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Cuidado centrado na família em uma disciplina de fisioterapia: relato de casos

Resumo

Introdução:

O Cuidado Centrado na Família (CCF) é uma filosofia que reconhece a família como parceira no processo de intervenção e, atualmente, constitui uma das práticas mais importantes na intervenção fisioterapêutica pediátrica. Por este motivo, o CCF deveria fazer parte da formação em fisioterapia pediátrica de maneira que futuros fisioterapeutas pudessem inseri-lo em sua prática clínica.

Objetivo:

Verificar a viabilidade da aplicação do CCF em uma disciplina de graduação em fisioterapia, com foco na atividade de crianças com condições de saúde variadas.

Métodos:

Trata-se de um relato de casos, a partir de informações coletadas em prontuários, sobre um programa de intervenção realizado com cinco crianças e suas famílias no contexto domiciliar, uma vez por semana, durante sete semanas, por discentes da disciplina de fisioterapia em pediatria. Para a avaliação pré e pós-intervenção das crianças, utilizaram-se instrumentos padronizados: Avaliação da Função Motora Grossa (GMFM) e Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS). Foram coletatos relatos das famílias e discentes quanto à experiência com o CCF.

Resultados:

As crianças com comprometimento neurológico aumentaram a pontuação na área-meta do GMFM em mais de 5%, indicando melhora clínica. Uma criança de risco biológico apresentou AIMS percentil pré de < 25 e pós de 50, enquanto outra criança com atraso no desenvolvimento não alterou seu percentil. Ao final da intervenção, as famílias relataram maior confiança na realização de atividades com suas crianças e os discentes relataram a experiência como relevante na formação profissional.

Conclusão:

A aplicação prática do CCF mostrou-se promissora no contexto acadêmico da fisioterapia pediátrica.

Palavras-chave:
Criança; Família; Ensino Superior; Fisioterapia

Abstract

Introduction:

Family-Centered Care (FCC) is a philosophy that recognizes the family as a partner in the intervention process and currently constitutes one of the most important practices in pediatric physical therapy intervention. For this reason, FCC should be part of pediatric physiotherapy training so that future physiotherapists are able to include it in their clinical practice.

Objective:

To verify the feasibility of applying FCC as part of an undergraduate Physiotherapy course, focusing on the activity of children with different health conditions.

Methods:

This is a case report, based on information collected from medical records, on an intervention program carried out with 5 children and their families, in the home, once a week for seven weeks, by students of physical therapy in pediatrics. For pre- and post-intervention assessment of the children, standardized instruments were used: Gross Motor Function Measure (GMFM) and the Alberta Infant Motor Scale (AIMS). Reports were collected from families and students regarding the FCC experience.

Results:

The children with neurological impairment increased the GMFM target area score by more than 5%, indicating clinical improvement. A child at biological risk had a pre-intervention AIMS percentile of < 25 and a post-intervention percentile of 50, while another child with developmental delay did not alter his percentile. At the end of the intervention, families reported greater confidence in carrying out activities with their children and students reported the experience as relevant to their professional training.

Conclusion:

The practical application of FCC proved promising in the academic context of pediatric physical therapy.

Keywords:
Child; Family; Higher education; Physiotherapy

Introdução

O contexto onde a criança está inserida e suas relações interpessoais, principalmente aquelas estabelecidas com seus pais e outros familiares, têm grande impacto no seu desenvolvimento.11 Bronfenbrenner U, Morris PA. The ecology of developmental processes. In: Damon W, Lerner RM (Orgs.). Handbook of child psychology: Theoretical models of human development. New York: John Wiley; 1998. p. 993-1028. A presença de uma criança com desenvolvimento atípico influencia toda a rotina familiar e muitas vezes vem acompanhada de sentimentos de culpa, vulnerabilidade e incapacidade por parte da família.22 Grossi FS, Crisostomo KN, Souza RS. Vivências de mães de filhos/as com deficiência: uma revisão sistemática. Higia. 2016;1(2):134-47. Full text link
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Dessa forma, a inserção e valorização da família nos cuidados da criança contribui para que sejam reconhecidas suas potencialidades, favorecendo o empoderamento familiar e, consequentemente, gerando maior confiança no enfrentamento às adversidades cotidianas. Nesse sentido, a intervenção fisioterapêutica deve considerar esses aspectos, compreendendo que a família tem importância central na vida da criança.

