Acessibilidade / Reportar erro

Desempenho de métodos diagnósticos no rastreio de nefropatia pelo vírus BK em pacientes transplantados renais

Resumo

A citologia urinária e a reação da cadeia da polimerase em tempo real (qPCR) em amostras de sangue e/ou urina são comumente utilizados para rastrear nefropatia associada ao polyomavirus (PVAN), em pacientes transplantados renais. Entretanto, poucos estudos comparam diretamente esses testes diagnósticos quanto ao desempenho para predizer esta complicação. Aqui realizamos uma revisão sistemática na qual foram estudados pacientes transplantados renais adultos (≥ 18 anos). Uma pesquisa estruturada Pubmed foi utilizada para identificar estudos comparando citologia urinária e/ou qPCR em amostras de urina e plasma para detectar PVAN, utilizando a biópsia renal como padrão-ouro para o diagnóstico. Dentre os 707 artigos em potencial, apenas 12 atendiam aos critérios de inclusão e foram analisados em maior detalhe. Foram incluídos 1694 pacientes transplantados renais, entre os quais 115 (6,8%) classificados com PVAN presuntivo e 57 (3,4%) PVAN confirmado. Nessa revisão sistemática, o qPCR no plasma tive melhor desempenho para PVAN em comparação com citopatologia urinária.

Palavras-chave:
biologia celular; biópsia; DNA; transplante de rim; vírus BK

Abstract

Urine cytology and qPCR in blood and urine are commonly used to screen renal transplant recipients for polyomavirus-associated nephropathy (PVAN). Few studies, however, have directly compared these two diagnostic tests, in terms of their performance to predict PVAN. This was a systematic review in which adult (≥ 18 years old) renal transplant recipients were studied. A structured Pubmed search was used to identify studies comparing urine cytology and/or qPCR in urine and plasma samples for detecting PVAN with renal biopsy as the gold standard for diagnosis. From 707 potential papers, there were only twelve articles that matched the inclusion criteria and were analyzed in detail. Among 1694 renal transplant recipients that were included in the review, there were 115 (6.8%) patients with presumptive PVAN and 57 (3.4%) PVAN confirmed. In this systematic review, the qPCR in plasma had better performance for PVAN compared to urine cytopathology.

Keywords:
biopsy; BK virus; cell biology; DNA; kidney transplantation

Introdução

Transplante renal é o tratamento de escolha para muitas doenças renais em estágio terminal, que normalmente exigiriam diálise e terapia renal substitutiva.11 Hume DM, Merrill JP, Miller BF, Thorn GW. Experiences with renal homotransplantation in the human: report of nine cases. J Clin Invest 1955;34:327-82. DOI: http://dx.doi.org/10.1172/JCI103085
http://dx.doi.org/10.1172/JCI103085...
Uma das principais ameaças à sobrevivência do enxerto é infecção causada pelo poliomavírus BK (BKV). A prevalência de reativação clinicamente significativa de BKV após o transplante renal varia, dependendo do estudo, entre 1 e 10%, e a incidência de perda de enxerto devido a BKV varia desde valores baixos como 10% até mais de 80% nos pacientes com infecção clinicamente significativa por BKV.22 Hirsch HH, Knowles W, Dickenmann M, Passweg J, Klimkait T, Mihatsch MJ, et al. Prospective study of polyomavirus type BK replication and nephropathy in renal-transplant recipients. N Engl J Med 2002;347:488-96. PMID: 12181403 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439
http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439...
Uma rápida e sensível detecção de infecção por BKV, seja na urina ou plasma, pode levar ao tratamento precoce, que é crítico para prevenir dano renal irreversível e perda do órgão.

