Acessibilidade / Reportar erro

Morfologia de plântulas e plantas jovens de 30 espécies arbóreas de Leguminosae

Morphology of seedlings and saplings of 30 tree species of Leguminosae

Resumos

Tendo em vista a carência de informações a respeito das formas jovens das plantas e a importância desses dados como subsídios para trabalhos taxonômicos, filogenéticos e ecológicos, foram estudadas morfologicamente as plântulas e plantas jovens de 30 espécies arbóreas de Leguminosae, ocorrentes no Estado de São Paulo, Brasil, visando à apresentação de características úteis para a identificação das espécies selecionadas. O desenvolvimento das plântulas e plantas jovens foi acompanhado diariamente, em germinador e em casa de vegetação. São apresentados dados relativos à morfologia da plântula, número de catáfilos, época de diferenciação do primeiro eófilo e sua filotaxia, época da abscisão cotiledonar e da formação do primeiro metáfilo, bem como a ocorrência de nodulação radicular. A análise das plântulas e plantas jovens demonstrou a grande variação que existe nas Leguminosae. Nessa família, plântulas epígeo-foliáceas e epígeo-carnosas ocorrem em 80% das espécies estudadas. Em Caesalpinioideae, todas as plântulas se mostraram epígeas, 20% delas com cotilédones carnosos. Em Mimosoideae, 66,7% das espécies produziram plântulas epígeo-foliáceas, 22,2% epígeo-carnosas e 11,1% semi-hipógeas. As espécies de Faboideae apresentaram dois tipos de plântulas: epígeo-carnosas em 54,5% e hipógeas em 45,5%.

Leguminosae; morfologia; plântula; planta jovem


Seedlings and saplings of tree species of Leguminosae from São Paulo State, Brazil, were studied morphologically. This study was also carried out due to the scarce information about seedlings and saplings besides the importance of these data as a support for taxonomic, phylogenetic and ecological studies. The seedling and sapling development were observed daily in a germinator and greenhouse. Seedling morphology, cataphyll number, first eophyll differentiation time and their phyllotaxis, cotyledon abscision time, first metaphyll differentiation and radicular nodulation data are presented. The results showed the greatest seedling variation in Leguminosae. In this family, epigeal-foliaceous and epigeal-fleshy seedlings occurred in 80% of the studied species. In Caesalpinioideae, all seedlings were epigeal, 20% of these seedlings had fleshy cotyledons. In Mimosoideae, 66.7% of the species had epigeal-foliaceous seedlings, 22.2% epigeal-fleshy and 11.1% semi-hypogeal seedlings. Faboideae species exhibited two types of seedlings: 54.5% were epigeal-fleshy and 45.5% were hypogeal.

Leguminosae; morphology; seedling; sapling


Morfologia de plântulas e plantas jovens de 30 espécies arbóreas de Leguminosae1 1 Parte da tese de Doutorado da Autora. Auxílios CNPq, CAPES (PICD), FUNDUNESP e FAPESP; trabalho apresentado no 49º Congresso Nacional de Botânica, Salvador, BA

Morphology of seedlings and saplings of 30 tree species of Leguminosae

Denise Maria Trombert Oliveira

Departamento de Botânica, IB, UNESP, C.Postal 510, CEP 18.618-000, Botucatu, SP, Brasil, e-mail: doliveira@laser.com.br