Há algumas décadas, vem firmando-se uma mudança filosófica no cuidado que “reconhece a família como central na vida da criança, vê a criança no contexto de sua família (única) e apoia os membros da família em seu papel de cuidadores”.33 Rosenbaum P, King S, Law M, King G, Evans J. Family-centred service: A conceptual framework and research review. Phys Occup Ther Pediatr. 1998;18(1):1-20. DOI
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Tal filosofia é conhecida como Cuidado Centrado na Família (CCF). Atualmente o CCF constitui a prática mais importante em um programa de intervenção fisioterapêutica pediátrica, considerada aquela que melhor contribui para que crianças recebam assistência integral, já que os cuidados com a criança são inseridos na rotina diária da família. Além disso, a colaboração entre pais e terapeutas torna o plano de condutas mais eficaz.44 An M, Palisano RJ. Family-professional collaboration in pediatric rehabilitation: a practice model. Disabil Rehabil. 2014;36(5):434-40. DOI
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,55 Law M, Darrah J, Pollock N, King G, Rosenbaum P, Russell D, et al. Family-centred functional therapy for children with cerebral palsy. Phys Occup Ther Pediatr. 1998;18(1):83-102. DOI
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O CCF está em consonância com o modelo biopsicossocial da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF),66 Organização Mundial da Saúde. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Versão para Crianças e Jovens. São paulo: Edusp; 2011. 312 p. em que a funcionalidade/incapacidade está relacionada não apenas à condição de saúde, mas também tem base na perspectiva do corpo do indivíduo e da sociedade, ou seja, nos domínios de estrutura e função do corpo, atividade e participação; é fruto da interação dinâmica entre estes componentes e os fatores contextuais (ambientais e pessoais).66 Organização Mundial da Saúde. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Versão para Crianças e Jovens. São paulo: Edusp; 2011. 312 p. A família, portanto, por ser central na vida da criança, é um fator contextual ambiental importante a ser considerado.77 Rosenbaum P, Gorter JW. The ´F-words´ in childhood disability: I swear this is how we should think. Child Care Health Dev. 2012;38(4):457-63. DOI
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Um programa fisioterapêutico de intervenção precoce, que tem como uma de suas premissas básicas o CCF, encontrou resultados positivos tanto voltados para a criança quanto para sua família88 Hielkema T, Hamer EG, Boxum AG, La Bastide-Van Gemert S, Dirks T, Reinders-Messelink HA, et al. LEARN2MOVE 0-2 years, a randomized early intervention trial for infants at very high risk of cerebral palsy: neuromotor, cognitive, and behavioral outcome. Disabil Rehabil. 2020;42(26):3752-61. DOI
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,99 Hielkema T, Blauw-Hospers CH, Dirks T, Drijver-Messelink M, Bos AF, Hadders-Algra M. Does physiotherapeutic intervention affect motor outcome in high-risk infants? An approach combining a randomized controlled trial and process evaluation. Dev Med Child Neurol. 2011;53(3):e8-15. DOI
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Os autores observaram que meses após o término da intervenção, as lactentes que tinham sido submetidas ao programa com CCF apresentaram melhores habilidades funcionais, avaliadas pelo Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI), quando comparadas com o grupo que havia recebido fisioterapia tradicional (centrada na criança).88 Hielkema T, Hamer EG, Boxum AG, La Bastide-Van Gemert S, Dirks T, Reinders-Messelink HA, et al. LEARN2MOVE 0-2 years, a randomized early intervention trial for infants at very high risk of cerebral palsy: neuromotor, cognitive, and behavioral outcome. Disabil Rehabil. 2020;42(26):3752-61. DOI
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Além disso, em outro estudo do grupo, os autores verificaram uma melhora na qualidade de vida ao longo do tempo das famílias que receberam a aborgadem dentro do CCF.99 Hielkema T, Blauw-Hospers CH, Dirks T, Drijver-Messelink M, Bos AF, Hadders-Algra M. Does physiotherapeutic intervention affect motor outcome in high-risk infants? An approach combining a randomized controlled trial and process evaluation. Dev Med Child Neurol. 2011;53(3):e8-15. DOI
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No Brasil, no entanto, ainda observam-se predo-minantemente abordagens fisioterapêuticas clínicas centradas nas alterações de desenvolvimento e deficiências da criança,1010 Marini BPR, Lourenço MC, Barba PCSD. Systematic literature review on models and practices of early childhood intervention in Brazil. Rev Paul Pediatr. 2017;35(4):456-63. DOI
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sendo praticadas intervenções centradas na criança, com pequena participação da família.1111 Bolsanello MA. Concepções sobre os procedimentos de intervenção e avaliação de profissionais em estimulação precoce. Educ Rev. 2003;(22):343-55. DOI
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Os estudos brasileiros que fizeram uso do CCF dentro do contexto da fisioterapia são escassos.1212 Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce. Atenção a crianças com síndrome congênita do zika vírus: relato da experiência de uma abordagem centrada na família. Fortaleza: NUTEP; 2017. 46 p.

