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Indicadores de resíduos sólidos em sistemas de avaliação de sustentabilidade local: uma revisão da literatura

Resumo

O tema resíduos sólidos (RS) no contexto de sistemas de avaliação de sustentabilidade local (ASL) ainda foi pouco explorado. Este artigo faz uma revisão da literatura sobre essa temática, com foco na análise dos indicadores de RS e dos sistemas em que estão inseridos. É examinado se os indicadores conseguem representar a complexidade dos RS e aspectos da sustentabilidade. Os resultados desta revisão evidenciaram que 77,8% dos sistemas de indicadores utilizam no máximo dois indicadores para os RS. Evidenciaram também que a maioria deles é dedicada a representar as etapas da destinação e disposição final da gestão dos RS, os aspectos ambientais da sustentabilidade e os níveis de ordem intermediária na hierarquia de gestão de RS. Foram encontradas evidências sobre o impacto positivo da participação pública nas questões analisadas. As considerações finais apresentam recomendações sobre a inclusão de indicadores de RS em sistemas de ASL.

Palavras-chave:
Indicadores de sustentabilidade; Avaliação de sustentabilidade local; Participação pública; Hierarquia da gestão de resíduos

Abstract

The Solid Waste (SW) topic within the local sustainability assessment (LSA) system context remains little explored. This article is a literature review on this topic, with emphasis on the analysis of SW indicators and of systems they concern to. It assessed whether these indicators can represent SW complexity and sustainability aspects. Results in the present review have evidenced that 77.8% of system indicators use at most two SW indicators. Most of these indicators aim at indicating destination stages and the final SW management, environmental sustainability aspects and intermediate magnitude levels in SW management hierarchy. There was evidence of the positive impact of Public participation on the assessed matters. Final considerations present recommendations about SW indicators inclusion in LSA systems.

Keywords:
Sustainability indicators; Local Sustainability assessment; Public participation; Waste management hierarchy

Resumen

El tema resíduos sólidos (RS) dentro del contexto de evaluación de sostenibilidad local (ESL) aún fue poco explorado. Este artículo trae un revisión de literatura sobre esa temática, centrándose en el análisis de los indicadores de RS y los sistemas en los que se insertan. Es examinado si los indicadores pueden representar la complejidad de la RS y los aspectos de sostenibilidad. Los resultados de esta revisión evidencian que 77.8% de los SI utilizan como máximo 2 indicadores para los RS. Evidencian también que la mayoría de ellos es dedicado a representar los elementos de la destinación y disposición final de la gestión de los RS, los aspectos ambientales de sostenibilidad y los niveles de orden intermedio en la jerarquía de gestión de RS. Se encontró evidencia sobre el impacto positivo de la participación social en los temas analizados. Las consideraciones finales presentan recomendaciones sobre la inclusión de indicadores de RS en sistemas de ASL.

Palabras-clave:
Indicadores de sostenibilidad, Evaluación de la sostenibilidad local; Participación social; Jerarquía de gestión de resíduos

1. Introdução

O crescimento populacional, o aumento da taxa de urbanização e as alterações nos padrões de consumo da sociedade acarretam aumento na produção de resíduos sólidos (ESMAEILIAN et al., 2018ESMAEILIAN, B. et al. The future of waste management in smart and sustainable cities: A review and concept paper. Waste Management, v.81, p. 177-195, 2018.). Essa grande produção acrescida à variabilidade e diversificação na composição dos resíduos, afeta a sustentabilidade de forma bastante complexa e localizada, uma vez que abrange aspectos sociais, ambientais, de governança e de gestão, com grande variabilidade de local para local (BURNLEY, 2007BURNLEY, S.J. A review of municipal solid waste composition in the United Kingdom. Waste Management, v. 27, n. 10, p. 1274-1282, 2007.; GUERRERO; MAAS; HOGLAND, 2013GUERRERO, L. A.; MAAS, G.; HOGLAND, W. Solid waste management challenges for cities in developing countries. Waste Management, v. 33, n. 1, p. 220-232, 2013.). Nesse sentido, é importante que aspectos da gestão dos resíduos sólidos (RS) sejam incorporados às ferramentas de avaliação de sustentabilidade local (ASL).

Diante desse cenário, a literatura apresenta uma série de sistemas de indicadores de sustentabilidade local que incorporam os RS, como os desenvolvidos por Lee e Huang (2007LEE, Y. J.; HUANG, C. M. Sustainability index for Taipei. Environmental Impact Assessment Review, v. 27, p. 505-521, 2007.), Nader, Salloum e Karam (2008NADER, M. R.; SALLOUM, B. A.; KARAM, N. Environment and sustainable development indicators in Lebanon: A practical municipal level approach. Ecological Indicators, v.8, n.5, p. 771-777, 2008.) e Moreno-Pires, Fidélis e Ramos (2014). Nesses casos, os indicadores de RS compõem o sistema de avaliação, juntamente com indicadores de outras áreas da sustentabilidade, ou seja, para cada aspecto da sustentabilidade é atribuído um pequeno grupo de indicadores que tem a função de representá-los.

Apesar de existirem vários trabalhos sobre indicadores de sustentabilidade em escala local, o tema específico de resíduos sólidos no contexto desses sistemas está pouco explorado. Diante da complexidade da temática dos resíduos sólidos, o questionamento que se faz é se os indicadores que compõem os sistemas de ASL são capazes de captar e demonstrar a realidade do problema nos territórios, onde esse tema assume particular importância para a sustentabilidade. Nesse sentido, o artigo tem como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura visando compreender as principais características e abordagens metodológicas utilizadas para os indicadores de resíduos sólidos no contexto de sistemas de avaliação de sustentabilidade local.

