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Filtração glomerular e fatores associados em hipertensos atendidos na atenção básica

Resumos

FUNDAMENTO: No Brasil, a hipertensão arterial (HA) constitui-se um dos principais fatores de risco para doença renal crônica (DRC). Recomenda-se o monitoramento da filtração glomerular (FG) para avaliação da função renal em hipertensos, posto que sua redução precede o aparecimento de sintomas. OBJETIVO: Avaliar a FG e fatores associados em hipertensos. MÉTODOS: Realizou-se estudo transversal no período de janeiro a junho de 2008, com 297 hipertensos com ou sem diabete melito (DM) tratados em uma unidade básica de saúde em São Luís-MA. Foram incluídos pacientes >20 anos e de ambos os sexos. Avaliaram-se dados sociodemográficos, estado nutricional, FG e microalbuminúria em urina de 24h, controle pressórico e glicêmico, creatinina sérica e lipidograma. RESULTADOS: A idade média foi 60,6 × 11,5 anos com predomínio do sexo feminino (75,1%), sobrepeso/obesidade (65,0%) e circunferência da cintura elevada (60,6%). A prevalência de FG < 60 ml/min foi 24,6% no grupo HA sem DM e 18,3% no HA com DM, sem diferença significante. Para o grupo HA sem DM houve associação apenas da FG reduzida com idade > 65 anos, que permaneceu após ajustamento. Para o grupo HA com DM houve associação da redução da FG com idade > 65 anos, tabagismo e obesidade, porém, após ajustamento, permaneceram idade e tabagismo. CONCLUSÃO: Nestes pacientes, a prevalência de FG < 60 ml/min foi elevada e, após ajustamento, apenas idade > 65 anos e tabagismo apresentaram-se como fatores associados à FG. Isto reforça a necessidade da avaliação sistemática da FG em hipertensos visando a prevenção secundária da doença renal crônica.

Nefropatias; Nefropatias; hipertensão arterial; hipertensão renovascular; análise de alimentos; prevenção de doenças; dietoterapia


BACKGROUND: In Brazil, arterial hypertension (AH) constitutes one of the main risk factors for chronic kidney disease (CKD). The monitoring of glomerular filtration (GF) is recommended for the assessment of kidney function in hypertensive individuals, as GF decrease precedes symptom onset. OBJECTIVE: To assess GF and its associated factors in hypertensive individuals. METHODS: A cross-sectional study was carried out from January to June 2008 in 297 individuals with arterial hypertension (AH) with or without diabetes mellitus (DM), treated at a primary care facility in the city of São Luís, Maranhão. Patients older than 20 years and of both sexes were included in the study. Sociodemographic and nutritional status data, GF rate and microalbuminuria levels in 24-hour urine were assessed, as well as blood pressure, glucose and serum creatinine levels and a lipidogram. RESULTS: Mean age was 60.6 × 11.5 years, with a predominance of the female sex (75.1%), overweight/obesity (65.0%) and large waist circumference (60.6%). The prevalence of GF < 60 ml/min was 24.6% in the AH group without DM and 18.3% in the AH group with DM, with no significant difference. For the AH group without DM, there was an association only between reduced GF and age > 65 years, which remained after adjustment. For the AH group with DM, there was an association between reduced GF and age > 65 years, smoking habit and obesity. However, after the adjustment, age and smoking habit remained as associated factors. CONCLUSION: In these patients, the prevalence of GF < 60 ml/min was high and after the adjustment, only age > 65 years and smoking habit were shown to be factors associated to GF. This reinforces the need to systematically evaluate GF in hypertensive individuals, aiming at the secondary prevention of chronic kidney disease.

Kidney diseases; Kidney diseases; hypertension; hypertension, renovascular; food analysis; disease prevention; diet therapy


ARTIGO ORIGINAL

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

Filtração glomerular e fatores associados em hipertensos atendidos na atenção básica

Ana Karina Teixeira da Cunha FrançaI; Alcione Miranda dos SantosI; Isabela Leal CaladoI; Elisângela Milhomem dos SantosI; Poliana Coelho CabralII; João Victor Leal SalgadoI; Noemia Perli GoldraichIII; Natalino Salgado FilhoI

IUniversidade Federal do Maranhão, São Luís, MA

IIUniversidade Federal de Pernambuco, Recife, PE

IIIUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS - Brasil

Correspondência Correspondência: Ana Karina Teixeira da Cunha França Rua Barão de Itapary, 155, Centro 65020-070 - São Luís, MA - Brasil E-mail: karinafranca2@yahoo.com.br

RESUMO

FUNDAMENTO: No Brasil, a hipertensão arterial (HA) constitui-se um dos principais fatores de risco para doença renal crônica (DRC). Recomenda-se o monitoramento da filtração glomerular (FG) para avaliação da função renal em hipertensos, posto que sua redução precede o aparecimento de sintomas.