Desta forma, considerando a importância da CCF, essa filosofia de cuidado deveria fazer parte do conteúdo programático do curso de fisioterapia, na área de concentração da pediatria. A seção de pediatria (SoP) da American Physical Therapy Association destaca o CCF na prestação de cuidados à saúde da criança como uma das competências essenciais, ou seja, é considerado como conhecimento básico para todos os graduados em fisioterapia.1313 Rapport MJ, Furze J, Martin K, Schreiber J, Dannemiller LA, DiBiasio PA, et al. Essential competencies in entry-level pediatric physical therapy education. Pediatr Phys Ther. 2014;26(1):7-18. DOI
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Acredita-se que uma das formas de se incorporar o CCF na fisioterapia pediátrica brasileira seria ofertando este conteúdo dentro dos currículos da graduação, possibilitando que os futuros fisioterapeutas pudessem fazer uso do CCF na sua prática clínica. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi verificar a viabilidade da aplicação do CCF em uma disciplina da graduação em fisioterapia, com foco na atividade de crianças com condições de saúde variadas.

Métodos

Trata-se de um estudo quantitativo e qualitativo, retrospectivo, decritivo, do tipo relato de casos, realizado a partir de informações e dados extraídos de prontuários de pacientes acompanhados em uma disciplina pediátrica do curso de fisioterapia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), realizado no segundo semestre de 2018. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFVJM, parecer 4.005.807/CAAE 30291920.8.0000.5108.

Participaram deste estudo três crianças com paralisia cerebral que se encontravam anteriormente em atendi-mento em uma clínica-escola de fisioterapia, mas sem evolução clínica no último ano, além de outras duas crianças, uma com atraso no desenvolvimento e outra de risco biológico, que se encontravam na lista de espera.

A fim de verificar o resultado da intervenção fisioterapêutica por meio do CCF, foram utilizados instrumentos padronizados de avaliação conforme a condição de saúde: Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS) e a Avaliação da Função Motora Grossa (GMFM).

A AIMS trata-se de uma escala validada para a população brasileira, com medidas psicométricas adequadas,1414 Saccani R, Valentini NC. Análise do desenvolvimento motor de crianças de zero a 18 meses de idade: representatividade dos ítens da Alberta Infant Motor Scale por faixa etária e postura. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2010;20(3):711-22. Full text link
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que avalia as habilidades motoras grossas de crianças do zero até os 18 meses de idade; é composta por 58 itens, divididos em quatro subescalas, descritos nas seguintes posturas: prono (21 itens), supino (9), sentado (12) e em pé (16). Durante o teste, o avaliador observa a movimentação da criança nas quatro posições e assinala aquelas observadas e as não observadas. Para cada item observado a criança recebe 1 ponto e para os itens não observados a criança recebe zero. Os itens observados em todas as posições são somados, resultando no escore bruto total que pode variar de 0 a 58 pontos, posteriormente convertido no percentil do desenvolvimento motor da criança comparada com crianças da mesma idade.1515 Pipper M, Darrah J. Motor assessment of the developing infant. St. Louis, MO, USA: Elsevier; 2021. 288 p.

Para as crianças com paralisia cerebral, utilizou-se a escala padronizada GMFM,1414 Saccani R, Valentini NC. Análise do desenvolvimento motor de crianças de zero a 18 meses de idade: representatividade dos ítens da Alberta Infant Motor Scale por faixa etária e postura. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2010;20(3):711-22. Full text link
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referenciada por critério, traduzida oficialmente para o português.1515 Pipper M, Darrah J. Motor assessment of the developing infant. St. Louis, MO, USA: Elsevier; 2021. 288 p. A versão 88 foi escolhida por apresentar mais itens em supino e prono, portanto, mais indicada para crianças com comprometimento severo da função motora grossa. A GMFM é um sistema de avaliação da função motora grossa ao longo do tempo ou em resposta a uma intervenção, bastante utilizada na prática clínica no Brasil e em tabalhos de pesquisa.1414 Saccani R, Valentini NC. Análise do desenvolvimento motor de crianças de zero a 18 meses de idade: representatividade dos ítens da Alberta Infant Motor Scale por faixa etária e postura. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2010;20(3):711-22. Full text link
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,1515 Pipper M, Darrah J. Motor assessment of the developing infant. St. Louis, MO, USA: Elsevier; 2021. 288 p. A GMFM-88 é composta por 88 itens, que são divididos nas dimensões: A) deitar/rolar; b) sentar; c) engatinhar/ajoelhar; d) em pé; e) andar/correr/pular. Através de observação, cada item é pontuado de 0 a 3: 0 = criança não inicia o movimento; 1 = inicia o movimento, mas não o completa (efetua menos de 10% do movimento); 2 = completa parcialmente o movimento (10% a menos de 100%); 3 = realiza completamente o movimento. A pontuação de cada item é somada e valores absolutos e percentuais para cada dimensão são obtidos. Neste trabalho foi utilizada a porcentagem das dimensões determinadas como áreas-metas, ou seja, dimensões onde se esperam maiores mudanças.1616 Russell DJ, Rosenbaum PL, Avery LM, Lane M. Gross Motor Function Measure (GMFM-66 and GMFM-88) User’s Manual. Cambridge, UK: Cambridge University Press; 2002. 230 p.

Antes de iniciarem o programa de intervenção, os discentes foram instruídos em aulas teóricas e práticas sobre o CCF. Em seguida, desenvolveu-se um programa de intervenção no contexto domiciliar com CCF, supervisionado pelas duas professoras responsáveis pela disciplina, no qual foi realizada uma visita por semana, por grupos de três a quatro discentes por família, com duração média de 60 minutos cada, durante sete semanas. O número de visitas, de discentes por família e a duração da abordagem foram definidos com base no período letivo, número de aulas semanais e de discentes na turma, de maneira que as estratégias utilizadas durante a intervenção dentro do CCF fossem cumpridas e que todas os discentes pudessem experimentar na prática os conceitos dessa abordagem.

A intervenção foi realizada tendo como base o modelo de colaboração família-profissionais: (1) metas mutuamente acordadas com a família, (2) planejamento compartilhado, (3) implementação compartilhada e (4) avaliação compartilhada.44 An M, Palisano RJ. Family-professional collaboration in pediatric rehabilitation: a practice model. Disabil Rehabil. 2014;36(5):434-40. DOI
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As estratégias utilizadas são apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1
Estratégias utilizadas durante a intervenção no contexto domiciliar dentro do Cuidado Centrado na Família (CCF)

Os resultados deste estudo foram apresentados de forma descritiva. Os componentes descritos pelo modelo biopsicossocial da CIF foram utilizados para

caracterização de cada criança. Os instrumentos de avaliação foram apresentados pelo percentil pré/pós-intervenção ou pela pontuação percentual pré/pós-intervenção obtida. Os gráficos foram elaborados a partir do GraphPad Prism/versão 8.0. As percepções das famílias e dos discentes sobre a experiência foram extraídas dos prontuários e, após leitura flutuante, analisou-se o conteúdo, estabelecendo-se, assim, as categorias.

Resultados

A caracterização dos participantes do estudo quanto à condição clínica, deficiências (estrutura/função do corpo), bem como atividade\limitação e participação\restrição, além dos fatores contextuais, estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1
Características das crianças de acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

Na Tabela 2 são apresentadas as principais descrições das etapas do CCF para cada criança, de acordo com as estratégias semanais utilizadas. As áreas do GMFM trabalhadas com as crianças com acometimento neurológico foram definidas de acordo com a queixa principal dos pais e orientadas pelos estudantes. A criança 1 teve como áreas-metas definidas no CCF as dimensões B (sentar) e D (ficar em pé) e as crianças 2 e 3 tiveram determinadas como áreas-metas as dimensões A (deitar e rolar) e B (sentar). Já as crianças 4 e 5, ambas com atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, tiveram as metas acordadas com os pais dentro da faixa de aquisição de cada uma nas diferentes posturas (criança 4: prono, supino, sentado e em pé; criança 5: em pé).

Tabela 2
Descrição dos principais pontos das estratégias semanais utilizadas no CCF para cada uma das crianças e suas famílias

As crianças 1, 2 e 3 obteviveram aumento em suas pontuações nas áreas-metas previamente estabelecidas, como mostrado na Figura 1, na qual são apresentados os gráficos do GMFM-88 pré/pós-intervenção dessas. Ao serem consideradas as dimensões-metas, observa-se mudança percentual da criança 1 de 9%, da criança 2 de 10,29% e da criança 3 de 6,24%. Na aplicação da AIMS, observou-se mudança no percentil da criança 4, enquanto a criança 5 permaneceu no mesmo percentil pós-intervenção (Tabela 3). Ao final da intervenção, as famílias e os discentes foram questionadas sobre a experiência (Tabela 4). Observa-se três principais categorias no relato dos pais: (1) perceberam melhora da criança; (2) aprenderam a conhecer melhor as capacidades da criança; e (3) reconheceram o seu valor e contribuição na intervenção da criança. Tratando-se dos relatos dos discentes, destacaram-se as categorias: (1) observaram a melhora da criança; (2) o sentimento de gratificação de terem visto o resultado das intervenções; (3) experiência rica de aprendizagem; (4) barreiras do ponto de vista prático, como tempo gasto no deslocamento.

Tabela 3
Pontuação pela escala Alberta Infant Motor Scales (AIMS)

Tabela 4
Relato ao final das famílias e dos discentes quanto à intervenção domiciliar dentro do Cuidado Centrado na Família

Figura 1
Gráfico evolutivo dos escores percentuais das áreas-metas da Medida da Função Motora Grossa (GMFM-88) das crianças (todas com paralisia cerebral) no período pré-intervenção e após sete semanas de aplicação do Cuidado Centrado na Família (pós-intervenção).

Discussão

O presente estudo demostrou que há viabilidade no uso do CCF em uma disciplina de graduação em fisioterapia, considerando a melhora clínica das crianças e a percepção positiva das famílias e dos discentes participantes.

As crianças 1, 2 e 3 tiveram aumento de no mínimo 6% nas pontuações totais do GMFM, considerando as áreas-metas. Embora os resultados tenham sido apresentados de forma descritiva, deve-se considerar que diferenças acima de 5% nas pontuações do GMFM são consideradas clinicamente significativas.1717 Russell DJ, Rosenbaum PL, Avery LM, Lane M. Medida da Função Motora Grossa usuário (GMFM-66 & GMFM-88): Manual do usuário. São Paulo: Memnon; 2015. 408 p.,1818 Bailey DB, Raspa M, Fox LC. What is the future of family outcomes and family-centered services? Topics Early Child Spec Educ. 2012;31(4):216-23. DOI
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Assim, de maneira geral, observa-se que as crianças com acometimento neurológico se beneficiaram do CCF. Em relação à criança 4, sua inserção no estudo deve-se por indicação para intervenção precoce, devido a fatores de riscos biológicos apresentados, e observou-se que ela também se beneficiou com o CCF.

