Acessibilidade / Reportar erro

Contribuição do estudo dinâmico com contraste e da difusão em ressonância magnética no diagnóstico de linfonodos cervicais malignos

É inegável a importância do diagnóstico por imagem na identificação e caracterização dos linfonodos cervicais, sobretudo no estadiamento tumoral, influindo na decisão de iniciar terapia, ajustá-la ou descontinuá-la(11 Gage KL, Thomas K, Jeong D, et al. Multimodal imaging of head and neck squamous cell carcinoma. Cancer Control. 2017;24:172-9.). É conhecida também a limitação das imagens convencionais por ressonância magnética (RM) quanto à diferenciação entre envolvimento benigno e maligno, já que um linfonodo reativo pode estar aumentado da mesma maneira que um linfonodo metastático, e um linfonodo de tamanho normal pode ser maligno(22 Nooij RP, Hof JJ, van Laar PJ, et al. Functional MRI for treatment evaluation in patients with head and neck squamous cell carcinoma: a review of the literature from a radiologist perspective. Curr Radiol Rep. 2018;6:2.). Estuda-se, cada vez mais, a utilização de técnicas funcionais por RM para auxiliar nessa diferenciação.

As sequências de RM em difusão podem identificar a mudança na citoarquitetura e na densidade celular, permitindo, por meio dos valores de coeficiente de difusão aparente (ADC), a caracterização de linfonodos metastáticos de até 4-9 mm(33 Widmann G, Henninger B, Kremser C, et al. MRI sequences in head & neck radiology - State of the art. Rofo. 2017;189:413-22.), que seriam falso-negativos no critério de morfologia e tamanho(44 de Bondt RB, Hoeberigs MC, Nelemans PJ, et al. Diagnostic accuracy and additional value of diffusion-weighted imaging for discrimination of malignant cervical lymph nodes in head and neck squamous cell carcinoma. Neuroradiology. 2009;51:183-92.). Além disso, muitos estudos demonstram a importância na avaliação por difusão pós-tratamento, sugerindo que, após duas semanas, os valores de ADC já podem identificar o sucesso ou não da droga utilizada(55 King AD, Chow KK, Yu KH, et al. Head and neck squamous cell carcinoma: diagnostic performance of diffusion weighted MR imaging for the prediction of treatment response. Radiology. 2013;266:531-8.). As várias técnicas de estudo dinâmico após a injeção de meio de contraste permitem caracterizar a permeabilidade vascular e identificar a presença de neovascularização, sugestiva de linfonodos metastáticos(66 Abdel Razek AA, Gaballa G, Ashamalla G, et al. Dynamic susceptibility contrast perfusion-weighted magnetic resonance imaging and diffusion-weighted magnetic resonance imaging in differentiating recurrent head and neck cancer from postradiation changes. J Comput Assist Tomogr. 2015;39:849-54.). O estudo por espectroscopia demonstra a mudança na concentração de metabólitos que pode direcionar o diagnóstico(33 Widmann G, Henninger B, Kremser C, et al. MRI sequences in head & neck radiology - State of the art. Rofo. 2017;189:413-22.).

No número anterior da Radiologia Brasileira, Cintra et al.(77 Cintra MB, Ricz H, Mafee MF, et al. Magnetic resonance imaging: dynamic contrast enhancement and diffusion-weighted imaging to identify malignant cervical lymph nodes. Radiol Bras. 2018;51:71-5.) se aprofundaram na análise de 33 linfonodos cervicais, em estudo funcional por RM, com o objetivo de identificar sinais indicativos de malignidade ou benignidade. Os autores utilizaram a técnica de difusão por RM e uso dinâmico de contraste por RM com avaliação da perfusão/vascularidade para caracterizar os linfonodos e confrontar com os achados anatomopatológicos pós-cirúrgicos e de biópsia por aspiração com agulha fina.

Os resultados encontrados demonstraram que a difusão não apresentou diferenças estatisticamente significantes entre linfonodos benignos e malignos. O uso dinâmico de contraste apresentou resultados estatisticamente significantes para dois parâmetros: pico de realce e realce relativo, com menores valores do pico de realce e maiores valores de realce relativo para linfonodos malignos.

Os autores comentam alguns dados de literatura com resultados diferentes(88 Fischbein NJ, Noworolski SM, Henry RG, et al. Assessment of metastatic cervical adenopathy using dynamic contrast-enhanced MR imaging. AJNR Am J Neuroradiol. 2003;24:301-11.), fazendo uma análise crítica, ressaltando que o estudo funcional por RM tem potencial para diferenciar linfonodos malignos e benignos, devendo ser valorizado em associação com a análise das imagens convencionais, já que existem limitações aos estudos funcionais, como a presença de artefatos (respiração, deglutição, movimentos involuntários), as áreas de necrose (que devem ser reconhecidas e corretamente interpretadas) e a grande variação de parâmetros e valores de corte utilizados na literatura, dificultando a reprodutibilidade e comparação entre os estudos(99 Jansen JFA, Parra C, Lu Y, et al. Evaluation of head and neck tumors with functional MR imaging. Magn Reson Imaging Clin N Am. 2016;24:123-33.).

REFERENCES

  • 1
    Gage KL, Thomas K, Jeong D, et al. Multimodal imaging of head and neck squamous cell carcinoma. Cancer Control. 2017;24:172-9.
  • 2
    Nooij RP, Hof JJ, van Laar PJ, et al. Functional MRI for treatment evaluation in patients with head and neck squamous cell carcinoma: a review of the literature from a radiologist perspective. Curr Radiol Rep. 2018;6:2.
  • 3
    Widmann G, Henninger B, Kremser C, et al. MRI sequences in head & neck radiology - State of the art. Rofo. 2017;189:413-22.
  • 4
    de Bondt RB, Hoeberigs MC, Nelemans PJ, et al. Diagnostic accuracy and additional value of diffusion-weighted imaging for discrimination of malignant cervical lymph nodes in head and neck squamous cell carcinoma. Neuroradiology. 2009;51:183-92.
  • 5
    King AD, Chow KK, Yu KH, et al. Head and neck squamous cell carcinoma: diagnostic performance of diffusion weighted MR imaging for the prediction of treatment response. Radiology. 2013;266:531-8.
  • 6
    Abdel Razek AA, Gaballa G, Ashamalla G, et al. Dynamic susceptibility contrast perfusion-weighted magnetic resonance imaging and diffusion-weighted magnetic resonance imaging in differentiating recurrent head and neck cancer from postradiation changes. J Comput Assist Tomogr. 2015;39:849-54.
  • 7
    Cintra MB, Ricz H, Mafee MF, et al. Magnetic resonance imaging: dynamic contrast enhancement and diffusion-weighted imaging to identify malignant cervical lymph nodes. Radiol Bras. 2018;51:71-5.
  • 8
    Fischbein NJ, Noworolski SM, Henry RG, et al. Assessment of metastatic cervical adenopathy using dynamic contrast-enhanced MR imaging. AJNR Am J Neuroradiol. 2003;24:301-11.
  • 9
    Jansen JFA, Parra C, Lu Y, et al. Evaluation of head and neck tumors with functional MR imaging. Magn Reson Imaging Clin N Am. 2016;24:123-33.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2018
Publicação do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Av. Paulista, 37 - 7º andar - conjunto 71, 01311-902 - São Paulo - SP, Tel.: +55 11 3372-4541, Fax: 3285-1690, Fax: +55 11 3285-1690 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: radiologiabrasileira@cbr.org.br