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Controle neural da deglutição

RESUMO

CONTEXTO:

A deglutição é um processo motor com muitas discordâncias e de difícil estudo quanto a sua neurofisiologia. Talvez por essa razão sejam tão raros os artigos sobre esse tema.

OBJETIVO

- Descrever o controle neural da mastigação e a qualificação do bolo que se obtém durante a fase oral. Revisar os nervos cranianos envolvidos com a deglutição e suas relações com o tronco cerebral, cerebelo, núcleos de base e córtex.

MÉTODOS:

Revisão da literatura com inclusão de trabalhos pessoais e novas observações buscando dar consistência a necessária revisão dos conceitos, muitas vezes conflitantes.

RESULTADOS E CONCLUSÃO:

Em relação a fase oral da deglutição consideramos o controle neural em cinco distintas possibilidades. Fase oral nutricional voluntária, fase oral cortical voluntária primaria, fase oral semiautomática, fase oral em goles subsequentes e fase oral espontânea. Em relação ao controle neural da fase faríngea da deglutição, pode-se observar que o estímulo que dispara a fase faríngea não é o toque produzido pela passagem do bolo, mas sim a distensão pressórica, tenha ou não conteúdo em passagem. Na deglutição nutricional, alimento e pressão são transferidos, mas na fase oral da deglutição primária cortical somente pressão é transferida e temos resposta faríngea similar a nutricional. A fase faríngea incorpora como parte de sua dinâmica as atividades orais já em curso. A fase faríngea se inicia por ação do plexo faríngeo composto pelos nervos glossofaríngeo (IX), vago (X), e acessório (XI), com envolvimento do trigêmeo (V), do facial (VII), glossofaríngeo (IX) e hipoglosso (XII). O plexo cervical (C1, C2), e o nervo hipoglosso, a cada lado, formam a alça cervical de onde, com origem cervical, um ramo segue para o músculo gênio-hioide, um músculo que atua na dinâmica de elevação do complexo hiolaríngeo. Foi também considerado o controle neural da fase esofágica da deglutição. Além de outras hipóteses foi considerado que é possível que a camadas musculares consideradas como longitudinal e circular para o esôfago sejam a longitudinal composta por fibras espirais de passo longo e a circular por fibras espirais de passo curto. Essa morfologia associada ao conceito de preservação de energia, nos permite admitir que a contração da camada longitudinal por seu arranjo espiral seja capaz de alargar o esôfago diminuindo sua resistência ao fluxo e provavelmente e também abrindo a transição esofagogástrica. Desse modo a camada circular, espiral de passo curto, pode propelir o bolo por constrição sequencial de cranial para caudal.

DESCRITORES:
Deglutição; Nervos cranianos; Tronco encefálico; Gânglios da base; Córtex cerebral; Vias neurais

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