2. Resíduos sólidos: complexidade e avaliação da sustentabilidade

No escopo do presente trabalho, entende-se que para avaliar a sustentabilidade local é essencial que seja considerado todo o contexto dos resíduos sólidos para uma determinada localidade. Importante ressaltar que Resíduo Sólido Urbano (RSU) é somente uma das tipologias de resíduos geradas e a ela podem ser somados os resíduos provenientes de outras fontes geradoras, como serviços de saúde, atividades agrícolas, construção civil, mineração, indústria e de qualquer outra fonte que esteja presente no local analisado. Não apenas a composição dos resíduos varia entre cidades, mas, também, dentro de uma cidade ao longo do tempo. Em um curto espaço de tempo, as características dos resíduos tendem a variar sazonalmente, mudando em quantidade e composição ao longo do ano (VERGARA; TCHOBANOGLOUS, 2012VERGARA, S. E.; TCHOBANOGLOUS, G. Municipal Solid Waste and the Environment: A Global Perspective. Annu. Rev. Environ. Resour. v. 37, p.277-309, 2012). O Quadro 1 apresenta a classificação conforme as fontes geradoras e a variedade dos resíduos sólidos que podem ser produzidos mais frequentemente em uma localidade. Somada à questão da diversidade de resíduos em uma localidade está a geração, ambas influenciadas por fatores de urbanização, renda, cultura e padrão de consumo da sociedade (UNITED NATIONS ENVIRONMENTAL PROGRAMME, 2010, 2011; KAZA et al., 2018KAZA, S. et al. What a Waste 2.0: A Global Snapshot of Solid Waste Management to 2050 Urban Development Series. International Bank for Reconstruction and Development. The World Bank. 2018. Disponível em < https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/2174 >. Acesso em: 27 de Mar. de 2019.
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).

Ao considerar apenas essas duas características dos RS, de geração e variabilidade, múltiplos aspectos da sustentabilidade estarão envolvidos, nomeadamente: a) utilização de recursos naturais; b) degradação dos recursos naturais, uma vez que nas localidades são gerados resíduos com cargas poluidoras das mais diversas naturezas (infectantes, tóxicas, radioativas, entre outras) (MARTINEZ-ALIER, 2001MARTINEZ-ALIER, J. Mining conflicts, environmental justice, and valuation. Journal of Hazardous Materials, v. 86, p.153-170, 2001.); c) justiça ambiental, numa perspectiva em que as sociedades pressionam os ecossistemas de forma desigual e injusta (países desenvolvidos vs. em desenvolvimento, norte vs. sul, população urbana vs. rural, centro vs. periferia das cidades, entre outros) (WARLENIUS; PIERCE; RAMASAR, 2015WARLENIUS, R.; PIERCE, G.; RAMASAR, V. MART Global Environmental Change, v. 30, p. 21-30, 2015.); d) equidade intergeracional, compreendendo que a produção, o consumo e a consequente geração de resíduos interferem na capacidade dos ecossistemas em manter ou aumentar as oportunidades para as gerações futuras (PELLETIER, 2010PELLETIER, N. Of laws and limits: An ecological economic perspective on redressing the failure of contemporary global environmental governance. Global Environmental Change, 20, 220-228, 2010.).

Quadro 1
Classificação, fontes geradoras e variedade dos resíduos sólidos.

Após a geração dos resíduos sólidos, outros fatores políticos, normativos, administrativos e operacionais interagem como processos da gestão integrada dos RS. Nesse artigo, considera-se que esses fatores estão relacionados aos processos de segregação na fonte, coleta, destinação (transporte, triagem, processamento, transformação de resíduos sólidos) e disposição final (VERGARA; TCHOBANOGLOUS, 2012VERGARA, S. E.; TCHOBANOGLOUS, G. Municipal Solid Waste and the Environment: A Global Perspective. Annu. Rev. Environ. Resour. v. 37, p.277-309, 2012; WILSON et al., 2012WILSON, D.C.; RODIC, L.; SCHEINBERG, A.; VELIS, C.A.; ALABASTER, G. Comparative analysis of solid waste management in 20 cities. Waste Management & Research, v. 30, p. 237-254, 2012.; KAZA et al., 2018KAZA, S. et al. What a Waste 2.0: A Global Snapshot of Solid Waste Management to 2050 Urban Development Series. International Bank for Reconstruction and Development. The World Bank. 2018. Disponível em < https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/2174 >. Acesso em: 27 de Mar. de 2019.
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). Aqui, todos esses processos estão intrinsicamente relacionados com aspectos da sustentabilidade, tais como: a) prevenção de poluição na disposição final ou tratamento dos resíduos, visando a manutenção dos recursos naturais e integridade do sistema socioecológico (PELLETIER et al., 2014PELLETIER, N.; MAAS, R.; GORALCZYK, M.; WOLF, A. Conceptual basis for development of the European Sustainability Footprint. Environmental Development, 9, 12-23, 2014.); b) adaptação à economia circular, num paradigma de fechamento de ciclos, no qual os resíduos são vistos como matéria prima ou fonte energética (IACOVIDOU et al., 2017IACOVIDOU, E. et al. Metrics for optimising the multi-dimensional value of resources recovered from waste in a circular economy: A critical review. Journal of Cleaner Production, V. 166, p. 910-938, 2017.; SAVINI, 2019SAVINI, F. The economy that runs on waste: accumulation in the circular city. Journal of Environmental Policy & Planning, Taylor & Francis (on line) p.1-18, 2019.); c) eficiência financeira, visando redução no consumo de matéria e energia e uma produção mais limpa; d) interferência no bem-estar humano, uma vez que o RS têm o potencial de gerar mau cheiro, poluição visual, proliferação de vetores causadores de doenças e contaminação nos seres humanos (ZHANG; MATSUTO, 2013ZHANG, X.; MATSUTO, T. Assessment of internal condition of waste in a roofed landfill. Waste Management, v. 33, p.102-108, 2013.; SIMSEK et al., 2014SIMSEK, C.; ELCI, A.; GUNDUZ, O.; TASKIN, N. An improved landfill site screening procedure under NIMBY syndrome constraints. Landscape and Urban Planning, v. 132, p.1-15, 2014.) e) a civilidade socioambiental e a governança socioambiental democrática e participativa, numa perspectiva de que a segregação na fonte, reuso e outras etapas da gestão de RS envolvem estímulos ao engajamento e sensibilização do cidadão (GRUNERT; THORGENSEN, 2005GRUNERT, K. G.; THORGENSEN, J. Consumers, Policy and Environment: a tribute to Folke Ölander. New York: Springer, p.127-150, 2005.; BARR; GILG; SHAW, 2011BARR, S.; GILG, A.; SHAW, G. ‘Helping People Make Better Choices’: Exploring the behaviour change agenda for environmental sustainability. Applied Geography, v.31, n.2, p. 712-720, 2011.; ROUSTA; DAHLÉN, 2015ROUSTA, K.; DAHLÉN, L. Source separation of household waste; technology and social aspects. In Taherzadeh, M.J., Richards, T., Eds. Resource Recovery to Approach Zero Municipal Waste. CRC Press: Boca Raton, FL, USA; p. 61-77, 2015.) e à responsabilidade coletiva (GIBSON; HASSAN; TANSEY, 2005GIBSON, B.; HASSAN, S.; TANSEY, J. Sustainability Assessment: Criteria and Processes. London: Routledge, 2005.; HENRIKSSON; ÅKESSON; EWERT, 2010HENRIKSSON, G.; ÅKESSON, L.; EWERT, S. Uncertainty regarding waste handling in everyday life. Sustainability, n. 2, p. 2799-2813, 2010.).

