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Aplicações da função de progresso da produção

ARTIGOS

Aplicações da função de progresso da produção

Dayr Américo dos Reis

Professor do Departamento de Administração da Produção e Operações Industriais (POI)

Em artigo anterior foram abordados o desenvolvimento histórico e aspectos teóricos da função de progresso da produção.1 1 Reis, D. A. dos. A função de progresso da produção: desenvolvimento e aspectos teóricos. RAE, Rio de Janeiro, FGV, ago. 1975.

O primeiro modelo de função de progresso surgiu na indústria aeronáutica americana (Wright-1936). A partir de então, outras indústrias começaram a utilizá-lo, mormente em virtude de subcontratos que mantinham com os principais fabricantes de aeronaves e material aeronáutico em geral.

Superada a fase de importação de conhecimento, essas indústrias desenvolveram modelos próprios, vindo a empregar o conceito de melhoria da produção segundo as características que lhes fossem peculiares.

No presente trabalho o autor pretende descrever e exemplificar algumas aplicações da função de progresso em planejamento e controle de recursos.

1. DESCRIÇÃO DO MODELO

Nesta seção serão descritas as seguintes aplicações da função de progresso da produção: a) determinação do custo de introdução de um produto novo ou de modificações a serem efetuadas em produtos já existentes; b) planeja mento e controle das necessidades de mão-de-obra, espaço, esforços de engenharia e administração, durante a fase de implementação de novos produtos ou de modificações em produtos anteriormente existentes.

11 Forma da função de progresso

Na presente exposição a função de progresso será da forma:

onde:

y : número de homens-hora despendido na produção da x-ésima unidade fabricada sem sofrer solução de continuidade.

x : número de unidades produzidas consecutivamente.

b : parâmetro que depende do tipo de atividade considerado, do seu grau de complexidade e de outros fatores.

a : número de homens-horas despendido na produção da primeira unidade.

1.2 Determinação do custo de introdução

O método tratado a seguir depende do conhecimento dos valores de xu (isto é, a unidade de produção em que teria início o platô na curva de progresso) e yu (isto é, o valor da mão-de-obra correspondente a xu), e do parâmetro b (a razão ou ritmo de progresso), valores esses determinados para as várias atividades que irão constituir o processo produtivo (fabricação de peças e componentes, submontagem, montagem final, etc.). Supõe-se aqui que a empresa interessada já disponha dos referidos dados ou que possa vir a obtê-los. A metodologia de pesquisa que conduz à estimação dos valores mencionados já foi exposta no artigo citado.2 2 Ibid. subseção 1.4.

Seja estimar o custo de introdução de um produto novo, recém-projetado e testado, (ou de modificações importantes a serem introduzidas em produtos que já vêm sendo fabricados). O significado deste custo será melhor compreendido adiante. Ás curvas de progresso para as diversas atividades podem ser obtidas conforme segue.

O setor especializado, em geral a engenharia de custos, elabora estimativas da mão-de-obra relativa a cada uma das atividades que integram o processo de produção do produto considerado. Para tal finalidade, empregam-se tabelas de tempos predeterminados. Tem-se, destarte, e para cada atividade, o valor da mão-de-obra (yu), referente àquela unidade de produção (xu) a partir da qual o número de homens-horas por unidade começa a nivelar-se.3 3 Ibid. subseção 1.4.

O próximo passo será determinar, em unidades de produção, quando a curva de progresso deverá nivelar-se. Para tanto, compara-se o produto estudado com produtos anteriormente (ou atualmente) fabricados, dos quais já se conheçam as razões de progresso.

Convém recordar que a determinação de xu baseia-se em três fatores, a saber: a) grau relativo de complexidade ou dificuldade das operações de produção; b) grau de semelhança do produto considerado, quando comparado com produtos anteriores ou atuais; c) produção mensal durante o mês em que teria início o platô na curva de progresso.

Da pesquisa já referida resultaram tabelas que fornecem o valor de xu atinente a um produto específico (máquinas de processamento de dados) e em função dos fatores mencionados.4 4 Ibid. subseção 1.4.

Uma vez estimado xu para cada uma das atividades em que se dividiu o processo produtivo, poder-se-á localizar o ponto (xu, yu), conforme se vê na figura 2.


A inclinação da reta de progresso (em papel log-log) é igual a (- b) e corresponde à tangente trigonométrica do ângulo Φ. Convém recordar que as "inclinações" percentuais de Wright e as tangentes trigonométricas estão relacionadas pela equação a seguir:

Daí, será possível calcular os ângulos Φ para cada uma das atividades de produção, mediante a fórmula seguinte:

As "inclinações" seriam fornecidas pela pesquisa, segundo as diversas atividades consideradas, conforme já se viu em artigo anterior.

