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Conhecimento e qualidade, políticas educacionais e editoriais

EDITORIAL

Conhecimento e qualidade, políticas educacionais e editoriais

Ao público leitor,

2014 é o ano do cinquentenário da Fundação Carlos Chagas e Cadernos de Pesquisa congratula-se com essa efeméride, perseguindo sua trilha de fomentar estudos e pesquisas de qualidade, direta ou indiretamente relacionados com a área educacional.

Em março deste ano, realizou-se uma reunião da Comissão Editorial, em que se debateu sobre os encaminhamentos e políticas editoriais, com o maior envolvimento dessa instância na produção da revista.

Neste número, Cadernos de Pesquisa traz uma configuração diferente. Assim, inicia-se com a seção Temas em Debate, com artigo que traz questões que envolvem a publicação em periódicos, motivado pela decisão de traduzir as diretrizes éticas para editores e autores, estabelecidas na 2ª Conferência Mundial para a Integridade na Pesquisa (Cingapura, 2010) e apresentadas na seção Espaço Plural. A qualidade das pesquisas e de sua comunicação sobressai entre os problemas dessa temática polêmica, para a qual o periódico abre o espaço de discussão.

Deixamos de publicar, neste número, a seção Tema em Destaque, que se manterá em outras edições mas não de forma obrigatória.

Na seção Outros Temas, o artigo de Maraysa Ribeiro Alexandre, Ricardo Sequeira Pedroso de Lima e Fábio Domingues Waltenberg ocupa-se da questão da remuneração de professores por desempenho, com base na teoria econômica, e evidencia os entraves para que essa política possa produzir efetivos resultados na melhoria da qualidade do ensino, bem como os riscos de seus efeitos colaterais. O uso de indicadores obtidos de testes padronizados e comparações internacionais como justificativa para a implantação de políticas duvidosas ou danosas impacta não apenas o trabalho docente, mas também a educação infantil, como analisa o artigo de Pascale Garnier. Trata-se de estudo sobre a escola maternal francesa, com base na sociologia da crítica, que identifica a transição de uma solução de compromisso, a qual havia congregado as lógicas heterogêneas do cuidado, educação e instrução, para o princípio único de uma justificativa instrucional, privilegiando o foco no futuro escolar. A pesquisa de Sandra Ziegler, relacionada aos professores das escolas da elite, trata da situação específica de uma política institucional que regula o trabalho docente por meio da subordinação aos sistemas de avaliação de um programa internacional. O artigo de Deisy de Freitas Lima Ventura e Maria Antonieta Del Tedesco Lins analisa a integração entre as disciplinas no currículo para a formação superior em relações internacionais e apresenta interessante discussão sobre "multi", "pluri", "inter" e "transdisciplinaridade". Paulo Henrique Nico Monteiro e Nelio Bizzo analisam como os fatores relacionados ao processo saúde-doença são apresentados nos livros didáticos de ciências para os anos iniciais do ensino fundamental, e mostram que se deixam de lado as discussões sobre as condições desfavoráveis relacionadas ao contexto, atribuindo a garantia de saúde às escolhas individuais. Vicente Llorent-Bedmar e Verónica Cobano-Delgado Palma analisam as imagens de mulheres nos livros didáticos de história e filosofia na Espanha, indicando a presença das tendências igualitárias, ainda permeadas por estereótipos que situam a mulher em uma posição de dependência em relação ao homem. Verena Stolcke trata das inter-relações entre antropologia de gênero e de parentesco, tomando o conceito de interseccionalidade, que alerta para o risco de se ignorarem discriminações em função de classe social, "raça", sexo/gênero e sexualidade, e recorre a estudo sobre a Cuba colonial, onde a oposição entre cultura e natureza legitimava ideologicamente interseccionalidades dinâmicas nessa sociedade desigual. O artigo de Michael Young ocupa-se da teoria do currículo, advoga a necessidade de se articularem os seus papéis crítico e normativo e situa a educação como atividade prática e especializada, que tem no currículo o seu conceito mais peculiar, visto como um sistema de relações sociais e de poder e também como um corpo complexo de conhecimentos especializados que precisam ser considerados nos diferentes campos disciplinares. As resenhas tratam de obras sobre: políticas públicas, equidade e coesão social; a sociologia no ensino médio; as mulheres na sociedade brasileira contemporânea; e direitos humanos e violência.

Duas importantes mudanças: o periódico inaugura sua página em ambiente eletrônico na plataforma SEER e passa a ter periodicidade trimestral. Convida-se a navegar pela nova interface, assim como a se efetuar o cadastro para a submissão de artigos e resenhas [<http://publicacoes.fcc.org.br>].

Moysés Kuhlmann Jr.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jun 2014
  • Data do Fascículo
    Mar 2014
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