Conforme interação com os componentes de funcionalidade/incapacidade, os fatores ambientais podem contribuir como facilitadores ou barreiras para o desempenho das atividades da criança.66 Organização Mundial da Saúde. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Versão para Crianças e Jovens. São paulo: Edusp; 2011. 312 p. Nesse sentido, observam-se diferenças importantes em cada uma das famílias acompanhadas, o que pode ter contribuído para os resultados encontrados. As crianças 1, 2 e 4 tinham em comum o fato de possuírem pais participativos e motivados e ambiente domiciliar rico em estímulos. Mesmo nos casos em que as barreiras arquitetônicas poderiam restringir a participação da criança, os pais as levavam a passeios diários ou aos finais de semana. Nesse sentido, sabe-se que a participação e cooperação da família no tratamento das crianças influenciam positivamente nos resultados.1818 Bailey DB, Raspa M, Fox LC. What is the future of family outcomes and family-centered services? Topics Early Child Spec Educ. 2012;31(4):216-23. DOI
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,1919 Cossio AP, Pereira APS, Rodriguez RCC. Benefícios e nível de participação na intervenção precoce: perspectivas de mães de crianças com perturbação do espetro do autismo. Rev Bras Educ Espec. 2017;23(4):505-16. DOI
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A criança 3 pode ser caracterizada inicialmente como um desafio à implementação do CCF, considerando alguns fatores contextuais como ausência paterna, desmotivação da mãe, irritabilidade da criança e escassez de material de aprendizagem e outros recursos no ambiente domiciliar. Ou seja, além de fatores de risco biológicos, a criança vivia em contexto desfavorável, sendo, portanto, também considerada de risco psicossocial. Assim, fatores de risco biológicos e psicossociais associados tornam a criança ainda mais vulnerável ao atraso no seu desenvolvimento.2020 Ertem I, World Health Organization. Developmental difficulties in early childhood: prevention, early identification, assessment and intervention in low-and middle-income countries: a review; 2012 [cited 2021 Apr 12]. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/97942
https://apps.who.int/iris/handle/10665/9...
Apesar de tudo isso, no decorrer das sessões os terapeutas conduziram o tratamento no sentido de eliminar hierarquias e deixar a mãe mais à vontade para expor seus anseios e ideias, além de estimular a participação da irmã mais velha durante as sessões. Ao longo do processo, a família foi aumentando a sua participação e, com constantes elogios no desempenho das atividades, mãe e irmã foram se sentindo mais confiantes. Os estudos indicam que um dos resultados positivos do CCF é o empoderamento da família no processo de reabilitação das crianças.2121 Novak I. Parent experience of implementing effective home programs. Phys Occup Ther Pediatr. 2011;31(2):198-213. DOI
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Algumas barreiras importantes que impactam o sucesso da intervenção foram observadas em relação à criança 5 e sua família, o que refletiu na ausência de evolução positiva da criança, sendo a única que não apresentou melhora objetiva no teste padronizado aplicado. Levando em consideração os fatores contextuais, embora os pais fossem receptivos com a equipe nos encontros domiciliares, observou-se que eles apresentaram dificuldades de estabelecer um tempo para brincar com a criança durante a semana, de acordo com as metas pactuadas. Neste sentido, segundo a literatura, famílias e terapeutas podem ter crenças/atitudes distintas em relação ao processo de intervenção. Para algumas famílias os cuidados indicados pelo terapeuta podem vir como última prioridade, considerando outras responsabilidades sociais e familiares,2222 Hammer CS. Toward a “thick description” of families: using ethnography to overcome the obstacles to providing family-centered early intervention services. Am J Speech Lang Pathol. 1998;7(1):5-22. DOI
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o que pode ter sido o caso dessa criança.

Segundo Brown et al.,2323 Brown SM, Humphry R, Taylor E. A model of the nature of family-therapist relationships: implications for education. Am J Occup Ther. 1997;51(7):597-603. DOI
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existem sete diferentes níveis de envolvimento da família, que vai desde a escolha pelo “não envolvimento” até o “comando total de todo o processo”. É importante relembrar, portanto, um dos princípios de orientação do CCF: “o grau de envolvimento que as famílias escolherem em relação ao tratamento da criança deve ser respeitado.”2424 Rosenbaum P, King S, Law M, King G, Evans J. Family-centred service. Phys Occup Ther Pediatr. 1998;18(1):1-20. DOI
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Apesar de tudo, ao final das sete semanas de acompanhamento, os pais da criança 5 relataram perceber a importância de deixar a criança mais tempo brincando no chão e o quanto a participação deles em brincadeiras deixava a criança mais motivada. Desta forma, cabe ressaltar que a mudança da perspectiva de um modelo biomédico, em que o terapeuta detém todo o processo, para o modelo centrado na família, em que as responsabilidades são compartilhadas, também é um processo que ocorre gradativamente. É possível que a família modifique sua posição dentro dos diferentes níveis de envolvimento ao longo do tempo e da postura do terapeuta.2323 Brown SM, Humphry R, Taylor E. A model of the nature of family-therapist relationships: implications for education. Am J Occup Ther. 1997;51(7):597-603. DOI
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Em relação à percepção das famílias ao final da intervenção, além do relato subjetivo de melhora das crianças, os pais afirmaram ter obtido maior conhecimento em relação às capacidades das crianças. Além disso, verificaram que podiam de fato contribuir no sentido de desenvolverem atividades que favoreçam a participação da criança na sua rotina diária. Estes relatos estão de acordo com estudos encontrados na literatura.2121 Novak I. Parent experience of implementing effective home programs. Phys Occup Ther Pediatr. 2011;31(2):198-213. DOI
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,2525 Ziegler SA, Mitteregger E, Hadders-Algra M. Caregivers’ experiences with the new family-centred paediatric physiotherapy programme COPCA: A qualitative study. Child Care Health Dev. 2020;46(1):28-36. DOI
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Em um estudo acerca da opinião dos pais sobre a implementação de programas domiciliares de acordo com o CCF, Novak2121 Novak I. Parent experience of implementing effective home programs. Phys Occup Ther Pediatr. 2011;31(2):198-213. DOI
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relatou que por meio das orientações e apoio que recebiam dos terapeutas, os pais adquiriam mais confiança para ajudar suas crianças. Zielgler e Hadders-Algra,2626 Ziegler SA, Hadders-Algra M. Coaching approaches in early intervention and paediatric rehabilitation. Dev Med Child Neurol. 2020;62(5):569-74. DOI
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a partir da experiência com um programa centrado na família, o Coping with and Caring for Infant with Special Needs, observaram que os pais passaram naturalmente a tornar o ambiente domiciliar enriquecedor para o desenvolvimento de suas crianças, tal como observado nas famílias da maioria das crianças envolvidas no presente estudo.

