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Editorial

Editorial

Durante os anos em que tenho tido a satisfação de ser editora chefe da revista Estudos de Psicologia (Campinas, SP), tenho refletido muito sobre como e o que é ser um bom editor. Os inúmeros desafios que surgem no percurso desta função não se restringem nem são marcados somente pelas dificuldades de verba, infraestrutura e pessoal qualificado para se viabilizar a publicação regular e sistemática. Longe disso, essas dificuldades têm sido contornadas com a ação responsável da PUC-Campinas, que mantém o Núcleo de Editoração, e com a competência dos que nele trabalham. Os maiores desafios são representados pelas decisões que um editor chefe necessita tomar, decisões estas pertinentes à ética, à relevância dos trabalhos, a como aumentar o fator de impacto da revista e à necessidade de um equilíbrio de publicações distribuídas geograficamente e por área da Psicologia. Há sempre a necessidade de coordenar os interesses de todos os envolvidos: autores, leitores, pareceristas e a própria revista.

Ultimamente tem se manifestado uma busca frenética por espaço nas revistas científicas, seja por parte de autores conhecidos e conceituados, seja por parte de alunos bolsistas de iniciação científica que buscam publicar seus trabalhos. Alguns são trabalhos de monografia, outros de conclusão de curso, às vezes trabalhos baseados em dissertações ou teses. A competição que autores mais experientes experimentam é grande, pois o número de pessoas ainda iniciantes é muito maior. Devido ao grande número de trabalhos recebidos, muitas vezes o editor necessita estabelecer normas que levam a recusar alguns trabalhos, seja em função do tema, da abordagem metodológica utilizada na pesquisa ou da própria estruturação do artigo; isto se faz necessário devido ao imenso esforço que cada manuscrito representa em termos de revisão por pares, pedidos de reformulações etc. Ressalto que tal seleção é realizada de forma cuidadosa e que há trabalhos que, mesmo tendo mérito, são excluídos por não se enquadrarem aos padrões da revista.

Há ainda a dificuldade de se conseguir a colaboração de pareceristas que consigam atender aos prazos da revista. Um bom parecerista é aquele que pesquisa e publica regularmente, que está acostumado a dar pareceres de modo objetivo e que inclui recomendações que possam ajudar aos autores. Os grandes pareceristas encontram-se sobrecarregados de trabalhos a serem avaliados, o que dificulta sua colaboração dentro dos prazos necessários.

Há também o desafio de incentivar autores cujos trabalhos são encaminhados para reformulação, pois é necessário proceder à mesma em tempo hábil para que o artigo seja reconsiderado. Alguns autores brasileiros ainda não têm a perseverança necessária para reformular e ressubmeter um trabalho. Esta é uma experiência absolutamente normal e esperada, pois dificilmente um trabalho é aceito na sua primeira apresentação. O parecerista, em geral, faz um trabalho extraordinário ao ler, avaliar e sugerir modos de tornar o trabalho publicável. Quando o autor não responde, não reformula e não reapresenta o artigo, todo o trabalho do parecerista fica sem utilidade para a revista e para o autor. Autores deveriam refletir sobre isto. Um parecer detalhado é uma grande ajuda para que o trabalho seja melhorado e deveria ser visto como tal.

Um desfio adicional para o editor de uma revista cientifica é a responsabilidade de atender aos critérios dos órgãos avaliadores a fim de manter a avaliação recebida ou, sempre que possível, melhorá-la, a fim de alcançar um patamar superior. Dentro deste tópico encontra-se a grande dificuldade de se aproximar o número de artigos publicados por região geográfica do país, pois há regiões que produzem uma quantidade expressiva de trabalhos, enquanto outras mostram certa escassez de submissões. A busca por trabalhos de todas as regiões do Brasil é algo meritório e, sem dúvida, deve ser feita regularmente. Na revista Estudos de Psicologia uma estratégia que temos tentado adotar é a de convidar pesquisadores destas regiões para serem pareceristas. Isto, em geral, desperta o interesse de outros pesquisadores da região, porém nem sempre gera o número esperado de contribuições.

Enfim, são múltiplos os desafios e o caminho para a manutenção da qualidade da publicação é árduo. As exigências que devem ser atendidas são grandes e, às vezes, é difícil atendê-las, porém elas são determinantes na busca da superação. No momento em que estou assumindo a Presidência Interina da Associação Brasileira de Editores Científicos em Psicologia (ABECiP) (meu mandato regular se inicia em março de 2010), não posso deixar de refletir sobre a necessidade de uma grande união entre os editores da área, a fim de que possam ter mais força e influência no destino das revistas de psicologia no Brasil.

É, de fato, uma honra ser editora chefe da revista Estudos de Psicologia de Campinas (SP), e parabenizo aos gestores da PUC-Campinas pela contínua assistência à revista. Agradeço também ao Núcleo de Editoração e aos editores associados pelo trabalho permanente em prol da sua excelência.

Marilda Emmanuel Novaes Lipp

Editora -Chefe

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Fev 2010
  • Data do Fascículo
    Dez 2009
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