OBJETIVO: Avaliar a FG e fatores associados em hipertensos.

MÉTODOS: Realizou-se estudo transversal no período de janeiro a junho de 2008, com 297 hipertensos com ou sem diabete melito (DM) tratados em uma unidade básica de saúde em São Luís-MA. Foram incluídos pacientes >20 anos e de ambos os sexos. Avaliaram-se dados sociodemográficos, estado nutricional, FG e microalbuminúria em urina de 24h, controle pressórico e glicêmico, creatinina sérica e lipidograma.

RESULTADOS: A idade média foi 60,6 × 11,5 anos com predomínio do sexo feminino (75,1%), sobrepeso/obesidade (65,0%) e circunferência da cintura elevada (60,6%). A prevalência de FG < 60 ml/min foi 24,6% no grupo HA sem DM e 18,3% no HA com DM, sem diferença significante. Para o grupo HA sem DM houve associação apenas da FG reduzida com idade > 65 anos, que permaneceu após ajustamento. Para o grupo HA com DM houve associação da redução da FG com idade > 65 anos, tabagismo e obesidade, porém, após ajustamento, permaneceram idade e tabagismo.

CONCLUSÃO: Nestes pacientes, a prevalência de FG < 60 ml/min foi elevada e, após ajustamento, apenas idade > 65 anos e tabagismo apresentaram-se como fatores associados à FG. Isto reforça a necessidade da avaliação sistemática da FG em hipertensos visando a prevenção secundária da doença renal crônica.

Palavras-chave: Nefropatias/terapia/diagnóstco, hipertensão arterial, hipertensão renovascular, análise de alimentos, prevenção de doenças, dietoterapia.

Introdução

A hipertensão arterial (HA) é um grave problema de saúde pública. Estima-se que mais de 30 milhões de brasileiros têm HA1, sendo 12.410.753 usuários do Sistema Único de Saúde2. Além disso, mais de um terço desconhece a doença e menos de um terço dos hipertensos diagnosticados apresentam níveis pressóricos adequados com o tratamento proposto3.

No Brasil, a hipertensão constitui-se um dos principais fatores de risco para a doença renal crônica (DRC) e, quando associada ao diabete melito (DM), é responsável por 50% dos casos de pacientes em terapia renal substitutiva (TRS)3.

Segura e cols.4 identificaram em hipertensos prevalência de déficit da função renal (FG < 60 ml/min) de 7,6%, usando como critério a dosagem de creatinina sérica e de 22,3%, quando usaram a filtração glomerular (FG) pelo clearance de creatinina. Em outro estudo, New e cols.5 observaram redução da FG estimada em 31,3% dos pacientes diabéticos versus 6,9% na população geral. Infelizmente, o Brasil ainda não dispõe de estudos populacionais da DRC nos estágios iniciais e as atenções se restringem, quase que exclusivamente, ao estágio mais avançado, quando o paciente necessita de tratamento dialítico ou transplante renal6.

Avaliar adequadamente a função renal é fundamental para realizar o diagnóstico e proceder ao tratamento adequado para DRC. Por isto, recomenda-se o monitoramento da FG que é considerado melhor marcador de função renal em indivíduos saudáveis ou doentes7, posto que sua redução precede o aparecimento de sintomas de falência renal.

Considerando que a evolução da DRC depende da qualidade do atendimento ofertado muito antes da falência renal, é de suma importância estimar a prevalência desta doença nos seus estágios iniciais, na maioria assintomáticos, o que por sua vez, auxiliará no desenvolvimento de políticas voltadas para sua prevenção e controle. Ademais, conhecer fatores associados e realizar diagnóstico precoce da DRC permite determinar tratamento adequado e evitar a progressão para o estágio final, cuja terapia exige diálise ou transplante renal.

