Acessibilidade / Reportar erro

RELIGIOSIDADE DA JUVENTUDE PORTUGUESA : Evolução recente e comparação com o restante da população

RELIGIOSITY OF PORTUGUESE YOUTH: RECENT EVOLUTION AND COMPARISON WITH POPULATION AGED 29 OR OLDER

RELIGIOSITÉ DANS LA JEUNESSE PORTUGAISE : ÉVOLUTION RÉCENTE ET COMPARAISON AVEC LA POPULATION AGÉE DE PLUS DE 29 ANS

Resumos

Este artigo, baseado no European Values Study, European Social Survey e International Social Survey Programme, discute a evolução da religiosidade juvenil portuguesa no período 1990-2016, comparando com o restante da população, assente em quatro dimensões: comunidade, crença, prática e norma. As dimensões “comunidade”, “prática” e “norma” decrescem, embora a “prática” possa estar estabilizada. A dimensão “crença”, cristã e não cristã, cresce ou mantém-se. As dimensões “comunidade”, “prática” e “norma” são menores nos jovens, enquanto a dimensão “crença”, cristã e não cristã, é maior ou igual nos jovens. O artigo contribui para analisar a religiosidade juvenil em Portugal de forma mais exaustiva do que se encontra atualmente feito.

Religiosidade; Juventude; Portugal; Evolução; Comparação


This paper, based on the European Values Study, European Social Survey and International Social Survey Programme, discusses the evolution of Portuguese youth religiosity in the period between 1990 and 2016, comparing it with the population aged 29 or older, based on four topics: community, belief, practice and norm. The topics “community”, “practice”, and “norm” decrease, although “practice” may be stabilized. The topic “belief”, Christian and non-Christian, increases or keeps the same value. The topics “community”, “practice” and “norm” are less representative in young people, while the topic “belief”, Christian or non-Christian, is more or equally representative in young people. The paper contributes in the analysis of the youth religiosity in Portugal in a more comprehensive way than it is currently done.

Religiosity; Youth; Portugal; Evolution; Comparison


Cet article, basé sur l’European Values Study, l’European Social Survey et l’International Social Survey Programme, traite de l’évolution de la religiosité juvénile portugaise au cours de la période 1990-2016, par rapport à la population de plus de 29 ans, sur la base de quatre dimensions: Communauté, croyance, pratique et norme. Les dimensions «communauté», «pratique» et «norme» diminuent, bien que la «pratique» puisse être stabilisée. La dimension «croyance», chrétienne et non-chrétienne, augmente ou se maintient. Les dimensions «communauté», «pratique» et «norme» sont moins importantes chez les jeunes, tandis que la dimension «croyance», chrétienne et non-chrétienne, est plus grande ou égale chez les jeunes. L’article contribue à analyser la religiosité juvénile au Portugal de manière plus exhaustive qu’actuellement.

Religiosité; Jeunesse; Portugal; Évolution; Comparaison


Introdução

A quantidade de estudos sobre religião e juventude na sociologia portuguesa tem sido escassa, não havendo até agora estudos exclusivos sobre o tema em sua totalidade.1 1 Estudos parcelares a esse respeito encontram-se em Mesquita (2018), Coutinho (2011) e Duque (2007). Porém, a religiosidade juvenil de Portugal, em conjunto com outros países, tem sido analisada em estudos nacionais e internacionais. Nos anos 1990, realizaram-se dois estudos organizados pelo Observatório Permanente da Juventude (OPJ), que abordaram a religião entre outros aspectos: Pais (1998a)PAIS, José M. (coord.) (1998a), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea. Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude. e Cabral e Pais (1998)CABRAL, Manuel V. & PAIS, José M. (coord.) (1998), Jovens portugueses de hoje. Oeiras, Celta.. O primeiro estudo (dados de 1995) comparou as gerações da população portuguesa: Pires e Antunes (1998)PIRES, Maria L. & ANTUNES, Marinho. (1998), “Vida religiosa”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude. exploraram a pertença, as crenças (cristãs e não cristãs) e as práticas, enquanto Ferreira (1998)FERREIRA, Paulo A. (1998), “Atitudes perante a vida, moralidades e éticas de vida”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude., Pais (1998c)PAIS, José M. (1998c), “Vida amorosa e sexual”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude. e Vasconcelos (1998b)VASCONCELOS, Pedro. (1998b), “Vida familiar”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude. analisaram as atitudes (vida e/ou sexualidade). O segundo estudo (dados de 1996-1997) examinou apenas os jovens: Nunes (1998)NUNES, João S. (1998), “Perfis sociais juvenis”, in M. V. Cabral e J. M. Pais (coords.), Jovens portugueses de hoje, Oeiras, Celta. estudou a pertença e a prática dominical, Vasconcelos (1998a)VASCONCELOS, Pedro. (1998a), “Práticas e discursos da conjugalidade e de sexualidade dos jovens portugueses”, in M. V. Cabral e J. M. Pais (coords.), Jovens portugueses de hoje, Oeiras, Celta. explorou atitudes (sexualidade).

