Acessibilidade / Reportar erro

Diagnóstico clínico diferencial entre oclusão da artéria carótida interna e da artéria cerebral média

A comparative symptomatological study of internal carotid artery occlusion and middle cerebral artery occlusion

Resumos

Foi feito um estudo comparativo entre o quadro clínico inicial de 61 casos de oclusão da artéria carótida interna e o de 23 casos de oclusão da artéria cerebral média, diagnosticados pela angiografia cerebral e/ou pela necropsia em pacientes submetidos ou não à cirurgia vascular. Os autores comparam a idade dos pacientes, o sexo, o modo de início da afecção, a existência ou não de convulsões e/ou cefaléias, a ocorrência do acidente cerebral durante o sono ou em vigília, a existência de ictos prévios, os níveis de pressão arterial, o grau de consciência, a força muscular, os achados eletrencefalográficos, a palpação e ausculta das carótidas em nível cervical. Os resultados são demonstrados em índices percentuais, pelos quais os autores inferem que não há significância estatística nesses elementos com três exceções: a maior ocorrência de convulsões nas oclusões da artéria cerebral média em relação às da carótida, a oftalmodinamometria e a sintomatologia carotídea cervical. A oftalmodinamometria revela valores significantemente menores nas pressões da artéria central da retina, no mesmo lado da trombose da carótida em 70,0% dos casos, enquanto que medidas normais e simétricas verificaram-se em todos os casos de oclusão da artéria cerebral média em que o exame foi realizado. No que concerne a sinais arteriais no pescoço, havia anormalidades palpatórias e auscultatórias em 52,4% dos pacientes com trombose da carótida e em 8,6% dos casos com oclusão da cerebral média. Concluem os autores, portanto, que apenas a angiografia cerebral permite um diagnóstico seguro entre ambas as sedes da oclusão.


A comparative study of the early clinical picture in 61 cases of internal carotid artery occlusion and 23 cases of middle cerebral artery occlusion, diagnosed by cerebral angiography and/or necropsy in patients who were either submitted to surgery or not operated upon is reported. The authors had compared the patients' age and sex, onset of the disease, ocurrence of convulsions and/or headache, onset during sleep or waking, the pre-existence of strokes, blood pressure levels, degree of consciousness, muscular strength, electroencephalography tracings, palpation and auscultation of the cervical carotid arteries. The results of the study did show that there is no statistical significative difference in these data except for 3 of them: greatest incidence of convulsions in middle cerebral artery occlusion, ophtalmodynamometry and cervical carotid symptomatology. Ophtalmodynamometry reveals significantly lower values for retinal central artery pressures on the same side as the carotid thrombosis in 70.0% of the cases, while normal and symmetrical measurements appear in all cases of middle cerebral artery occlusion. With reference to arterial signs in the neck, there were palpatory and auscultatory abnormalities in 52.4% of the patients with carotid thrombosis and in 8.6% of the cases of middle cerebral artery occlusion.


Diagnóstico clínico diferencial entre oclusão da artéria carótida interna e da artéria cerebral média

A comparative symptomatological study of internal carotid artery occlusion and middle cerebral artery occlusion

Roberto MelaragnoI; Wilson Luíz SanvitoII; Mario Cinelli JuniorIII; Anoi Castro CordeiroIV

IChefe do Serviço de Neurologia do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo

IIAssistente do Serviço de Neurologia do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo

IIIChefe do Departamento de Cirurgia Vascular do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo

IVMédico auxiliar do Departamento de Cirurgia Vascular do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo

RESUMO

Foi feito um estudo comparativo entre o quadro clínico inicial de 61 casos de oclusão da artéria carótida interna e o de 23 casos de oclusão da artéria cerebral média, diagnosticados pela angiografia cerebral e/ou pela necropsia em pacientes submetidos ou não à cirurgia vascular. Os autores comparam a idade dos pacientes, o sexo, o modo de início da afecção, a existência ou não de convulsões e/ou cefaléias, a ocorrência do acidente cerebral durante o sono ou em vigília, a existência de ictos prévios, os níveis de pressão arterial, o grau de consciência, a força muscular, os achados eletrencefalográficos, a palpação e ausculta das carótidas em nível cervical. Os resultados são demonstrados em índices percentuais, pelos quais os autores inferem que não há significância estatística nesses elementos com três exceções: a maior ocorrência de convulsões nas oclusões da artéria cerebral média em relação às da carótida, a oftalmodinamometria e a sintomatologia carotídea cervical. A oftalmodinamometria revela valores significantemente menores nas pressões da artéria central da retina, no mesmo lado da trombose da carótida em 70,0% dos casos, enquanto que medidas normais e simétricas verificaram-se em todos os casos de oclusão da artéria cerebral média em que o exame foi realizado. No que concerne a sinais arteriais no pescoço, havia anormalidades palpatórias e auscultatórias em 52,4% dos pacientes com trombose da carótida e em 8,6% dos casos com oclusão da cerebral média. Concluem os autores, portanto, que apenas a angiografia cerebral permite um diagnóstico seguro entre ambas as sedes da oclusão.