Desta forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar a FG e fatores associados em hipertensos, com ou sem diabete, em tratamento na atenção básica, por serem considerados de alto risco para o desenvolvimento da DRC.

Métodos

Foi realizado estudo transversal e analítico com pacientes hipertensos, com ou sem diabete, de janeiro a junho de 2008. Estes eram cadastrados no Programa HiperDia do Ministério da Saúde e estavam em tratamento no Centro de Saúde da Vila Embratel em São Luís, Maranhão.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (Protocolo nº 1977/2007), de acordo com as normas para pesquisas em seres humanos.

O cálculo amostral foi realizado considerando a população de 559 hipertensos sem DM e 116 hipertensos com DM cadastrados no programa, prevalência esperada de FG inferior a 60 ml/min/1,73 m2 de 22,3%, margem de erro de 4% e nível de confiança igual a 95%. O número total de pacientes foi estimado em 188 hipertensos sem DM e 91 com DM. Com o objetivo de corrigir eventuais perdas durante o processo de coleta de dados, decidiu-se aumentar a amostra em 5%, totalizando em 307 hipertensos, sendo 100 deles com DM.

Foram incluídos neste estudo hipertensos com idade igual ou superior a 20 anos, de ambos os sexos e que concordaram em participar do estudo. Os critérios de não inclusão foram: gestantes e pacientes portadores de qualquer outra doença crônica consumptiva (Câncer e AIDS) ou estar em TRS.

O processo de seleção teve início com a obtenção de uma listagem com o nome dos hipertensos cadastrados no programa HiperDia da referida unidade de saúde. Em seguida, foi realizada amostragem aleatória simples por sorteio, sem reposição. Os pacientes foram localizados pelos agentes comunitários de saúde (AGS) do Programa de Saúde da Família (PSF) e, ao comparecerem à unidade de saúde, foram esclarecidos sobre o estudo.

Os pacientes que concordaram em participar foram previamente orientados para a técnica de coleta da urina de 24 horas. Também foram solicitados a comparecer ao Centro de Saúde, no dia da consulta de rotina, em jejum de 12 horas e com a urina coletada. Os pacientes receberam pessoalmente esclarecimento sobre o procedimento da coleta da urina de 24 horas, além das instruções por escrito e os recipientes para a coleta.

No dia da consulta, no Centro de Saúde, inicialmente os pacientes responderam questionário estruturado com dados sociodemográficos e história clínica. No mesmo momento, foi aferida a pressão arterial e, em seguida, realizada a avaliação nutricional. Nessa oportunidade também foi coletada amostra de sangue e feita recepção da urina. Posteriormente, o material biológico (sangue e urina) foi encaminhado ao Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Presidente Dutra da Universidade Federal do Maranhão (HUPD-UFMA).

A escolaridade foi avaliada em anos de frequência à escola e categorizada em < 8 anos e > 9 anos. A classificação econômica foi categorizada em classes, segundo o Critério Classificação Econômica Brasil. Considerou-se tabagista todo paciente que declarou ser fumante em algum momento da vida, independente do momento e da quantidade de cigarros. Da mesma forma, foram considerados etilistas pacientes que referiram consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica e em qualquer frequência.

A pressão arterial de cada paciente foi verificada com uso de esfigmomanômetro digital (Omron®), por método indireto, com o paciente em repouso, na posição sentada. Foram realizadas duas medições, a primeira no meio da entrevista e a segunda ao final. Foi utilizado o maior valor da pressão arterial. Pressão controlada foi considerada quando a PA sistólica foi menor que 140 mmHg e a PA distólica menor que 90 mmHg para pacientes hipertensos sem diabete associado e PA sistólica menor que 130 mmHg e PA diastólica menor que 80 mmHg para hipertensos com diabete associado1.

Para a avaliação antropométrica dos pacientes foram aferidos o peso (em quilogramas) em balança portátil digital (Plena®) e a altura (em metros) em estadiômetro (Alturexata®). Também foram mensuradas a circunferência da cintura (CC) e do quadril (CQ) com fita métrica não extensível. A CC (em centímetros) foi obtida no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, no momento da expiração, e a CQ (em centímetros) na região de maior perímetro entre a cintura e a coxa.

