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O quarto de Ceci: paisagem, natureza-morta e desejo em O guarani, de José de Alencar* * Este artigo foi desenvolvido durante um período como Visiting Scholar no Departamento de Literatura Comparada da Universidade de Chicago, Estados Unidos, graças a uma Bolsa de Pesquisa no Exterior concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo/FAPESP (Processo 17/22998-4).

Ceci´s room: landscape, still life and desire in José de Alencar´s O guarani

Resumo

Este artigo explora duas linhas contrastivas e complementares de representação da natureza em O guarani (1857), de José de Alencar, que são a paisagem e a natureza-morta, em especial esta última. Gênero que atinge seu clímax no século 17 nos Países Baixos, a natureza-morta passa ao primeiro plano da pintura ao valorizar características como a domesticidade, o apego ao detalhe e, sobretudo, a repressão do desejo, conforme apontam os estudos de Svetlana Alpers, Meyer Schapiro e Jacqueline Labbe. Do ponto de vista formal, o objeto representado necessita ser retirado de seu contexto original e inserido em uma nova teia de relações. Ora, todos esses aspectos estão presentes na descrição do quarto de Ceci no capítulo inicial, onde a atenção às “coisas mínimas” e às “miniaturas”, para retomarmos os termos de Araripe Jr., imprime tamanha força ao desejo que ele se irradia para todo o romance e se torna elemento central para movimentar sua engrenagem narrativa.

Palavras-chave:
Século X IX,; Romantismo; descrição; desejo; narrativa

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