Conhecidos um ponto (xu, yu) e o ângulo Φ, a reta de progresso poderá ser traçada, determinando-se assim o valor do parâmetro a.

Conhecidos a e b para cada uma das atividades de produção, poder-se-á levantar as curvas de progresso respectivas, em papel de gráfico aritmético.

1.3 Significado e cálculo do custo de introdução

É fácil agora calcular o custo associado à função de progresso da produção - CFPP - para o programa considerado. O leitor fará bem em voltar ao artigo atrás mencionado e rever as definições ali apresentadas.5 5 Ibid. subseção 1.4. A área hachurada (figura 5) representa o número de homenshoras associados à função de progresso - HFPP - que excedem a mão-de-obra estimada (xu, yu) e que decorrem da introdução de novas operações no sistema de produção.


O custo CFPP poderia ter sido denominado "custo de aprendizagem" ou "custo de progresso", designações talvez mais sugestivas do que "custo de introdução"

A área já descrita será obtida conforme segue:

Subtraindo-se da área total compreendida abaixo da curva de progresso, dada pela expressão (4), a área retangular (xu, yu), que representa a mão-de-obra estimada para a produção acumulada até a unidade xu, como se não houvesse o fenômeno de progresso da produção, ter-se-á a expressão da mão-de-obra associada à função de progresso:

Tendo em vista que a = yu x, vem:

O fator entre colchetes em (6) pode ser tabelado e será representado por E. A notação deixa claro que tal fator depende de xu e do ritmo de progresso b. Tem-se então, sinteticamente:

Exemplo: Seja calcular o número de homens-hora associado à função de progresso da produção para uma dada categoria de atividade (montagem elétrica). Sejam ainda: xu = 2.000 unidades, yu = 3,0 h/horas para a xu-ésima unidade. A "inclinação" de Wright para esse tipo de atividade e produto específicos é igual a 90%. O valor de E será calculado segundo a expressão do fator em (6) ou simplesmente tudo em tabelas especiais.

Daí:

HFPP = 0,1784 x 2 000 x 3,0 = 1 070

Repetindo-se tal procedimento para cada atividade, calcular-se-á a mão-de-obra total associada à função de progresso, referente a um programa completo.

Os custos correspondentes serão obtidos através da multiplicação do número de horas-homens previsto por categoria de atividade pelas respectivas taxas horárias de remuneração da mão-de-obra direta e de overhead. O custo total de introdução do produto novo (ou de modificações de produtos já existentes) será dado pela soma dos custos destarte calculados para as várias atividades consideradas.

A curva total de progresso do produto completo será levantada agregando-se as curvas individuais referentes às operações integrantes do progresso produtivo.6 6 A curva composta não é da mesma forma algébrica que as curvas individuais, exceto em situações particulares.

Todas as etapas de cálculo mencionadas poderiam ser vantajosamente executadas com auxílio de um programa especial de processamento de dados, escrito, por exemplo, em linguagem FORTRAN, e cuja feitura não apresentaria problemas a um analista treinado.

1.4 Procedimento de cálculo manual

No caso em que não se disponha de equipamentos de cálculo mais sofisticados, ou de tabelas para os valores de E, a fórmula (6), onde o limite inferior de integração foi tomado de modo a melhorar a precisão, apresenta complexidades de resolução. Sugerimos a seguinte aproximação, sempre que xu seja um valor vizinho das primeiras unidades.7 7 Reis, D. A. dos. Extensão da função de progresso da produção a algumas indústrias brasileiras. Tese de mestrado, EAESP/FGV, São Paulo, out. 1973.

A mão-de-obra despendida na produção das xu primeiras unidades poderá ser expressa por:

,

ou de acordo com (1)

A mão-de-obra que teria sido despendida na produção das xu primeiras unidades, caso não houvesse o fenômeno de progresso, pode ser assim escrita:

Subtraindo-se (9) de (8), obtém-se aquela mão-de-obra "a mais" para se chegar a produzir as xu primeiras unidades da série:

que é a fórmula proposta pelo autor.

No exemplo numérico já relatado, o cálculo pela fórmula (6) ou (7) fornece: HFPP = 1 070 h/horas. A fórmula (10) dá:

HFPP =

x 2 000 x 3,0 = 1 075 (h/horas),

portanto, com boa aproximação.

