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Efeito preemptivo da morfina por via venosa na analgesia pós-operatória e na resposta ao trauma cirúrgico

Efecto preemptivo de la morfina por vía venosa en la analgesia pós-operatoria y en la respuesta al trauma quirúrgico

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Embora os primeiros estudos sobre analgesia preemptiva tenham demonstrado que o bloqueio pré-operatório com anestésicos locais ou a medicação pré-anestésica com opióides sistêmicos eram mais eficazes no alívio da dor pós-operatória do que qualquer outro tratamento, o resultado de outros estudos comparando os efeitos do tratamento pré operatório ao mesmo tratamento iniciado após a cirurgia, produziram efeitos inconsistentes. As razões para essa falta de consistência não são claras. São poucos os estudos sobre a relação entre analgesia preemptiva e o consumo de analgésicos e a resposta ao trauma cirúrgico. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito preemptivo da morfina por via venosa preemptiva no consumo pós-operatório de analgésicos e na resposta ao trauma cirúrgico. MÉTODO: Participaram deste estudo 60 pacientes, estado físico ASA I ou II, com idades entre 20 e 60 anos, escalados para histerectomia abdominal total e salpingo-ooferectomia bilateral, que foram aleatoriamente distribuídos em três grupos de 20 pacientes. Grupo I (n=20) - 0,15 mg.kg-1 de morfina após a indução anestésica e soro fisiológico durante o fechamento do peritônio. Grupo II (n=20) - soro fisiológico após a indução e 0,15 mg.kg-1 de morfina durante o fechamento do peritônio. Grupo III (n=20) soro fisiológico durante a indução e o fechamento do peritônio. Foram medidos os níveis sangüíneos de cortisol e de glicose e feita a contagem de leucócitos nos períodos pré e pós-operatórios. RESULTADOS: O consumo total de morfina pós-operatória foi significativamente mais baixo no grupo I comparado ao grupo III (p < 0,001). Os níveis de cortisol aumentaram significativamente em todos os grupos 4 horas após a cirurgia, quando comparados aos valores pré-operatórios (p < 0,001). Os níveis de glicose plasmática também aumentaram significativamente em todos os grupos 30 minutos e 8 horas após a cirurgia (p < 0,01). Todos os grupos apresentaram leucocitose pós-operatória e a contagem de leucócitos foi significativamente mais alta no período pós-operatório do que no pré-operatório (p < 0,01). CONCLUSÕES: Morfina preemptiva por via venosa, na dose de 0,15 mg.kg-1 diminuiu o consumo total de morfina mas não conseguiu suprimir a resposta ao trauma cirúrgico.

ANALGESIA, Preemptiva, Pós-operatória; ANALGÉSICOS, Opióides


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