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A polivalência da proteína C reativa na revascularização miocárdica

CARTA AO EDITOR

A polivalência da proteína C reativa na revascularização miocárdica

Marco Túlio Zanettini; Jacira Pisani Zanettini; João Otávio Zanettini

Eletrocor Laboratório Cárdio-Diagnóstico, Caxias do Sul, RS - Brasil

Correspondência Correspondência: Marco Túlio Zanettini Olinto Mario Luchese, 318 - Santa Catarina 95032-250 - Caxias do Sul, RS - Brasil E-mail: marcotz@eletrocorcardiologia.com.br

Palavras-chave: Proteína C reativa, revascularização miocárdica, cuidados pré-operatórios

Caro Editor,

Parabenizamos Mezzomo e colaboradores1 pela extensa pesquisa realizada com dados de um centro terciário de cardiologia correlacionando níveis elevados de proteína C reativa ultrassensível (PCRus) e complicações pós-operatórias de cirurgia de revascularização miocárdica (CRM).

As evidências atuais mostram associação independente entre doença cardiovascular e eventos cardiovasculares maiores com níveis elevados de PCRus bem como redução deste marcador inflamatório e dos desfechos associados através da utilização das estatinas2-4.

Assim, neste estudo, a PCRus realmente pôde predizer infecção respiratória no pós-operatório de CRM a despeito da falta de ajuste para classe funcional, fração de ejeção do ventrículo esquerdo e uso de estatinas?

Carta-resposta

Agradecemos os comentários pertinentes em relação ao nosso artigo, o que ressalta a importância e atualidade do tema.

A PCR é um marcador biológico que vem sendo estudado nas últimas décadas como um mediador de aterosclerose, assim como um preditor de condição inflamatória1. Visto que as estatinas têm um importante papel na proteção e combate à inflamação, é relevante pensar que o seu uso no período pré-operatório de revascularização miocárdica reduza a PCR, e consequentemente as complicações deste procedimento. Estudos já citados no artigo, como o realizado por Clark e Vaduganathan2,3, demonstraram que o uso de estatina no pré-operatório reduziu a morbimortalidade no pós-operatório. Já Mannancio e cols.4 em 2010, demonstraram apenas redução de dano miocárdico, sem ser significativo para mortalidade.

No nosso estudo, os pacientes em uso de estatina apresentaram PCR inferior a 3 mg/l em 73% dos casos contra 59,7% com PCRus > 3mg/l (p = 0,013). No entanto, em análise multivariada com os desfechos clínicos de maior incidência, como fibrilação atrial e infecções, não foi observada proteção, em comparação aos que não utilizavam estatina5.

Com relação à classe funcional, foram excluídos do estudo os pacientes com FE < 30% e em classe funcional IV, sendo estes os pacientes de maior morbimortalidade na revascularização miocárdica. Os pacientes com disfunção sistólica leve a moderada não foram discriminados. Tendo em vista que somente 54% da amostra tinham esse dado coletado, não foi possível controlar para a Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo5.

Concluindo, a PCRus foi preditora de infecção respiratória, nesta amostra. O ajuste foi feito para as principais variáveis (aquelas com valor de p < 0,20 na análise bivariável) ou que poderiam aumentar o risco de infecção respiratória, tais como: idade avançada, tabagismo, diabetes, DPOC, obesidade e duração da ventilação mecânica5.

Referências (Resposta)

Artigo recebido em 05/11/11; revisado recebido em 05/11/11; aceito em 20/12/11.

  • 1. Mezzomo A, Bordin Júnior OL, Portal VL. Proteína C Reativa pré-operatória prediz infecção respiratória após cirurgia de revascularização miocárdica. Arq Bras Cardiol. 2011;97(5):365-71.
  • 2. Bickel C, Rupprecht HJ, Blankenberg S, Espiniola-Klein C, Schlitt A, Rippin G, et al. Relation of markers of inflammation (C-reactive protein, fibrinogen, von Willebrand factor, and leukocyte count) and statin therapy to long-term mortality in patients with angiographically proven coronary artery disease. Am J Cardiol. 2002;89(8):901-8.
  • 3. Vaduganathan M, Stone NJ, Lee R, McGee EC Jr, Malaisrie SC, Silverberg RA, et al. Perioperative statin therapy reduces mortality in normolipidemic patients undergoing cardiac surgery. J Thorac Cardiovasc Surg. 2010;140(5):1018-27.
  • 4. Mannacio VA, Iorio D, DeAmicis V, Di Lello F, Musumeci F. Effect of rosuvastatin pretreatment on myocardial damage after coronary surgery: a randomized trial. J Thorac Cardiovasc Surg. 2010;136(6):1541-8.
  • 1. Szmitko PE, Wang CH, Weisel RD, de Almeida JR, Anderson TJ, Verma S. New markers of inflammation and endothelial cell activation: Part I. Circulation. 2003;108(16):1917-23.
  • 2. Clark LL, Ikonomidis JS, Crawford FA Jr, Crumbley A 3rd, Kratz JM, Stroud MR, et al. Preoperative statin treatment is associated with reduced postoperative mortality and morbidity in patients undergoing cardiac surgery: an 8-year retrospective cohort study. J Thorac Cardiovasc Surg. 2006;131(3):679-85.
  • 3. Vaduganathan M, Stone NJ, Lee R, McGee EC Jr, Malaisrie SC, Silverberg RA, et al. Perioperative statin therapy reduces mortality in normolipidemic patients undergoing cardiac surgery. J Thorac Cardiovasc Surg. 2010;140(5):1018-27.
  • 4. Mannacio VA, Iorio D, DeAmicis V, Di Lello F, Musumeci F. Effect of rosuvastatin pretreatment on myocardial damage after coronary surgery: a randomized trial. J Thorac Cardiovasc Surg. 2010;136(6):1541-8.
  • 5. Mezzomo A, Bordin Júnior OL, Portal VL. Proteína C Reativa pré-operatória prediz infecção respiratória após cirurgia de revascularização miocárdica. Arq Bras Cardiol. 2011;97(5):365-71.
  • Correspondência:

    Marco Túlio Zanettini
    Olinto Mario Luchese, 318 - Santa Catarina
    95032-250 - Caxias do Sul, RS - Brasil
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Abr 2012
    • Data do Fascículo
      Mar 2012
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