A Ilha do Marajó mostra uma abundância de paleocanais que são facilmente mapeáveis em sua porção leste, onde a vegetação consiste principalmente em savanas. Dados SRTM possibilitam reconhecer paleocanais também na porção oeste do Marajó, mesmo considerando a cobertura vegetal de floresta densa. Uma rede de paleodrenagem bem preservada nas adjacências da cidade de Breves (sudoeste da Ilha do Marajó) foi investigada neste trabalho combinando-se sensoriamento remoto e estudos sedimentológicos. O sistema de drenagem palimpséstico consiste em um amplo meandro conectado a uma malha de tributários estreitos. Estudos sedimentológicos revelaram, principalmente, sucessões granodecrescentes ascendentes de base abrupta nas feições canalizadas, e intercalações de argilas e areias nas planícies de inundação. As estruturassedimentares e sucessões de fácies estão em perfeita concordância com deposição em ambientes canalizados e de planícies de inundação, como sugerido pelo mapeamento com sensoriamento remoto. O presente estudo mostra que a paleodrenagem foi abandonada no final do Pleistoceno, um pouco antes dos sistemas de paleocanais holocênicos da porção leste da ilha. A integração de estudos prévios com os dados disponíveis no presente trabalho suporta causa tectônica, particularmenterelacionada com a abertura do Rio Pará ao longo de falhastectônicas. Isto explicaria o desaparecimento de canais largos que migravam para norte-nordeste no sudoeste da Ilha do Marajó. Estes foram substituídos por outros canais mais estreitos de direção sul-sudeste que dominam na paisagem atual.
sensoriamento remoto; sedimentologia; paleocanal; Ilha do Marajó; Quaternário
