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Triterpenóides pentacíclicos de Mentha villosa: identificação estrutural e atribuição dos deslocamentos químicos dos átomos de hidrogênio e carbono

Pentacyclic triterpenoids of Mentha villosa: structural identification and ¹H and 13C resonance assignments

Resumo

The structures of seven oleanene and ursene triterpenoids (1-7) isolated from aerial parts of Mentha villosa were identified. In addition, the complete ¹H and 13C resonance assignments of these triterpenoids were accomplished using 1D and 2D NMR spectroscopic experiments.

Mentha villosa; Labiatae; pentacyclic triterpenoids; 1D and 2D NMR


Mentha villosa; Labiatae; pentacyclic triterpenoids; 1D and 2D NMR

Artigo

TRITERPENÓIDES PENTACÍCLICOS DE MENTHA VILLOSA: IDENTIFICAÇÃO ESTRUTURAL E ATRIBUIÇÃO DOS DESLOCAMENTOS QUÍMICOS DOS ÁTOMOS DE HIDROGÊNIO E CARBONO

Francisco J. Queiroz Monte, Eliete F. de Oliveira

Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, Universidade Federal do Ceará, CP 12200, 60021-970 Fortaleza – CE

Raimundo Braz Filho

Setor de Química de Produtos Naturais, LCQUI-CCT, Universidade Estadual do Norte Fluminense, 28015-620 Campos - RJ

Recebido em 5/6/00; aceito em 10/10/00

PENTACYCLIC TRITERPENOIDS OF MENTHA VILLOSA: STRUCTURAL IDENTIFICATION AND 1H AND 13C RESONANCE ASSIGNMENTS. The structures of seven oleanene and ursene triterpenoids (1-7) isolated from aerial parts of Mentha villosa were identified. In addition, the complete 1H and 13C resonance assignments of these triterpenoids were accomplished using 1D and 2D NMR spectroscopic experiments.

Keywords:Mentha villosa; Labiatae; pentacyclic triterpenoids; 1D and 2D NMR.

INTRODUÇÃO

Várias espécies de Mentha têm sido investigadas, tanto por suas atividades biológicas1-6 como também pelos óleos essênciais5,7-10 produzidos por suas fôlhas. O gênero Mentha L., família Labiatae, da subfamília Nepetoidae e da tribo Mentheae, consiste aproximadamente de vinte e cinco espécies. A espécie Mentha villosa11 é uma erva cultivada em todo o Brasil e é usada como remédio popular no tratamento de amebíase, giardíase3 e shistosomíase2.

Este trabalho descreve o isolamento, purificação e identificação estrutural de sete triterpenóides (1-7) das séries oleanano e ursano, isolados do extrato etanólico das partes aéreas de M. villosa. A identificação foi estabelecida com base na interpretação de dados espectrais, principalmente RMN 1H (500 MHz) e 13C (125 MHz). Experiências 1D e 2D de RMN1H, RMN13C e NOESY foram também usados para a completa e inequívoca atribuição dos deslocamento químicos dos átomos de hidrogênio e carbono. Estes metabólitos estão sendo descritos pela primeira vez na espécie M. villosa.

Várias atividades biológicas para este tipo de compostos foram relatadas12 nas duas últimas décadas, inclusive algumas delas determinando a relação entre estrutura química e atividade anti-câncer13-19. Os dados espectrais corretos podem ser utilizados em posteriores investigações de novos membros desta importante classe de produtos naturais, assim como na compreensão das correlações entre conformação molecular e atividade biológica20,21.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resíduo obtido após concentração da parte solúvel em CHCl3 do extrato etanólico das partes aéreas de M. villosa forneceu após sucessivos fracionamentos cromatográficos em colunas de sílica gel, quatro frações denominadas A, B, D e E. Estas foram identificadas como misturas de ácidos carboxílicos triterpênicos através de espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN1H) e carbono-13 (RMN13C), infravermelho (IV) e espectrometria de massa (EM). As frações A, B e D foram metiladas e acetiladas e os respectivos ésteres metílicos acetilados (A-MeAc, B-MeAc e D-MeAc) submetidos a cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP) seguida de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), permitindo a separação dos triterpenos 1 – 7. Todos os derivados apresentaram-se como sólidos amorfos incolores e tiveram as fórmulas moleculares determinadas por espectrometria de massa em combinação com os espectros de RMN 1H (500 MHz) e 13C (125 MHz).