A determinação do estado nutricional dos pacientes foi realizada por meio do índice de massa corporal (IMC), CC e razão cintura-quadril (RCQ). O IMC foi calculado por meio da razão do peso corporal e o quadrado da altura. Foi utilizado o ponto de corte inferior a 25,0 kg/m2 para eutrofia, 25,0 a 29,9 kg/m2 para sobrepeso e maior ou igual a 30,0 kg/m2 para obesidade. A CC e RCQ foram obtidas com o intuito de avaliar o padrão de distribuição da gordura corporal. A RCQ foi obtida por meio da razão entre a CC e CQ. Foram adotados os pontos de corte para risco muito elevado da CC de 88 cm e 102 cm; e de risco elevado da RCQ de 0,85 e 1,00 para mulheres e homens, respectivamente, conforme classificação da Organização Mundial de Saúde8.

Para avaliação metabólica e da função renal foram realizados clearance de creatinina e a microalbuminúria em urina de 24 horas, creatinina sérica, colesterol total, HDL e LDL colesterol, triglicerídeos, glicemia em jejum, hemoglobina glicosilada (para diabéticos). Os métodos adotados nos exames laboratoriais e os respectivos valores de referência encontram-se descritos no Quadro 1.


A FG foi avaliada por meio do clearance de creatinina endógena em urina de 24 horas. O estadiamento da DRC foi realizado em cinco estágios seguindo a recomendação do National Kidney Foundation9 (Quadro 2).


Quando identificado déficit da função renal (FG inferior a 60 ml/min), os pacientes foram encaminhados para o Ambulatório de Nefrologia do HUPD - UFMA, serviço de referência na cidade de São Luís, para avaliação especializada e tratamento.

As variáveis qualitativas são apresentadas por meio de frequências e porcentagens e as quantitativas por média e desvio padrão (média × DP). Para comparação das variáveis quantitativas do grupo hipertenso sem diabete com o grupo hipertenso com diabete foi utilizado o teste t-Student e para as variáveis qualitativas foram utilizados o Teste Qui-quadrado e Exato de Fisher. A normalidade das variáveis quantitativas foi analisada pelo teste Shapiro Wilk.

Para identificação dos fatores associados com a FG, em cada grupo, foi utilizado o modelo de regressão de Poisson. O nível de significância adotado foi de 5%. Também foram estimadas as razões de prevalências (RP) e seus respectivos intervalos de confiança de 95%.

As variáveis que apresentaram p-valor menor do que 0,20 foram consideradas no modelo de regressão multivariado de Poisson. A seleção das variáveis foi realizada pelo método passo a passo (stepwise) por eliminação. Apenas as variáveis com p-valor menor do que 0,10 permaneceram no modelo final. Os dados foram analisados no programa estatístico STATA 9.0.

Este estudo teve apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).

Resultados

Foram avaliados 297 hipertensos inscritos no Programa HiperDia e em tratamento em uma unidade básica de saúde de São Luís. Houve perda de 3,3% (n=10) por insuficiência de dados para análise da função renal ou recusa em participar do estudo. Assim, a amostra final foi composta de 199 pacientes hipertensos sem DM e 98 com DM, conforme cadastro do programa HiperDia.

A idade média foi de 60,6 × 11,5 anos e predominaram pacientes do sexo feminino (75,1%), com menos de 9 anos de escolaridade (83,1%), pertencentes às classes D e E (79,5%). A porcentagem de tabagismo foi de 44,3% e etilismo de 20,9% (Tabela 1). Verificou-se ainda que o etilismo apresentou associação com idade < 65 anos para os hipertensos diabéticos (p=0,046).

Observou-se maior prevalência de indivíduos com diagnóstico de sobrepeso (38,0%) e obesidade (27,0%) segundo o IMC. Entre os hipertensos obesos, 85,3% tinham idade < 65 anos e houve associação significante (p-valor = 0,002). A distribuição de gordura abdominal estava alterada em 60,6% pela CC e 75,8% pela RCQ (Tabela 1).

Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos HA sem DM e HA com DM quanto às características sociodemográficas e antropométricas (Tabela 1).

As médias da pressão arterial sistólica e diastólica foram 149,9 × 1,7 mmHg e 89,2 × 0,9 mmHg para o grupo HA sem DM e 145,5 × 2,0 mmHg e 86,5 × 1,0 mmHg para o grupo HA com DM, respectivamente, e houve diferença estatística significante (p < 0,0001).