O diagnóstico de nefropatia por BKV requer biópsia do enxerto;33 Hirsch HH, Brennan DC, Drachenberg CB, Ginevri F, Gordon J, Limaye AP, et al. Polyomavirus-associated nephropathy in renal transplantation: interdisciplinary analyses and recommendations. Transplantation 2005;79:1277-86. PMID: 15912088 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.TP.0000156165.83160.09
http://dx.doi.org/10.1097/01.TP.00001561...
no entanto, pode ser tarde demais para reverter o dano. Estudos têm demonstrado que as alterações citológicas (células decoy) e o DNA de poliomavírus são detectados na urina, várias semanas antes de ocorrerem os danos renais.22 Hirsch HH, Knowles W, Dickenmann M, Passweg J, Klimkait T, Mihatsch MJ, et al. Prospective study of polyomavirus type BK replication and nephropathy in renal-transplant recipients. N Engl J Med 2002;347:488-96. PMID: 12181403 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439
http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439...
,44 Brennan DC, Agha I, Bohl DL, Schnitzler MA, Hardinger KL, Lockwood M, et al. Incidence of BK with tacrolimus versus cyclosporine and impact of preemptive immunosuppression reduction. Am J Transplant 2005;5:582-94. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.2005.00742.x
http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.20...
As células decoy podem ser observadas no sedimento urinário como o resultado de células renais e uroteliais infectadas por BKV.55 Poloni JA, Pinto GG, Pasqualotto AC, Rotta LN. Decoy cells due to polyomavirus BK infection in the urine sediment of a patient with lupus nephritis. Lupus 2013;22:1547-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1177/0961203313504635
http://dx.doi.org/10.1177/09612033135046...
Apesar de ser um exame relativamente barato, a detecção de células decoy requer perícia considerável e, mesmo assim, não são específicas para a infecção por BKV.66 Kahan AV, Coleman DV, Koss LG. Activation of human polyomavirus infection-detection by cytologic technics. Am J Clin Pathol 1980;74:326-32. PMID: 6251715 DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ajcp/74.3.326
http://dx.doi.org/10.1093/ajcp/74.3.326...
,77 Traystman MD, Gupta PK, Shah KV, Reissig M, Cowles LT, Hillis WD, et al. Identification of viruses in the urine of renal transplant recipients by cytomorphology. Acta Cytol 1980;24:501-10. A detecção e quantificação do DNA do BKV podem ser realizadas utilizando-se a reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR). Embora seja comparativamente mais dispendioso, em comparação com a citopatologia da urina, a qPCR do BKV tem o potencial de ser um exame mais sensível, proporcionar melhor linearidade e independência em comparação com a experiência pessoal do examinador na obtenção de resultados precisos.

Nesta revisão sistemática, buscamos estudos que compararam diretamente o desempenho analítico da citopatologia da urina e da qPCR, para prever o diagnóstico de nefropatia associada ao BKV, como comprovado por exame histopatológico.

Material e métodos

Critério para se considerar a inclusão de estudos para esta revisão

Para a inclusão nesta revisão, selecionamos os estudos envolvendo pacientes que foram submetidos a transplante renal não associado ao recebimento de outros órgãos transplantados.

Tipos de estudos

Incluímos estudos de coorte, prevalência e transversais. Estudos envolvendo 10 ou menos pacientes não foram incluídos.

Tipos de participantes

Somente pacientes adultos (≥ 18 anos de idade) transplantados renais foram consideradas para o estudo, independentemente do gênero, raça ou nacionalidade.

Tipos de intervenções

Uma vez que biópsia é o exame dito padrão ouro para nefropatia por BKV, foram incluídos apenas estudos que compararam as biópsias com citologia urinária e/ou qPCR.

Tipos de medidas de resultado

A medida de desfecho foi a nefropatia causada por BKV, como foi confirmado por biópsia renal. Informações adicionais como carga viral de BKV no plasma e na urina; presença de células decoy na citopatologia urinária; a utilização de coloração com anticorpos SV40 no tecido biopsiado foi investigada e associada ao resultado.

Estratégia de busca

Buscamos artigos no banco de dados eletrônicos PubMed usando a estratégia demonstrada na Tabela 1. A busca foi realizada no dia 14 de fevereiro de 2014, e incluiu todos os documentos encontrados no banco de dados.