1.5 Planejamento e controle de recursos

Anteriormente mencionou-se que a função de progresso também poderia ser utilizada para planejar e controlar as necessidades de mão-de-obra e espaço, assim como os esforços de engenharia e supervisão, pertinentes a um dado programa de produção. O aprazamento e o controle destes recursos poderão ser efetuados segundo o procedimento a seguir descrito.

Divide-se a área situada abaixo da curva de progresso (figura 6) de acordo com a produção prevista para períodos predeterminados (dias, semanas ou meses). A área individual, correspondente a cada período de produção, pode ser estimada, com facilidade, por métodos aproximados, analíticos ou gráficos. Tal área mede a mão-deobra direta requerida durante cada período considerado.


Conhecendo-se a mão-de-obra necessária por período de produção, estimar-se-á o número de pessoas que lhe corresponde. Quando for preciso qualquer treinamento prévio, este será realizado antes de se transferir definitivamente o operador para a área de trabalho. Sabendo-se o, número de pessoas necessárias em cada período e, ademais, conhecendo-se o coeficiente "espaço por pessoa" relativo à atividade considerada, poder-se-á calcular as necessidades de espaço, antes do início da produção, evitando-se desse modo quaisquer modificações dispendiosas no decorrer daquela.

Uma vez determinados os custos associados à função de progresso da produção para as diversas atividades envolvidas, o setor de custos disporá de uma base de comparação em relação aos custos realmente gravados. Se os custos daquelas atividades forem superiores ao esperado, a administração será avisada, desencadeando-se, destarte, as medidas corretivas adequadas. Maior esforço de engenharia e/ou de supervisão poderão ser as medidas cabíveis (reprojeto de ferramenta ou gabaritos, ou supervisão mais cerrada em certas horas da jornada de trabalho).

A bem da precisão, a função de progresso só deverá ser aplicada às operações e aos produtos para os quais já existam os resultados de pesquisa requeridos. Outrossim, faz-se imprescindível uma verificação estatística dos programas, tendo em vista determinar se as mudanças ou modificações de produtos, p surgimento de novos métodos e outros fatores, terão tido influência sobre as inclinações b e os valores de (xu yu) para as várias atividades consideradas, ou se haverá necessidade de estabelecer novas categorias de atividades, ou ainda de modificar aquelas já existentes. Destarte, poder-se-á assegurar que os dados mais recentes também estarão sendo utilizados na tarefa de planejamento.

1.6 Estudos preliminares

Sempre que não disponha dos valores de b, determinados segundo a metodologia de pesquisa já referida em artigo anterior, a empresa poderá valer-se de resultados obtidos em pesquisas conduzidas por outras empresas. Recomenda-se tal procedimento somente quando se tratar de estimativas preliminares, de caráter grosseiro. A tabela 1 reúne alguns valores da "inclinação" de Wright segundo a proporção entre o trabalho manual e o de máquina, envolvidos no processo de produção do produto considerado.

A tabela 2 apresenta diversos valores da "inclinação" de Wright e os correspondentes valores de b.

A tabela 3 permite determinar o ângulo Φ conhecido o valor da "inclinação" de Wright e vice-versa.

2. EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Uma empresa deverá optar entre a manufatura de dois produtos, P1 e P2. O processo de produção de P1 é constituído pelas seguintes atividades ou operações: 1. fabricação de peças e componentes; 2. montagem mecânica; 3. teste e controle de qualidade final. O processo de produção de Pt é mais elaborado, sendo integrado pelas seguintes atividades: 1. fabricação de peças e componentes; 2. submontagem; 3. montagem mecânica; 4. montagem elétrica; 5. teste e controle de qualidade final.

Sendo decisivo o custo associado à função de progresso da produção (CFPP), calculá-lo para ambos os produtos, supondo-se conhecidas as informações constantes das tabelas 4, 5 e 6, a seguir.

Na tabela 4, Tu é o período de tempo previsto, desde o início do processo, com a produção da primeira unidade da série, até a unidade xu, a partir da qual a curva começaria a nivelar-se.8 8 A rigor, a curva de progresso, representada por y = ax -b, é assintótica a zero, não existindo propriamente um começo de nivelamento (nem um fim). Para efeitos práticos, toma-se como início do nivelamento aquele ponto a partir do qual a redução da mãode-obra por unidade desde o início até o fim do subperíodo (no caso, um mês) é de 2 a 3%, podendo assim ser considerada desprezível. O valor r (em unidades monetárias) corresponde à taxa de remuneração e overhead por homem-hora, para cada atividade tratada.

Os programas de produção que atenderiam às demandas estimadas de P1 e P2 aparecem na tabela 5.