Além disso, as localidades podem apresentar aspectos específicos que impactam à sustentabilidade local. Nos países em desenvolvimento, por exemplo, há relatos da presença de pessoas e animais morando em lixões (BJERKLI, 2015BJERKLI, C. L. Power in waste: Conflicting agendas in planning for integrated solid waste management in Addis Ababa, Ethiopia. Norwegian Journal of Geography, v. 69, n.1, p. 18-27, 2015; SAMSON, 2017SAMSON, M. Not Just Recycling the Crisis: Producing Value at a Soweto Garbage Dump. Historical Materialism, v.25, n.1, p. 36-62, 2017.), assim como discussões sobre a participação de catadores na coleta seletiva dos municípios, que precisam ser dignamente integrados e valorizados na gestão dos resíduos sólidos (CETRULO et al., 2018CETRULO, T. B. et al. Effectiveness of solid waste policies in developing countries: A case study in Brazil. Journal of Cleaner Production, v. 205, p.179-187, 2018.; VALLIN; GONÇALVES-DIAS, 2019VALLIN, I. C.; GONÇALVES-DIAS, S. L. F. The Double Burden of Environmental Injustice in a Female Waste Pickers Cooperative in Brazil. Journal Für Entwicklungspolitik, v. XXXV, n. 2/3, p. 116-143, 2019.). Já em países desenvolvidos, as localidades podem enfrentar problemas como a alta geração de resíduos sólidos, especialmente eletrônicos e a dependência sociotécnica (locked in) de plantas de incineração como caminho prioritário para o tratamento dos resíduos sólidos municipais (CORVELLEC; CAMPOS; ZAPATA, 2013CORVELLEC, H.; CAMPOS, M. J. Z.; ZAPATA, P. Infrastructures, Lock-in, and Sustainable Urban Development: The Case of Waste Incineration in the Göteborg Metropolitan Area. Journal of Cleaner Production, v. 50, p. 32-39, 2013.).

Portanto, a inserção da dimensão RS em avaliações de sustentabilidade local utilizando sistema de indicadores não é simples. Nas avaliações de sustentabilidade, aspectos importantes a serem considerados na análise são transformados em indicadores e incorporados ao sistema, o que muitas vezes resulta em ferramentas complexas e densas. Na tentativa de olhar de forma holística para os aspectos da sustentabilidade, os sistemas de indicadores acabam por negligenciar alguns pontos importantes para o desenvolvimento sustentável daquela localidade em análise. Ou seja, na tentativa de abranger grande parte dos aspectos da sustentabilidade, os indicadores podem se tornar superficiais e informações importantes podem ser perdidas no processo. No caso de aspectos complexos, como a temática dos resíduos sólidos, há maior probabilidade de isso ocorrer.

Outra questão, não menos importante, está ligada à complexidade dos RS variar de local para local. Do ponto de vista da avaliação da sustentabilidade é importante ressaltar que, para a utilização prática desses sistemas, é necessário compreender o contexto, político, institucional e cultural no qual o indicador está sendo construído para refletir as especificidades locais (RYDIN; HOLMAN; WOLF, 2003RYDIN, Y.; HOLMAN, N.; WOLF, E. Local Sustainability Indicators. Local Environment: The International Journal of Justice and Sustainability, v.8, n.6, p. 581 589, 2003.; MICKWITZ; MELANEN, 2009MICKWITZ, P.; MELANEN, M. The role of co-operation between academia and policymakers for the development and use of sustainability indicators - a case from the Finnish Kymenlaakso Region. Journal of Cleaner Production, v. 17, n.12, p. 1086-1100, 2009.; POLIDO; JOÃO; RAMOS, 2014POLIDO, A.; JOÃO, E.; RAMOS, T.B. Sustainability approaches and strategic environmental assessment in small islands: An integrative review. Ocean & Coastal Management, v. 96, p. 138-148, 2014.). E isso requer o envolvimento da comunidade a que se destinam os indicadores, devendo ser construídos de forma coerente com tal realidade (MORENO-PIRES, 2011MORENO PIRES, S. M. Sustainability Indicators and Local Governance in Portugal. 2011. Tese de Doutorado. Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Aveiro, 2011.; SINGH et al., 2012SINGH, R. H. et al. An overview of sustainability assessment methodologies. Ecological Indicators, v. 15, n.1, p. 281-299, 2012.). Uma vez que a comunidade está envolvida na construção dos indicadores, há garantias de que fatores relevantes daquela localidade serão avaliados pelo sistema de indicadores, ou melhor, que os indicadores serão escolhidos em decorrência do que é importante avaliar para aquela comunidade (BELL; MORSE, 2001BELL, S.; MORSE, S. Breaking through the glass ceiling: who really cares about sustainability indicators? Local Environment, v.6, n.3, p. 291-309, 2001.; FRASER et al., 2006FRASER, E. D. G. et al. Bottom up and top down: Analysis of participatory processes for sustainability indicator identification as a pathway to community empowerment and sustainable environmental management. Journal of Environmental Management, v.78, n. 2, p. 114-127, 2006.). E isso é especialmente importante na questão dos resíduos, uma vez que esse problema faz parte do cotidiano das pessoas e começa no núcleo residencial e familiar (BULKELEY; GREGSON, 2009BULKELEY, H.; GREGSON, N. Crossing the Threshold: Municipal Waste Policy and Household Waste Generation. Environment and Planning A: Economy and Space, v. 41, p. 929-945, 2009.; RØPKE, 2009RØPKE, I. Theories of practice - New inspiration for ecological economic studies on consumption. Ecological Economics, v.68, n.10, p. 2490-2497, 2009.; BARR; GILG; SHAW, 2011BARR, S.; GILG, A.; SHAW, G. ‘Helping People Make Better Choices’: Exploring the behaviour change agenda for environmental sustainability. Applied Geography, v.31, n.2, p. 712-720, 2011.). Portanto, esse aspecto reflete o grau de envolvimento da sociedade na problemática dos resíduos sólidos, o que depende da inclusão das pessoas da própria comunidade na gestão de RS e para melhoria das questões relacionadas à sustentabilidade, uma vez que somente elas percebem e sentem os problemas locais causados pelos resíduos. Além disso, a própria participação dos atores sociais no processo de construção de indicadores é fundamental para a consolidação da ferramenta de avaliação de sustentabilidade e reforça aspectos de estímulo à uma civilidade socioambiental e governança democrática (MEADOWS, 1998MEADOWS, D. Indicators and informations systems for sustainable development. Hart Land Four Corners: The Sustainability Institute, 1998.; VALENTIN; SPANGENBERG, 2000VALENTIN, A.; SPANGENBERG, J.H. A guide to community sustainability indicators. Environmental Impact Assessment Review, v.20, n.3, p. 381-392, 2000.; RAMOS; CAEIRO; MELO, 2004; REED; FRASER; DOUGILL, 2006REED, M. S.; FRASER, E. D. G.; DOUGILL, A. J. An adaptive learning process for developing and applying sustainability indicators with local communities. Ecological Economics, v.59, n.4, p. 406-418, 2006.). Nesse contexto, o conceito de governança ganha importância significativa por incorporar determinantes políticos aos vários interesses e realidades dos atores sociais envolvidos na gestão de RS em cada localidade.

