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Versões do supereu e perversão

Versions of the superego and perversion

Resumos

É empreendido um exame dos debates contemporâneos sobre o entendimento da noção freudiana de supereu, valorizando a importância desta noção não apenas para a clínica psicanalítica, mas para uma teoria psicanalítica da cultura. Isso permite discriminar diferentes versões da articulação entre supereu e consciência moral, assim como entre o supereu e o ideal do eu. Os pontos de aproximação e de divergência entre o imperativo categórico kantiano e o supereu são discutidos.

Supereu; moral; ideal


Contemporary debates about the Freudian notion of superego are focused, highlighting the importance of this notion regarding both psychoanalytic clinic and psychoanalytic theory of culture. Different versions of the relationship between superego and moral conscience, as well as between superego and ego ideal are identifyed. Points of convergence and divergence between the Kantian categorical imperative and the superego are discussed.

Superego; morality; ideal


Versões do supereu e perversão

Ana Maria Rudge 1, 2

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Resumo

É empreendido um exame dos debates contemporâneos sobre o entendimento da noção freudiana de supereu, valorizando a importância desta noção não apenas para a clínica psicanalítica, mas para uma teoria psicanalítica da cultura. Isso permite discriminar diferentes versões da articulação entre supereu e consciência moral, assim como entre o supereu e o ideal do eu. Os pontos de aproximação e de divergência entre o imperativo categórico kantiano e o supereu são discutidos.

Palavras-chave: Supereu; moral; ideal.

Versions of the superego and perversion

Abstract

Contemporary debates about the Freudian notion of superego are focused, highlighting the importance of this notion regarding both psychoanalytic clinic and psychoanalytic theory of culture. Different versions of the relationship between superego and moral conscience, as well as between superego and ego ideal are identifyed. Points of convergence and divergence between the Kantian categorical imperative and the superego are discussed.

Keywords: Superego; morality; ideal.

Um dos debates importantes na psicanálise contemporânea diz respeito ao entendimento da noção freudiana de supereu. Noção de fundamental importância tanto na clínica psicanalítica quanto teoricamente, já que se constitui em um ponto de passagem fundamental para a teoria psicanalítica da cultura, e a articulação do individual com o coletivo.

Apenas em 1923 o termo supereu foi introduzido (Freud, 1923/1971). Mas as funções adscritas a essa instância já estavam em jogo no pensamento freudiano e eram extensamente trabalhadas muito antes disso. O campo dos valores, a consciência moral, as instâncias ideais, a auto-crítica e a crítica do objeto, o sentimento de culpa inconsciente e o papel das identificações são questões que foram sendo retomadas em todas as etapas da construção freudiana.

O ideal do eu já havia feito sua aparição formal, em 1914 (Freud, 1914/1971), emergindo como o substituto do narcisismo perdido da infância a partir das críticas e exigências parentais e constituindo-se em um modelo a que o eu busca atingir para recuperar algo do sentimento de perfeição que perdeu (Freud, 1914/1971). Funções posteriormente relacionadas ao supereu, como auto-observação, censura do sonho e distúrbios como os da melancolia e os delírios de observação foram, em Freud (1921/1971), adscritas à função do ideal do eu, que veio a tornar-se um aspecto valorizado do supereu.

Com a introdução da categoria do supereu, o ideal do eu é mantido na terminologia freudiana. Em alguns momentos os dois termos são utilizados indiferentemente, como sinônimos. Isso ocorre, por exemplo, no próprio título do terceiro capítulo do livro em que o supereu é introduzido (Freud, 1923/1971): O eu e o supereu (ideal do eu). Em outros momentos, o supereu é apresentado como a instância encarregada de comparar o eu com o ideal do eu e de censurar e punir o eu quando este estiver muito aquém dos ideais, ou de premiá-lo com seu amor, quando essa distância estiver minorada.

A distinção entre ideal do eu e supereu, presente em alguns trabalhos de Freud (1933/1971), foi retomada e valorizada por Lacan (1961/1998). Alguns autores ignoram que ela estava já presente na obra de Freud (ver Julien, 1984), que menciona explicitamente - como uma importante conseqüência desta distinção - que o supereu não pode ser identificado à consciência moral. Freud (1933/1971) propõe inicialmente duas funções diferenciadas do supereu: a auto-observação, como uma atividade preliminar necessária ao julgamento, e o julgamento moral propriamente dito. A seguir acrescenta ainda uma terceira função do supereu: a de ser o veículo do ideal do eu, ao qual o eu se compara. O ideal do eu, um precipitado da antiga imagem dos pais, é uma sobrevivência da enorme admiração sentida pela criança por seus pais, na época em que lhes atribuía todas as perfeições, e seu investimento é sem dúvida necessário para que o supereu preserve seus laços com a consciência moral. Proponho, então, uma abordagem das diferentes articulações possíveis entre supereu e ideal do eu como o que pode dar conta dos aspectos diversos que pode assumir o supereu, servindo ou não de apoio à consciência moral. Em que condições opera a degradação da consciência moral? Uma investigação sobre esse ponto apresenta interesse para o entendimento de certos fenômenos sociais, assim como para o enriquecimento de nosso instrumental clínico.

O complexo de Édipo é o eixo em torno do qual se constitui o supereu. Todo um valor positivo é dado ao supereu, quando emerge a partir de uma verdadeira abolição do complexo de Édipo, algo diferente de um recalque. A partir da angústia de castração, o complexo de Édipo pode ser dissolvido através de uma dessexualização. Os vínculos objetais são substituídos por identificações, e a autoridade paterna, introjetada no supereu, perpetua a proibição do incesto e impede a volta aos vínculos objetais originais. Na dessexualização necessária à resolução do complexo de Édipo, reencontramos a idéia de que a idealização do pai tem que ser superada para que seja transmutada em um set de valores que permitem a cada indivíduo tornar-se membro de uma comunidade, idéia já presente no caso Schreber (Freud, 1911/1971). O supereu assume então uma função positiva e aculturante, tratando-se de um supereu portador do ideal do eu. Como afirma Freud (1933/1971):

"...O supereu da criança não se forma à imagem dos pais, mas sim à imagem do supereu deles; abriga o mesmo conteúdo, torna-se o representante da tradição, de todos os juízos de valor que subsistem através das gerações. É fácil advinhar a importância de tomar o supereu em conta para a compreensão do comportamento social da humanidade..." (p.67)

Assim, o supereu é inseparável da transmissão que sustenta uma cultura, o que evidencia a importância das "ideologias do supereu" e dos valores enraizados nas primeiras relações amorosas.

O supereu, por outro lado, adquire tons sombrios ao ser colocado em uma relação privilegiada com a pulsão de morte, como o primeiro posto da ligação dessa pulsão. Nessa vertente, acentua-se a irracionalidade e a crueldade que o supereu pode assumir, perdendo seus laços com os ideais e com a moralidade. Seus imperativos tornam-se impossíveis de serem atendidos, sua severidade cresce proporcionalmente às tentativas de obediência, atribuindo culpabilidade ao sujeito de forma inteiramente incortornável. A irracionalidade a que está sujeita a função do supereu evidencia-se, por exemplo, nos crimes que resultam do sentimento de culpa inconsciente e da busca de punição. Quanto mais se renuncia à agressividade, mais cresce a violência do supereu contra o eu. Paradoxalmente, os virtuosos serão as maiores vítimas do supereu (Freud 1930[1929]/1971).

A partir da escola francesa, as noções relativas às instâncias ideais têm sido distinguidas de forma mais radical do que o eram na obra freudiana. Cottet (1989), por exemplo, sugere que o supereu lacaniano perde seus vínculos com a consciência moral e com os valores culturais, tornando-se mero assento de leis irracionais, destrutivas e mantendo um forte parentesco com a idéia kleiniana de um supereu arcaico e perseguidor. O supereu que é herdeiro do complexo de Édipo torna-se o Nome do Pai, garantindo a regulação do desejo. Ao supereu resta sua posição de aliado dos objetivos da pulsão de morte. A discriminação visa esclarecer a ambigüidade que freqüenta a literatura psicanalítica sobre o tema do supereu. Entretanto, essa tentativa de depuração epistemológica produz algumas conseqüências problemáticas, tanto do ponto de vista teórico quanto clínico. As delicadas nuances entre as várias funções e facetas do supereu tendem a se dissolver, privando-nos de certos instrumentos para pensar a clínica. Delimitar melhor essas relações seria um caminho para recuperar o que se perde em dicotomias de grande valor didático, mas que obscurecem articulações mais finas e matizadas, embora as vezes pouco sistematizadas no texto freudiano.