Nos anos 1990 e 2000, efetuaram-se dois tipos de estudos assentes em inquéritos internacionais (European Social Survey [ESS], European Values Study [EVS] e International Social Survey Programme [ISSP]).

No primeiro tipo (estudos nacionais, transversais, sobre religião ou valores), surge França (1993b)FRANÇA, Luís. (coord.) (1993b), Portugal, valores europeus, identidade cultural. Lisboa, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento. como estudo pioneiro baseado em pesquisas internacionais – o EVS 1990 –, que analisou práticas (frequência de serviços religiosos e oração) (França, 1993aFRANÇA, Luís. (1993a), “Ética e sentido da vida’, in L. França (coord.), Portugal, valores europeus, identidade cultural, Lisboa, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento.), bem como atitudes em relação a muitos aspectos da família e do aborto (Almeida e Guerreiro, 1993ALMEIDA, Ana & GUERREIRO, Maria D. (1993), “A família”, in L. França (coord.), Portugal, valores europeus, identidade cultural, Lisboa, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento.). O estudo baseado no ISSP 1998 (Pais, Cabral e Vala, 2001PAIS, José M.; CABRAL, Manuel V. & VALA, Jorge. (orgs.) (2001), Religião e bioética. Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.) marcou a sociologia da religião, já que foi quase inteiramente sobre esse domínio: Cabral (2001)CABRAL, Manuel V. (2001), “Prática religiosa e atitudes sociais dos portugueses numa perspectiva comparada”, in J. M. Pais, M. V. Cabral e J. Vala (orgs.), Religião e bioética, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais. examinou a prática (frequência de serviços religiosos), enquanto Vilaça (2001)VILAÇA, Helena. (2001), “Identidades, práticas e crenças religiosas”, in J. M. Pais, M. V. Cabral e J. Vala (orgs.), Religião e bioética, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais. analisou a pertença, práticas e crenças. Fernandes (2003)FERNANDES, António T. (2003), “Valores e atitudes religiosas”, in J. Vala, M. V. Cabral e A. Ramos (orgs.), Valores sociais: mudanças e contrastes em Portugal e na Europa, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais. e Menéndez (2007)MENÉNDEZ, Millán A. (2007), “Religiosidade e valores em Portugal: comparação com a Espanha e a Europa católica”. Análise Social, XLII (184): 757-787., ambos com base no EVS 1999 (e ESS 2002 para o último), analisaram a pertença, crenças (cristãs e/ou não cristãs) e práticas.

