Resumo
Por meio de uma pesquisa qualitativa desenvolvida em múltiplos níveis, examinamos o capital de gênero entre atletas que se identificam com o gênero masculino cis no fisiculturismo. Investigamos os mecanismos envolvidos na construção de uma nova persona, articulada tanto em termos físicos (proporção entre músculos e gordura) quanto simbólicos (a elaboração de hipermasculinidades). Argumentamos que, especialmente entre atletas de alto desempenho, o esporte fomenta uma masculinidade “intoxicada”, resultante da interseção entre categorias morais e bioquímicas, expressa no consumo crônico e de longo prazo de substâncias. Como consequência, destacamos processos de hierarquização e legitimação nos quais pessoas que se identificam com o gênero masculino cis que destoam dos padrões hegemônicos são rotulados como inferiores e, simbolicamente, associados à feminilidade.
Palavras-chave
Masculinidades; Fisiculturismo; Drogas; Antropologia da Saúde; Corpo