3. Método

A revisão sistemática de literatura foi realizada em artigos científicos, publicados em periódicos indexados que abordam sistemas de indicadores (SI) em contexto de avaliação de sustentabilidade local. A pesquisa utilizou a base de dados Scopus®, pois é o maior banco de dados da literatura revisada por pares. Os parâmetros de busca foram artigos ou revisões publicadas nos últimos 15 anos (de 2002 até maio de 2017). Foram utilizados os termos de busca: “sustainability indicators” e “cities”; “sustainability indicators” e “local”; “sustainable development indicators” e “cities”; “sustainable development indicators” e “local”; “solid waste indicators”; “solid waste” e “sustainability indicators”; “solid waste” e “sustainable development indicators”. Dos 651 artigos encontrados, foram excluídos os repetidos, os que não apresentavam indicadores de resíduos sólidos nas ferramentas de avaliação de sustentabilidade e os que não se referiam ao “contexto local” (cidades, regiões, municípios ou comunidades).

Um total de 77 artigos passaram para análise temática dos dados, conforme as recomendações de Krippendorf (2004) e Fereday e Muir-Cochrane (2006FEREDAY, J.; MUIR-COCHRANE, E. Demonstrating Rigor Using Thematic Analysis: A Hybrid Approach of Inductive and Deductive Coding and Theme Development. International Journal of Qualitative Methods, v. 5, n. 1, 2006.). O processo envolveu a identificação desses temas por meio de leitura, releitura e análise das informações. Dessa forma, foi possível o reconhecimento de padrões e três grupos de artigos foram encontrados: a) o primeiro, composto por SIs que avaliam o desempenho técnico para gestão de resíduos sólidos (25 trabalhos) e abordam temas como análise de fluxo de material (ZACCARIELLO; CREMIATO; MASTELLONE, 2015ZACCARIELLO, L.; CREMIATO, R.; MASTELLONE, M.L. Evaluation of municipal solid waste management performance by material flow analysis: Theoretical approach and case study. Waste Management & Research, v.33, n.10, p. 871-885, 2015.), taxa de recuperação de energia (BUENO; LATASA; LOZANO, 2015BUENO, G.; LATASA, I.; LOZANO, P.J. Comparative LCA of two approaches with different emphasis on energy or material recovery for a municipal solid waste management system in Gipuzkoa. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v.51, p. 449-459, 2015.), técnicas para avaliação e melhoria de performance dos sistemas de recolha, tratamento e gestão (ADAMOVIĆ et al., 2017ADAMOVIĆ, V. M. et al. Prediction of municipal solid waste generation using artificial neural network approach enhanced by structural break analysis. Environ Sci Pollut Res, v. 24, p. 299-311, 2017.; CHAMIZO-GONZALEZ; CANO-MONTERO; MUÑOZ-COLOMINA, 2016CHAMIZO-GONZALEZ, J.; CANO-MONTERO, E. I.; MUÑOZ-COLOMINA, C.I. Municipal Solid Waste Management services and its funding in Spain. Resources, Conservation and Recycling, v. 107, p. 65-72, 2016.; PLATA-DÍAZ et al., 2014PLATA-DÍAZ, A. M. et al. Alternative management structures for municipal waste collection services: The influence of economic and political factors. Waste Management, v.34, n.11, p. 1967-1976, 2014.), tratamentos biológicos (LOMBARDI; CARNEVALE; CORTI, 2015) e inovações (NING; CHANG; HUNG, 2013NING, S. K.; CHANG, N. B.; HUNG, M. C. Comparative streamlined life cycle assessment for two types of municipal solid waste incinerator. Journal of Cleaner Production, v. 53, n. 15, p. 56-66, 2013.). Porém, os indicadores que compõem esses sistemas não são dedicados à avaliação da sustentabilidade local; b) no segundo grupo, os SI também são dedicados exclusivamente à componente dos RS (como nos artigos de VEIGA et al., 2016VEIGA, T. B. et al. Building sustainability indicators in the health dimension for solid waste management. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 24, 2016.; CASTRO; SILVA; MARCHAND, 2015CASTRO, M. A. O.; SILVA, N. M.; MARCHAND, G. A. E. L. Developing indicators for sustainable management of solid waste in Iranduba, Manacapuru and Novo Airão municipalities, Amazon, Brazil. Eng Sanit Ambient, v.20, n.3, p. 415-426, 2015.; SANTIAGO; DIAS, 2012SANTIAGO, L. S.; DIAS, S. M. F. Matrix of sustainability indicators for the urban solid waste management. Eng Sanit Ambient, v.17 n.2, p. 203-212, 2012.), porém o foco está na avaliação da sustentabilidade da gestão de resíduos sólidos e não na avaliação da sustentabilidade da localidade (16 trabalhos); c) o último grupo é composto por indicadores que estão inseridos em SI para avaliação da sustentabilidade local (36 trabalhos) e os resíduos sólidos somam-se aos demais aspectos da sustentabilidade que compõem as ferramentas. Apenas os artigos dessa última categoria foram incluídos nessa revisão.