No segundo tipo (estudos internacionais, sincrônicos ou de juventude, sobre religião em países europeus, incluindo Portugal) surge Campiche (1997)CAMPICHE, Roland J. (dir.) (1997), Cultures jeunes et religions en Europe. Paris, Cerf., no qual se inserem Campiche et al. (1997a)CAMPICHE, Roland J. et al. (1997a), “Identité religieuse des jeunes en Europe: état des lieux”, in R. J. Campiche (dir.), Cultures jeunes et religions en Europe, Paris, Cerf. e Lambert et al. (1997)LAMBERT, Yves et al. (1997) “Les croyances des jeunes européens”, in R. J. Campiche (dir.), Cultures jeunes et religions en Europe, Paris, Cerf., baseados no EVS 1981 e/ou 1990, que analisaram pertença, crenças (cristãs e/ou não cristãs), práticas e atitudes (incluindo vida e sexualidade) para os jovens. Mais tarde, Lambert (2004aLAMBERT, Yves. (2004a), “A turning point in religious evolution in Europe”. Journal of Contemporary Religion, 19 (1): 29-45., 2004bLAMBERT, Yves. (2004b), “Des changements dans l’évolution religieuse de l’Europe et de la Russie”. Revue Française de Sociologie, 45 (2): 307-338.), assente no EVS (1981, 1990, 1999), estudou a evolução da pertença, crenças (cristãs e não cristãs), práticas e atitudes (incluindo vida e sexualidade) também para os jovens. Bréchon (2004)BRÉCHON, Pierre. (2004), “L’héritage chrétien de l’Europe Occidentale: qu’en ont fait les nouvelles générations?”. Social Compass, 51 (2): 203-219., com base no EVS 1999, comparou os jovens com as gerações mais velhas em termos de pertença, crenças (cristãs e não cristãs), práticas e atitudes (incluindo vida).

Mais recentemente, destacam-se alguns estudos. Dois deles assentes no EVS (1990, 2008): Coutinho (2013)COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32., que estudou crenças, práticas e atitudes (vida e sexualidade) da juventude portuguesa (15-24 anos) em comparação com dois países europeus; e Duque (2014)DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., que analisou a população portuguesa (dividindo-a em três faixas etárias, incluindo 18-29 anos) e oito países católicos europeus em termos de pertença, crenças (cristãs e não cristãs), práticas e atitudes (incluindo vida e sexualidade). Teixeira (2013)TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205., com base no inquérito nacional da Igreja Católica de 2011 (Teixeira, 2012TEIXEIRA, Alfredo. (org.) (2012), Identidades religiosas em Portugal: representações, valores e práticas – 2011. Resumo do relatório apresentado na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, Fátima.), analisou pertença e prática, nomeadamente para os jovens (15-24 anos). Esse inquérito ampliou bastante os outros da Igreja Católica (o de 1977: Silva, 1979SILVA, Augusto. (1979), “Prática religiosa dos católicos portugueses”. Economia e Sociologia, 25/26: 61-198.; França, 1981FRANÇA, Luís. (1981), Comportamento religioso da população portuguesa. Lisboa, Moraes Editores/Instituto de Estudos para o Desenvolvimento.; e o de 1991 e 2001: Antunes, 2001ANTUNES, Manuel L. M. (2001), Resultados preliminares do recenseamento da prática dominical de 2001, em comparação com os resultados dos RPDs de 1977 e 1991, em Portugal. Lisboa, Centro de Estudos Sociais e Pastorais da Universidade Católica Portuguesa (documento policopiado).), nos quais se estudara somente a prática dominical e a comunhão, nomeadamente para os jovens.

Nos primeiros estudos nacionais de 1990 e 2000, os resultados, para além de desatualizados, não comparam anos diferentes. Somente os estudos de Lambert (2004aLAMBERT, Yves. (2004a), “A turning point in religious evolution in Europe”. Journal of Contemporary Religion, 19 (1): 29-45., 2004bLAMBERT, Yves. (2004b), “Des changements dans l’évolution religieuse de l’Europe et de la Russie”. Revue Française de Sociologie, 45 (2): 307-338.) fazem essa comparação, embora tendo 1999 como último ano. Tanto Coutinho (2013)COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32. como Duque (2014)DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus. compararam indicadores de religiosidade com base no EVS para os anos 1990 e 2008. Contudo, esses estudos apresentam algumas lacunas, nomeadamente o uso exclusivo do EVS. Coutinho (2013)COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32. só estudou a juventude, não a comparando com a restante população, e não explorou a dimensão organizacional. Duque (2014)DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., apesar de criar índices de crenças, de religiosidade, de religiosidade pública e privada, de analisar o seu peso e a sua evolução no período para as três faixas etárias, não analisa separada e detalhadamente cada dimensão religiosa para os jovens, em comparação com a restante população, e para o período simultaneamente. Além desses dois estudos, Teixeira (2012TEIXEIRA, Alfredo. (org.) (2012), Identidades religiosas em Portugal: representações, valores e práticas – 2011. Resumo do relatório apresentado na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, Fátima., 2013TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205.) apresenta dados mais recentes (de 2011) sobre religiosidade, também juvenil, embora só aborde a posição religiosa e a identificação (prática) religiosa.