Tabela 1
Estratégia de busca utilizada no estudo (PubMed)

Critérios de exclusão

Trabalhos que não foram escritos em Inglês e/ou estudos que não foram realizados em seres humanos foram excluídos. Uma vez que este estudo teve como objetivo a comparação de exames de diagnóstico, foram excluídos os artigos de revisão, relatos de casos, estudos envolvendo pacientes com menos de 18 anos de idade, estudos de pacientes submetidos a outros procedimentos de transplante (mesmo quando combinados ao renal), estudos de intervenção medicamentosa, estudos em que não foram feitas biópsias para confirmar a nefropatia e estudos que não compararam biópsias com, pelo menos, um dos exames em estudo. Foram feitas tentativas de contato com os autores correspondentes quando os artigos não estavam disponíveis no Pubmed ou quando foi necessária informação adicional. Nas situações em que a resposta não foi recebida, excluímos os respectivos artigos.

Estudos incluidos na revisão e dados de síntese

O fluxograma na Figura 1 mostra o número total de artigos triados e número de manuscritos que preencheram os critérios de inclusão. Dados adicionais foram extraídos a partir destes estudos.

Figura 1
Fluxograma de artigos triados.

Aspectos éticos

O estudo foi aprovado pelo Conselho de Revisão Institucional (números de protocolo 3531/11 e 915/12).

Resultados

A busca sistemática inicialmente identificou 707 potenciais artigos. No entanto, somente um total de 12 artigos foram incluídos nas análises finais. Um total de 1.694 pacientes transplantados renais foram incluídos nesta revisão (Tabela 2). Usando biópsia como padrão ouro, houve 115 casos (6,8%) de possível nefropatia sem observação do BKV, e 57 casos (3,4%) de nefropatia associada ao poliomavírus (PVAN). O intervalo de sensibilidade, especificidade, VPP (valor preditivo positivo (VPP)) e PVN (valor preditivo negativo (VPN)) usando a qPCR como teste não-invasivo para detectar e prever PVAN no plasma foi de 60-100%; 33-100% ; 7-65% e 72-100%, respectivamente (Tabela 3). O intervalo de carga viral sérica à época do diagnóstico foi de 2,7-7 log. O limiar de ≥ 3.7 log para PVAN teve especificidade de 91% e valor previsto positivo (VPP), de 29%, enquanto que > 4,2 log aumentou a especificidade para 96% e VPP para 50%. Sensibilidade e VPN foram de 100% em ambos os casos.88 Viscount HB, Eid AJ, Espy MJ, Griffin MD, Thomsen KM, Harmsen WS, Razonable RR, et al. Polyomavirus polymerase chain reaction as a surrogate marker of polyomavirus-associated nephropathy. Transplantation 2007;84:340-5. PMID: 17700158 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.tp.0000275205.41078.51
http://dx.doi.org/10.1097/01.tp.00002752...
Naqueles estudos nos quais foram realizados testes de citologia (n = 506 pacientes), as células decoy foram encontradas em 30,6% (n = 155) dos pacientes. Na comparação com a qPCR, as células decoy apresentaram melhor intervalo de VPN (97-100%), enquanto a sensibilidade, especificidade e VPP foram reduzidos (Tabela 4). Em um estudo, a replicação do BKV indicado pela presença de células decoy na urina, viremia BKV (qPCR), e PVAN (histopatologia) ocorreram em 29%, 13% e 6%, respectivamente; e a mediana do tempo para a detecção foi de 3,7 meses, 5,4 meses e 6,5 meses após o transplante, respectivamente.22 Hirsch HH, Knowles W, Dickenmann M, Passweg J, Klimkait T, Mihatsch MJ, et al. Prospective study of polyomavirus type BK replication and nephropathy in renal-transplant recipients. N Engl J Med 2002;347:488-96. PMID: 12181403 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439
http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439...
Em todos os estudos, o intervalo de tempo para a detecção de viruria, células decoy e viremia foram de 0,03-12 meses; 0,5-16,1 meses e 0,9-25 meses após o transplante, respectivamente. A detecção precoce (dia 5) de viruria por BKV pode ser capaz de prever a ocorrência de viremia por BKV e nefropatia.99 Saundh BK, Baker R, Harris M, Welberry Smith MP, Cherukuri A, Hale A. Early BK polyomavirus (BKV) reactivation in donor kidney is a risk factor for development of BKV-associated nephropathy. J Infect Dis 2013;207:137-41. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/infdis/jis642
http://dx.doi.org/10.1093/infdis/jis642...
Além disso, foi demonstrado que a presença de duas ou mais amostras de urina positivas consecutivamente representa uma ferramenta útil para prever viremia por BKV (sensibilidade de 100%; especificidade de 94%; valores preditivos positivos e negativos de 50% e 100%, respectivamente).1010 Babel N, Fendt J, Karaivanov S, Bold G, Arnold S, Sefrin A, et al. Sustained BK viruria as an early marker for the development of BKV-associated nephropathy: analysis of 4128 urine and serum samples. Transplantation 2009;88:89-95. PMID: 19584686 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e3181aa8f62
http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e3181a...
Foi demonstrado que 20% dos pacientes se tornaram virêmicos quando cópias de BKV na urina chegaram a 7 log/ml - uma percentagem que aumentou para 33%, 50 % e 100% a 8 log, 9 log e log ≥ 10, respectivamente.1111 Pang XL, Doucette K, LeBlanc B, Cockfield SM, Preiksaitis JK. Monitoring of polyomavirus BK virus viruria and viremia in renal allograft recipients by use of a quantitative real-time PCR assay: one-year prospective study. J Clin Microbiol 2007;45:3568-73. PMID: 17855578 DOI: http://dx.doi.org/10.1128/JCM.00655-07
http://dx.doi.org/10.1128/JCM.00655-07...
Tal associação não foi demonstrada para células decoy.