A idéia de que o supereu irracional é arcaico não encontra respaldo em Freud. Em O Problema Econômico do Masoquismo, por exemplo, ele afirma o seguinte:

"O supereu, a consciência moral que se elabora nele, pode então se mostrar dura, cruel, inexorável quanto ao eu que tem sob sua guarda. O imperativo categórico de Kant é assim o herdeiro direto do complexo de Édipo."(Freud, 1924b/1971, p.167)

A qualidade cruel assumida pelo supereu é, para Freud, inseparável de uma vicissitude do complexo de Édipo e de um modo particular de lidar com a angústia de castração, não remetendo a um supereu arcaico ou pré-edípico, a algum infantilismo ou arcaísmo da vida psíquica.

O que Freud nos legou de uma teoria psicanalítica da cultura é indissociável da noção de supereu. Em Totem e Tabu (Freud, 1913/1971), Mal Estar na Cultura (Freud, 1930/1971) e Moisés e o Monoteísmo (Freud, 1939/1971), textos de épocas diferentes, Freud aborda a partir de diversas perspectivas a origem do supereu e do sentimento de culpa, relacionando-os ao advento da linguagem e do laço social. O chamado mito científico, tão caro a Freud, em que o pai primevo, o macaco despótico que guardava para si todas as mulheres, é assassinado e instituído como totem ou como Deus, é elaborado em uma época em que ainda não havia sido construída a noção de supereu. Entretanto, nesse mito com o qual busca abordar o laço social a partir das descobertas psicanalíticas, podemos reconhecer retrospectivamente o Urvater como o supereu originário.

O mito já nos aproxima do aspecto irracional do supereu, aspecto que é freqüentemente ilustrado, no texto freudiano, pela idéia de um parentesco com o imperativo categórico kantiano. Essa imagem será invocada com maior insistência nos trabalhos freudianos mais tardios, quando é acentuada a posição do supereu como um terreno privilegiado para a ligação da pulsão de morte, já que é sempre a propósito da crueldade do supereu e do caráter compulsivo da obediência a seus ditames, que Freud o compara com o imperativo categórico. Entretanto, já em Totem e Tabu, Freud (1913/1971) declarava que os tabus têm em comum com o imperativo categórico o fato de que operam de forma compulsiva e rejeitam qualquer motivo consciente. Nosso "imperativo categórico" e os tabus compartilham da mesma sujeição à compulsão à repetição.

O vínculo do supereu com o imperativo categórico, sem dúvida, se localiza no ponto em que a lei moral kantiana opera à revelia de qualquer sentimento ou tendência, de qualquer consideração pelo prazer, pela simpatia e pelo amor. É apenas por dever que se cumpre a lei moral.

As implicações do vínculo entre o supereu cruel e o imperativo categórico para o entendimento de fenômenos sociais podem ser exploradas a partir da tese de Hanna Arendt (1983) de que o imperativo categórico kantiano, desde que se transforme a vontade autônoma na vontade do Fuhrer, pode explicar o fenômeno nazista do "cumprimento do dever" com a exclusão de todo o sentimento de piedade ou remorso. Naturalmente essa transformação, e Arendt o reconhece, resulta de uma deformação do pensamento kantiano, já que, no imperativo categórico kantiano, o sujeito se submete por dever a uma lei que lhe foi dada pela própria razão, é ele mesmo o legislador da lei a que obedece. Já o nazista, no cumprimento de dever, se submete a uma lei que lhe é ditada pelo Fuhrer, de uma forma que a elaboração freudiana pode contribuir para esclarecer. Ao abordar a psicologia das massas, antecipando o fenômeno do nazismo, Freud (1921/1971) nos fala da deposição do ideal do eu na figura concreta do líder, com o efeito de uma total sujeição e de exclusão de toda possibilidade de crítica tanto do objeto quanto de si mesmo. Isso significa que, privados de nossos ideais, nossa instância auto-observadora (supereu) deixa de funcionar como consciência moral, o que representa uma economia de tensão e angústia.

Reencontramos aqui a produtividade da distinção que, como vimos, encontra-se no texto freudiano, entre o supereu e a consciência moral, como uma de suas funções. As relações que o supereu entretém com a consciência moral são variáveis e complexas. A consciência moral resulta da superação e dessexualização do complexo de Édipo. Está, entretanto, sujeita à sexualização regressiva, caso em que a crueldade do supereu irá encontrar, como contrapartida, a satisfação masoquista do eu. Essa satisfação pulsional implica a degradação da moralidade. Os laços da consciência moral com o supereu são, portanto, contingentes. A consciência moral pode estar ou não associada ao supereu. A auto-observação, função indispensável à consciência moral, é a função básica do supereu, que pode operar como apoio da moralidade, mas não o faz necessariamente.