A tabela 6 fornece a mão-de-obra final (yu), estimada através do estudo de tempos (tempos predeterminados), para cada uma das atividades e produtos mencionados.

Ainda considerando-se o mesmo problema, deseja-se determinar para o produto 2 a atividade de montagem mecânica: a mão-de-obra, o número de montadores e a área de montagem requeridos mês a mês, durante o ano 1. Para efeito de cálculo, admitiremos que um montador trabalha 198 horas por mês (um turno) e que o coeficiente de área de montagem mecânica por montador seja igual a 6 m2 por pessoa.

Solução

1. Determinação de xu

Considerando-se o programa de produção proposto, devemos determinar a unidade (xu) para a qual yu seria atingido, tendo em vista os valores dos períodos de "aprendizagem" ou progresso (Tu). Por exemplo, no caso da atividade "fabricação de peças e componentes", o período de progresso é: Tu = 12 meses (ver tabela 4). No cronograma de produção de P1(ver tabela 5), o valor yu = 400 homens-horas/unidade (tabela 6) somente seria atingido após 12 meses de produção, isto é, após fabricadas 1.200 unidades do produtoP1. Daí, tem-se: xu = 1.200. Analogamente, no cronograma de produção de P1, os 300 homens-horas/unidade só seriam conseguidos após 12 meses de produção, isto é, após fabricadas também 1.200 unidades. Portanto, xu = 1.200.

Mediante raciocínio semelhante, sempre consultando a coluna Tu (tabela 4) e o cronograma de produção (tabela 5), teríamos os seguintes valores de xu que colocamos, juntamente com os y que lhes correspondem, em uma única tabela (a de número 7), para maior facilidade de visualização.

2. Determinação da mão-de-obra adicional (HFPP) e do custo de progresso (CFPP)

Já dispomos dos valores de xu, yu e b, correspondentes às diversas atividades e produtos considerados. O procedimento de cálculo a seguir (tabela 8) baseia-se naquele descrito anteriormente (subseção sobre a determinação do custo de introdução, parágrafo correspondente ao procedimento de cálculo manual).

A coluna (6) é obtida multiplicando-se as colunas (3), (4) e (5), de acordo com a fórmula (10). A coluna (8) resulta da multiplicação das colunas (6) e (7), onde r já foi dado na tabela 4.

Os totais extraídos na coluna (8) revelam que o custo de introdução de P1é superior ao de P2.

É interessante comparar os custos de P1 e P2, baseados tão-somente na mão-de-obra final (xu yu), isto e, como se não ocorresse o fenômeno de progresso da produção.

Tabela 7

A tabela 9 ilustra esta conjectura. Observa-se ali que a mão-de-obra final (xu yu) para P1 é inferior àquela despendida com P2(totais na coluna 5). A avaliação empfégando-se as taxas r (coluna 7) não altera, por enquanto, a conclusão de que P2 é menos interessante do que P1, também sob o ponto de vista do custo da mão-de-obra final.

A tabela 10 fornece a mão-de-obra total durante o período de implementação, calculada conforme a fórmula (8), e o custo total correspondente. O leitor deve notar que a situação agora se inverte, passando o produto P2 a ser o mais interessante, do ponto de vista da mão-de-obra total despendida no decorrer do período de progresso da produção e do custo total relativo a essa mão-de-obra. É que a mão-de-obra total e o custo total incluem, agora, também a parcela atribuível ao fenômeno de progresso da produção, neste caso decisiva.

3. Planejamento de mão-de-obra e espaço requeridos pela montagem mecânica de P2 no ano 1

Para se determinar a mão-de-obra total mês a mês, utiliza-se a fórmula (4) ou tabelas apropriadas. O objetivo é calcular as áreas situadas abaixo da curva de progresso, correspondentes às quantidades de produção mensais. O apêndice 3 apêndice 3 exemplifica o procedimento de cálculo via fórmula. Os resultados aparecem na tabela 11, coluna 5.

Para se obter o número de montadores, mês a mês, divide-se a coluna 5 por 198 e arredonda-se para o número inteiro mais próximo (coluna 6).

Finalmente, multiplicando-se a coluna 6 por 6, teremos a área mensal necessária à montagem mecânica de P2 durante o ano 1.

A apuração da mão-de-obra realmente despendida mês, a mês fecharia o ciclo, permitindo desse modo o planejamento e controle integrados desse recurso produtivo.

Finalmente, cabe ressaltar que o confronto entre os insumos reais e planejados possibilita corrigir os coeficientes e parâmetros a serem usados no próximo período de planejamento (coeficientes de espaço ocupado por pessoa em determinada atividade, parâmetros a e b da curva de progresso e outros dados básicos).