Tabela 2
Estudos prospectivos que compararam a qPCR, citologia urinária e a biópsia renal no diagnóstico de PVAN nos receptores de transplante de rim
Tabela 3
Desempenho da viremia por BKV detectada pela qPCR na predição de PVAN
Tabela 4
Desempenho da citopatologia urinária na predição da PVAN

Discussão

Este estudo mostra a escassez de dados na literatura sobre a comparação do desempenho da qPCR (sangue ou urina) e citopatologia urinária para o diagnóstico de PVAN. Parece claro que a viruria (definida como detecção de DNA de BKV na urina) precede a detecção de células decoy na citologia urinária, que antecede viremia e PVAN.22 Hirsch HH, Knowles W, Dickenmann M, Passweg J, Klimkait T, Mihatsch MJ, et al. Prospective study of polyomavirus type BK replication and nephropathy in renal-transplant recipients. N Engl J Med 2002;347:488-96. PMID: 12181403 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439
http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439...
A detecção de células decoy e viruria BKV são importantes marcadores de replicação de BKV, mas pobres preditores de PVAN.

O ponto de corte para determinar a relevância clínica da viremia por BKV permanece controverso. A Sociedade Americana de Transplante (AST) recomenda que, na presença de cargas plasmáticas > 4 log por três ou mais semanas, deve-se presumir um diagnóstico de PVAN e considerar uma biópsia para se chegar ao diagnóstico definitivo.1212 Hirsch HH, Randhawa P; AST Infectious Diseases Community of Practice. BK virus in solid organ transplant recipients. Am J Transplant 2009:S136-46. PMID: 20070673 DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.2009.02904.x
http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.20...
Enquanto a Sociedade Americana de Transplante e o Grupo para Melhorias Globais no Desfecho de Doenças Renais (KDIGO) sugerem uma carga viral de BK de 4 log de cópias (10.000 cópias) como um valor de corte para PVAN. Não há métodos padronizados ou aprovados pela agência reguladora nortemericana, FDA, para avaliação da carga viral BK. O diagnóstico de BKV está atualmente baseado em diferentes abordagens usando a qPCR, mas uma vez que não existe um método padrão para avaliação da carga viral de BKV, é essencial que as instituições implementem estudos de validação clínica, certificando suas próprias metodologias a serem usadas como um guia para tratamento clínico.22 Hirsch HH, Knowles W, Dickenmann M, Passweg J, Klimkait T, Mihatsch MJ, et al. Prospective study of polyomavirus type BK replication and nephropathy in renal-transplant recipients. N Engl J Med 2002;347:488-96. PMID: 12181403 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439
http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439...
,1313 Randhawa P, Kant J, Shapiro R, Tan H, Basu A, Luo C. Impact of genomic sequence variability on quantitative PCR assays for diagnosis of polyomavirus BK infection. J Clin Microbiol 2011;49:4072-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1128/JCM.01230-11
http://dx.doi.org/10.1128/JCM.01230-11...