Os sinais correspondentes aos átomos de carbono quaternário, metínico, metilênico e metílico (Tabelas 1-6) de todos os triterpenóides isolados (1-7) foram identificados por análise comparativa dos espectros de RMN13C-HBBD (Hydrogen Broad Band Decoupled) e RMN13C–DEPT (Distortionless Enhancement by Polarization Transfer). A atribuição dos sinais dos átomos de carbono nos espectros de RMN 13C foi efetuada com base nos espectros bidimensionais [2D: 1Hx13C–HMBC - nJCH (n=2 e 3), 1Hx13C–HMQC–1J CH, 1Hx1H–COSY e 1Hx1H–NOESY]. A atribuição dos sinais dos átomos de hidrogênio nos espectros de RMN 1H por sua vez, foi conseguida pela utilização dos espectros de 1Hx1H–COSY e 1Hx13C – HMQC (Tabelas 1-6).

Nos espectros de RMN 1H de 1 e 3 obsevou-se os sinais do H-18 como dubleto de dubleto [J = 12,0 e 3,6 Hz (1) e J = 12,0 e 3,4 Hz (3)] em dH 2,85 e 2,86, enquanto em 2 e 4 apareceram como dubletos [J = 12,0 Hz (2) e J = 10,4 Hz (4)] centrados em dH 2,22 e 2.24, respectivamente. Estes dados associados aos demais, caracterizaram os triterpenoides 1 e 3 como oleananos e 2 e 4 como ursanos (J = 12,0 e 10,4 Hz são correspondentes a interação axial-axial, H-18b axial).

Os triterpenos 1 e 2 revelaram espectros de massa semelhantes, compatíveis com mesma composição elementar (m/z 512 [M] +, C35H52O4) e exibindo picos intensos em m/z 262 e 203 comumente observados em olean-12-en-28-ato de metila e ursa-12-en-28-ato de metila sem substituintes nos anéis C, D e E, atribuídos a fragmentos formados através de reação do tipo retro Diels-Alder envolvendo o anel C22,23.

Um exemplo da estratégia aplicada de modo geral para os triterpenos 1-7 e que permitiu identificar facilmente os átomos de carbono não hidrogenados (exceção do C-17) além de vários carbonos hidrogenados, é ilustrado através do composto 1, onde estão indicadas as correlações a longa distancia (2JCH e 3JCH) entre os deslocamentos químicos dos hidrogênios metílicos (dH) e os carbonos (dC) marcados a e b em relação a estes hidrogênios (Figura 1). Utilizando-se o mesmo procedimento, os espectros de RMN 13C-HBBD, 13C-DEPT, HMBC, HMQC, COSY e NOESY forneceram os deslocamentos químicos de 2 - 7 (Tabelas 2 – 6).


Os compostos 3 e 4 revelaram espectros de massa com pico correspondente ao ion molecular em m/z 570 ([M]+), em acordo com a mesma fórmula molecular C35H54O6 para as duas substâncias e compatível com a presença de um grupo acetoxílico adicional quando comparados com 1 e 2. Os sinais em dH 2,11 e 1,95 (3) e dH 2,04 e 2,07 (4) observados nos espectros de RMN 1H foram usados para confirmar esta dedução. No espectro de RMN 13C de 3, o deslocamento químico do CH-5 (dC 49,5) revelou-se consistente com a configuração 3a-OAc (efeito g sobre o CH-5) e, consequentemente, H-3b. Assim, o dubleto (J = 4,8 Hz) em dH 4,96 corresponde a H-3 em posição equatorial. A localização do segundo grupo acetoxílico em posição a do C-2 foi deduzida com base no espectro 2D NOESY. Picos transversais de correlação do sinal em dH 5,23 (td, J = 10,5 e 4,8 Hz) atribuído a H-2b mostrou sua proximidade espacial para com H-3b (dH 4,96), 3H-24 (dH 0,98) e 3H-25 (dH 1,02). O valor de J = 10,5 Hz observado no sinal de H-2b (dH 5,23) confirmou interação axial-axial deste hidrogênio com o H-1 do grupo metilênico CH2-1 ocupando também posição axial. Por outro lado, o sinal atribuído a H-3b ((dH 4,96) exibiu um efeito Overhauser com 3H-23 (dH 0,87) e 3H-24 ((dH 0,98), em acordo com a posição equatorial. Estas observações, confirmaram a presença do sistema 2a,3a-di-O-acetil em 3.

No espectro de RMN 1H de 4, a presença de dois dubletos (J = 10,4 Hz) em dH 4,38 e 4,12, representando um sistema AB correspondentes a dois hidrogênios geminados mutualmente acoplados, indicou a existência de um grupo acetoximetílico ligado a um carbono quaternário. Este grupo CH2OAc foi localizado no C-4 em posição axial com base na ausência de efeito g no C-5 (dC 56,01). Em adição, o hidrogênio H-3 com sinal no espectro de RMN1H em dH 4,58 (dd, J = 10,4 e 5,2 Hz), geminado com um grupo acetoxílico (AcO-3), foi situado em posição axial (orientação a) com base no valor de J=10,4 Hz (interação axial-axial) e nas correlações espaciais entre os hidrogênios H-3a (dH 4,58), H-2a (dH 1,66), H-5a (dH 0,97) e 3H-23 (dH 1,01) observadas no espectro NOESY.

Assim, com base nestes resultados e nos dados das Tabelas 1 – 4, os derivados triterpênicos 1, 2, 3 e 4 foram identificados como 3b-O-acetilolean-12-en-28-ato de metila, 3b-O-acetilursa-12-en-28-ato de metila, 2a,3a-di-O-acetilolean-12-en-28-ato de metila e 3b,24-di-O-acetilursa-12-en-28-ato de metila, respectivamente. Consequentemente, pode-se caracterizar os triterpenos naturais como ácidos 3b-hidroxiolean-12-en-28-óico, 3b-hidroxiursa-12-en-28-óico, 2a,3a-diidroxiolean-12-en-28-óico e 3b,24-diidroxiursa-12-en-28-óico, já que não se obesrvou a presença de sinais correspondentes a grupos acetoxílico e metoxílico nos espectros de RMN1H das amostras antes de serem submetidas às reações de acetilação e metilação.