Três etapas de análise foram realizadas com os 36 artigos incluídos na revisão sistemática. Na primeira, foram descritas as características dos estudos (análise quantitativa) quanto ao periódico, área de publicação, número de autores, distribuição temporal e espacial dos estudos (Seção 4).

Para entender como ocorreu a inserção da temática dos resíduos sólidos nos Sistemas de Indicadores, a segunda etapa focou no processo de construção do sistema de avaliação de sustentabilidade local (ASL) e na representatividade dos indicadores de resíduos sólidos nos sistemas de avaliação de sustentabilidade local. Para tanto, foram levantados: o número total de indicadores do sistema, o número de indicadores de RS, a organização do SI adotada pelo autor (dimensões do desenvolvimento sustentável ou áreas temáticas), as dimensões nas quais estavam alocados os indicadores de RS e o processo de construção do sistema de avaliação de sustentabilidade local (Seção 5).

Por fim, foi feita uma análise (Seção 6) com a finalidade de verificar se os indicadores escolhidos, que compõe os SI, conseguem representar a complexidade dos RS e sua relação com a sustentabilidade. Para tanto, todos os indicadores de RS foram classificados quanto:

  • a) à etapa do processo que ele representa na Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Sejam eles, geração, coleta, destinação, disposição final e governança [essa divisão foi adotada considerando os conceitos apresentados por Tchobanoglous, Kreith e Williams (2002TCHOBANOGLOUS, G.; KREITH, F.; WILLIAMS, M.E. Introduction. In: TCHOBANOGLOUS, G.; KREITH, F. Handbook of solid waste management. 2 ed. New York, McGraw-Hill, 2002.), Vergara e Tchobanoglous (2012VERGARA, S. E.; TCHOBANOGLOUS, G. Municipal Solid Waste and the Environment: A Global Perspective. Annu. Rev. Environ. Resour. v. 37, p.277-309, 2012) e pela Diretiva Europeia 2008/98/CE (PARLAMENTO EUROPEU, 2008)];

  • b) ao nível de importância que ele representa na hierarquia da GRS (a hierarquia de GRS da Diretiva Europeia 2008/98/CE (PARLAMENTO EUROPEU, 2008) foi utilizada como base devido sua harmonia com os aspectos da sustentabilidade. Nela, a prioridade estratégica é a não geração de resíduos seguida, sucessivamente, pelas ações de reuso, reciclagem, recuperação até a disposição final);

  • c) ao seu potencial de representar os aspectos da sustentabilidade (sintetizados nas dimensões ambiental, econômica e social).

4. Características dos estudos

A análise cronológica dos 36 estudos levantados na revisão de literatura apontou um aumento no número de publicações sobre o tema nos últimos quinze anos (Figura 1), com destaque para os anos de 2010 e 2015.

Figura 1
Distribuição dos artigos científicos de avaliação de sustentabilidade local que contam com indicadores de RS, por ano de publicação.

A sustentabilidade, inicialmente explorada em acordos retratados na escala internacional, passa a ser incorporada em políticas, programas e projetos na escala local (ICLEI, 2017; MAPAR et al., 2017MAPAR, M. et al. Sustainability indicators for municipalities of megacities: Integrating health, safety and environmental performance. Ecological Indicators, n. 83, p. 271-291, 2017.). Evidências dessa nova orientação podem ser observadas no ODS 11 (UNITED NATION, 2015) que versa sobre as Cidades e Comunidades Sustentáveis. A importância da localidade na busca pelo desenvolvimento sustentável aponta para a necessidade de adoção de ferramentas para avaliação de sustentabilidade local (MAPAR et al., 2017). Da mesma forma, observa-se o aumento dessa discussão na literatura, no que se refere à análise de sistemas de indicadores já consolidados (SHEN et al., 2011SHEN, L. Y. et al. The application of urban sustainability indicators - A comparison between various practices. Habitat International, v.35, n.1, p. 17-29, 2011.; KING, 2016KING, L. K. Functional sustainability indicators. Ecological Indicators, v.66, p.121-131, 2016.), bem como das novas propostas e dos desdobramentos da temática em escala local (MASCARENHAS; NUNES; RAMOS, 2015MASCARENHAS, A.; NUNES, L. M.; RAMOS, T. B. Selection of sustainability indicators for planning: combining stakeholders’ participation and data reduction techniques. Journal of Cleaner Production, v. 92, p. 295-307, 2015.). A participação no desenvolvimento das ferramentas é melhor discutida na Seção 5.

No que se refere à área1 1 - A área da publicação está em consonância com a categorização da Scimago de publicação, a maioria dos artigos foram publicados em periódicos nas áreas de Ciência Ambiental (28%), Agricultura e Ciências Biológicas (22%) e Gestão e Negócios (14%). Há ainda estudos publicados na área de Energia (11%), Ciências Sociais (8%) e Engenharia (5%), dentre outras, porém com menor representatividade. Essa diversidade observada nas áreas de publicação dos estudos pode ser explicada pelo caráter multidimensional e interdisciplinar intrínseco à sustentabilidade e que é ainda mais imprescindível nas ferramentas de avaliação (BOSSEL, 1999BOSSEL H. Indicators for Sustainable Development: Theory, Method, Applications. A Report to the Balaton Group. IISD, Canada. CES, 1999. Index of Sustainable and Economic Welfare.; RAMOS; CAEIRO, 2010RAMOS, T. B.; CAEIRO, S. Meta-performance evaluation of sustainability indicators. Ecological Indicators, v. 10, n. 2, p. 157-166, 2010.). Por outro lado, as Ciências Ambientais apresentam um escopo abrangente ao incorporarem as relações entre o ambiente e a sociedade, proporcionando um caráter mais holístico à área de estudo. Nessa perspectiva, há aderência das publicações no que tange à avaliação de sustentabilidade local.

A revisão de literatura apontou muita dispersão entre os periódicos que já publicaram sobre o tema, com maior incidência para o periódico Ecological Indicators (7 artigos), seguido da revista Sustainability (4 artigos). A relação dos periódicos, bem como o respectivo número de artigos localizados sobre indicadores de RS inseridos em sistemas para avaliação da sustentabilidade local está apresentada no Quadro 2.

