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Sistemas cerebrais na patogênese de psicoses endógenas

Os processos mentais implicam em funcionamento harmônico de sistemas psiquicos, os quais se reunem em unidades mais amplas, as esferas psíquicas (Tabela 1). A eles correspondem, no plano neurofisiológico, sistemas cerebrais formados por áreas e fibras que as interligam (Figs 1-4). Em condições patológicas, orgânicas ou funcionais, tais sistemas originam os sintomas principais (Tabela 2) que caracterizam as diversas psicoses endógenas: daí o quadro clínico que as distingue entre si. Nessas condições, a compreensão e a classificação das psicoses deveriam basear-se no dinamismo patogênico e não na descrição clínica. E é por isto que as concepções de Kleist e de Leonhard sobre as psicoses endógenas ultrapassam o valor de quaisquer outras. Kleist figura entre os fundadores da psiquiatria ao criar o grupo das "psicoses degenerativas"e várias psicoses isoladas, bem como ao definir, isolar e esclarecer o conjunto das psicoses progressivas que mais tarde redenominou esquizofrenias (Tabela 3). Tal critério patogenético pode também ser útil para a definição de quadros clínicos mentais que não são psicoses, tais a histeria, as neuroses em geral, as personalidades psicopáticas (Tabela 4 e 5). Neste domínio, haveria a considerar, na patogênese, tanto as esferas e os sistemas mentais, quanto o modo pelo qual foram desorganizados e a fase de desenvolvimento em que se encontravam. Nas "psicoses degenerativas" de Kleist - sejam cíclicas, sejam episódicas (Tabela 6) - as esferas e os sistemas são alterados por processos funcionais transitórios devidos a disposições genéticas latentes, ao passo que as esquizofrenias dele e de Leonhard (Tabela 7) decorrem em geral de modo progressivo e levam à decadência mental. A própria desordem é de natureza genética, como também o fato de se limitar a determinada esfera psíquica ou de se propagar a mais de uma. Os quadros clínicos em que ocorre esta propagação são excepcionais na esquizofrenia ao passo que constituem a regra nas "psicoses degenerativas", na nossa opinião. Ambos estes grupos mórbidos podem ter sintomas clínicos em comum pelo fato de estar atingido o mesmo sistema cerebral (Tabela 8), mas o diagnóstico clínico poderá ser estabelecido corretamente se a patogênese for levada em conta.

desordens mentais; psicose endógenas; sistemas cerebrais


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