSL foi a base de dados LISA (Library and Information Science Abstracts), que indexa cerca de 440 periódicos de mais de 68 países, em uma média de 20 idiomas diferentes. A outra base de dados escolhida foi a Scopus, reconhecida como uma das fontes de informação com maior cobertura de periódicos acadêmicos nas diversas áreas do conhecimento, proporcionando constante atualização de seu conteúdo, destacando-se por uma indexação e recuperação de documentos de alta qualidade nas áreas de Ciência da Informação e Ciências Sociais, assim como nas Humanidades

Não houve um recorte temporal fixo e apenas artigos científicos foram analisados. A relação entre o objetivo da RSL e a estratégia de busca, elaborada em inglês, português e espanhol, seguiu os critérios dispostos na Tabela 3.

Tabela 3
Estratégias de busca x Objetivo da pesquisa

Uma vez que a LISA não permite a formulação de estratégias de busca extensas, decidiuse pelo uso e aplicação de 9 estratégias diferentes que conseguissem abarcar o objetivo da RSL, conforme Tabela 4. Já na Scopus, apenas duas estratégias de pesquisa foram necessárias para abarcar todo o objetivo do estudo. Além disso, as buscas na LISA foram realizadas simultaneamente nos campos do título, resumo e palavras-chaves, no período de setembro e outubro de 2022, e na Scopus de agosto a setembro de 2023.

Tabela 4
Estratégias de buscas e resultados

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O levantamento realizado de acordo com o protocolo definido para a RSL recuperou na base de dados LISA um total de 63 artigos de periódicos e na Scopus 86 itens. Os artigos recuperados foram analisados com auxílio da ferramenta STArt, conforme Tabela 5.

Tabela 5
Resumo da coleta da RSL

Na fase de extração, além dos critérios de inclusão e exclusão aplicados (Apêndice A), os dados extraídos e analisados para aceitação dos artigos resultaram em um formulário de avaliação que analisou as publicações, autoria, conteúdo e dados da pesquisa. Após análise dos 63 artigos recuperados, 42 foram selecionados para a sumarização, revisão e interpretação a fim de responder à questão de pesquisa.

4.1 Discussão: caracterização da RSL

Em convergência com a fundamentação teórica, parcialmente demonstrada na Tabela 6, a análise dos artigos selecionados revelou que o livro é o meio de comunicação científica mais utilizado entre os pesquisadores das áreas de CS&H, sendo a biblioteca universitária (40.47%) a principal distribuidora desse tipo de comunicação, quando comparada com as editoras universitárias (38.09%). Conforme pontuam Shaw, Phillips e Gutiérrez (2022SHAW, P.; PHILLIPS, A.; GUTIÉRREZ, M. B. The death of the monograph?. Publishing Research Quarterly, New York, v. 38, n. 2, p. 382-395, 2022.), maior parte dos livros produzidos por editoras universitárias ainda são impressos e/ou com acesso restrito, mesmo elas sendo mais engajadas com o acesso aberto em comparação com as editoras comerciais acadêmicas. Ou seja, a biblioteca universitária desponta nos estudos analisados como o grande ponto focal da distribuição e disponibilização de livros digitais de acesso aberto, seja em bibliotecas digitais estabelecidas, seja em repositórios institucionais construídos também com essa finalidade.

A maioria dos documentos analisados usaram uma abordagem mista (71,42%) e qualitativa (19.04%), com o método de pesquisa prioritário do levantamento (92,85%), variando entre as técnicas de coleta de entrevista (9,52%), questionário (21,42%) e pesquisa bibliográfica (45,23%). O conjunto desses dados podem caracterizar os estudos com abordagens mais subjetivas e centradas no indivíduo, ao buscar uma análise mais interrelacional do uso, produção e distribuição os livros digitais de acesso aberto, o que pode se justificar exatamente pela natureza de seus temas: ciências sociais e humanidades, as quais possuem como grande ponto de estudo as relações humanas e seus entrelaçamentos com o mundo.