14 Hirsch HH, Drachenberg CB, Steiger J, Ramos E. Polyomavirus-associated nephropathy in renal transplantation: critical issues of screening and management. Adv Exp Med Biol 2006;577:160-73. PMID: 16626034

15 Bechert CJ, Schnadig VJ, Payne DA, Dong J. Monitoring of BK viral load in renal allograft recipients by real-time PCR assays. Am J Clin Pathol 2010;133:242-50. PMID: 20093233 DOI: http://dx.doi.org/10.1309/AJCP63VDFCKCRUUL
http://dx.doi.org/10.1309/AJCP63VDFCKCRU...

16 Pollara CP, Corbellini S, Chiappini S, Sandrini S, De Tomasi D, Bonfanti C, et al. Quantitative viral load measurement for BKV infection in renal transplant recipients as a predictive tool for BKVAN. New Microbiol 2011;34:165-71.

17 Hassan S, Mittal C, Amer S, Khalid F, Patel A, Delbusto R, et al. Currently recommended BK virus (BKV) plasma viral load cutoff of = 4 log10/mL underestimates the diagnosis of BKV-associated nephropathy: a single transplant center experience. Transpl Infect Dis 2014;16:55-60. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/tid.12164
http://dx.doi.org/10.1111/tid.12164...

18 Kudose S, Dong J. Clinical validation study of quantitative real-time PCR assay for detection and monitoring of BK virus nephropathy. Ann Clin Lab Sci 2014;44:455-60. PMID: 25361932
-1919 Mitui M, Leos NK, Lacey D, Doern C, Rogers BB, Park JY. Development and validation of a quantitative real time PCR assay for BK virus. Mol Cell Probes 2013;27:230-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.mcp.2013.08.001
http://dx.doi.org/10.1016/j.mcp.2013.08....

O diagnóstico definitivo de PVAN é feito pela histopatologia,2020 Solez K, Colvin RB, Racusen LC, Haas M, Sis B, Mengel M, et al. Banff 07 classification of renal allograft pathology: updates and future directions. Am J Transplant 2008;8:753-60. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.2008.02159.x
http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.20...
em um contexto em que a infecção viral pode ser difícil de diferenciar a partir da rejeição de órgãos. Na nossa análise, apenas quatro artigos relataram o uso da coloração de SV40 no exame histopatológico.2121 Knight RJ, Gaber LW, Patel SJ, DeVos JM, Moore LW, Gaber AO. Screening for BK viremia reduces but does not eliminate the risk of BK nephropathy: a single-center retrospective analysis. Transplantation 2013;95:949-54. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31828423cd
http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31828...

22 Helanterä I, Ortiz F, Auvinen E, Räisänen-Sokolowski A, Lappalainen M, Lautenschlager I, et al. Polyomavirus BK and JC infections in well matched Finnish kidney transplant recipients. Transpl Int 2009;22:688-93. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1432-2277.2009.00847.x
http://dx.doi.org/10.1111/j.1432-2277.20...

23 Menter T, Mayr M, Schaub S, Mihatsch MJ, Hirsch HH, Hopfer H. Pathology of resolving polyomavirus-associated nephropathy. Am J Transplant 2013;13:1474-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/ajt.12218
http://dx.doi.org/10.1111/ajt.12218...
-2424 Alméras C, Foulongne V, Garrigue V, Szwarc I, Vetromile F, Segondy M, et al. Does reduction in immunosuppression in viremic patients prevent BK virus nephropathy in de novo renal transplant recipients? A prospective study. Transplantation 2008;85:1099-104. PMID: 18431228 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31816a33d4
http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31816...
Portanto, a ausência de um exame de confirmação pode subestimar a real frequência da PVAN. O SV40 deve ser usado quando há suspeita clínica de infecção por BKV, apesar da ausência de alterações visíveis no tecido examinado.2525 Bohl DL, Brennan DC. BK virus nephropathy and kidney transplantation. Clin J Am Soc Nephrol 2007;2:S36-46. DOI: http://dx.doi.org/10.2215/CJN.00920207
http://dx.doi.org/10.2215/CJN.00920207...
A AST recomenda um mínimo de duas biópsias de fragmento, preferencialmente com tecido medular, com a intenção de reduzir o diagnóstico falso negativo de PVAN, que pode ser tão elevada quanto 20-30% (12, 26). Portanto, uma biópsia negativa não descarta a presença de PVAN.2626 Drachenberg CB, Papadimitriou JC, Hirsch HH, Wali R, Crowder C, Nogueira J, et al. Histological patterns of polyomavirus nephropathy: correlation with graft outcome and viral load. Am J Transplant 2004;4:2082-92. DOI: http://dx.doi.org/10.1046/j.1600-6143.2004.00603.x
http://dx.doi.org/10.1046/j.1600-6143.20...