Desse modo, há espaço para estudar a religiosidade juvenil portuguesa, de forma mais exaustiva, diacrônica e sincrônica, baseada não apenas no EVS, mas também no ESS e no ISSP, para tornar a análise mais consistente. Assim, analisarei diversas dimensões religiosas, propondo-me responder a algumas perguntas. Quais as tendências de pertencer, acreditar, praticar e seguir as normas católicas nos jovens? Quais as tendências de bricolagem nos jovens? Quais as diferenças entre os jovens e o resto da população?

Juventude, individualização e socialização

As questões acima referidas conduzem a duas análises distintas: diacrônica e sincrônica. Na primeira, analisa-se o mesmo grupo etário (jovens) em diferentes períodos de tempo. Na segunda, analisam-se dois grupos etários distintos (jovens e resto da população) no mesmo período de tempo. Na análise sincrônica, pretende-se entender as diferenças dos jovens em relação ao resto da população. Na análise diacrônica, pretende-se entender as alterações geracionais e socioculturais para explicar as diferenças nos dois períodos de tempo. Para Voas (2010VOAS, David. (2010), “Explaining change over time in religious involvement”, in S. Collins-Mayo and P. Dandelion (eds.), Religion and youth, Farnham, Ashgate., pp. 28-31), as diferenças geracionais no envolvimento religioso devem-se, sobretudo, a três mudanças essenciais (nos valores dos pais e dos jovens e no contexto), as quais se resumem ao processo de individualização, decorrente de mudanças socioculturais (por exemplo, rendimento, educação, família), e a mudanças na socialização. Assim, a juventude, a individualização e a socialização serão analisadas brevemente em seguida.

A juventude deste estudo enquadra-se em duas gerações distintas, denominadas geração X e geração Y. Segundo Possamai (2014POSSAMAI, Adam. (2014), Sociology of religion for generations X and Y. New York, Routledge., p. 2), à geração X pertencem as pessoas nascidas entre 1965 e 1980, e à geração Y, as pessoas nascidas entre 1981 e 2000, apesar do desacordo nos limites etários de cada geração. À geração X pertencem aos inquéritos EVS 1990 (nascidos entre 1961e 1972), ISSP 1998 (nascidos entre 1969 e 1980) e ESS 2002 (nascidos entre 1973 e 1984), enquanto à geração Y pertencem aos inquéritos EVS/ISSP 2008 (nascidos entre 1979 e 1990) e ESS 2016 (nascidos entre 1987 e 1998). Serão as gerações diferentes? Uns defendem a diferença entre as duas gerações, como Huntley (2006HUNTLEY, Rebecca. (2006), The world according to Y: inside the new adult generation. Crows Nest (Sydney, Australia), Allen & Unwin., pp. 5-11), outros a sua semelhança, como Flory e Miller (2010FLORY, Richard & MILLER, Donald E. (2010), “The expressive communalism of post-boomer religion in the USA”, in S. Collins-Mayo and P. Dandelion (eds.), Religion and youth, Farnham, Ashgate., pp. 10-11). Por um lado, enquanto a geração X se apresenta mais céptica, pessimista e abandonada, a geração Y afigura-se mais confiante, optimista e protegida, para além de mais flexível, autónoma e móvel (Huntley, 2006HUNTLEY, