| E há um lado positivo deste ‘choque’ entre aspas. Choque é uma palavra forte que dá impressão de desarmonia. Não choque… é que simplesmente de nos despertar para coisas que até então nós não víamos. […] Essa impaciência me reflete numa inteligência emocional um pouco mais reduzida, rasteira. Trabalhar a inteligência profissional dessa geração mais nova é um desafio . (Procurador “da ativa” com idade entre 50 e 60 anos, entrou no MPSC entre as décadas de 1990 e 2000, filho de funcionário público, ênfases minhas) |
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Em tese, todos aqueles que entram na carreira tem uma preparação técnica, mas isso não dá a credencial de um bom profissional. Não quer dizer que ele vai ser um bom profissional. Então ele tem que ter essa percepção de saber lidar com o público. A pessoa que tem a paciência de saber lidar com o cidadão que vem reclamar. […] Então o bom profissional sob o meu ponto de vista é essa pessoa que tem essa cautela de saber atender o público . E além disso, ter a proatividade . […] Não adianta o cara ser um cabeça e no dia a dia ver um cidadão que não tem dente na boca, que quer… a vida dele é mais importante do que a guerra no mundo. O bom profissional é esse que sabe ler a alma da pessoa . (Procurador “da ativa” com idade entre 50 e 60 anos, entrou no MPSC entre 1990 e 2000, filho de pais empresário e servidor público, ênfases minhas) |
| E uma característica que a gente vê hoje no nível médio, assim, no perfil médio dos candidatos, eu percebi assim que aquele aspecto da vocação , do comprometimento social, me parece que está um pouco menos intenso do que era alguns anos atrás . Eu atribuo isso à estabilidade da carreira, as dificuldades de mercado porque em termos de Brasil, de serviço público, nós não somos o topo da pirâmide, embora a mídia queira nos colocar. (Procurador “da ativa” com idade entre 60 e 70 anos, entrou no MPSC entre as décadas de 1970 e 1980, filho de comerciantes, ênfases minhas) |
| Um ser com capacidade jurídica mediana, porém, com elevados valores morais . (Promotor “da ativa”, entrou no MPSC entre 2000 e 2010, filho de comerciantes, ênfases minhas) |
| […] audácia, ousadia é interessante sob alguns aspectos, é isso que faz girar, criar teses novas. Existem também promotores bastante conservadores, o que num determinado aspecto, num determinado ponto da instituição também é bom, também é interessante. Principalmente os do Conselho Superior , eles estão lá por isso também, pra conter um pouco as audácias e ousadias, pra equilibrar. […] Por outro lado, algumas vezes a gente percebe que o tal do concurso público estraga um pouco . Porque tem gente entrando não querendo ser promotor de justiça, mas querendo passar num concurso. Que é o concurseiro, ele não é talhado, mas aconteceu dele entrar no concurso, ele não sente uma vocação . (Promotor “da ativa” com idade entre 40 e 50 anos, entrou no MPSC entre 2000 e 2010, filho de pai magistrado, ênfases minhas) |
| Vejo que os membros mais novos só estão preocupados em receber o salário e viajar . ‘Quanto que eu vou ganhar, quanto que vai vir de adicional, quando vai receber o atrasado…’ Este foi o problema que nós tivemos quando a verticalização criou regras inflexíveis pro concurso público. Antes nós tínhamos um controle muito maior dos concursos públicos de ingresso. De modo que a instituição fazia um filtro sobre o perfil dos candidatos. A gente tinha um perfil do promotor. Hoje passa concurseiro, ou seja, não está preocupado com a vocação do promotor, ele está preocupado em ter uma boa fonte estável de renda . […] (Promotor “da ativa” com idade entre 40 e 50 anos, entrou no MPSC entre as décadas de 1990 e 2000, filho de profissional liberal e servidor público, ênfases minhas) |
| Mas [nome do promotor], um promotor que não faz conferência, que não ganha dinheiro em palestra, que não escreve um livro, que não anda garganteando por aí, etc. etc., que é esse promotor de promotoria de interior , porque ele é de [nome da comarca no interior do Estado], entende, que não é metido a literato que faz mestrado, doutorado, pós-doutorado, pós-pós-doutorado, etc., esses promotores que vivem mais pra se engrandecer, pra lecionar, pra fazer palestra e etc., do que pra servir à instituição, servir à comunidade, porque é pra isso que eles prestam e não pra se servir da instituição, que vão pra Europa, que vão pra lá e pra cá etc., e que pouco servem às comunidades, entende? Isso é um desabafo meu, isso é um desabafo meu. Que isso é nocivo à instituição. Pra você ser um bom promotor, eu vou te dizer, você precisa ficar na comarca e trabalhar. E sentir o cheiro da comarca. (Procurador aposentado com idade entre 60 e 70 anos, entrou no MPSC entre as décadas de 1960 e 1970, filho de empresário e político, ênfases minhas) |