Quadro 2
Distribuição dos artigos científicos de avaliação de sustentabilidade local que contam com indicadores de RS, por periódico.

Vale ressaltar que a maior parte dos trabalhos selecionados (89%) foram produzidos por mais de um autor. Esse dado pode ter sido influenciado pelo caráter mais sistêmico e interdisciplinar das discussões acerca da avaliação de sustentabilidade. Entre os artigos localizados, foram identificados 99 diferentes autores dos quais cinco aparecem em duas referências e somente um autor em três artigos.

No que se refere à origem dos autores, 47% são europeus, com destaque para Portugal com 8 pesquisadores que trabalhavam com o tema. Dentre os 24% de autores asiáticos, 8 pesquisadores eram chineses e dentre os 22% do continente americano, destaca-se o Brasil com 11 autores. Há ainda a participação de pesquisadores da Oceania, com cerca de 7% do total de autores. Numa análise agrupada por continente, localidades na Europa foram estudadas em mais de 30% dos trabalhos (notar que quase metade dos autores identificados nesta revisão eram europeus), 22% dos artigos se dedicaram a analisar localidades da América, 14% da Ásia e 8% da Oceania. Chama a atenção a ausência de autores e SI para o continente africano.

5. Características dos sistemas de indicadores

Essa seção se dedica a explorar como ocorreu a inserção da temática dos resíduos sólidos nos Sistemas de Indicadores. Como pode ser observado no Quadro 3, esses sistemas são desenvolvidos em nível local, tanto para comunidades, cidades ou regiões. Há grande variabilidade na forma de organização dos SI, tanto em tipo, quanto em quantidade das categorias. Por exemplo, Nader, Salloum e Karam (2008NADER, M. R.; SALLOUM, B. A.; KARAM, N. Environment and sustainable development indicators in Lebanon: A practical municipal level approach. Ecological Indicators, v.8, n.5, p. 771-777, 2008.) organizaram o sistema em quatro temas; Castellani e Sala (2010CASTELLANI, V.; SALA, S. 2010. Sustainable performance index for tourism policy development. Tourism Management, v.31, n.6, p. 871-880, 2010.) utilizaram seis áreas; Fehr et al. (2004FEHR, M. et al. Proposal of indicators to assess urban Sustainability in Brazil. Environment, Development and Sustainability, v. 6, p. 355-366, 2004.) utilizaram doze parâmetros de sustentabilidade; e Braulio-Gonzalo, Bovea e Ruá (2015) utilizaram 14 categorias.

Quadro 3:
Características dos sistemas de indicadores de avaliação de sustentabilidade local, que contam com indicadores de RS.

Também há grande distinção nas categorias nas quais os indicadores de RS são inseridos, o que faz sentido uma vez que as categorias são muito diversas. Porém, notou-se que um determinado aspecto dos resíduos sólidos pode estar alocado em categorias com propósitos divergentes. Como exemplo, tem-se o indicador sobre geração de resíduos hospitalares, que no sistema apresentado por Nader, Salloum e Karam (2008NADER, M. R.; SALLOUM, B. A.; KARAM, N. Environment and sustainable development indicators in Lebanon: A practical municipal level approach. Ecological Indicators, v.8, n.5, p. 771-777, 2008.) está alocado no tema “População e indicadores socioeconômicos” e no SI proposto por Martins e Cândido (2015MARTINS, M. F.; CÂNDIDO, G.A. Assessment model of urban sustainability level: proposal to Brazilian cities. Brazilian Journal of Urban Management, v.7, n.3, p. 397-410, 2015.) está alocado na dimensão “racionalidade ecoenergética”.

No que se refere ao processo de construção das ferramentas de avaliação da sustentabilidade, só foi possível observar a participação social na construção do sistema de indicadores em metade dos trabalhos analisados (Quadro 3). Indicativo de SI construídos sem o envolvimento das partes interessadas, numa abordagem de tomada de decisão top down. Os resultados não indicam relação entre a participação dos atores sociais e a quantidade de indicadores de resíduos sólidos nos SI.

Em relação à representatividade dos indicadores de resíduos sólidos nos sistemas de avaliação de sustentabilidade local, uma análise de frequência evidenciou que mais de 80% dos SI apresentam somente um, dois ou três indicadores de RS (fi = 15, 12 e 4, respectivamente). Apenas quatro trabalhos apresentam cinco ou mais indicadores, sendo que Martins e Cândido (2015MARTINS, M. F.; CÂNDIDO, G.A. Assessment model of urban sustainability level: proposal to Brazilian cities. Brazilian Journal of Urban Management, v.7, n.3, p. 397-410, 2015.) incluíram 15 indicadores de RS.

6. Características dos indicadores de resíduos sólidos

O Quadro 4 apresenta os 50 indicadores de resíduos sólidos encontrados nos SI para ASL e identifica os objetos aos quais eles buscam representar. Esses objetos foram divididos em três categorias: etapa do processo da GRS, nível de importância na hierarquia da GRS e dimensões de sustentabilidade.

Quadro 4:
Características dos indicadores de resíduos sólidos presentes nos SI, segundo seu potencial de representar etapa do processo da GRS, nível de importância na hierarquia da GRS e dimensões da sustentabilidade

A primeira observação é que muitas das tipologias de RS (ver Quadro 1) foram incorporadas aos SI. Embora a maior parte dos indicadores sejam referentes a resíduos residenciais, comerciais e institucionais, há indicadores específicos para resíduos de serviços de limpeza urbana (por exemplo, ‘Quantidade de resíduos de podas per capita’), resíduos de construção e demolição (por exemplo, ‘Quantidade de resíduos sólidos - entulhos, per capita’), resíduos Industriais (por exemplo, ‘Taxa de Tratamento dos resíduos industriais’) e resíduos de serviço de saúde. Não foram identificados indicadores específicos para resíduos de agricultura ou de mineração, que poderiam ser incorporados para localidades, cujas atividades econômicas são baseadas nessas atividades. Isso retoma a discussão acerca de como a temática deve ser considerada de forma localizada, uma vez que há grande variabilidade na geração de resíduos, em termos quantitativos e qualitativos.