O masoquismo é promovido a uma posição fundamental, quando Freud (1924b/1971) começa a se dar conta, em sua clínica, que a dor e o desprazer nem sempre são sinais de alarme, servindo ao princípio do prazer, mas que podem transformar-se em alvos pulsionais. Ao se deparar com a mais grave resistência ao tratamento, com a força que luta contra a cura e parece buscar a doença e o sofrimento, chega à conclusão de que o supereu pode tornar-se a arena de uma satisfação perversa.

A sexualização regressiva e crueldade do supereu proporcionam ao eu uma satisfação masoquista, mediante os castigos a que se submete. É a partir do masoquismo, agora fundamental, para servir à satisfação pulsional masoquista, que o supereu assume feições cruéis, ordenando, como, quer Lacan (1981, pp.11 e 15): "goza"!

Perversão e Supereu

Freud toma a noção de perversão do solo de sua época, e vai retorcendo-a e deslocando-a de tal modo que a desenraíza inteiramente do que havia antes.

A teoria moderna do instinto sexual, em vigor no Século XIX, preconizava uma oposição entre os instintos de auto-conservação e os de reprodução. Além disso, vigorava a idéia de que a sexualidade influenciava toda a esfera das relações amorosas, sociais e familiares, que seriam a expressão psicológica do instinto sexual.

O amor e os sentimentos mais elevados, morais e religiosos, eram relacionados ao instinto de preservação da espécie. Maudsley (1879, cf. Bercherie, 1996), por exemplo, considerava que a sexualidade é que levaria os indivíduos a se unirem em uma família, provendo uma base para o laço social. Mais ainda, fazia o elogio do instinto sexual considerando sua natureza como quase altruísta, por levar o sujeito a "sacrificar uma parte de si mesmo para a propagação da espécie" (1996. p.232). A sexualidade, considerada como a atração entre dois seres de sexos opostos para o ato sexual, era idealizada não apenas por sua eficácia na preservação da espécie dentro do marco do evolucionismo, como vinculada aos valores mais altos, como o amor e a moralidade. Dentro desse quadro, e por oposição a esse modelo ideal, as perversões se qualificavam como anomalias da sexualidade.

Ao mesmo tempo em toma a noção de perversão de seu tempo, como modelo da sexualidade infantil que está a teorizar, Freud (1905/1971) rompe com o quadro no qual se inseria a concepção de perversão da época. Com efeito, ao caracterizar a sexualidade infantil como polimorfa e perversa, usa o termo perversão não mais como anomalia ou desvio em relação a uma norma, mas como a própria maneira de ser, completamente generalizada, da sexualidade. O salto é dado quando a disposição para a perversão é tomada como original da constituição normal. O quadro do instinto é abandonado; a pulsão sexual, em sua indeterminação e desadaptação, não se ajusta a ele.

Pensadores da ciência já anotaram que uma teoria, mesmo quando é realmente inovadora, tem sempre início em determinado campo de conceitos e palavras existentes na época, e é com esses conceitos disponíveis que tem que contar para exprimir sua radical novidade (Althusser, 1967). O que favorece, aos espíritos menos atentos, uma compreensível confusão, em que a originalidade da nova contribuição não seja reconhecida em toda a sua extensão.

Nos Três Ensaios sobre a Sexualidade, Freud (1905/1971) tende a considerar que as fantasias perversas são recalcadas nas neuroses, enquanto nos perversos são conscientes e/ou agidas. Daí a idéia de que a neurose é o negativo da perversão. A oposição permitiu que a perversão seja tomada, por alguns, como uma espécie de infantilismo sexual; ela resultaria de uma fixação em um ponto da sexualidade pré-genital, representando a permanência da sexualidade em moldes infantis.

Essa interpretação torna-se impossível a partir de textos freudianos posteriores, já que a perversão é situada no terreno do complexo de Édipo (Freud, 1919/1971), e especificada por um certo modo de se situar em relação à angústia de castração (Freud, 1927/1971). É em torno do tema do fetichismo que Freud avançará em uma elaboração sobre o que é a perversão para a psicanálise.