3. CONCLUSÃO E SUMÁRIO

Neste artigo foram descritas e exemplificadas as seguintes aplicações da função de progresso da produção: a) determinação do custo de introdução de um produto novo ou de modificações a serem efetuadas em produtos já existentes; b) planejamento e controle de recursos produtivos tais como: mão-de-obra direta, espaço, esforços de engenharia e supervisão, durante a fase de implementação de novos produtos ou de modificações efetuadas em produtos já fabricados regularmente.

O custo de introdução de produtos novos pode ser estimado a priori desde que se conheçam: um ponto particular da reta de progresso de cada atividade que constitui o processo de produção do produto considerado e o ângulo formado pela reta de progresso com o ramo positivo do eixo dos x. O ponto particular escolhido (xu yu) é aquele a partir do qual a curva de progresso tende a nivelar-se. A metodologia de pesquisa que conduz à determinação dos valores de xu yu e da razão de progresso b já foi exposta em artigo anterior, conforme citado.

O custo de introdução do produto novo nada mais é do que a parcela de custo atribuível ao progresso da produção e pode ser obtido, para cada categoria de atividade, subtraindo-se a mão-de-obra que teria sido despendida na produção das xu primeiras unidades (caso não houvesse o fenômeno de melhoria da produtividade) da mão-de-obra total requerida pela produção daquelas unidades, e multiplicando-se esse resultado pela correspondente taxa de remuneração e de overhead. O custo de introdução do produto será dado pela soma dos custos individuais referentes a cada atividade considerada.

O planejamento e o controle da mão-de-obra, do espaço, dos esforços de engenharia e da supervisão podem ser efetuados com auxilio das curvas de progresso de cada atividade. Basta dividir a área abaixo da curva segundo o cronograma de produção proposto. Cada subárea será a medida da mão-de-obra a ser despendida na produção do lote mensal que lhe corresponde.

Conhecidos a mão-de-obra para cada lote programado, o número de horas que um operador trabalha em um mês e o coeficiente de área por pessoa, determinam-se facilmente o número de operadores e o espaço requeridos mês a mês.

A apuração da mão-de-obra mensal realmente despendida fecharia o ciclo, permitindo destarte o planejamento e controle integrados desse recurso produtivo e a tomada de decisões de caráter técnico e administrativo com vistas a corrigir, em tempo hábil, as discrepâncias surgidas.

BIBLIOGRAFIA

  • Reis, D. A. dos. Extensão da função de progresso da produção a algumas indústrias brasileiras. Dissertação de mestrado em administração, EAESP/FGV, out. 1973.
  • Reis, D. A. dos. A função de progresso da produção: desenvolvimento e aspectos teóricos. RAE, Rio de Janeiro, FGV.ago. 1975.
  • Schreiner, D. A. The manufacturing progress function, its application to operations at IBM-Endicott. Trabalho apresentado na XII Convenção Anual da ASQC, Boston, Mass. May 1958.
  • Schultz, A. Jr. & Conway, R W. The manufacturing progress function. The Journal of Industrial Engineering, v. 10, Jan./Feb. 1959.
  • Wright, T. P. Factors affecting the cost of airplanes. Journal of the Aeronautical Sciences, Inst. of the Aer. Sci., v. 3, n. 4, p. 122-8, Feb. 1936.

apêndice 3

  • 1
    Reis, D. A. dos. A função de progresso da produção: desenvolvimento e aspectos teóricos.
    RAE, Rio de Janeiro, FGV, ago. 1975.
  • 2
    Ibid. subseção 1.4.
  • 3
    Ibid. subseção 1.4.
  • 4
    Ibid. subseção 1.4.
  • 5
    Ibid. subseção 1.4.
  • 6
    A curva composta
    não é da mesma forma algébrica que as curvas individuais, exceto em situações particulares.
  • 7
    Reis, D. A. dos. Extensão da função de progresso da produção a algumas indústrias brasileiras. Tese de mestrado, EAESP/FGV, São Paulo, out. 1973.
  • 8
    A rigor, a curva de progresso, representada por
    y = ax -b, é assintótica a zero, não existindo propriamente um começo de nivelamento (nem um fim). Para efeitos práticos, toma-se como início do nivelamento aquele ponto a partir do qual a redução da mãode-obra por unidade desde o início até o fim do subperíodo (no caso, um mês) é de 2 a 3%, podendo assim ser considerada desprezível.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Ago 2013
    • Data do Fascículo
      Abr 1976
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