A GRS é complexa, envolve várias etapas (geração, coleta, destinação, disposição final e governança) e como todas essas etapas estão interconectadas à sustentabilidade local, seria interessante que o conjunto de indicadores para ASL buscassem representá-las (ver Seção 2). No entanto, os resultados mostram que apenas dois sistemas (YUAN et al., 2003YUAN, W. et al. Development of sustainability indicators by communities in China: a case study of Chongming County, Shanghai. Journal of Environmental Management, v. 68, n. 3, p. 253-261, 2003.; MORENO PIRES; FIDÉLIS; RAMOS, 2014MORENO-PIRES, S.; FIDÉLIS, T; RAMOS, TB. Measuring and comparing local sustainable development through common indicators: Constraints and achievements in practice. Cities, v. 39, p. 1-9, 2014.) contam com indicadores capazes de captar três etapas do processo de GRS. De fato, os conjuntos de indicadores propostos pela maioria dos sistemas (94,3%) são capazes de representar somente uma ou duas dessas etapas. Como está descrito a seguir, há uma tendência na utilização de indicadores de destinação, disposição final de resíduos sólidos e coleta, sendo os indicadores de governança menos frequentes.

Os indicadores da etapa ‘destinação’ dos RS foram os mais frequentes (30%) com destaque para o indicador ‘Taxa de reciclagem’ que está em onze sistemas de avaliação de sustentabilidade. É importante destacar que Turcu (2012TURCU, C. Local experiences of urban sustainability: Researching Housing Market Renewal interventions in three English neighborhoods. Progress in Planning, v. 78, p. 101-150, 2012.; 2013) e Egilmez, Gumus e Kucukvar (2015EGILMEZ, G.; GUMUS, S.; KUCUKVAR, M. 2015. Environmental sustainability benchmarking of the U.S. and Canada metropoles: An expert judgment-based multi-criteria decision-making approach. Cities, v. 42, p. 31-41, 2015.) utilizam apenas esse indicador para representar o tema dos resíduos sólidos no sistema de ASL. Entende-se que ‘Taxa de reciclagem’ contempla a dimensão ambiental (em aspectos de diminuição de recursos naturais e prevenção de poluição) e a dimensão econômica, mais especificamente atrelado à economia circular. O indicador ainda capta a dimensão social relacionada à motivação e engajamento da população necessárias para o sucesso de programas de reciclagem. Apesar das três dimensões de sustentabilidade poderem ser representadas pelo indicador, o indicador consegue retratar somente níveis intermediários da hierarquia de gestão de resíduos sólidos (reciclagem e valorização dos resíduos), pois não incorpora as questões prioritárias de prevenção e redução na geração de resíduos.

Quatorze indicadores (28%) para a etapa ‘disposição final’ foram identificados e a grande maioria contempla apenas a dimensão ambiental, mais especificamente aspectos de prevenção de poluição, como ‘Descarga per capita de resíduo sólidos’ e ‘Resíduos domésticos destinados ao aterro’. Há três exceções: o indicador ‘Problemas na disposição dos resíduos domésticos’, no qual é possível identificar a dimensão social relacionada ao bem-estar da população e os indicadores ‘Recuperação e eliminação de resíduos’ e ‘Valorização e disposição de resíduos’, nos quais, além da prevenção de poluição, há outro aspecto da dimensão ambiental relacionado à diminuição de utilização de recursos naturais. Os mesmos dois indicadores podem representar a dimensão econômica, no que se refere à economia circular e à dimensão social, no aspecto de engajamento da população.

Foram também identificados dez indicadores (20%) utilizados para representar a ‘geração’ de resíduos. Autores como Yigitcanlar e Dur (2010YIGITCANLAR, T.; DUR, F. Developing a Sustainability Assessment Model: The Sustainable Infrastructure, Land-Use, Environment and Transport Model. Sustainability, v.2, p. 321-340, 2010.), King (2016KING, L. K. Functional sustainability indicators. Ecological Indicators, v.66, p.121-131, 2016.) e Xu e Coors (2012XU, Z.; COORS, V. 2012. Combining system dynamics model, GIS and 3D visualization in sustainability assessment of urban residential development. Building and Environment, v. 47, p. 272-287, 2012.) utilizam apenas indicadores dessa natureza para representar a problemática dos resíduos. Tais autores entendem que eles são de suma importância para representar a problemática dos resíduos sólidos, pois a geração de resíduos está intrinsecamente ligada ao consumo e, no contexto social contemporâneo, esse aspecto representa elemento importante para avaliação da sustentabilidade. De fato, há um fluxo muito intenso de produção, consumo e descarte (GONÇALVES-DIAS, 2015GONÇALVES-DIAS, S. F. L. Consumo & Resíduos: duas faces da mesma moeda. GV Executivo, v.14, n.1, 2015.), que impactam negativamente na sustentabilidade local. Porém, existem outros aspectos da sustentabilidade relacionados aos RS, que não podem ser captados por esses indicadores (por exemplo, prevenção de poluição e governança socioambiental democrática e participativa).

Outra característica analisada foi a capacidade dos indicadores em representar os níveis de importância na hierarquia da GRS (alta prioridade: prevenção e não geração; média prioridade: ações de reuso, reciclagem e valorização dos resíduos; baixa prioridade: ações de tratamento ou disposição final). Os indicadores que ilustram os níveis de baixa prioridade foram os mais frequentes (40%), seguidos daqueles com alta (18%) e média prioridade (14%). Somente cinco (10%) SIs contam com um conjunto de indicadores apto a retratar os três níveis da hierarquia da GRS, dezenove (38%) conseguem sinalizar dois níveis e doze (24%) somente um. Portanto, foi identificada uma preferência pela utilização de indicadores e sistemas concentrados na pós geração dos resíduos. Porém, numa perspectiva da sustentabilidade (uma vez que são estudos de ASL) eram esperados mais indicadores destinados para medir os esforços da sociedade pela prevenção e minimização dos resíduos ou redução da demanda por recursos naturais (PELLETIER, 2010PELLETIER, N. Of laws and limits: An ecological economic perspective on redressing the failure of contemporary global environmental governance. Global Environmental Change, 20, 220-228, 2010.).

