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Educação sanitária num ambulatório de obstetrícia

FAC-SÍMILE

Educação sanitária num ambulatório de obstetrícia

Fernando Porto I

IDoutor em Enfermagem. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto/UNIRIO. Pesquisador de História da Enfermagem no NUPHEBRAS/EEAN/UFRJ e no LAPHE/EEAP/UNIRIO.

Apresentação

O artigo intitulado "Educação Sanitária num Ambulatório de Obstetrícia", publicado no ano de 1950, foi escrito pela enfermeira Feiga Langfeld, formada pela Escola de Enfermagem de São Paulo e responsável pela educação sanitária no Ambulatório de Puericultura da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas (SP). O contexto circunstancial da publicação permeou a regulamentação do ensino da Enfermagem conforme a Lei 775/1949, sendo o primeiro artigo na temática da Enfermagem Obstétrica dentre os dezessete veiculados nos Anais de Enfermagem no período de 1950 a 1954. O artigo teve como finalidade chamar atenção para o campo da educação preventiva, envolvendo os pacientes de ambulatório, sobretudo de Obstetrícia. Neste sentido, o texto destaca a importância da educação no setor obstétrico com o planejamento do programa para o curso às gestantes, inclusive utilizando algumas adaptações pela Faculdade de Higiene de São Paulo. O manuscrito foi direcionado às enfermeiras, mais especificamente às especializadas. A preocupação de Feiga Langfeld para a realização do programa do curso justificava-se em face das dificuldades encontradas pelas pacientes sobre a linguagem médica e da necessidade de educação nos cuidados para o período gravídico-puerperal. Para tanto, a autora pontua às leitoras as características que deveriam ter a enfermeira especializada, objetivando desvelar as dificuldades pessoais das mulheres, para melhor apreensão das orientações, tal como: condição de moradia, consideração aos aspectos sócio-econômicos para possibilitar a promoção de higiene em seu espaço residencial, dentre outros de cunho individual. Já para a realização do programa do curso, voltado para o grupo de mulheres gestantes, destacava a socialização das informações como elemento básico. Para operacionalizar as aulas do curso, as enfermeiras deveriam considerar o nível econômico, social e de instrução do grupo; horário compatível durante o aguardo da consulta médica; e assuntos temáticos de abordagem teórica e prática. Ademais, as aulas deveriam ser repetidas várias vezes durante a semana, em virtude de cada dia ter um grupo diferente de mulheres gestantes, permitindo-as assistir a todas as aulas possíveis durante a gestação. Assim, Langfeld se reporta à experiência semelhante do programa da Escola de Enfermagem da Universidade de Vanderbilit, dos Estados Unidos, denominado "Maternity Nursing", de sucesso na execução. Por fim, a autora apresenta temário das aulas do programa do curso às gestantes, recomenda ambiente adequado, material necessário para o seu desenvolvimento e tempo de aula de cinqüenta minutos, incluindo feedback das mulheres. Depreendo deste artigo a preocupação da autora sobre a educação para com a saúde da mulher e do recém-nascido, sinalizando sua vanguarda no campo da Obstetrícia à época, bem como pela difusão daquela prática para a Enfermagem brasileira, que hoje é praticada em muitas instituições de saúde no contexto ambulatorial.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Nov 2009
  • Data do Fascículo
    Dez 2008
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