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No fascículo de dezembro 2006 de Clinics

EDITORIAL

No fascículo de dezembro 2006 de Clinics

Mauricio Rocha-e-Silva, Editor

Hospital das Clínicas, São Paulo University Medical School – São Paulo/SP, Brazil. Email: mrsilva36@hcnet.usp.br

Com este último fascículo de 2006, CLINICS completa seu segundo ano de existência, sob a nova denominação. Alguns aspectos merecem destaque: (i) até o dia 31 de dezembro calculamos que teremos recebido cerca de 30% artigos a mais que em 2005, 90% a mais que em 2004; (ii) podemos também comemorar um substancial aumento de contribuições externas ao complexo FM/HC e de fora do país; (iii) o número total de artigos publicados no ano foi mantido quase inalterado; (iv) foi portanto necessário introduzir uma escala de prioridades mais restritiva, resultando num crescimento de rejeições, que agora superam os 60%; (v) a partir de janeiro de 2007 estaremos introduzindo Manuscript Central®, um poderoso software fornecido por ScholarOne, para processamento editorial online, que deve agilizar o tráfego editorial e tornar CLINICS mais reconhecível fora do Brasil. Em termos de impacto, podemos apenas fazer uma projeção preliminar, já que apenas em maio de 2008 CLINICS completa a primeira base de dados necessária para o respectivo cálculo; no entanto, projeções preliminares sugerem que estamos crescendo em relação ao último impacto da Revista do Hospital das Clínicas, que atingiu 0,395, seu melhor valor, em 2005.

Neste fascículo de Dezembro, publicamos 12 artigos originais, 1 revisão e 2 relatos de casos.

Serra et al analisaram e determinaram a natureza da membrana hialina presente em amostras pulmonares obtidas de 26 pacientes com lesões alveolares difusas, de origem (i) pulmonar, (ii) extra-pulmonar e (iii) idiopática. As membranas foram testadas através de anticorpos diversos. Sua ocorrência foi mais alta nas lesões pulmonares, porém mais baixa nas idiopáticas. O estudo mostrou que nos 3 grupos de pacientes, apenas estão presentes os componentes endoteliais e epiteliais (surfactantes apoproteina-A, citokeratina AE1/AE3 e antígeno relacionado a fator VIII), sugerindo que as diferenças na sua patogênese dependem da causa da lesão alveolar.

Andrusaitis et al analisaram a prevalência de possíveis fatores de risco para dor lombar baixa em motoristas de caminhões através de um questionário que incluiu fatores pessoais como idade, práticas esportivas, hábitos gerais de saúde, e fatores ligados à profissão. O estudo foi aplicado a 410 caminhoneiros do estado de São Paulo e os autores verificaram que o número total de horas trabalhadas foi a única variável correlacionada com a ocorrência da dor: motoristas com dor trabalharam em média uma hora por dia a mais que os não portadores.

Barreto Jr. et al compararam pressão intra-ocular medida por tonometria de contorno dinâmico contra tonometria de aplanação de Goldman, em 12 pacientes com córneas normais e 10 pacientes com ceratonoce avançado. Observaram que as leituras por tonometria dinâmica no grupo ceratocone foram significativamente mais elevadas que as obtidas por Goldman, mas menores que as correspondentes medidas em córneas normais. Na ausência de medidas manométricas em olhos de portadores de ceratocone, os autores propõem que estas leituras intra-oculares mais baixas por tonometria de contorno podem representar uma discrepância relativa ao raio de curvatura da córnea, mas também podem ser atribuídas a discrepâncias entre o raio de curvatura e a ponta do tonômetro, aos baixos valores paquimétricos, ou a outras anormalidades biomecânicas relativas ao ceratocone avançado.

Souza & Thomson descrevem um estudo epidemiológico de interações medicamentosas num hospital-escola brasileiro através da análise de 1785 prescrições selecionadas de um total de 11250. O número mediano de medicamentos por prescrição foi 7 e pelo menos uma interação droga-droga foi identificada em 887 prescrições. As interações foram classificadas como menores (20 casos), moderadas (184 casos), maiores (30 casos) e indeterminadas em virtude de incidência de mais de 1 interação numa única prescrição (653 casos). Dentre as interações maiores, 17 apresentaram reações adversas. Na medida em que médicos podem não ter presente a possibilidade destas interações o estudo sugere que procedimentos educacionais,a introdução de prescrição computadorizada e atenção farmacêutica são altamente recomendáveis.