A fórmula molecular C35H52O6 de 5, deduzida através do pico em m/z 568 ([M]+)observado no espectro de mssa e dados de RMN1H e 13C, revelou uma diferença de dois átomos de hidrogênio quando comparada com a de 3 (C35H54O6). Os espectros de RMN1H e 13C (Tabela 5) permitiram reconhecer a presença do sistema 2a,3b-di-O-acetil, uma ligação dupla adicional tetrasubstituida (dC 132,78 e 136,09), além dos sinais dos carbonos C-13 (dC 138,72) e CH-12 (dC 125,24 e dH 5,36). O tipo ursano foi estabelecido pelo sinal de grupo metílico ligado a carbono sp2 (dH 1,70, 3H-29), localizando assim, a ligação dupla adicional entre os átomos de carbono 18 e 19, caracterizando-se um sistema diênico conjugado (D12,18) na molécula de 5. Em uma publicação24, relatando a presença do ácido 2a,3b-dihidroxiursa-12,18-dien-28-óico, o deslocamento químico do C-19 não foi descrito e o do C-21 (dC 31,90) revelou-se inconsistente com o observado para o composto 5 (dC 26,55). O espectro de correlação heteronuclear de hidrogêneio e carbono a longa distância 1Hx13C–COSY-nJ CH (n=2 e 3, HMBC) de 5 permitiu atribuição inequívoca do deslocamento químico do C-19 (dC 136,09) através dos picos transversais correspondentes aos sinais em dH 1,70 (3H-29, 2JCH) e dH 1,05 (3H-30, 3JCH) assim como, do sinal em dH 1,70 (3H-29, 3JCH) com o sinal em dC 132,78 (C-18). Estes dados permitiram , obviamente, localizar o sistema diênico e confirmar a caraterização do triterpeno 5 como do tipo ursano. Por outro lado, a interação heteronuclear spin-spin revelada pela correlação entre os sinais em dH 1,05 (3H-30, 3JCH) e dC 26,55 (CH2-21) identificou o sinal deste átomo de carbono metilênico. Assim, o derivado 5 foi identificado como 2a,3b-di-O-acetilursa-12,18-dien-28-ato de metila e, em consequência, o produto natural como 2a,3b-diidroxiursa-12,18-dien-28-óico.

O derivado triterpênico 6, com peso molecular com 16 Daltons a mais quando comparado com 2 e fórmula molecular C33H52O5 (m/z 528, [M]+), mostrou o espectro de RMN 1H semelhante ao de 2. Nos espectros de RMN 13C (HBBD e DEPT) observou-se a ausência do sinal correspondente ao CH-19 (dC 39,10) de 2 e a presença de um sinal representando um carbono quaternário oxigenado em dC 73,20 (C-19 de 6). Deste modo, o átomo de oxigênio adicional indicado pelo peso molecular foi localizado no C-19 como um grupo hidroxila terciário (Tabela 6). Por tratamento com Ac2O na presença de piridina somente o grupo hidroxila do C-3 foi esterificado, formando um derivado monoacetilado, conforme espectro de RMN 1H (dH 2,05). Consequentemente, a estrutura do derivado acetilado 6 foi estabelecida como a do 3b-O-acetil-19a-hidroxiursa-12-en-28-ato de metila e a substância natural como ácido 3b,19a-diidroxiursa-12-en-28-óico.

Finalmente, o EM do composto 7 mostrou o pico correspondente ao íon molecular em m/z 568, sugerindo a mesma fórmula molecular C35H52O6, de 5. Os espectros de RMN 1H e 13C revelaram-se muito semelhantes aos de 5, destacando-se nos espectros de RMN 13C como diferença mais significativa, os sinais atribuidos ao CH-5 (dC 55,10) em 5 e dC 49,88 em 7. Esta observação indicou a configuração 3a-Oac como em 3 (Tabela 6). Com base nestes dados e por comparação com 3 e 5, a estrutura de 7 foi estabelecida como sendo o 2a,3a-di-O-acetilursa-12,18-dien-28-ato de metila e o produto natural como 2a,3a-diidroxiursa-12-18-dien-28-óico.

Os dados de RMN 13C dos produtos analisados estão em acordo com valores descritos na literatura24 para triterpenos semelhantes.