Predominou FG no intervalo entre 60 e 89 ml/min/1,73 m2, para ambos os grupos. A porcentagem de FG reduzida (< 60 ml/min/1,73 m2) foi de 24,6% no grupo HA sem DM e 18,3% no HA com DM. Não foi observada diferença estatística da FG entre os dois grupos (Tabela 2).

Nos pacientes com filtração glomerular reduzida (< 60 ml/min/1,73 m2), a creatinina sérica apresentou-se alterada (>1,2 mg/dl) em apenas 20,4% no grupo HA sem DM e 44,4% no outro grupo (dados não apresentados em tabela).

No grupo de HA sem DM, apenas idade > 65 anos (RP = 2,20; IC95% = 1,24-3,90) apresentou associação significante com FG reduzida (< 60 ml/min/1,73 m2). Já o grupo HA com DM, estiveram associados idade > 65 anos (RP = 5,11; IC95% = 1,80-14,50) e tabagismo (RP = 2,94; IC95% = 1,05-8,24). Considerando ainda este grupo, etilismo e obesidade (RP = 0,21; IC95% = 0,04-0,93) foram mais frequentes nos pacientes com FG > 60 ml/min/1,73 m2 (Tabela 3).

Na análise ajustada, para o grupo HA sem DM permaneceu associada à FG reduzida a idade > 65 anos (RP = 2,20; p = 0,007). De semelhante modo, para o outro grupo, continuou associada apenas idade > 65 anos (RP = 5,10; p = 0,005) e tabagismo (RP = 2,86; p = 0,073).

Discussão

Neste estudo, predominou FG entre 60 e 89 ml/min/1,73 m2, que corresponde ao estágio II da DRC, para ambos os grupos. A prevalência de FG reduzida (< 60 ml/min/1,73 m2) foi de 24,6% no grupo HA sem DM e de 18,3% no grupo HA com DM. Kramer e cols.10, no Brasil, encontraram 12,7% de FG reduzida em pacientes diabéticos, com ou sem HA associada. Estudos europeus demonstraram prevalência de FG reduzida em 22,3% dos hipertensos4, 31,3% dos diabéticos e 6,9% na população geral5.

Embora o diabete seja a maior causa de pacientes em TRS em países desenvolvidos11, no Brasil, 35,8% dos casos são atribuídos à HA, seguido do diabete com 25,7%6. Neste estudo, o fato do paciente hipertenso ser diabético, não aumentou o risco para redução da FG. Esta situação pode ser atribuída à maior atenção dada ao monitoramento da função renal aos pacientes hipertensos com diabete associada5.

O sexo feminino foi predominante na amostra em estudo. Entretanto, o sexo masculino apresentou maior risco para FG reduzida nos dois grupos avaliados, embora não tenha apresentado associação significativa. A predominância do sexo feminino, achado comum em diversos estudos com hipertensos12-15, pode ser atribuída à maior procura das mulheres à assistência sistemática de saúde16 e a maior prevalência destes pacientes cadastrados Programa HiperDia17. Outra possível explicação é que as mulheres apresentam maior prevalência de HA a partir de 60 anos18 e maior esperança de vida ao nascer (76,5 anos) quando comparadas com os homens16.

A idade média de 60,6 anos reflete o processo de envelhecimento da população brasileira16. Didier e Guimarães13 encontraram na periferia de Salvador idade média de 58,1 × 9,9 anos em hipertensos e outros autores observaram prevalência de HA entre 49,3% e 71,6% em indivíduos com 60 anos ou mais12,15. A idade igual ou superior a 65 anos apresentou associação significante para FG reduzida em ambos os grupos na análise não ajustada e permaneceu após o ajustamento. Estudos internacionais4,19 e nacionais10,20 também observaram significância estatística da FG reduzida com a idade. Estes achados ratificam o aumento da pressão arterial e da DRC com a idade.

Com relação à situação socioeconômica, 79,5% estavam inseridos nas classes mais baixas (classes D e E) e esta situação adversa foi bem mais desfavorável do que a encontrada por Lessa e cols.12, na cidade de Salvador, que demonstrou frequência de 59,3% de hipertensos nestas classes. Da mesma forma, a baixa escolaridade (até 8 anos de estudo) observada foi maior que os 62,2% estimado para população brasileira16. É possível que esta situação em hipertensos esteja refletindo em dificuldades na compreensão da doença e adesão ao tratamento. Stummer e cols.13 destacam que indivíduos inseridos nas classes econômicas mais baixas e com menor escolaridade apresentaram menor probabilidade de receberem manejo adequado no tratamento da hipertensão.

