Acessibilidade / Reportar erro

TEORIAS DA ORIGEM E EVOLUÇÃO DA VIDA: DILEMAS E DESAFIOS NO ENSINO MÉDIO1 1 Os autores agradecem o apoio da Capes e do CNPq no desenvolvimento da pesquisa relatada.

THEORY OF THE ORIGIN AND EVOLUTION OF LIFE: DILEMMAS AND CHALLENGES IN HIGH SCHOOL

Resumos

Neste trabalho foram analisadas as representações sociais de um grupo de estudantes do Ensino Médio de uma escola confessional católi ca sobre a origem dos seres vivos, com destaque para o surgimento do homem e da mulher. No estudo, utilizou-se a metodologia do discurso do sujeito coletivo (DSC). Os resultados obtidos mostraram que o grupo investigado tem fortes características religiosas, mas com abertura para as explicações científicas. Seus discursos, ao revelarem influências religiosas, não indicaram que estas eram obstáculos à apreensão dos conteudos ensi nados no âmbito das ciências. Mostraram, antes, sinais de deficiência na abordagem escolar do tema. Nas representações sociais dos estudantes, as influências familiares apareceram como mais relevantes do que aquelas provenientes de atividades escolares.

Ciência e religião; origem e evolução dos seres vivos; ensino de biologia


This work analyses the social representation of high school students group in a catholic school about the origin os living things, high lighting the man and woman arising. Its was foccused trough the subject collective discourse (SCD) methodology. The results shows that the ana lyzed group has vigorous religious characteristics althrough opened to sci entific explication. Their discourses revealed religious influence, but it did not denote that those were obstacles for dread the teaching content the scientific scope. They showed, before, fault sign in approach school topic. In their social representations, the family's influence seems to be more important than the ones from school activities.