O fetichismo é apresentado como uma vicissitude da escolha de objeto. Há um operador nessa escolha, uma das saídas ou formas de lidar com a angústia de castração, que Freud (1927/1971) batiza de Verleugnung - e que é traduzida de formas as mais variadas, deixando-nos sempre na necessidade de recorrer ao alemão para nos fazermos entender - desmentido, recusa, renegação, repúdio, etc. Fiquemos com recusa.

O que é que o menino recusa? A percepção de que a mulher não tem o falo, porque essa percepção precipita sua angústia de castração. O efeito da recusa é surpreendente. O menino tanto mantém a crença no falo da mulher, quanto desiste dela. O fetiche surge como o memorial erguido ao horror a castração, que torna a mulher tolerável como um objeto sexual, substituindo o que lhe falta. Apesar de que uma aversão ao sexo feminino se mantém como um stigma indelebile, e não apenas para o fetichista. As duas atitudes resultantes, uma que reconhece e outra que recusa a castração, são a origem de uma "cisão de eu", a que Freud chegará a dar uma generalidade que transcende o caso da perversão.

A idéia da cisão do eu remete ao fato de que as duas atitudes, a que reconhece e a que recusa a castração materna e a diferença sexual, não parecem entrar em contradição. Não surgem conflitos e nem qualquer formação de compromisso, como no sintoma neurótico. São duas atitudes independentes e opostas que apresentam a peculiaridade de não exigir um trabalho simbólico, visando a resolução desta contradição. O fetiche, como paradigma de uma solução perversa, é causa de satisfação para o fetichista, tornando sua vida sexual bem mais fácil, e contornando a angústia. Levar seu fetiche no bolso torna o sujeito bem menos vulnerável aos desencontros do desejo.

Um dos aspectos que pode assumir a cisão do eu, é o da coexistência de respostas contraditórias a um supereu regressivamente sexualizado. Como um operador de passagem, tanto o eu visa o gozo do supereu "ser supremo em maldade" (Lacan, 1962-1963), completando-o falicamente, como busca sua angústia, exibir sua castração. Introduzindo-nos na idéia de um discurso perverso, essa cisão fundamentaria uma labilidade argumentativa, em que o perverso diz e desdiz, talvez sem mentir, qualquer coisa que lhe poupe angústia na situação em que estiver envolvido, sem compromisso com o que enunciou. Não é à toa que a promessa, como um performativo em que o comprometimento é uma dimensão essencial em jogo na fala, é o terreno em que o balé do discurso perverso parece chamar a maior atenção dos psicanalistas, através de heróis como Don Juan.

O discurso perverso, entretanto, se economiza angústia não economiza trabalho. Todo o estilo da recusa parece gerar esse resultado instável, em que só precariamente a angústia de castração pode ser evitada. Lacan (1962-1963) observou o importante papel da teatralização, da vocação para a cena presente nos mecanismos perversos. Se o sujeito, como um diretor de atores, exige uma encenação perfeita em que tudo saia como previsto, o discurso perverso é comprometido com a busca incessante de colocar os coadjuvantes nos papéis requeridos; um discurso afeito ao modo imperativo e à sedução, como maneiras alternativas de submeter os outros.

Se a recusa à castração leva a um arranjo ou encenação, em que as outras pessoas são parte integrante, elas devem cumprir, nesse teatro, a parte que o perverso espera delas, ou sua angústia sobrevirá. Para obter esse efeito, o perverso tem um enorme trabalho, e sua atividade em prol da recusa, surgindo nas formas de sedução, controle, etc., é freqüentemente interpretada como efeito de um compromisso com o desejo. Ironicamente, é o inverso. É o esforço defensivo contra o desejar que promove a incessante atividade.

Será exatamente na falha da colaboração dos que são chamados para integrantes da encenação dirigida pelo perverso, que a recusa poderá desmoronar e a angústia de castração se fazer presente. Essa angústia, geralmente de ordem melancólica, pode levar o sujeito à análise. Mas, mesmo quando surge em sua face aparentemente neurótica, a cisão do eu nos adverte de que não é como acontece na neurose que a angústia vai atuar, ou seja, levando ao trabalho simbólico. A recusa suporta as contradições sem registrá-las. Assim que a encenação puder ser restaurada, a vitória perversa sobre a castração irá se restabelecer, cicatrizando-se de imediato a ferida narcísica, o que torna o processo psicanalítico problemático.