RESUMO

Tendo em vista a carência de informações a respeito das formas jovens das plantas e a importância desses dados como subsídios para trabalhos taxonômicos, filogenéticos e ecológicos, foram estudadas morfologicamente as plântulas e plantas jovens de 30 espécies arbóreas de Leguminosae, ocorrentes no Estado de São Paulo, Brasil, visando à apresentação de características úteis para a identificação das espécies selecionadas. O desenvolvimento das plântulas e plantas jovens foi acompanhado diariamente, em germinador e em casa de vegetação. São apresentados dados relativos à morfologia da plântula, número de catáfilos, época de diferenciação do primeiro eófilo e sua filotaxia, época da abscisão cotiledonar e da formação do primeiro metáfilo, bem como a ocorrência de nodulação radicular. A análise das plântulas e plantas jovens demonstrou a grande variação que existe nas Leguminosae. Nessa família, plântulas epígeo-foliáceas e epígeo-carnosas ocorrem em 80% das espécies estudadas. Em Caesalpinioideae, todas as plântulas se mostraram epígeas, 20% delas com cotilédones carnosos. Em Mimosoideae, 66,7% das espécies produziram plântulas epígeo-foliáceas, 22,2% epígeo-carnosas e 11,1% semi-hipógeas. As espécies de Faboideae apresentaram dois tipos de plântulas: epígeo-carnosas em 54,5% e hipógeas em 45,5%.

Palavras-chave: Leguminosae, morfologia, plântula, planta jovem

ABSTRACT

Seedlings and saplings of tree species of Leguminosae from São Paulo State, Brazil, were studied morphologically. This study was also carried out due to the scarce information about seedlings and saplings besides the importance of these data as a support for taxonomic, phylogenetic and ecological studies. The seedling and sapling development were observed daily in a germinator and greenhouse. Seedling morphology, cataphyll number, first eophyll differentiation time and their phyllotaxis, cotyledon abscision time, first metaphyll differentiation and radicular nodulation data are presented. The results showed the greatest seedling variation in Leguminosae. In this family, epigeal-foliaceous and epigeal-fleshy seedlings occurred in 80% of the studied species. In Caesalpinioideae, all seedlings were epigeal, 20% of these seedlings had fleshy cotyledons. In Mimosoideae, 66.7% of the species had epigeal-foliaceous seedlings, 22.2% epigeal-fleshy and 11.1% semi-hypogeal seedlings. Faboideae species exhibited two types of seedlings: 54.5% were epigeal-fleshy and 45.5% were hypogeal.

Key words: Leguminosae, morphology, seedling, sapling

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Agradecimentos

À Profa. Dra. Celia Massa Beltrati, do Departamento de Botânica, IB, UNESP, Rio Claro, pela dedicada orientação deste trabalho; ao Biólogo José Flávio Cândido Júnior, de Botucatu, SP, pelo acompanhamento de todas as fases deste trabalho e pelas críticas aos originais.

Recebido em 28/01/1999.