Importante ressaltar que os artigos sumarizados na RSL foram publicados em periódicos com origem na Suíça, Áustria, Canadá, Suécia, Finlândia, Grécia, Hungria, Rússia, Paquistão e Polônia (2.38%), seguido da Espanha e EUA (4,76%), Países Baixos (9,52%), Índia (14,28%), Alemanha (16,66%) e Reino Unido (33,33%). Foi possível identificar a localidade geográfica da amostra da maioria dos estudos, sendo que nove (21,42%) analisaram universidades e estudantes do Reino Unido, outros cinco (11,90%) da Índia e Alemanha, seguido de artigos individuais tratando de apenas um país (2,38%) e de dezesseis (38,09%) não foram claramente expressos, conforme Tabela 1. Portanto, é possível inferir que o Reino Unido, a Alemanha e a Índia são as regiões onde estudos sobre a produção, a distribuição e o uso de livros digitais de acesso aberto no campo das CS&H estão predominantemente sendo estudados e/ou praticados.

A literatura analisada foi publicada no período entre 2012 e 2023, ou seja, o uso e a distribuição de livros digitais de acesso aberto no campo da CS&H foram estudados preponderantemente na última década, o que corrobora com o crescimento do debate acerca do acesso aberto e livros digitais, como afirma especialmente Suber (2022SUBER, P. Timeline of the Open Access Movement. [S. l.], 2022. Disponível em: http://oad.simmons.edu/oadwiki/Timeline. Acesso em: 9 mar. 2022.
http://oad.simmons.edu/oadwiki/Timeline...
), Eve (2015EVE, M. P. Open Access publishing and scholarly communications in non-scientific disciplines. Online Information Review, Leeds, UK, v.39, n.5, p.717-732, 2015. DOI: https://doi.org/10.1108/OIR-04-2015-0103.
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) e Fund (2017FUND, S. Stop, look, listen-learning from knowledge unlatched 2016: Making OA Work. Against the Grain, Charleston, v. 29, n. 3, 2017.). Essencial frisar que o período temporal não foi incluído com uma das estratégias de busca da RSL, conforme é possível verificar nas estratégias de busca anteriormente descritas.

A Tabela 6 demonstra os dados extraídos dos 7 artigos selecionados na RSL, de acordo com os protocolos definidos.

Tabela 6
Caracterização da RSL

Com relação ao acesso aberto contextualizado aos livros digitais nos campos das CS&H, todos os estudos versam em algum momento sobre a questão, uns com mais preponderância e enfoque do que outros, já que esse era um dos critérios de inclusão e exclusão da pesquisa. É possível destacar que vinte e dois (51,14%) dos documentos descritos na RSL indicam explicitamente em seus objetivos de pesquisa o tema do acesso aberto, enquanto os demais abordam a questão no decorrer de seções dos textos. Destaque para Eve (2015EVE, M. P. Open Access publishing and scholarly communications in non-scientific disciplines. Online Information Review, Leeds, UK, v.39, n.5, p.717-732, 2015. DOI: https://doi.org/10.1108/OIR-04-2015-0103.
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), que disserta profundamente sobre a relação e imbricações dos livros digitais, nos campos de estudo das CS&H e do acesso aberto.

Desta forma, pode-se supor que há um cenário de práticas e estudos em plena formação sobre a realidade dos livros digitais de acesso aberto de CS&H sendo distribuídos por bibliotecas universitárias ou editoras universitárias, e que os estudos buscam com certa modéstia relacionar a priori esse tipo de publicação com o acesso aberto, como já vem sendo feito no Movimento do Acesso Aberto com artigos de periódicos com as conhecidas Vias Dourada e Verde.

Todos os estudos citaram ou descreveram livros digitais de acesso aberto na área de SC&H, com abordagens para seu uso e distribuição sob diferentes perspectivas. A Figura 1 faz uma conexão qualitativa e contextual entre os objetivos desta pesquisa e as análises dos autores nos artigos selecionados na RSL.