A atuação constante que caracteriza o estilo perverso busca montar um jogo determinado pelas próprias regras, no qual ele toma o lugar de objeto causa de desejo (Lacan, 1962-1963; 1963/1966). Nessa atuação está envolvida uma tirania que busca exercer e que mantém com o desejo um laço paradoxal. Há uma certa incongruência em falar do desejo perverso, embora sem dúvida o desejo esteja presente. O perverso trabalha para não desejar, já que o desejo remete para a angústia de castração, da qual todo o seu esforço é para se evadir.

O ato sexual é um palco privilegiado para o sintoma perverso. Entretanto, a perversão para a psicanálise não é mais algo a que caiba o estatuto de anomalia da sexualidade, porque não há mais a justeza do instinto como norma. Como a observação freudiana esclarece, é justamente em face das perversões mais bizarras, que se evidencia com a maior clareza a intervenção do psíquico na sexualidade humana. Elas evidenciam que é a singularidade de uma história, não a natureza, que forja sua lei.

Se o ato sexual não é esse terreno exclusivo em que se define a perversão, a forma do seu sintoma é o "ato-sintoma" (McDougall, 1980) em que o sujeito parece estar sempre provocando situações sem responder por elas em nome de seu desejo. A instabilidade do arranjo defensivo perverso articula-se com o desempenho (acting out) como seu sintoma privilegiado.

Supereu e Perversão

A questão do supereu na perversão não recebeu uma elaboração especial no texto freudiano. É Lacan (1963/1966) quem traz essa importante contribuição, especialmente em seu escrito Kant com Sade. Apesar de nomear o supereu apenas uma vez no texto, não perde essa instância de vista em todo o desenvolvimento desse difícil e fascinante trabalho.

Fascinante e surpreendente, até pela idéia de trazer o tema do supereu para o estudo da perversão que, de acordo com o senso comum, seria caracterizada pela ausência de consideração pelo outro, e de culpa e remorso aparentes.

É na fantasia de suturar o Outro, assumindo o lugar de seu "fetiche negro" (Lacan, 1963/1966, p. 773) e reafirmando seu poder, que o personagem sádico monta seu teatro, recusando em ato. O supereu, associado por Freud ao imperativo categórico em sua face de crueldade e exigência de obediência compulsiva, é quem goza na cena. O supereu, nesse momento, não mantém mais vínculos com a consciência moral, já que é puro gozo na punição e tributário da afirmação de um Outro não castrado que dita a lei de acordo com seus caprichos.

Essa relação com o supereu especifica não apenas o sadismo, mas a perversão de maneira geral. O próprio da perversão é que a castração do Outro seja recusada, e isso não se faz sem que o sujeito se coloque a serviço desse Outro, supereu cruel, na vassalagem fálica que o reduz a um objeto, o que recoloca o papel fundamental do masoquismo em toda a perversão.

Na cena sexual que tem todas as características de um ritual, tanto o sádico quanto o masoquista se mostram ao grande espectador como um objeto, e dedicam-se a provocar no parceiro a angústia (Lacan, 1962-1963). Lacan indica, entretanto, que não se consegue a identificação ao objeto, que permite a economia da angústia de castração, senão em uma cena. Por isso mesmo, essa cena deve ser sempre recomeçada, numa repetição monótona.

Se a cena sexual pode ser um palco privilegiado da perversão, estamos muito longe de defini-la como anomalia sexual. É na transferência e nas relações amorosas que podemos identificar traços perversos. Se, no amor, o perverso busca a angústia de seu parceiro, busca fazê-lo fracassar, isso se dará também na transferência. Mas a tranferência pode eventualmente exibir uma outra face, em que o analisando procure o papel de objeto de seu analista, assegurando seu gozo.

Para abordar o supereu a partir dos personagens sadianos de Filosofia da Alcova, Lacan, em sua análise, recorre à lei moral kantiana articulando-a aos feitos dos heróis de Sade. Nesse empreendimento, segue os passos de Freud que, como vimos, compara seguidamente o imperativo categórico kantiano com o supereu em sua face cruel. Examinar as relações entre o imperativo categórico e o supereu, buscando identificar os aspectos em que ambos se aproximam e os pontos em que diferem é o objetivo da próxima seção, já que essa analogia, por tão difundida e clássica, tende a levar a uma identificação acrítica entre ambas as noções, embora sejam oriundas de campos teóricos tão diversos.