Quanto ao relato dos discentes, a experiência foi de importância na formação, ajudando-os a compreender o real contexto, recursos e potencialidades das famílias, o que facilitou a escolha de atividades adequadas para as necessidades de cada uma. Ao destacarem que essa experiência será válida não apenas durante a graduação, os estudantes esclareceram que a aprendizagem dentro do contexto do CCF é muito ampla, impactando suas abordagens como futuros profissionais dentro do ambiente familiar ou mesmo clínico. Johnson et al.2727 Johnson AM, Yoder J, Richardson-Nassif K. Using families as faculty in teaching medical students family-centered care: What are students learning? Teach Learn Med. 2006;18(3):222-5. DOI
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encontraram relatos semelhantes ao verificarem o que estudantes de medicina estavam aprendendo ao trabalharem com o CCF em visitas domiciliares, constatando que os alunos aprenderam lições valiosas com as experiências e que o contato direto com as famílias proporcionou melhor aprendizagem.

No entanto, embora a FCC tenha vários pontos positivos e seja amplamente apoiada pela literatura, é também necessário discutir as dificuldades que podem ser encontradas e mencionar os possíveis impactos negativos do FCC no currículo da graduação.2828 Litchfield R, MacDougall C. Professional issues for physiotherapists in family-centred and community-based settings. Aust J Physiother. 2002;48(2):105-12. DOI
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Litchfield e MacDougall2828 Litchfield R, MacDougall C. Professional issues for physiotherapists in family-centred and community-based settings. Aust J Physiother. 2002;48(2):105-12. DOI
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relataram os resultados de um estudo qualitativo com fisioterapeutas que trabalhavam dentro do CCF por meio de programas domiciliares. Os autores destacaram barreiras do ponto de vista prático, citando principalmente o tempo gasto com o deslocamento até a residência. De forma semelhante, um grupo de discentes no presente estudo, embora tenha elogiado a experiência, também encontrou dificuldades durante o processo devido ao gasto excessivo de tempo no deslocamento até a residência da criança, além de enfrentarem condições climáticas desfavoráveis. É importante ressaltar que o CCF é uma filosofia de cuidado, portanto, pode ser implementada na prática clínica do fisioterapeuta em qualquer ambiente terapêutico, não apenas no domiciliar. Ressalta-se, entretanto, que uma de suas premissas básicas é que “o comportamento ideal da criança ocorre dentro de um contexto familiar e comunitário de apoio” e um dos seus princípios de orientação é o envolvimento de todos os membros da família.33 Rosenbaum P, King S, Law M, King G, Evans J. Family-centred service: A conceptual framework and research review. Phys Occup Ther Pediatr. 1998;18(1):1-20. DOI
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Logo, a intervenção no ambiente domiciliar não é mandatória, mas preferencial por otimizar o comportamento ideal da criança e o envolvimento de toda a família.