O elevado percentual de tabagismo observado também é mencionado em outros estudos com hipertensos13,14. Paradoxalmente, Boing e Boing17 encontraram valores menores (18,2%) para pacientes cadastrados no HiperDia. Esta dessemelhança pode ser explicada pela diversidade de definição atribuída ao tabagismo, pois esses autores estabeleceram tabagismo o consumo de um ou mais cigarros por dia no período da entrevista. Neste estudo, tabagismo esteve associado significativamente com redução da FG em hipertensos com diabete e permaneceu após análise ajustada. Conforme apresentado na literatura21, o tabagismo aumenta o risco do declínio da função renal e é um fator passível de modificação.

Em função da diversidade do critério adotado para o etilismo, autores apresentam discrepância nos achados. Neste estudo, 17,5% dos pacientes referiram ser etilista. Para o grupo HA com DM houve associação significante entre etilismo e FG reduzida, porém, após análise ajustada esta associação não foi observada. Isto pode ser atribuído ao fato da idade > 65 anos estar significativamente associada com a FG reduzida e menor frequência de etilismo nestes pacientes.

O excesso de peso corporal foi predominante na amostra em estudo, considerando o IMC como indicador. Dos pacientes avaliados 65,0% apresentaram sobrepeso/obesidade. Prevalência semelhante de excesso de peso foi encontrada em hipertensos por Sturmer e cols.13 em 75,4%. Neste estudo, os pacientes com FG reduzida apresentaram menor prevalência de sobrepeso e obesidade, mas houve associação significativa apenas para obesidade no grupo HA com DM.

Alguns estudos epidemiológicos têm sugerido que o excesso de peso pode ser um fator de risco para DRC22,23. Por outro lado, um estudo populacional22 observou que ter sobrepeso/obesidade aos 20 anos ou em algum tempo no passado teve associação com o aumento do risco para DRC, porém não foi encontrada associação com o excesso de peso no momento da entrevista.

Neste estudo, a associação observada entre obesidade e FG reduzida pode ser explicada pela perda de peso como uma conseqüência do avanço da DRC, pois, com diminuição da FG ocorre também uma redução espontânea da ingestão de proteína, aumentando o risco de desnutrição24,25. Ademais, esta associação não foi significante após o ajuste, o que pode ter sido ocasionada pelo confundimento exercido entre a variável idade e obesidade.

Ainda que o IMC seja uma boa medida de obesidade, a Organização Mundial de Saúde ressalta que este não considera a variação na distribuição da gordura corporal e não é capaz de detectar o aumento da gordura que ocorre com o avanço da idade26. Sendo assim, outros indicadores foram mensurados. De modo geral, observou-se predominância de maior risco para a CC e RCQ, mas estas não apresentaram associação significante com a redução da FG. A conseqüência da adiposidade abdominal em relação ao acometimento da função renal tem sido pouco documentada e é motivo de interesse, dada a sua frequente associação com hipertensão e diabete, que são as principais causas de DRC no mundo. Alguns estudos têm apontado associação entre distribuição central de gordura, mensurada pela RCQ, com hipertensão14,27, microalbuminúria28 e DRC29.

Está bem estabelecido que o controle rigoroso da pressão arterial é de grande importância para minimizar a progressão da DRC9,30. O controle da pressão arterial não apresentou associação significante com a redução da FG, o que pode ser justificado pela falta de controle da PA também nos hipertensos com FG > 60ml/min/1,73 m2. É de se atentar ao fato de que se trata de pacientes com elevada frequência de excesso de peso e de distribuição de gordura abdominal, que contribui para o agravamento da hipertensão, como observado em outros estudos3,12,14,15.

A manutenção da glicemia dentro da faixa de normalidade para diabéticos é fundamental para prevenção ou diminuição das complicações macro e microvasculares31. Recomenda-se que ela deva ser incluída na estratégia de prevenção da DRC em diabéticos30-33. Neste estudo, o controle glicêmico não esteve associado à FG reduzida, corroborando com o estudo de Kramer e cols.10.