Brench & Guarniero avaliaram os efeitos de fisioterapia no tratamento de moléstia de Legg-Calvé-Perthes, usando musculação e alongamento num estudo prospectivo realizado em 17 pacientes. Os pacientes tratados exibiram melhora significante na amplitude de movimentos articulares, embora tais melhoras não se revelassem ao exame radiológico.

Lucon et al descrevem os resultados de correção cirúrgica de grandes rins policísticos associados a diástase do músculo rectus abdominis e hérnia umbilical em 4 pacientes. Concluíram que uma incisão mediana supra-umbilical é uma excelente via de acesso, resultando num abdome esteticamente aceitável, correção da diástase muscular e da hérnia. Um ou 2 meses após a nefrectomia bilateral os pacientes receberam rins de doadores com evolução assintomática.

Rosoky et al investigaram retrospectivamente o resultado clínico de 326 pacientes portadores de patologia arterial obstrutiva para determinar se o treinamento físico é eficaz em situações de patologia estável ou de moléstia arterial progressiva. O tempo de seguimento foi de 276 e 277 dias, respectivamente para os grupos de pacientes estáveis e pacientes com progressão. Todos os pacientes passaram por um treinamento de marcha sub-máxima 4 dias por semana, sem supervisão. As alterações da distância máxima de marcha foram avaliadas num teste de esteira durante este período, mas o desempenho não diferiu significativamente entre grupos durante todo o período de seguimento.

Leme et al examinaram a evolução de 56 pacientes idosos (60 anos ou mais) com fratura pélvica secundária a quedas e observaram que estas fraturas são mais comuns entre mulheres brancas e que a maioria das quedas ocorreu no domicílio. A mortalidade geral, 1 ano após a fratura, foi de 30% e associou-se a sexo e idade. Aumentaram as incapacidades para marcha e para execução de tarefas diárias de rotina.

Antunes et al analisaram retrospectivamente incidência e fatores de risco para carcinoma incidental de próstata em 218 pacientes portadores de hiperplasia prostática benigna e mostram que idade avançada e a presença de um exame digital suspeito são os maiores fatores de risco para o diagnóstico do carcinoma. No entanto seus resultados indicam que o baixo valor preditivo positivo destes indicadores reflete a correlação fraca entre os mesmos.

Ortaleet al analisaram variações anatômicas de ramos sinoatriais da artéria coronária em 50 corações humanos, focalizando sobretudo no número de ramos: em 47 casos foi encontrado um único ramo arterial, em 2 casos 2 ramos e em 1 caso 3 ramos. Os diversos detalhes anatômicos de cada caso estão descritos. A baixa freqüência de ocorrência de 2 ramos na população brasileira, em comparação com o encontrado em populações japonesas é atribuída a uma possível variação etnicamente determinada.

Teixeira et al testaram macrolides e quinolones como ferramentas terapêuticas potenciais para o tratamento de efusões pleurais recorrentes. Os dois tipos de antibióticos foram administrados por via intra-pleural a coelhos, mas nenhum dos 4 antibióticos (azitromicina, claritromicina, levofloxacina ou gatifloxacina) mostrou qualquer capacidade de gerar pleurodese significativa, levando à conclusão de que a busca por uma agente esclerosante ideal deve continuar.

Giovani et al compararam o método de criopreservação de implantes ósseos a -80 ºC com um novo método de preservação a temperatura ambiente (10 ºC – 35 ºC) com glicerol a 98% em 30 amostras de osso trabecular de 10 pacientes submetidos a artroplastia pélvica total. Foram analisados os efeitos antibacterianos e antifúngicos, bem como as alterações histológicas resultantes dos dois métodos de preservação. Os autores concluíram que os dois métodos são equivalentes em termos de conservação da matriz óssea, não tendo sido observado qualquer crescimento bacteriano ou de fungos.

Neste número também publicamos uma revisão sobre feridas complexas e dois relatos de casos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Dez 2006
  • Data do Fascículo
    2006
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