Ademais, vale destacar alguns outros pontos apresentados na literatura que podem ser considerados como barreiras à implementação do CCF na prática da fisioterapia pediátrica. O CCF não pode apenas ser adicionado aos modelos anteriores,2929 Bamm EL, Rosenbaum P. Family-centered theory: Origins, development, barriers, and supports to implementation in rehabilitation medicine. Arch Phys Med Rehabil. 2008;89(8): 1618-24. DOI
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sendo necessário que toda a estrutura conceitual seja reorganizada para que a mudança seja de fato empregada e passe a ser centrada, de maneira efetiva, na família.2727 Johnson AM, Yoder J, Richardson-Nassif K. Using families as faculty in teaching medical students family-centered care: What are students learning? Teach Learn Med. 2006;18(3):222-5. DOI
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28 Litchfield R, MacDougall C. Professional issues for physiotherapists in family-centred and community-based settings. Aust J Physiother. 2002;48(2):105-12. DOI
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-2929 Bamm EL, Rosenbaum P. Family-centered theory: Origins, development, barriers, and supports to implementation in rehabilitation medicine. Arch Phys Med Rehabil. 2008;89(8): 1618-24. DOI
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Outro ponto é que o terapeuta poderá se sentir ameaçado pelas mudanças em suas funções profissionais, onde a família passa a ser a responsável final pelo tratamento da criança.3030 Johnson BH. Family-centered care: Four decades of progress. Fam Syst Health. 2000;18(2):137-56. Full text link
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Além disso, o CCF requer do terapeuta habilidades como comunicação, honestidade, respeito, tolerância e flexibilidade.3030 Johnson BH. Family-centered care: Four decades of progress. Fam Syst Health. 2000;18(2):137-56. Full text link
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Trata-se, na verdade, de uma mudança total de concepção e, por este motivo, é importante a experiência do CCF ainda na graduação, possibilitado o profissional a ter contato não apenas com os princípios teóricos, mas também com vivências que o possibilitem trabalhar as habilidades e competências necessárias.2828 Litchfield R, MacDougall C. Professional issues for physiotherapists in family-centred and community-based settings. Aust J Physiother. 2002;48(2):105-12. DOI
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,3131 Kuo DZ, Houtrow AJ, Arango P, Kuhlthau KA, Simmons JM, Neff JM. Family-centered care: Current applications and future directions in pediatric health care. Matern Child Health J. 2012;16(2):297-305. DOI
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Consideram-se algumas limitações importantes nesse estudo o número limitado de participantes, o curto período de abordagem e a amostra ser composta apenas por participantes de um único município brasileiro. Desta forma, estudos futuros que abordem um número maior de participantes e maior período do CCF são necessários, bem como estudos que avaliem contextos socioculturais distintos. Outra limitação que poderá ser contemplada em outros estudos é a utilização de instrumentos padronizados de avaliação que possam mensurar a mudança de empoderamento dos pais, bem como outros aspectos além da atividade dentro da funcionalidade de acordo com o modelo da CIF. Sugere-se que em estudos futuros também sejam utilizados instrumentos que verifiquem, por exemplo, a participação da criança. O presene trabalho, entretanto, traz como contribuição fomentar a discussão sobre a inserção do CCF nos currículos de graduação, além de demonstrar o potencial para o desenvolvimento de estudos futuros com desenho metodológico adequado para verificar a relação de causa e efeito.

Conclusão

Em um período relativamente curto, a maioria das crianças atingiu as metas terapêuticas e as famílias se sentiram satisfeitas com os resultados alcançados por suas crianças. Observou-se, ainda, que apesar de algumas barreiras do ponto de vista prático, o CCF tem potencialidade de ser incluído dentro de uma disciplina de fisioterapia pediátrica. Considerando o relato dos alunos, a experiência foi de grande importância para a sua formação profissional na prática pediátrica. O CCF se mostrou promissor e sugerem-se estudos futuros com outros desenhos metodológicos que permitam relação de causa e efeito, como também aqueles que possam confirmar a viabilidade da sua inserção no currículo de graduação em fisioterapia.

Agradecimentos

Agradecemos às crianças e suas famílias e também aos fisioterapeutas, acadêmicos na ocasião, pela participação na intervenção do CCF.

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Editado por

Editor associado:

Aldo Fontes-Pereira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Mar 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    06 Jul 2021
  • Revisado
    08 Dez 2021
  • Aceito
    14 Jan 2022
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