Figura 1
Objetivo da pesquisa X resultados dos artigos selecionados na RSL

Diante dos dados relativos à geolocalização que as pesquisas se debruçam, percebe-se que o impacto de acesso tecnológico e econômico é levado em consideração quando os autores discutem o uso de livros digitais. Talvez por algumas universidades da Índia serem alvo de estudos nos artigos desta RSL, esse seja um ponto focal e absolutamente necessário de ser levantado. Muito embora não seja limitante, questões econômicas e políticas podem afetar de algum modo o uso dos livros digitais de acesso aberto, conforme é visto em aspectos que dizem respeito à influência da escolha desse tipo de comunicação em relação à origem institucional e da área de procedência dos pesquisadores. Ou seja, caso uma biblioteca, editora ou universidade incentive o uso dos livros digitais em OA, haverá uma possibilidade maior de ele ser usado como fonte e distribuição de conhecimento científico.

Corroborando com a revisão de literatura, alguns artigos afirmam substancialmente que as bibliotecas universitárias possuem forte papel de distribuição de livros digitais em acesso aberto (Kavitha, 2018KAVITHA, E. S. A study on knowledge and usage of electronic resources by the SC/ST research scholars and PG students among Periyar University affiliated colleges. Library Philosophy and Practice, Moscow, ID, p. 199, 2018. Disponível em: https://encurtador.com.br/ktCF9. Acesso em: 19 fev. 2022.
https://encurtador.com.br/ktCF9...
; Mangai; Ganesan, 2021MANGAI, G; GANESAN, P. Researchers’ perception and attitude towards Open Access (OA) resources: an alternative model and important for academic and research libraries. Library Philosophy and Practice, Moscow, ID, p. 5681, 2021. Disponível em: https://digitalcommons.unl.edu/libphilprac/5681. Acesso em: 9 nov. 2022.
https://digitalcommons.unl.edu/libphilpr...
). Algumas delas já possuem serviços especializados para apoiar esse tipo de comunicação, como os escritórios de comunicação ou publicação acadêmica, com parcerias realizadas no âmbito da editora e área de TI da universidade. Além disso, elas podem ter o papel estratégico de apoiar esse tipo de publicações com seus recursos digitais, como repositórios e diretórios, confiáveis padrões de metadados, além de lançar mão de subsídios e fundos orçamentários, ao colaborar com a criação de modelos de negócios sustentáveis (Adema; Schmidt, 2010ADEMA, J; SCHMIDT, B. From service providers to content producers: New opportunities for libraries in collaborative open access book publishing. New Review of Academic Librarianship, London, v. 16, n. SUPPL. 1, p. 28-43, 2010. DOI: https://doi.org/10.1080/13614533.2010.509542.
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; Fathallah, 2022FATHALLAH, J. Open access monographs: myths, truths and implications in the wake of ukri open access policy. LIBER Quarterly, Amsterdam, v. 32, n. 1, 2022. DOI: https://doi.org/10.53377/lq.11068.
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; Hacker, 2014HACKER, D. A. Building it together: Collaboration in university-based open access book publishing. Insights: the UKSG Journal, London, v. 27, n. suppl. 1, p. 26-29, 2014. DOI: https://doi.org/10.1629/2048-7754.120.
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; Hartmann, 2017HARTMANN, H. Academic Publishing in the humanities: Current trends in Germany. Logos, Amsterdam, v. 28, n. 2, p. 11-26, 2017. DOI: https://doi.org/10.1163/1878-471211112127.
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; Shaw; Phillips; Gutiérrez, 2023SHAW, P; PHILLIPS, A.; GUTIÉRREZ, M. B. The future of the monograph in the arts, humanities and social sciences: publisher perspectives on a transitioning format. Publishing Research Quarterly, New York, v. 39, n. 1, p. 69-84, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s12109-023-09937-1. Acesso em: 5 nov. 2023.
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; Taylor, 2020TAYLOR, M. An altmetric attention advantage for open access books in the humanities and social sciences. Scientometrics, Budapest, v. 125, n. 3, p. 2523-2543, 2020. DOI: https://doi.org/10.1007/s11192-020-03735-8.
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).