PARTE EXPERIMENTAL

Procedimentos experimentais gerais

Os espectros de RMN 1H e de 13C foram registrados em um espectrômetro Bruker ARX 500, operando a 500 MHz para hidrogênio e 125 MHz para carbono-13, usando CDCl3 como solvente. As soluções foram preparadas a partir de 1,5 – 8 mg dos triterpenos em 0,35 ml de CDCl3 em tubos de 2,5 mm, com TMS como referência interna. Os espectros 2D foram obtidos e processados com um programa Bruker em um computador Aspect X32 com os seguintes parâmetros: temperatura = 279,0oK; ns = 16 e 32; TD = 2048; 1Hx13C-HMBC-nJ (C,H) op = 7,0 Hz. A função quadrática de seno e sua troca de funções (p/4, p/6 e p/8) de apodização foram usadas para o processamento com valores de LB = 0,00 Hz e GB = 0. As condições de obtenção e processamento nas experiências COSY e NOESY foram: intervalo de espera, 1-2 s; 512-1024 experimentos; 1024-2048 t2 pontos e, largura de varredura de 6 ppm. O tempo de mistura no espectro NOESY foi de 1,2-1,5 s. Para correlações de 1H x 13C (canal do 13C) ) e 13C x 1H (canal do 1H), o mesmo intervalo de espera foi usado, 512-1024 t2 experimentos, 1024-2048 pontos sendo a largura de varredura de 7 ppm para 1H e 180 ppm para 13C. Os espectros de massa foram obtidos em um espectrômetro Finningan TSQ 70, operando a 70 eV; Os espectros no infravermelho foram registrados em um espectrômetro Perkin-Elmer, modelo 1000, em pastilhas de KBr; As separações por CLAE em instrumento Waters 6000A, equipado com detector refratométrico.

Material vegetal

Mentha villosa foi coletada no Horto de Plantas Medicinais da Universidade Federal do Ceará, Brasil e identificada pelo Dr. Roy Harley da Universidade de Oxford, Inglaterra. Uma exsicata (no 16545) foi depositado no Herbário Prisco Bezerra do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará.

Extração e isolamento dos constituintes

A planta, seca em estufa (60 oC) foi triturada e submetida a extração exaustiva com hexano e etanol, sucessivamente, na temperatura ambiente. Após filtração para remover os sais inorgânicos (5,25 g) o extrato etanólico (50 g) foi fracionado entre hexano, CHCl3, Et2O, EtOAc, n-BuOH e H2O. A fase solúvel em CHCl3 foi evaporada sob pressão reduzida e o correspopndente extrato (9,6 g) foi cromatografado em coluna de sílica gel 60 [0,050-0,20 mm; Carlo Erba (70 g)] eluída com misturas de hexano-CHCl3 contendo quantidades crescentes de CHCl3, na seguinte ordem: hexano-CHCl3, 9:1 (300 ml), hexano-CHCl3, 8:2 (450 ml), hexano-CHCl3, 1:1 (800 ml), hexano-CHCl3, 4:6 (400 ml) e hexano-CHCl3, 2:8 (1200 ml). As frações 33-44 eluídas com hexano-CHCl3, 2:8 forneceram um resíduo (1,4 g) que foi recromatografado em coluna de sílica gel 60 [0,050-0,20 mm; Carlo Erba (60 g)] usando CHCl3 –EtOAc, 9,5:05 (1200 ml), CHCl3–EtOAc, 7:3 (800 ml), EtOAc (1400 ml) e EtOAc-MeOH, 2:8 (1100 ml) como eluentes, para originar as frações A (560,0 mg), B (100,5 mg), D (169,5 mg) e E (186,0 mg), respectivamente.

Obtenção dos ésteres metílicos e dos acetados de A, B e D (A-MeAc, B-MeAc e D-MeAc)