O aumento da creatinina sérica é um parâmetro relativamente tardio para detecção da lesão renal, posto que só apresenta alteração após o paciente perder mais de 50% da FG34. Dos pacientes com FG reduzida, 79,6% dos HA sem DM e 55,6% dos HA com DM ainda apresentavam creatinina sérica dentro da faixa de normalidade, demonstrando a baixa sensibilidade deste marcador para o diagnóstico precoce da DRC. Isto confirma a importância da mensuração da FG, dosada ou estimada a partir da creatinina sérica, para avaliação da função renal na prática clínica2,3,9,30. A esse respeito, dentre as recomendações do Kidney Diseases Outcomes Quality Initiative (K-DOQI)9 está o uso de equações que tem por objetivo identificar os pacientes renais de uma forma mais rápida e menos custosa. As duas equações mais amplamente utilizadas são a de Cockcroft-Gault de 1976 e a MDRD, desenvolvida durante o estudo de mesmo nome (Modificação of Diet in Renal Disease - MDRD). Contudo, essas fórmulas, apesar de recomendadas, ainda necessitam de validação em grandes amostras, em indivíduos com estágios bem iniciais de disfunção renal e em idosos35,36.

A microalbuminúria aumenta significativamente com a redução da FG4. Dessa forma, a pesquisa de microalbuminúria constitui um elemento importante no diagnóstico precoce e no acompanhamento da DRC9,30. Neste estudo, a frequência de microalbuminúria encontrada nos pacientes com FG reduzida foi de 14,6% no grupo HA sem DM e 17,6% no grupo HA com DM. Estudos nacionais referem prevalência de microalbuminúria de 9,5% e 13,7% em hipertensos em tratamento37,38. Estas variações na prevalência podem ser atribuídas a diferenças nos métodos de análise da excreção urinária de albumina, por variações na faixa etária, etnia ou co-morbidades nos grupos estudados39. Ressalta-se ainda que o tratamento anti-hipertensivo é capaz de reduzir a microalbuminúria40.

A microalbuminúria não apresentou associação com a FG. Uma possível explicação seria que os pacientes com FG reduzida apresentaram menor frequência de excesso de peso e de distribuição de gordura abdominal no grupo HA sem DM, apesar de não ter apresentado significância estatística. Para o grupo HA com DM, soma-se ainda, o melhor controle da glicemia pela hemoglobina glicosilada. Talvez a soma desses fatores poderiam estar contribuindo para a redução da microalbuminúria nestes pacientes.

Por ser um estudo transversal não foi possível estabelecer uma relação causal entre FG e fatores associados em hipertensos, mas se pode inferir uma associação entre essas condições. Outra limitação é não se ter avaliada a terapia medicamentosa que pode interferir na FG, porém deve-se considerar que todos pacientes eram cadastrados no programa HiperDia e recebiam medicamentos essenciais preconizados pelo Ministério de Saúde e disponibilizados em todas unidades básicas de saúde.

Na população em estudo, foi observado elevado o percentual de FG reduzida. Isto reforça a necessidade de uma avaliação sistemática da FG pelo clearance de creatinina ou estimado por meio de equações já bem estabelecidas pela literatura, uma vez que a creatinina sérica é um parâmetro relativamente tardio. Destaca-se ainda, maior atenção aos pacientes com idade > 65 anos e tabagistas, fatores que estiveram fortemente associados à FG.

Estes achados ratificam a necessidade da promoção de educação continuada para equipe de saúde envolvida no tratamento desses pacientes, fomentando a prevenção e diagnóstico da DRC nos estágios iniciais, quando ainda é possível evitar a progressão para o estágio final, cujo tratamento exige diálise ou transplante renal.

Agradecimentos

Os autores são gratos ao CNPq e à FAPEMA pelo apoio financeiro ao projeto, ao Hospital Universitário Presidente Dutra e à Unidade de Saúde da Vila Embratel, e aos pacientes que aceitaram participar do estudo.

Potencial Conflito de Interesses

Declaro não haver conflito de interesses pertinentes.

Fonte de Financiamento

O presente estudo foi parcialmente financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).

Vinculação Acadêmica

Este artigo é parte de Dissertação de Mestrado de Ana Karina Teixeira da Cunha França pela Universidade Federal do Maranhão.

Artigo recebido em 18/12/08; revisado recebido em 25/05/09; aceito em 22/06/09.

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      02 Abr 2010
    • Data do Fascículo
      Jun 2010

    Histórico

    • Revisado
      25 Maio 2009
    • Recebido
      18 Dez 2008
    • Aceito
      22 Jun 2009
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