Outra questão levantada por parte dos autores da RSL foi o aspecto orçamentário e financeiro que o uso e distribuição de livros digitais de acesso aberto, em que pese as áreas das CS&H, reflete e enfrenta. Como os custos de produção de livros podem ser um pouco mais altos do que o de periódicos, aliado ao fato do escalonamento nos cortes orçamentários das bibliotecas universitárias para aquisição de material bibliográfico tanto impresso quanto digital, há uma preocupação em continuar a reconhecer caminhos viáveis para a disponibilização desse tipo de comunicação, especialmente em acesso aberto. Alguns artigos, como em Eve (2015EVE, M. P. Open Access publishing and scholarly communications in non-scientific disciplines. Online Information Review, Leeds, UK, v.39, n.5, p.717-732, 2015. DOI: https://doi.org/10.1108/OIR-04-2015-0103.
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) e Shaw, Phillips e Gutiérrez (2022SHAW, P.; PHILLIPS, A.; GUTIÉRREZ, M. B. The death of the monograph?. Publishing Research Quarterly, New York, v. 38, n. 2, p. 382-395, 2022.), afirmam que há indícios de que o modelo de livros digitais em OA nas CS&H não passa pela mesma crise que as dos periódicos em OA, não em mesmo nível e importância. Além disso, levantam que alguns padrões praticados dentro das publicações em OA, como o Article Processing Charge (APC) para periódicos e Book Processing Charges (BPC), não atendem a esse tipo de comunicação. Ou seja, há uma lacuna a ser estudada e praticada para que haja perenidade no modelo de publicação de livros digitais de acesso aberto para alguns nichos do mercado editorial.

Um dos pontos recorrentes nos artigos foi a preocupação dos autores na questão do licenciamento, direitos de autor e na qualidade da revisão por pares dos livros digitais de acesso aberto, mesmo alguns grupos afirmando que esse tipo de comunicação seja mais veloz e proporcione maiores impactos em citações. Nessa seara, uma discussão recorrentemente levantada são os modelos da via verde e dourada de publicação. No Reino Unido já existe uma normativa governamental que regula o modelo verde de publicações em instituições que usam dinheiro público para a produção de livros digitais, orientando o período máximo de um ano para embargo. Já no modelo dourado, a questão do BPC já é tido como um modelo utilizado por países da Europa e dos EUA e é visto muitas vezes como uma barreira na publicação de livros digitais de acesso aberto, já que os custos cobrados por editoras ainda são bastante vultuosos (Shaw; Phillips; Gutiérrez, 2023SHAW, P; PHILLIPS, A.; GUTIÉRREZ, M. B. The future of the monograph in the arts, humanities and social sciences: publisher perspectives on a transitioning format. Publishing Research Quarterly, New York, v. 39, n. 1, p. 69-84, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s12109-023-09937-1. Acesso em: 5 nov. 2023.
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). Ferwerda (2010FERWERDA, E. New models for monographs - Open books. Serials, Witney, UK,v. 23, n. 2, p. 91-96, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1629/2391.
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) afirma que é preciso haver uma diferenciação entre arquivamento (via verde) e publicação (via dourada) de acesso aberto. Em ambos os casos os conteúdos são disponibilizados em acesso aberto na internet, contudo, o arquivamento em acesso aberto refere-se à preservação e divulgação de produção acadêmica, ao fornecer acesso irrestrito a materiais algumas vezes já publicados. A publicação, por outro lado, versa sobre a validação e certificação de resultados de pesquisa, ao incluir todo o processo de revisão, edição, design, produção e distribuição.

Editoras universitárias tendem a ter um público mais progressista que aceita novas possibilidades de publicação, como de livros digitais de acesso aberto. Elas foram uma das grandes catalisadoras do uso da literatura acadêmica de acesso aberto durante e após a pandemia da covid-19, corroborando para sua importância na distribuição de resultados de pesquisas científicas. Durante o período da pandemia, houve um aumento significativo na distribuição e acesso desse tipo de publicação, comportamento que permaneceu em certo sentido até os dias atuais, potencializando o uso desse tipo de publicação. Esse fenômeno revalida a necessidade de mais apoio e manutenção de infraestrutura para a comunicação científica de acesso aberto, assim como para sua importância e impacto na vida da sociedade (Frankl, 2023FRANKL, J. Towards an Author-Centered Open Access Monograph Program: Understanding Open Access Cultures in Scholarly Publishing. Journal of Electronic Publishing, Ann Arbor, v. 26, n. 1, p. 47-76, 2023. DOI: https://doi.org/10.3998/jep.3332.
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; Maryl et al., 2020MARYL, M et al. The case for an inclusive scholarly communication infrastructure for social sciences and humanities. F1000Research, London, v. 9, 2020. https://doi.org/10.12688/f1000research.26545.1.
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; Shaw; Phillips; Gutiérrez, 2023SHAW, P; PHILLIPS, A.; GUTIÉRREZ, M. B. The future of the monograph in the arts, humanities and social sciences: publisher perspectives on a transitioning format. Publishing Research Quarterly, New York, v. 39, n. 1, p. 69-84, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s12109-023-09937-1. Acesso em: 5 nov. 2023.
https://doi.org/10.1007/s12109-023-09937...
; Watkinson, 2021WATKINSON, C. University presses and the impact of COVID-19. Learned Publishing, Oxford, UK, v. 34, n. 1, p. 17-24, 2021. DOI: https://doi.org/10.1002/leap.1352.
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).

