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Diretrizes para o manejo da via aérea difícil

MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS

Diretrizes para o manejo da via aérea difícil

Luiz Francisco Poli de Figueiredo; David Ferez

A via aérea difícil é definida como a situação clínica na qual o médico tem dificuldade de ventilar com máscara, dificuldade com intubação orotraqueal ou ambos. É uma interação complexa entre fatores do paciente, o quadro clínico e a habilidade e experiência do médico. Todo o médico deve estar treinado a lidar com esta situação que está associada com risco imediato de vida ou seqüela neurológica permanente. A força-tarefa da Sociedade Americana de Anestesiologistas apresenta as diretrizes atualizadas quanto à avaliação da via aérea (história, exame físico), preparação básica para o manejo da via aérea, estratégia ou algoritmo para intubação e extubação na via aérea difícil e cuidados no acompanhamento do paciente.

As definições sugeridas incluem a dificuldade de ventilação com máscara, dificuldade de laringoscopia, dificuldade e falha de intubação. A história deve reconhecer as associações entre via aérea difícil e uma variedade de doenças congênitas, adquiridas ou traumáticas, e com antecedentes e complicações ocorridas com acesso prévio a via aérea. Componentes do exame físico da via aérea incluem o comprimento dos dentes na arcada superior, a relação entre a arcada superior e inferior durante o fechamento mandibular normal, a relação entre a arcada superior e inferior durante a protusão voluntária mandibular, a distância interincisivos, a visibilidade da úvula, o formato do palato, a complacência do espaço mandibular, a distância tireomentoniana, o comprimento e a espessura do pescoço e a amplitude de movimentos da cabeça e pescoço. Quanto aos equipamentos que devem estar disponíveis em unidades portáteis, incluem lâminas de laringoscópio de diversos tamanhos e formas, tubos traqueais de diversos tamanhos, guias (estiletes flexíveis, estiletes luminosos, sonda trocadora de tubo), máscaras laríngeas (simples, de intubação e de aspiração) de diversos tamanhos, combitube, fibroscópio para intubação, ventilação a jato transtraqueal, detector de CO2 exalado e kits de cricotireoidostomia percutânea e cirúrgica. Quanto às técnicas para a intubação difícil, incluem laringoscópios alternativos, intubação acordado, intubação naso ou orotraqueal às cegas, intubação por fibroscopia ou por sonda trocadora, máscara laríngea para intubação, estilete luminoso, intubação retrógrada e acesso invasivo à via aérea. Entre as técnicas para ventilação difícil, incluem o combitube, a punção transtraqueal, a máscara laríngea, as vias aéreas naso e orofaríngeas, o broncoscópio rígido, o acesso invasivo, e ventilação com máscara realizada por duas pessoas. A força-tarefa recomenda ainda que uma estratégia para a extubação e para o seguimento de um portador de via aérea difícil seja rigorosamente conhecida e utilizada.

Comentário

A educação e o treinamento para situações de via aérea difícil devem ser obrigatórios a todos os profissionais de saúde. Somente o treinamento apropriado e o raciocínio ágil, frutos da educação continuada, podem salvar vidas nas raras, porém catastróficas, situações de via aérea difícil na prática clínica.

Referência

Practice guidelines for management of the difficult airway. An updated report by the American Society of Anesthesiologists Task Force on Management of the Difficult Airway. Anesthesiology 2003;98:1269-1277.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jul 2003
  • Data do Fascículo
    Jun 2003
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