Aceito em 16/08/1999

  • Amo, S. 1979. Clave para plântulas y estados juveniles de especies primarias de una Selva Alta Perennifolia em Veracruz, México. Biotica 4(2): 59-108.
  • Amo-Rodriguez, S. & Gómez-Pompa, A. 1976. Crescimiento de estados juveniles en plantas de Selva Tropical Alta Perennifolia. Pp.549-565. In: A. Gómez-Pompa; C. Vásquez-Yanes; S. Amo-Rodríguez & A. C. Butanda (Eds.), Investigaciones sobre la regeneracion de selvas altas en Veracruz, México. Continental, México.
  • Burkart, A. 1952. Las leguminosas argentinas silvestres y cultivadas. 2.ed. Acme Agency, Buenos Aires.
  • Corby, H. D. L. 1981. The systematic value of leguminous root nodules. Pp.657-669. In: R. M. Polhill & P. H. Raven (Eds.), Advances in legume systematics. Royal Botanic Gardens, Kew.
  • Compton, R. H. 1912. Investigation of the seedling structure in the Leguminosae. Journal of the Linnean Society of London, Botany 41: 1-122.
  • Cowan, R. S. & Polhill, R. M. 1981. Tribe 4. Detarieae DC. (1825). Pp. 117-134. In: R. M. Polhill & P. H. Raven (Eds.), Advances in legume systematics. Royal Botanic Gardens, Kew.
  • Duke, J. A. 1965. Keys for the identification of seedlings of some proeminent woody species in eight forest types in Puerto Rico. Annals of the Missouri Botanical Gardens 52(3): 314-350.
  • Duke, J. A. 1969. On tropical seedlings. I. Seeds, seedlings, systems and systematics. Annals of the Missouri Botanical Gardens 56(2): 125-161.
  • Duke, J. A. & Polhill, R. M. 1981. Seedlings of Leguminosae. Pp. 941-949. In: R. M. Polhill & P. H. Raven (Eds.), Advances in legume systematics. Royal Botanic Gardens, Kew.
  • Garwood, N. C. & Humphries, C. J. 1993. Seedling diversity in the neotropics. NERC News 27: 20-23.
  • Gates, R. R. 1951. Epigeal germination in the Leguminosae. Botanical Gazette 113: 151-157.
  • Kozlowski, T. T. 1971. Growth and development of trees, v. 1. Academic Press, New York.
  • Lima, H. C. 1989-90. Tribo Dalbergieae (Leguminosae Papilionoideae) - morfologia dos frutos, sementes e plântulas e sua aplicação na Sistemática. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 30: 1-42.
  • Lorenzi, H. 1992. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Editora Plantarum, Nova Odessa.
  • Lorenzi, H. 1998. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil, v.2. Editora Plantarum, Nova Odessa.
  • Miquel, S. 1987. Morphologie fonctionelle de plantules d'especes forestières du Gabon. Bulletin du Museum National d'Histoire Naturelle, Section B, Adansonia 9(1): 101-121.
  • Ng, F. S. P. 1973. Germination of fresh seeds of Malaysian trees. The Malaysian Forester 36(2): 54-65.
  • Oliveira, D. M. T. 1997. Análise morfológica comparativa de frutos, sementes, plântulas e plantas jovens de 30 espécies arbóreas de Fabaceae ocorrentes no Estado de São Paulo. Tese de Doutorado. UNESP, Rio Claro.
  • Oliveira, D. M. T. & Beltrati, C. M. 1992. Morfologia e desenvolvimento das plântulas de Inga fagifolia e l. urugüensis. Türrialba 42: 306-313.
  • Polhill, R. M. & Raven, P. H. (Eds.). 1981. Advances in legume systematics. Part 1. Royal Botanic Gardens, Kew.
  • Polhill, R. M.; Raven, P. H. & Stirton, C. H. 1981. Evolution and Systematics of the Leguminosae. Pp. 1-26. In: R. M. Polhill & P. H. Raven (Eds.), Advances in legume systematics. Royal Botanic Gardens, Kew.
  • Ricardi, M.; Torres, F.; Hernández, C. & Quintero, R. 1977. Morfologia de plantulas de arboles venezolanos. I. Revista Florestal Venezolana 27: 15-56.
  • Ricardi, M.; Hernandez, C. & Torres, F. M. 1987. Morfologia de plantulas de arboles de los bosques del Estado Merida, Venezuela. Talleres Gráficos Universitários, Merida.
  • Silva, M. F.; Goldman, G. H.; Magalhães, F. M. & Moreira, F. W. 1988. Germinação natural de 10 espécies arbóreas da Amazônia - 1. Acta Amazônica 18(1-2): 9-26.
  • Torres, E. B. 1985. Identificacion de plantulas de algunas especies arbóreas del bosque de Niebla. Perez-Arbelaezia 1(1): 39-95.
  • Torres, E. B. 1986. Identificacion de plantulas de algunas especies arbóreas del bosque de Niebla. II Parte. Perez-Arbelaezia 1(2): 165-209.
  • 1
    Parte da tese de Doutorado da Autora. Auxílios CNPq, CAPES (PICD), FUNDUNESP e FAPESP; trabalho apresentado no 49º Congresso Nacional de Botânica, Salvador, BA
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Maio 2011
    • Data do Fascículo
      Dez 1999

    Histórico

    • Recebido
      28 Jan 1999
    • Aceito
      16 Ago 1999
    Sociedade Botânica do Brasil SCLN 307 - Bloco B - Sala 218 - Ed. Constrol Center Asa Norte CEP: 70746-520 Brasília/DF. - Alta Floresta - MT - Brazil
    E-mail: acta@botanica.org.br