A dinâmica de estudos e de produção do conhecimento nas áreas de CS&H está intimamente ligada à natureza do livro, contudo, quando se fala em livros digitais de acesso aberto houve a identificação de algumas barreiras nos artigos da RSL, como o uso recorrente de imagens e mídias na comunicação de resultados dessas disciplinas. Tal cenário pode prejudicar a questão de licenciamento de direitos autorais (Crossick, 2016CROSSICK, G. Monographs and open access. Insights: the UKSG Journal, Londo, v. 29, n. 1, p. 14-19, 2016. DOI: https://doi.org/10.1629/uksg.280.
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; Frankl, 2023FRANKL, J. Towards an Author-Centered Open Access Monograph Program: Understanding Open Access Cultures in Scholarly Publishing. Journal of Electronic Publishing, Ann Arbor, v. 26, n. 1, p. 47-76, 2023. DOI: https://doi.org/10.3998/jep.3332.
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). Além disso, as disciplinas desses campos podem ser orientadas para o texto, com estudos específicos sobre a linguagem, para além do suporte descritivo da informação. O tema linguagem passa a ser um tema de estudo, como é o caso de livros publicados em alemão sobre a língua alemã, o que não os tornam exatamente passíveis de tradução e ampla distribuição internacional, mesmo sendo publicados em acesso aberto (Bargheer et al., 2017BARGHEER, M et al. Unlocking the digital potential of scholarly monographs in 21st century research. LIBER Quarterly, Amsterdam, v. 27, n. 1, p. 194-211, 2017. DOI: https://doi.org/10.18352/lq.10174.
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).

Importante ressaltar que alguns identificadores e softwares facilitadores do uso e distribuição de livros digitais de acesso aberto foram lembrados. O ISBN foi citado como um instrumento que não comporta todas as possibilidades de distribuição livre e aberta de metadados dessas publicações, como o Crossref e Datacite (Taylor, 2020TAYLOR, M. An altmetric attention advantage for open access books in the humanities and social sciences. Scientometrics, Budapest, v. 125, n. 3, p. 2523-2543, 2020. DOI: https://doi.org/10.1007/s11192-020-03735-8.
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). O software livre Open Monograph Press (OMP), do Public Knowledge Project (PKP), foi citado como uma ferramenta de apoio à publicação de livros digitais de acesso aberto por universidade do U.K. (Ayris, 2014AYRIS, P. Open access e-books: The role of the institution. Insights: the UKSG Journal, London, v. 27, n. suppl. 1, p. 7-10, 2014. DOI: https://doi.org/10.1629/2048-7754.140.
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), reafirmando a importância da esfera da Ciência Aberta na produção e distribuição do conhecimento científico.