Conclusão

Este estudo demonstra a escassez de dados na literatura sobre a comparação de exames diagnósticos para a predição de PVAN. A qPCR tem um melhor desempenho diagnóstico global do que a citopatologia urinária para a detecção de PVAN. No entanto, o ponto de corte para exames de qPCR permanecem pouco definidos. Em contraste com o citomegalovírus (CMV), para o qual a Organização Mundial de Saúde produziu padrões internacionais,2727 NIBSC/Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency/World Health Organization. WHO International Standard - 1st WHO International Standard for Human Cytomegalovirus for Nucleic Acid Amplification Techniques - NIBSC code: 09/162 - Instructions for use (Version 6.0, Dated 09/10/2014). [Cited 2014 Nov 11]. Available from: https://www.nibsc.org/documents/ifu/09-162.pdf https://www.nibsc.org/documents/ifu/09-162.pdf
https://www.nibsc.org/documents/ifu/09-1...
existe uma necessidade de padronização dos exames relacionados ao BKV. Em última análise, são necessários estudos prospectivos adicionais, a fim de elucidar o ponto de corte ideal para a carga viral no plasma e na urina, para o diagnóstico precoce de PVAN, bem como o momento de ocorrência da viremia, e cofatores associados ao receptor do transplante.

  • Financiamento: Este estudo foi financiado pela FAPERGS (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul), uma agência governamental brasileira de apoio à pesquisa.

Agradecimentos

As diferentes técnicas limitam a comparação entre os ensaios de qPCR incluídos, uma vez que não existe um padrão internacional para a quantificação de BKV

