Acessibilidade / Reportar erro

Ressonância magnética intracoronária

IMAGEM & INTERVENÇÃO CARDIOVASCULAR

Ressonância magnética intracoronária

Eduardo Missel

Cardiovascular Research Foundation - Columbia Medical Center

Correspondência Correspondência: Eduardo Missel 55 East 59th Street, 6th floor New York, NY, USA 10022 E-mail: emissel@crf.org

As características histológicas básicas que caracterizam uma placa vulnerável são a presença de conteúdo necrótico, com alto teor lipídico, e a existência de uma capa fibrótica fina1. A tecnologia da ressonância magnética intracoronária (RMI) foi desenvolvida para fornecer informações in vivo referentes a estes parâmetros específicos, de maneira objetiva, determinando a fração lipídica do tecido analisado. A técnica de aquisição endovascular não sofre interferência dos artefatos de movimento cardíaco e respiratório, que limitam a análise das artérias coronárias pela ressonância magnética convencional.

O dispositivo intracoronário consiste de magnetos, uma espiral de radiofreqüência e componentes eletrônicos integrados na ponta de um cateter 5F (Figura 1). O conjunto dispõe, ainda, de um dispositivo rotacional manual e uma estação de processamento. A aquisição das imagens é realizada durante a oclusão do vaso (50seg) por um balão insuflado a 1,4 atm, proximal à ponta do cateter, e um total de 3 a 5 insuflações são realizadas para aquisição das imagens, sempre após a rotação do cateter. A sonda segue um movimento em espiral, resultado de rotações intermitentes do cateter ao longo do eixo longitudinal da lesão. A imagem é obtida inicialmente em 6 fragmentos (Figura 2).



Após a fase de aquisição das imagens, a estação de processamento gera um mapa codificado em cores, representando o coeficiente de difusão do tecido analisado. A representação gráfica é feita em dois planos, de acordo com a distância da sonda emissora do campo magnético e a diferenciação do tecido é realizada por uma escala de cores: amarelo, indicando alta fração lipídica e um provável conteúdo necrótico e azul, evidenciando baixa fração lipídica e, portanto, conteúdo fibroso2.

A banda interna do mapa colorido é referente à porção superficial da placa (primeiros 100 mícrons) e serve para analisar a presença ou não de capa fibrótica espessa. A banda externa (100-250 mícrons) analisa estruturas mais profundas, mostrando se há conteúdo necrótico ou fibroso na placa (Figura 2). Desta forma, um mapa de RMI, apresentando um quadrante com a cor amarela, tanto na banda interna quanto externa, indica um provável fibroateroma com capa fibrótica fina (FACF), com alto grau de vulnerabilidade (Figuras 3 e 4).



O método foi validado por Schneiderman et al.3, em um modelo de 34 fragmentos aórticos e coronarianos ex vivo, reportando alta sensibilidade e especificidade (100% e 89%, respectivamente). O primeiro estudo em seres humanos demonstrou a segurança do dispositivo em 22 pacientes, sem nenhuma ocorrência de eventos cardíacos maiores4. Atualmente, está sendo conduzido nos EUA um estudo com maior amostragem, também com desfecho primário de segurança, tendo o Columbia Medical Center como um dos centros recrutadores. Dentre as limitações do método, citamos a necessidade de uma correlação entre o diâmetro arterial e o espiral do cateter, para aquisição de informações acuradas e a impossibilidade de se realizar medidas coronárias quantitativas. Apesar do grande potencial da RMI como um novo dispositivo para detecção da placa vulnerável, é importante ressaltar que ainda possui caráter investigacional, sendo aguardadas novas evidências sobre benefício clínico e relação de custo-efetividade.

  • 1. Virmani R, Kolodgie FD, Burke AP, Farb A, Schwartz SM. Lessons from sudden coronary death: a comprehensive morphological classification scheme for atherosclerotic lesions. Arterioscler Thromb Vasc Biol 2000;20:1262-75.
  • 2. Blank A, Alexandrowicz G, Muchnik L, Tidhar G, Schneiderman J, Virmani R, et al. Miniature self-contained intravascular magnetic resonance (IVMI) probe for clinical applications. Magn Reson Med 2005;54:105-12.
  • 3. Schneiderman J, Wilensky RL, Weiss A, Samouha E, Muchnik L, Chen-Zion M, et al. Diagnosis of thin-cap fibroatheromas by a self-contained intravascular magnetic resonance imaging probe in ex vivo human aortas and in situ coronary arteries. J Am Coll Cardiol 2005;45:1961-9.
  • 4. Regar E, Henen B, Grube E, Halon D, Wilenski RL, Virmani R, et al. First in man application of a miniature self-contained intracoronary magnetic resonance probe. A Multi-centre safety and feasibility trial. EuroInterv 2006;2:77-83.
  • Correspondência:

    Eduardo Missel
    55 East 59th Street, 6th floor
    New York, NY, USA 10022
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      17 Ago 2012
    • Data do Fascículo
      Mar 2007
    Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista - SBHCI R. Beira Rio, 45, 7o andar - Cj 71, 04548-050 São Paulo – SP, Tel. (55 11) 3849-5034, Fax (55 11) 4081-8727 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: sbhci@sbhci.org.br