A crise da venda de livros iniciada na década de 70 foi analisada por alguns autores. Ela impactou e vem impactando na ampliação do uso de livros digitais de acesso aberto, já que as bibliotecas não possuem mais orçamento necessário para a aquisição de todos os itens impressos de seus acervos (Adema; Schmidt, 2010ADEMA, J; SCHMIDT, B. From service providers to content producers: New opportunities for libraries in collaborative open access book publishing. New Review of Academic Librarianship, London, v. 16, n. SUPPL. 1, p. 28-43, 2010. DOI: https://doi.org/10.1080/13614533.2010.509542.
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; Ayris, 2014AYRIS, P. Open access e-books: The role of the institution. Insights: the UKSG Journal, London, v. 27, n. suppl. 1, p. 7-10, 2014. DOI: https://doi.org/10.1629/2048-7754.140.
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; Crossick, 2016CROSSICK, G. Monographs and open access. Insights: the UKSG Journal, Londo, v. 29, n. 1, p. 14-19, 2016. DOI: https://doi.org/10.1629/uksg.280.
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; Eve, 2015EVE, M. P. Open Access publishing and scholarly communications in non-scientific disciplines. Online Information Review, Leeds, UK, v.39, n.5, p.717-732, 2015. DOI: https://doi.org/10.1108/OIR-04-2015-0103.
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; Ferwerda, 2010FERWERDA, E. New models for monographs - Open books. Serials, Witney, UK,v. 23, n. 2, p. 91-96, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1629/2391.
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, 2014; Georgiou; Tsakonas, 2010GEORGIOU, P; TSAKONAS, G. Digital scholarly publishing and archiving services by academic libraries: Case study of the University of Patras. LIBER Quarterly, London, v. 20, n. 2, 2010. DOI: https://doi.org/10.18352/lq.7991.
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). Esse modelo de comunicação também auxilia na publicação de monografias, dissertações e teses, colaborando na divulgação dos resultados de pesquisa nas áreas de CS&H, ao dar prosseguimento no contexto de publicações iniciais dos cientistas dessas áreas, que costumam ter como suas primeiras publicações livros oriundos de suas diplomações. (Bargheer et al., 2017BARGHEER, M et al. Unlocking the digital potential of scholarly monographs in 21st century research. LIBER Quarterly, Amsterdam, v. 27, n. 1, p. 194-211, 2017. DOI: https://doi.org/10.18352/lq.10174.
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; Davies, 2014DAVIES, P.M.C.R. Calibrating the parameters: Changing hearts and minds about open access monographs. Insights: the UKSG Journal, Londo, v. 27, n. suppl. 1, p. 4-6, 2014. DOI: https://doi.org/10.1629/2048-7754.141.
https://doi.org/10.1629/2048-7754.141...
; Eve et al., 2017; Gilliam; Daoutis, 2019GILLIAM, C; DAOUTIS, C. Can openly accessible E-theses be published as monographs? A short survey of academic publishers. Serials Librarian, London, v. 75, n. 1-4, p. 5-12, 2019. DOI: https://doi.org/10.1080/0361526X.2019.1589633.
https://doi.org/10.1080/0361526X.2019.15...
; Look; Pinter, 2010LOOK, H; PINTER, F. Open access and humanities and social science monograph publishing. New Review of Academic Librarianship, London, v. 16, n. suppl. 1, p. 90-97, 2010. DOI: https://doi.org/10.1080/13614533.2010.512244.
https://doi.org/10.1080/13614533.2010.51...
; Maryl et al., 2020MARYL, M et al. The case for an inclusive scholarly communication infrastructure for social sciences and humanities. F1000Research, London, v. 9, 2020. https://doi.org/10.12688/f1000research.26545.1.
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; Shaw; Phillips; Gutiérrez, 2022SHAW, P.; PHILLIPS, A.; GUTIÉRREZ, M. B. The death of the monograph?. Publishing Research Quarterly, New York, v. 38, n. 2, p. 382-395, 2022.).

5 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste estudo permitiram o debate acerca de diversos fatores relacionados à produção, distribuição e uso de livros digitais de acesso aberto nas áreas das CS&H, ao permitir delinear parte do estado da arte das pesquisas relacionados ao tema. Desta forma, são elencadas alguns dos achados possíveis após aplicação da abordagem metodológica qualitativa, por meio do método de RSL, realizada nas bases de dados LISA e Scopus, com análise tabular e sumarizada, com apoio do software StArt, listadas a seguir:

  • o conhecimento sobre comunicação científica e acesso aberto por meio de livros digitais nas CS&H é incipiente;

  • o livro digital de acesso aberto é um dos principais meios de comunicação científica dos campos das CS&H;

  • existe um debate proeminente sobre o acesso aberto aplicado aos livros digitais, em especial, àqueles usados pelas CS&H;