Em relação às dimensões de sustentabilidade, a maioria dos sistemas incorpora indicadores capazes de representar aspectos para as três dimensões (72.22% dos SI). Há maior quantidade de indicadores destinados a captar e retratar aspectos da dimensão ambiental (40 indicadores), nomeadamente diminuição de recursos naturais e prevenção de poluição. Na dimensão econômica, a grande maioria dos indicadores remetem à economia circular, porém há outras duas concepções observadas: ‘Repasse de resíduos sólidos coletados para outro município’ e ‘Sistema de coleta eficiente’. Tais indicadores denotam um ponto de vista de eficiência financeira. De outro lado, o indicador ‘Quantidade de resíduos sólidos (entulhos) per capita’ pode indicar processos mais limpos de produção econômica e industrial. Foi considerado que 19 indicadores podem representar aspectos da dimensão social da sustentabilidade: a) onze indicadores incorporam a mobilização da sociedade para valorização, recuperação de resíduos e reciclagem; b) quatro deles, ‘Cobertura da coleta de resíduos sólidos’, ‘Frequência de coleta de resíduos sólidos’, ‘Problemas na disposição dos resíduos domésticos’ e ‘Número e porcentagem de residências que apresentam problemas na disposição dos resíduos domésticos’, remetem ao bem-estar da sociedade. Além de problemas de saúde pública ocasionados pela disposição incorreta dos resíduos, como incômodo provocado pelo odor, contato visual e proliferação de vetores (ZHANG; MATSUTO, 2013ZHANG, X.; MATSUTO, T. Assessment of internal condition of waste in a roofed landfill. Waste Management, v. 33, p.102-108, 2013.; SIMSEK et al., 2014SIMSEK, C.; ELCI, A.; GUNDUZ, O.; TASKIN, N. An improved landfill site screening procedure under NIMBY syndrome constraints. Landscape and Urban Planning, v. 132, p.1-15, 2014.); c) já os indicadores ‘Produção de RSU por tipo de resíduo’, ‘Resíduos sólidos coletados por habitante/ano’, ‘Composição do resíduo municipal’ e ‘Geração de resíduos’ trazem à tona a concepção de justiça social. A composição e a quantidade de resíduos gerados por uma sociedade estão intrinsecamente relacionadas à renda, cultura e padrão de consumo. Logo, é possível uma análise acerca da equidade intrageracional (países desenvolvidos vs. em desenvolvimento, norte vs. sul, população urbana vs. rural) e intergeracional.

A última análise é relacionada ao impacto da abordagem da construção dos indicadores (participativos vs. não participativos) no potencial em representar as etapas do processo da GRS, os níveis de hierarquia da GRS e as dimensões da sustentabilidade. Das ASL participativas, 27,78% apresentaram um conjunto de indicadores apto a captar pelo menos 3 elementos da GRS, essa proporção foi menor em ASL não participativas (12,5%). Metade dos sistemas não participativos contam com indicadores para representar somente uma etapa da GRS, isso ocorre em menor proporção para os processos participativos (27,8%). Analisando a questão da representação dos níveis de ordem da hierarquia da GRS, há maior proporção de SI participativos que captam pelo menos dois níveis (72,2%) do que não participativos (56,62%). Em relação às dimensões de sustentabilidade que devem ser objeto dos indicadores, 77,78% dos SI baseados em processos participativos propuseram conjuntos de indicadores capazes de representar aspectos das três dimensões da sustentabilidade, essa proporção foi menor em SI não participativos (62,5%).

7. Considerações finais

Entender como os indicadores de resíduos sólidos foram inseridos em sistemas de avaliação de sustentabilidade local tem muita relevância para permitir que novos sistemas venham a ser construídos e possam aprender com as limitações e potencialidades dos já existentes. A revisão aqui realizada visou identificar e analisar como é que os indicadores são utilizados para representar a temática dos RS, considerada de alta complexidade para a tomada de decisão de gestores públicos e privados.

Da investigação destaca-se que mais de 80% dos SI de ASL apresentam no máximo três indicadores para representar toda complexidade dos RS. Dessa forma, o conjunto de indicadores não é capaz de captar e representar todas as etapas da GRS. De fato, os resultados apontam que a maioria dos SI (80,5%) são aptos a representar, no máximo, duas dessas etapas. As etapas da GRS foram organizadas em níveis de prioridade (hierarquia da GRS) e os resultados mostraram que a maioria dos indicadores utilizados são dedicados a ilustrar os níveis de baixa prioridade (somente cinco SI contam com um conjunto de indicadores apto a retratar os três níveis da hierarquia da GRS). Em relação às dimensões de sustentabilidade, 72.22% dos SI contam com indicadores capazes de captar aspectos das três dimensões (econômica, ambiental e econômica). Foram encontradas evidências de que o processo participativo influencia positivamente na capacidade dos conjuntos de indicadores representar a complexidade da GRS e sua conexão com a sustentabilidade.

Algumas recomendações gerais são aqui delineadas para a inclusão mais apropriada de indicadores de RS nos sistemas de indicadores para avaliação de sustentabilidade local:

  • a) com base nos princípios de sustentabilidade é recomendável que o SI capte, através de seus indicadores de RS, aspectos de diminuição de utilização de recursos naturais e de prevenção de poluição (dimensão ambiental); adaptação à economia circular, eficiência financeira e de produção mais limpa (dimensão econômica); além de aspectos de bem-estar e de justiça social (dimensão social);

  • b) é recomendável que os SI contemplem todos os níveis de importância da hierarquia da GRS, desde a utilização de tecnologias caracterizadas como end of pipe até questões paradigmáticas de não geração. Através da metanálise do SI, a tendência é que ele amadureça interativamente com a GRS e que cada vez menos indicadores da base da ordem da hierarquia da GRS sejam utilizados;

  • c) é recomendável que todas as etapas do processo da GRS sejam contempladas, pois todas apresentam relação com aspectos da sustentabilidade.

Uma das linhas para trabalhos futuros será o desenvolvimento de conjunto de indicadores comuns de GRS para integrar ao SI local. Esta lista comum será sempre complementada pelas especificidades de cada contexto local, em particular se os resíduos forem um fator crítico para a sustentabilidade local. Outra recomendação para estudos futuros é a investigação sobre a complementação dos indicadores de RS com indicadores de outras áreas da sustentabilidade, dentro dos SI, sob uma abordagem de avaliação integrada (não reducionista e fragmenta em pilares sujeita ao efeito de trade-offs).

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

  • 1
    - A área da publicação está em consonância com a categorização da Scimago

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Out 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    11 Mar 2019
  • Aceito
    28 Mar 2020
ANPPAS - Revista Ambiente e Sociedade Anppas / Revista Ambiente e Sociedade - São Paulo - SP - Brazil
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