References

  • 1
    Hume DM, Merrill JP, Miller BF, Thorn GW. Experiences with renal homotransplantation in the human: report of nine cases. J Clin Invest 1955;34:327-82. DOI: http://dx.doi.org/10.1172/JCI103085
    » http://dx.doi.org/10.1172/JCI103085
  • 2
    Hirsch HH, Knowles W, Dickenmann M, Passweg J, Klimkait T, Mihatsch MJ, et al. Prospective study of polyomavirus type BK replication and nephropathy in renal-transplant recipients. N Engl J Med 2002;347:488-96. PMID: 12181403 DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439
    » http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa020439
  • 3
    Hirsch HH, Brennan DC, Drachenberg CB, Ginevri F, Gordon J, Limaye AP, et al. Polyomavirus-associated nephropathy in renal transplantation: interdisciplinary analyses and recommendations. Transplantation 2005;79:1277-86. PMID: 15912088 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.TP.0000156165.83160.09
    » http://dx.doi.org/10.1097/01.TP.0000156165.83160.09
  • 4
    Brennan DC, Agha I, Bohl DL, Schnitzler MA, Hardinger KL, Lockwood M, et al. Incidence of BK with tacrolimus versus cyclosporine and impact of preemptive immunosuppression reduction. Am J Transplant 2005;5:582-94. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.2005.00742.x
    » http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.2005.00742.x
  • 5
    Poloni JA, Pinto GG, Pasqualotto AC, Rotta LN. Decoy cells due to polyomavirus BK infection in the urine sediment of a patient with lupus nephritis. Lupus 2013;22:1547-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1177/0961203313504635
    » http://dx.doi.org/10.1177/0961203313504635
  • 6
    Kahan AV, Coleman DV, Koss LG. Activation of human polyomavirus infection-detection by cytologic technics. Am J Clin Pathol 1980;74:326-32. PMID: 6251715 DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ajcp/74.3.326
    » http://dx.doi.org/10.1093/ajcp/74.3.326
  • 7
    Traystman MD, Gupta PK, Shah KV, Reissig M, Cowles LT, Hillis WD, et al. Identification of viruses in the urine of renal transplant recipients by cytomorphology. Acta Cytol 1980;24:501-10.
  • 8
    Viscount HB, Eid AJ, Espy MJ, Griffin MD, Thomsen KM, Harmsen WS, Razonable RR, et al. Polyomavirus polymerase chain reaction as a surrogate marker of polyomavirus-associated nephropathy. Transplantation 2007;84:340-5. PMID: 17700158 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.tp.0000275205.41078.51
    » http://dx.doi.org/10.1097/01.tp.0000275205.41078.51
  • 9
    Saundh BK, Baker R, Harris M, Welberry Smith MP, Cherukuri A, Hale A. Early BK polyomavirus (BKV) reactivation in donor kidney is a risk factor for development of BKV-associated nephropathy. J Infect Dis 2013;207:137-41. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/infdis/jis642
    » http://dx.doi.org/10.1093/infdis/jis642
  • 10
    Babel N, Fendt J, Karaivanov S, Bold G, Arnold S, Sefrin A, et al. Sustained BK viruria as an early marker for the development of BKV-associated nephropathy: analysis of 4128 urine and serum samples. Transplantation 2009;88:89-95. PMID: 19584686 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e3181aa8f62
    » http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e3181aa8f62
  • 11
    Pang XL, Doucette K, LeBlanc B, Cockfield SM, Preiksaitis JK. Monitoring of polyomavirus BK virus viruria and viremia in renal allograft recipients by use of a quantitative real-time PCR assay: one-year prospective study. J Clin Microbiol 2007;45:3568-73. PMID: 17855578 DOI: http://dx.doi.org/10.1128/JCM.00655-07
    » http://dx.doi.org/10.1128/JCM.00655-07
  • 12
    Hirsch HH, Randhawa P; AST Infectious Diseases Community of Practice. BK virus in solid organ transplant recipients. Am J Transplant 2009:S136-46. PMID: 20070673 DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.2009.02904.x
    » http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.2009.02904.x
  • 13
    Randhawa P, Kant J, Shapiro R, Tan H, Basu A, Luo C. Impact of genomic sequence variability on quantitative PCR assays for diagnosis of polyomavirus BK infection. J Clin Microbiol 2011;49:4072-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1128/JCM.01230-11
    » http://dx.doi.org/10.1128/JCM.01230-11
  • 14
    Hirsch HH, Drachenberg CB, Steiger J, Ramos E. Polyomavirus-associated nephropathy in renal transplantation: critical issues of screening and management. Adv Exp Med Biol 2006;577:160-73. PMID: 16626034
  • 15
    Bechert CJ, Schnadig VJ, Payne DA, Dong J. Monitoring of BK viral load in renal allograft recipients by real-time PCR assays. Am J Clin Pathol 2010;133:242-50. PMID: 20093233 DOI: http://dx.doi.org/10.1309/AJCP63VDFCKCRUUL
    » http://dx.doi.org/10.1309/AJCP63VDFCKCRUUL
  • 16
