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Editorial

Editorial

É com grande satisfação que apresentamos este Vol. 9, n.2 de Bakhtiniana, sobretudo por dois motivos: primeiro porque, mais uma vez, recebemos inúmeras contribuições da comunidade acadêmica - a quem desde já muito agradecemos -, respondendo à temática que propusemos e permitindo a edição de um número de qualidade; segundo porque, com este número, como nossos leitores poderão observar, temos a certeza de estar colaborando de maneira importante para o debate sobre um tema fundamental para a educação contemporânea: a questão do letramento.

Embora a chamada não fizesse qualquer restrição, importante notar que atraiu principalmente pesquisadores brasileiros – sabemos que é uma questão candente na educação nacional! –, muitos deles há muito trabalhando com o tema e constituindo-se referência no assunto. Nesse sentido, importante também destacar a penetração e alcance da obra bakhtiniana para esses estudos, muitas vezes ao lado de conceitos da Linguística Aplicada, da Teoria sociocultural, do Grupo Nova Londres, entre outros. Desse modo, noções como ato responsável, sujeitos responsivos, gêneros do discurso, dialogia, compreensão responsivo-ativa, sempre sob uma perspectiva histórica, social e política, perpassam os artigos de forma geral.

Conforme os leitores poderão constatar, o conceito de "letramento" é tratado sob diferentes e produtivos enfoques pelos vários autores. Num breve levantamento, podemos notar que há aqueles que procuram melhor defini-lo, buscando significados e abrangência, de uma perspectiva prática ou teórica, como Angela Kleiman (UNICAMP), em Letramento na contemporaneidade; Hilda A. Micarello e Tânia G. Magalhães (UFJF), em Letramento, linguagem e escola; ou Maria Bernadete F. de Oliveira (UFRN) e Paula T. C. Szundy (UFRJ), em Práticas de multiletramentos na escola: por uma educação responsiva à contemporaneidade. Outros tratam do que definem como letramentos específicos, ora relativos ao ensino/aprendizagem de uma língua, como Maria José Coracini (UNICAMP), com o artigo Entre adquirir e aprender uma língua: subjetividade e polifonia, ou Maria de Fátima Fonseca Guilherme e João Bôsco Cabral dos Santos (UFU), com Letramento em língua inglesa: uma reflexão bakhtiniana; ora relativamente a práticas sociais de modo mais geral, como o letramento de surdos, cujo debate entre línguas e culturas é exposto por Ana Claudia B. Lodi (USP), Elaine C. Bortolotti e Maria José Z. Cavalmoretti (Prefeitura Municipal de Santa Cruz das Palmeiras), em Letramento de surdos: práticas sociais de linguagem entre duas línguas/culturas; ora tratando de uma prática social mais específica, como Márcia Adriana D. Kraemer (FEMA/RS), Letramento acadêmico/científico e participação periférica legítima: estudo etnográfico em comunidades de prática jurídica. Entre esses poderíamos também inserir o texto de Antônio Carlos S. Lima (IFAL), Lúcia de Fátima Santos e Rita de Cássia S. M. Siqueira Lima (UFAL), que aborda o problema sob o ponto de vista dos agentes de letramento, em Refletindo sobre letramento e responsividade na formação docente.

Muitos dos artigos acima abordam a questão contemporânea do mundo digital, como o de Angela Kleiman já citado, mas esse debate é o foco nos artigos de Maria Lucia Santaella Braga (PUC/SP), Gêneros discursivos híbridos na era da hipermídia; e de Adolfo Tanzi Neto e Angela Lessa (PUC-SP), Arquitetura de ambientes virtuais de aprendizagem sob a ótica dos estudos bakhtinianos. Finalmente, há aqueles textos que questionam o próprio conceito de letramento, perspectiva que vamos encontrar nos artigos de João Wanderley Geraldi (UNICAMP), A produção dos diferentes letramentos e de Cecília Goulart (UFF), O conceito de letramento em questão: por uma perspectiva discursiva da alfabetização.

Ao todo, são autores de 10 estados da federação, representando 12 instituições federais, estaduais e privadas. Além disso, este número de Bakhtiniana apresenta três resenhas de obras recentemente lançadas, redigidas por representantes de três diferentes instituições do Estado de São Paulo. A primeira, Narrativas do exílio: cosmopolitismo além da imaginação liberal, de Galin Tihanov, permite-nos refletir sobre a questão de nacionalidade e autoria para além dos limites políticos e geográficos. A segunda, Questões de estilística no ensino da língua, é um texto de Mikhail Bakhtin de largo alcance didático-pedagógico, cuja tradução nos faltava. A terceira, afinal, trata da obra de Álvaro Antônio Caretta, Estudo dialógico-discursivo da canção popular brasileira, de bastante interesse até para os estudos da identidade brasileira.

Novamente agradecemos o auxílio que temos recebido do MCTI/CNPq/MEC/CAPES e da PUC-SP na edição do periódico e desejamos a todos excelente leitura!

Beth Brait & Maria Helena Cruz Pistori

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Dez 2014
  • Data do Fascículo
    Dez 2014
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