  • as bibliotecas universitárias e editoras universitárias são as principais instituições responsáveis pela distribuição e uso dos livros digitais de acesso aberto nas CS&H, com uma atuação em crescimento e com alguns percalços ligados às questões orçamentárias e tecnológicas;

  • as regiões que mais estudam e publicam sobre livros digitais de acesso aberto no campo das CS&H são, em ordem de prioridade: Índia, Alemanha e Reino Unido;

  • embora a decisão do pesquisador quanto ao tipo de canal de comunicação seja mais influenciada pela disciplina acadêmica, os incentivos institucionais para produção, distribuição e uso representam um fator de influência;

  • há um debate iniciado sobre as adaptações e escolhas entre a via verde e dourada que os pesquisadores e instituições escolhem e/ou usam no momento de distribuir e publicar seus livros digitais de acesso aberto, com destaque para a via dourada;

  • alguns modelos já consolidados de acesso aberto para periódicos eletrônicos científicos não se aplicam totalmente à realidade e às necessidades dos livros digitais de acesso aberto;

  • os diretórios de livros digitais de acesso aberto possuem importância dentro do contexto de distribuição e organização de livros digitais de acesso aberto das bibliotecas universitárias;

  • a distribuição e publicação de livros digitais em acesso aberto não afetam sobremaneira a venda de suas versões impressas, contribuindo muitas vezes para o aumento de sua citação;

  • a publicação e distribuição de livros digitais de acesso aberto podem ser até 50% mais baratas do que suas versões impressas;

  • editoras universitárias praticam mais a distribuição e publicação de livros digitais de acesso aberto do que as editoras comerciais acadêmicas;

  • pesquisadores das áreas da SC&H demonstram simpatia e conhecimento quanto às vantagens da produção, distribuição e utilização de livros digitais de acesso aberto. No entanto, eles ainda têm certas reservas quanto ao seu licenciamento, direitos autorais, qualidade e disponibilidade.

Reconhecimentos

Não aplicável.

REFERÊNCIAS

  • ADEMA, J; SCHMIDT, B. From service providers to content producers: New opportunities for libraries in collaborative open access book publishing. New Review of Academic Librarianship, London, v. 16, n. SUPPL. 1, p. 28-43, 2010. DOI: https://doi.org/10.1080/13614533.2010.509542
    » https://doi.org/10.1080/13614533.2010.509542
  • AYRIS, P. Open access e-books: The role of the institution. Insights: the UKSG Journal, London, v. 27, n. suppl. 1, p. 7-10, 2014. DOI: https://doi.org/10.1629/2048-7754.140
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  • Financiamento:

    Não aplicável.
  • Aprovação ética:

    Não aplicável.
  • Disponibilidade de dados e material:

    Os dados estarão disponíveis repositório E-LIS: http://hdl.handle.net/10760/45188
  • JITA:

    IN. Open science.
  • ODS:

    9. Indústria, Inovação e Infraestrutura

APPENDIX A: EXCLUSION AND INCLUSION CRITERIA

CRITÉRIO DESCRIÇÃO DO CRITÉRIO DE EXCLUSÃO CE1 Artigos que não citem especificamente as áreas de ciências sociais e humanidades no uso, distribuição e produção de livros digitais CE2 Artigos que não se refiram a livros digitais de acesso aberto Fonte: Elanoração própria
CRITÉRIO DESCRIÇÃO DO CRITÉRIO DE INCLUSÃO CI1 O artigo foi escrito com coerência e coesão textual? CI2 Os métodos ou técnicas foram reportados de forma objetiva? CI3 O uso, distribuição e produção de livros digitais de acesso aberto foram explicitamente citados? CI4 As áreas do conhecimento constituem as Ciências Sociais e/ou Humanidades? CI5 Os livros digitais são de acesso aberto? Fonte: Elanoração própria

Editado por

Editor:

Gildenir Carolino Santos

Disponibilidade de dados

Os dados estarão disponíveis repositório E-LIS: http://hdl.handle.net/10760/45188

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Abr 2024
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    02 Out 2023
  • Aceito
    23 Nov 2023
  • Publicado
    19 Dez 2023
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