Alíquotas das frações A (40 mg), B (27 mg) e D (54 mg) foram dissolvidas individualmente em uma mistura de éter etílico (9 ml) e metanol (1 ml). Uma solução etérea de diazometano (0 oC) recentemente preparada a partir de nitrosometilurea e hidróxido de potássio, foi adicionada às soluções de A, B e D à temperatura de 22 oC até que as soluções adquiriram coloração amarela. Após 24 horas à temperatura ambiente, os solventes das misturas foram evaporados originando sólidos amorfos incolores. Cada produto resultante da reação de metilação foi então acetilado em piridina (1 ml) e anidrido acético (1,5 ml). Após 24 horas à temperatura ambiente, o excesso deAc2O foi decomposto por adição de H2O (8 ml) e, a solução foi extraída com CHCl3 (3 x 5 ml). A fase clorofórmica foi lavada com água, sêca com Na2SO4 anidro e evaporada. Os resíduos foram submetidos à cromatografia em fase preparativa (sílica gel 60, F254, 0.50 mm; Merck) fornecendo os seguintes resultados: A-MeAc (40 mg) exibiu uma banda principal com Rf 0,65 (37 mg), B-MeAc (27 mg) mostrou três bandas com Rf 0,70 (3 mg), Rf 0,40 (4,5 mg) e Rf 0,20 (9 mg) e, D-MeAc (55 mg) duas bandas com Rf 0,35 (19 mg) e Rf 0,25 (17 mg). Todas as bandas foram obtidas por eluição com diclorometano e foram visualizadas através de lâmpada UV (254 nm) após prévia pulverização com solução de rhodamina 6G (Merck) em acetona.

Purificação dos produtos

A análise através de cromatografia gasosa (GC) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) revelou que a amostra com Rf 0,65 de A-MeAc, era constituída de três componentes. Uma alíquota (17 mg) foi submetida à cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) [coluna RP 18 Zorbax ODS (25 cm x 9.4 cm i.d., 7 mm); solvente: metanol – água, 8 : 2; fluxo: 5ml/min] em escala semi-preparativa permitindo coletar os dois componentes principais [1 (2,5 mg) e 2 (10,0 mg)]. A análise da amostra com Rf 0,20 de B-MeAc (9 mg) revelou a existência de três componentes. Através de CLAE utilizando as mesmas condições descritas acima, foi possível separar os três [3 (1,5 mg), 4 (4mg) e 5 (2 mg)]. A análise das amostras com Rf 0,25 (17,0 mg) e com Rf 0,35 (19,0 mg) de D-MeAc mostrou também que ambas tratavam-se de misturas. CLAE utilizando as mesmas condições anteriores, possibilitou a separação de 6 (5,5 mg) e 7 (2,5 mg), respectivamente.

Dados obtidos dos espectros de massa (EIMS) e IV classificados como principais

1: m/z 512 ([M]+), 452 (M-CH3CO2H), 392 (M-2CH3CO2H), 262, 203; nmax, cm-1 1728, 1658, 1464, 1368, 1241; 2: m/z 512 ([M]+), 452 (M-CH3CO2H), 392 (M-2CH3CO2H), 262, 203; nmax cm-1 1729, 1464, 1369, 1242; 3: m/z 570 ([M]+), 510 (M-CH3CO2H), 450 (M-2CH3CO2H), 262, 203; nmax cm-1 1731, 1460, 1372, 1244, 1201; 4: m/z 570 ([M]+), 510 (M-CH3CO2H), 450 (M-2CH3CO2H), 391, 262, 203; nmax cm-1 1741, 1460, 1372, 1247, 1039; 5: m/z 568 ([M]+), 508 (M-CH3CO2H), 449, 389, 247; nmax cm-1 1742, 1460, 1373, 1247, 1039; 6: m/z 528 ([M]+), 510 (M-H2O), 468 (M-CH3CO2H), 453, 260, 190, 179; nmax cm-1 3440, 1732, 1460, 1373, 1244, 1201, 1027; 7: m/z 568 ([M]+), 508 (M-CH3CO2H), 448 (M-2CH3CO2H), 433, 389, 247; nmax cm-1 1731, 1460, 1372, 1244, 1202, 1027.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Brasil, pelo auxílio financeiro, ao Laboratoire de Géochimie Organique, ULP, Estrasburgo, França, pelas facilidades nas separações cromatográficas e, ao Laboratoire de RMN et de Modelisation Moléculaire, ULP, Estrasburgo, França, pelos espectros de RMN.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Ago 2001
  • Data do Fascículo
    Ago 2001

Histórico

  • Aceito
    10 Out 2000
  • Recebido
    05 Jun 2000
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