SUMMARY

A comparative study of the early clinical picture in 61 cases of internal carotid artery occlusion and 23 cases of middle cerebral artery occlusion, diagnosed by cerebral angiography and/or necropsy in patients who were either submitted to surgery or not operated upon is reported. The authors had compared the patients' age and sex, onset of the disease, ocurrence of convulsions and/or headache, onset during sleep or waking, the pre-existence of strokes, blood pressure levels, degree of consciousness, muscular strength, electroencephalography tracings, palpation and auscultation of the cervical carotid arteries. The results of the study did show that there is no statistical significative difference in these data except for 3 of them: greatest incidence of convulsions in middle cerebral artery occlusion, ophtalmodynamometry and cervical carotid symptomatology. Ophtalmodynamometry reveals significantly lower values for retinal central artery pressures on the same side as the carotid thrombosis in 70.0% of the cases, while normal and symmetrical measurements appear in all cases of middle cerebral artery occlusion. With reference to arterial signs in the neck, there were palpatory and auscultatory abnormalities in 52.4% of the patients with carotid thrombosis and in 8.6% of the cases of middle cerebral artery occlusion.

Full text available only in PDF format.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Clínica Neurológica — Hospital do Servidor Público Estadual — Rua Pedro de Toledo, 1800 — São Paulo, SP — Brasil.

Agradecemos ao Dr. Edison Schapochnik a valiosa orientação no tratamento estatístico dos resultados.

Trabalho do Serviço de Neurologia e do Departamento de Cirurgia Vascular do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, apresentado no IX Congresso Internacional de Neurologia (New York, setembro, 1969)

  • 1. BETTELHEIM, H. Ungewöhnliches Verhalten des Blutdruckes der Arteria ophtalmica beim Verschluss des Halsteils der Arteria carotis interna. Albrecht v. Graefes Arch. Ophtalm. 168:175, 1965.
  • 2. BURTON, R. C. Discussão do relatório de McDowell e col.11
  • 3. CREVASSE, L. Carotid artery murmurs. Clinical and pathophysiologic correlation. Neurology (Minneapolis) 11 (parte II):100, 1961.
  • 4. FEIRING, E. H. Spontaneous occlusion of the internal carotid artery. Neurology (Minneapolis) 4:405, 1954.
  • 5. FLORA, G. C.; BAKER, A. B. & KLASSERN, A. Age and cerebral atherosclerosis. J. Neurol. Sc. 6:357, 1968.
  • 6. HOLLENHORST, R. H. Cerebrovascular diseases: neuroophtalmologic aspects. Transaction of the Fifth Conference under the auspices of The American Neurological Ass. and The American Heart Ass., New Jersey, 1966.
  • 7. ISCH, F. Essai clinique sur l'hémiplégie par thrombose de la carotide interne ou de ses branches. Thèse, Strasbourg, 1950.
  • 8. JOHNSON, H. C. & WALKER, A. E. The angiographie diagnosis of spontaneous thrombosis of the internal and common carotid arteries. J. Neurosurg. 8:631, 1951.
  • 9. LHERMITTE, F.; GAUTIER, J. C.; DEROUESME, L. & GUIRAUD, B. Ischemic accidents in the middle cerebral artery territory. Arch. Neurol. (Chicago) 19:248, 1968.
  • 10. LOUIS, S. & LEWIS, B. Sensory disorders in occlusion of internal carotid and middle cerebral arteries. Neurology (Minneapolis) 13:693, 1963.
  • 11. MCDOWELL, F.; RENNTE, L. & EJRUP, B. Arterial bruit in cerebrovascular disease. Transactions of the Fifth Conference under the auspices of The American Neurological Ass. and The American Heart Ass., New Jersey, 1966.
  • 12. MELARAGNO FILHO, R. Afecções Vasculares Cerebrais. Diagnóstico e Tratamento. Livraria Luso-Espanhola e Brasileira Editora, São Paulo, 1959.
  • 13. PAILLAS, J. & CHRISTOPHE, L. Les Thromboses de la Carotide Interne et de ses Branches. Masson et Cie., Paris, 1955.
  • 14. ROSEGAY, H. Limited value of carotid pulse in diagnosis of internal carotid thrombosis. Neurology (Minneapolis) 6:143, 1956.
  • 15. SIEKERT, R. Incipient or impeding strokes: focal intermittent insuficiency of ischemic attacks. Transactions of The Fifth Conference under the auspices of The American Neurological Ass. and The American Heart Ass., New Jersey, 1966.
  • 16. SILVERSTEIN, A. S. & HOLLIN, S. Internal carotid vs. middle cerebral artery occlusions. Clinical differences. Arch. Neurol. (Chicago) 12:468, 1965.
  • 17. TAILLANDIER, P.; REVOL, M.; QUOEX, F.; GERIN, P. & COURJON, J. Etude polygraphique des obstructions carotidiènnes et sylviènnes: interêt des compressions carotidiènnes controlées. Rev. Neurol. (Paris) 119:308, 1968.
  • 18. ZACLIS, J.; CRUZ, O. R. & ALMEIDA, G. G. M. Obstrução das artérias carótidas e das principais artérias cerebrais. Arq. Neuro-Psiquiat. (São Paulo) 14:158, 1956.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Abr 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 1971
Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO R. Vergueiro, 1353 sl.1404 - Ed. Top Towers Offices Torre Norte, 04101-000 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 5084-9463 | +55 11 5083-3876 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista.arquivos@abneuro.org