Supereu e Imperativo Categórico

A relação entre a moralidade kantiana e os feitos dos heróis sádicos já havia sido levantada, antes de Lacan, por Adorno e Horkheimer (1944/1994). O despotismo e a irracionalidade travestida de racionalidade, como máscara para a tirania, eram enigmas que esses autores buscavam desvendar ao final da Segunda Guerra. Com esse objetivo, criticam a lei moral kantiana baseada na apatia, ou seja, na recusa do prazer e dos sentimentos de amor e remorso. O formalismo do imperativo categórico, segundo estes pensadores, teve suas conseqüências destacadas na literatura de Sade, que teria o mérito de desvelar a verdade do iluminismo. O domínio dos sentimentos leva a tratar-se os outros com frieza e apatia, como objetos de gozo. É, fundamentalmente, pela promoção da apatia – que justifica a ausência de remorsos - que os autores aproximam a lei moral kantiana aos heróis sádicos, assim como ao oficial nazista que cumpre apaticamente o seu nefasto "dever".

Adorno e Horkheimer (1944/1994) não usam o conceito de supereu, pois colocam o sujeito no lugar do carrasco sádico e o objeto como a vítima, enquanto, para Lacan, o sádico está desempenhando na cena o papel de um objeto do Outro, tome o nome de natureza, Deus ou ser supremo em maldade. Sem dúvida, trata-se de uma versão do supereu. Segundo Zizek (1992), o uso do conceito de supereu teria permitido que Adorno e Horkheimer articulassem melhor a lei moral kantiana e a lei sádica.

A analogia entre o imperativo categórico kantiano e o supereu, que tem se mostrado de grande valor heurístico desde que proposta por Freud, tanto em suas elaborações quanto nas de outros autores que a retomaram, como Lacan (1963/1966) e Zizek (1992), exige, entretanto, que se tenha em mente que são conceitos oriundos de campos teóricos diversos, o que implica a existência de diferenças irredutíveis entre ambos. Se o supereu se aproxima do imperativo kantiano, isso se dá pelo viés da crueldade e compulsividade a que a apatia pode destiná-lo. Existem, entretanto, três diferenças básicas entre o supereu e o imperativo categórico kantiano, que não têm sido mencionadas na literatura psicanalítica, e que têm importantes conseqüências.

A primeira é que o imperativo categórico remete, para Kant, à autonomia do sujeito, na medida em que é sua razão que lhe dita essa lei a priori. Já o supereu, ao contrário, surge a partir do vínculo social. A criança é basicamente amoral, é através da identificação com os valores dos primeiros protetores que se constituem as leis do supereu. As leis do supereu são, portanto, heteronômicas.

Como conseqüência dessa primeira distinção, surge uma segunda: a universalidade e racionalidade a que almeja a lei kantiana, não encontram lugar na lei superegóica. Se o imperativo kantiano busca fundamentar a moralidade em uma lei a priori e universal, o supereu não o acompanha nisso, pois, embora efeito de estrutura, jamais deixará de trazer o selo da singularidade, já que se constitui a partir das relações amorosas dentro das quais aquele sujeito foi marcado pelo significante, e da situação histórica concreta em que isso se deu. Seus ideais trarão a marca dos valores de sua nacionalidade, sua classe social, seu credo, sua raça e, como sustenta Freud (1921/1971), só eventualmente ele poderá atingir alguma independência e originalidade. Kant lida com um sujeito transcendental, não empírico, que é, na verdade, a própria Razão, enquanto a psicanálise, embora atente para as condições estruturais, deve sempre lidar com uma verdade particular.

A terceira distinção entre o supereu e o imperativo categórico kantiano assume a forma de uma verdadeira oposição. Se a maior crítica de Adorno e Horkheimer (1944/1994) à lei moral kantiana é que sua formulação exclui o remorso como apoio para a moralidade, no que respeita a psicanálise o remorso está na origem de todo o laço social. Essa posição freudiana tem provocado muita perplexidade e é considerada como contraditória, não sem razão, por muitos autores. Como poderia ser invocado o remorso pelo assassinato da pai como origem da lei? Se não existe lei, de onde parte esse remorso? Freud não hesita ante a contradição: do amor. O tirano perdido é amado. É no amor que se funda a moralidade.

Se consideramos que Totem e Tabu não é uma tentativa de aplicar o saber psicanalítico, mas uma obra metapsicológica, como sugere Gabbi Jr. (1991), não é difícil concluir que neste papel dado ao amor e ao remorso na origem da moralidade, Freud já antecipa o valor constitutivo que concederá posteriormente ao temor da perda do amor, temor que se apoia no desamparo primitivo e na completa dependência em que se encontra a criança dos adultos provedores para sua sobrevivência física e psíquica.