Science and religion; origin and living things evolution; biology teaching


Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • BIZZO, N. M. V. From down house landlord to brazilian high school students: What has happened to evolucionary knowledge on the way? Journal of Research in Science Teaching, v. 31, n. 5, p. 537-556, 1994.
  • BRASIL - Exame Nacional do Ensino Médio/Enem. Disponível em: <http://www.enem.org.br> Acesso em: 19 jun. 2009.
    » http://www.enem.org.br
  • BRASIL. Ministério da Educação. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias: orientações curri culares para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 2006.
  • BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC/ SEMTEC, 1999.
  • COBERN, W. Worldview theory and conceptual change in science education. Science Education, v. 80, n. 5, p. 579-610, 1996.
  • DOLTO, F. A causa dos adolescentes. São Paulo: Idéias & Letras, 2008.
  • DORVILLÉ, L. F. M. Valores em disputa e tensões no ensino do conceito de evolução nos tem pos atuais. In: PEREIRA M. G. & AMORIM, A. C. R. de. (org.). Ensino de Biologia: fios e desafios na construção de saberes. João Pessoa: UFPB, 2008.
  • EL-HANI, C. N. e BIZZO, N. M. V.Formas de construtivismo: mudança conceitual e construtivismo contextual. Revista Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, v. 4 n. 1, p. 1-25, 2002.
  • HODSON, D. Going beyond cultural pluralism: science education for sociopolitical action., Science Education v. 83 n. 6, p. 775-796, 1999.
  • LEFÈVRE, F. & LEFÈVRE, A. M. C. O discurso do sujeito coletivo. Caxias do Sul: EDUCS, 2001.
  • LEFÈVRE, F.& LEFÈVRE, A. M. C.Uma nova opção em pesquisa qualitativa (Desdobramentos). Caxias do Sul: Educs, 2003.
  • MORTIMER, E. F. Construtivismo, mudança conceitual e ensino de ciências: para onde vamos? Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 20- 39, 1996.
  • MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2003.
  • MOSCOVICI, S. Das representações coletivas às representações sociais: elementos para uma his tória. In: JODELET, D. (org.). As representações sociais. Rio de Janeiro: Eduerj, 2001.
  • OUTHWAITE, W. & BOTTOMORE, T. Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
  • MEC. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias (Orientações curriculares para o Ensino Médio). Brasília/DF: MEC.v. 2, 2006.
  • VILLANI, A. & CABRAL, T. C. B. Mudança conceitual, subjetividade e psicanálise. Investigações em ensino de ciências, Porto Alegre, v. 2, n. 1, p. 43-61, 1997.
  • WINNICOTT, D. W. A família e o desenvolvimento do indivíduo. Belo Horizonte: Interlivros, 1980.
  • 1
    Os autores agradecem o apoio da Capes e do CNPq no desenvolvimento da pesquisa relatada.
  • 2
    A expressão "visão de mundo", neste artigo, pode ser entendida no sentido resumido por Hodson (1999): conjunto de crenças, mantidas consciente ou inconscientemente, sobre a nature za da realidade e que predispõe pessoas a sentir, pensar e atuar em caminhos específicos.
  • 3
    Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) fazem referência explí cita às disciplinas vinculadas às três áreas do conhecimento, propondo, entretanto, uma visão inte gradora das disciplinas, de modo a reconhecer a relação entre aquelas da mesma área e entre as de áreas diversas. Apresenta, também, os objetivos específicos de cada área do conhecimento reuni dos em torno de competências gerais. (BRASIL, 2006, p. 16)
  • 4
    [...] um deliberado produto de uma sequência sucessiva de reinterpretações que envolvem valores e crenças - em outras palavras, fatores extracientíficos. [Tradução dos autores].
  • 5
    O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma prova realizada anualmente, individual, de caráter voluntário, a que são submetidos os estudantes que estão concluindo ou que já concluíram o Ensino Médio em anos anteriores <http://www.enem.org.br/Cms/Site/Pag1x2.asp?m=4&e=198> acesso em: 19.06.09.
  • 6
    O conceito de "comunidade" não é unívoco nas ciências sociais. Entretanto, neste artigo, o termo é usado no sentido de caracterizar o que se aproxima de uma unidade social: "Grupo de pessoas dentro de uma área geográfica limitada que interagem dentro de instituições comuns e que possuem um senso comum de interdependência e integração" (OUTHWAITE & BOTTOMORE, 1996, p. 116). Note-se: tanto o grupo de estudantes investigados quanto seus pais e mães são cató licos em sua grande maioria; os alunos frequentam a escola há pelo menos três anos; a escola cató lica foi escolhida pelos pais para seus filhos tanto por afinidades religiosas quanto por oferecer boa qualidade de ensino; trata-se de escola de reconhecida tradição na cidade, onde antigos alunos matriculam seus filhos há pelo menos 30 anos; diferentes reuniões ou eventos (festivos, de objeti vos escolares ou religiosos) na escola e também pela internet (há um sistema de informação da escola que funciona como possibilidade de comunicação entre famílias e escola) mantêm a regula ridade das interações dos estudantes, suas famílias e profissionais da escola; a religião católica sobressai como relevante referência dos envolvidos.
  • 7
    O papa João Paulo II (1981) assim se manifestou sobre o assunto: "O livro sagrado [...] deseja nos dizer que o mundo não foi criado como o lugar onde se encontram os deuses, como tem sido ensinado por outras cosmogonias e cosmologias, mas antes foi criado para servir aos homens e à glória de Deus. Qualquer outro ensinamento sobre a origem e substância do universo é estranho às intenções da Bíblia, que não deseja ensinar como o paraíso foi feito mas como alguém pode ir para o paraíso". [Tradução dos autores deste artigo - texto extraído de Address to the Pontifical Academy of Sciences on 3 October 1981]
  • 8
    Paulo Roberto de Araújo Porto - Professor de Biologia Educação Básica e Ensino Superior do IFRJ (Instituto Federal do Rio de Janeiro) e (UBM) Centro Universitáriode Barra Mansa/RJ. E-mail: prbio_porto@yahoo.com.br ; paulo.roberto@ifrj.edu.br.
  • 9
    Eliane Brígida Morais Falcão - Professora-associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (Nutes). Pesquisadora do Observatório da Laicidade do Estado (OLÉ/UFRJ). E-mail: elianebrigida@uol.com.br

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2010

Histórico

  • Recebido
    06 Jul 2009
  • Aceito
    19 Nov 2009
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais Av. Antonio Carlos, 6627, CEP 31270-901 Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, Tel.: (55 31) 3409-5338, Fax: (55 31) 3409-5337 - Belo Horizonte - MG - Brazil
E-mail: ensaio@fae.ufmg.br