    Pollara CP, Corbellini S, Chiappini S, Sandrini S, De Tomasi D, Bonfanti C, et al. Quantitative viral load measurement for BKV infection in renal transplant recipients as a predictive tool for BKVAN. New Microbiol 2011;34:165-71.
  • 17
    Hassan S, Mittal C, Amer S, Khalid F, Patel A, Delbusto R, et al. Currently recommended BK virus (BKV) plasma viral load cutoff of = 4 log10/mL underestimates the diagnosis of BKV-associated nephropathy: a single transplant center experience. Transpl Infect Dis 2014;16:55-60. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/tid.12164
    » http://dx.doi.org/10.1111/tid.12164
  • 18
    Kudose S, Dong J. Clinical validation study of quantitative real-time PCR assay for detection and monitoring of BK virus nephropathy. Ann Clin Lab Sci 2014;44:455-60. PMID: 25361932
  • 19
    Mitui M, Leos NK, Lacey D, Doern C, Rogers BB, Park JY. Development and validation of a quantitative real time PCR assay for BK virus. Mol Cell Probes 2013;27:230-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.mcp.2013.08.001
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.mcp.2013.08.001
  • 20
    Solez K, Colvin RB, Racusen LC, Haas M, Sis B, Mengel M, et al. Banff 07 classification of renal allograft pathology: updates and future directions. Am J Transplant 2008;8:753-60. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.2008.02159.x
    » http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-6143.2008.02159.x
  • 21
    Knight RJ, Gaber LW, Patel SJ, DeVos JM, Moore LW, Gaber AO. Screening for BK viremia reduces but does not eliminate the risk of BK nephropathy: a single-center retrospective analysis. Transplantation 2013;95:949-54. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31828423cd
    » http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31828423cd
  • 22
    Helanterä I, Ortiz F, Auvinen E, Räisänen-Sokolowski A, Lappalainen M, Lautenschlager I, et al. Polyomavirus BK and JC infections in well matched Finnish kidney transplant recipients. Transpl Int 2009;22:688-93. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/j.1432-2277.2009.00847.x
    » http://dx.doi.org/10.1111/j.1432-2277.2009.00847.x
  • 23
    Menter T, Mayr M, Schaub S, Mihatsch MJ, Hirsch HH, Hopfer H. Pathology of resolving polyomavirus-associated nephropathy. Am J Transplant 2013;13:1474-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/ajt.12218
    » http://dx.doi.org/10.1111/ajt.12218
  • 24
    Alméras C, Foulongne V, Garrigue V, Szwarc I, Vetromile F, Segondy M, et al. Does reduction in immunosuppression in viremic patients prevent BK virus nephropathy in de novo renal transplant recipients? A prospective study. Transplantation 2008;85:1099-104. PMID: 18431228 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31816a33d4
    » http://dx.doi.org/10.1097/TP.0b013e31816a33d4
  • 25
    Bohl DL, Brennan DC. BK virus nephropathy and kidney transplantation. Clin J Am Soc Nephrol 2007;2:S36-46. DOI: http://dx.doi.org/10.2215/CJN.00920207
    » http://dx.doi.org/10.2215/CJN.00920207
  • 26
    Drachenberg CB, Papadimitriou JC, Hirsch HH, Wali R, Crowder C, Nogueira J, et al. Histological patterns of polyomavirus nephropathy: correlation with graft outcome and viral load. Am J Transplant 2004;4:2082-92. DOI: http://dx.doi.org/10.1046/j.1600-6143.2004.00603.x
    » http://dx.doi.org/10.1046/j.1600-6143.2004.00603.x
  • 27
    NIBSC/Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency/World Health Organization. WHO International Standard - 1st WHO International Standard for Human Cytomegalovirus for Nucleic Acid Amplification Techniques - NIBSC code: 09/162 - Instructions for use (Version 6.0, Dated 09/10/2014). [Cited 2014 Nov 11]. Available from: https://www.nibsc.org/documents/ifu/09-162.pdf https://www.nibsc.org/documents/ifu/09-162.pdf
    » https://www.nibsc.org/documents/ifu/09-162.pdf
  • 28
    Thamboo TP, Jeffery KJ, Friend PJ, Turner GD, Roberts IS. Urine cytology screening for polyoma virus infection following renal transplantation: the Oxford experience. J Clin Pathol 2007;60:927-30. DOI: http://dx.doi.org/10.1136/jcp.2006.042507
    » http://dx.doi.org/10.1136/jcp.2006.042507
  • 29
    Girmanova E, Brabcova I, Bandur S, Hribova P, Skibova J, Viklicky O. A prospective longitudinal study of BK virus infection in 120 Czech renal transplant recipients. J Med Virol 2011;83:1395-400. PMID: 21618550 DOI: http://dx.doi.org/10.1002/jmv.22106
    » http://dx.doi.org/10.1002/jmv.22106

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2016

Histórico

  • Recebido
    20 Set 2015
  • Aceito
    11 Abr 2016
Sociedade Brasileira de Nefrologia Rua Machado Bittencourt, 205 - 5ºandar - conj. 53 - Vila Clementino - CEP:04044-000 - São Paulo SP, Telefones: (11) 5579-1242/5579-6937, Fax (11) 5573-6000 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: bjnephrology@gmail.com