Supereu na Clínica

Introduzindo o Nome do Pai, Lacan visa a desconstruir a teoria freudiana do complexo de Édipo, reduzindo-a ao que tem de estruturante e essencial (conforme Porge, 1998). Embora não estritamente assimilável à noção de um pai simbólico, função que se articularia a uma categoria cuja existência está no plano coletivo e referida às regras sociais, sem dúvida sua inspiração estruturalista aponta para uma relativização do papel dos pais reais e particulares, dos caretakers, na sintética e prática expressão para designar os primeiros representantes e porta-vozes dos valores culturais. O Nome do Pai é algo distinto do supereu, que Freud define como tendo origem nas primeiras relações, na identificação com esses pais e seus ideais, identificação que, como já foi enfatizado, depende do amor aos caretakers concretos, com suas idiossincrasias e limitações. Essas figuras transmissoras dos valores, têm sua história singular e seus ideais marcados por sua pertença a certa nação, classe social, religião, profissão, etc.

Tudo o que é moral no homem depende dos primeiros vínculos. Tendo sua origem na introjeção das figuras parentais, entretanto, o supereu está permanentemente sujeito à incorporação de novos modelos e ideais a partir de outras relações, com pessoas como mestres e heróis. A identificação com essas figuras não é imaginária, o supereu é também simbólico porque, a partir de seu prestígio, incorpora as palavras ouvidas, os preceitos, as leituras (Freud, 1923/1971), a linguagem está em sua natureza.

Com a dissolução e dessexualização do Complexo de Édipo, o supereu se distanciará tanto dos pais quanto das outras pessoas que foram importantes na transmissão de valores. Nessa série, a última figura é o destino, que pode preservar traços que o liguem às pessoas importantes do passado, ou, o que é apresentado como um ideal, atingir a impessoalidade. Assim, Freud se refere ao "escuro poder do destino, que apenas uns poucos entre nós podem olhar como impessoal" (1924b/1971, p.68).

Algo, entretanto, é preservado desta origem. O supereu se sustenta no primeiro amor, como vínculo aos valores e normas que são, inicialmente, circunscritos e situados historicamente. A mais fina decantação do supereu, indispensável para a constituição de um sujeito moral, aponta para sua impessoalização. O elogio da impessoalização do supereu remete à inevitabilidade do destino particular e situado, peculiar da formação de um supereu individual e , por outro lado, a um depuramento desse supereu que significa não só a adesão a valores, como também a possibilidade de uma superação relativa da particularidade dessas origens pela aceitação das diferenças.

A gênese do supereu no amor às figuras primordiais é necessária à fundação do amor pela cultura. Não existe possibilidade de uma renúncia pulsional, tal como se faz necessária à vida em comunidade, sem esse selo de amor à cultura e aos prazeres sublimatórios que ela pode proporcionar, amor que se apoia no primeiro amor aos representantes da cultura.

A clínica do supereu não poderá encontrar seus instrumentos senão no entendimento desse amor e de suas vicissitudes através da transferência, se não aceitar reduzir-se a uma retificação das identificações que o constituíram, a partir de novos modelos.

1 Texto apresentado no Grupo de Trabalho "Psicanálise Contemporânea: Convergências e Divergências". VII Simpósio de Pesquisa e Intercâmbio Científico da ANPEPP, Gramado, maio de 1998.

2 Endereço para correspondência: Rua Visconde de Pirajá, 595/403, 22410-003, Rio de Janeiro, RJ. Fone: (21) 512-1365. E-mail: arudge@unisys.com.br

Referências

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Recebido em 15.01.99

Revisado em 03.02.99

Aceito em 20.02.99

Sobre a autora:

Ana Maria Rudge é Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Professora do Programa de Pós-Graduação e do Curso de Graduação em Psicologia da PUC-Rio, Membro Psicanalista da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle e pesquisadora do CNPq.

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      01 Mar 2000
    • Data do Fascículo
      1999

    Histórico

    • Aceito
      20 Fev 1999
    • Revisado
      03 Fev 1999
    • Recebido
      15 Jan 1999
  • Curso de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Ramiro Barcelos, 2600 - sala 110, 90035-003 Porto Alegre RS - Brazil, Tel.: +55 51 3308-5691 - Porto Alegre - RS - Brazil
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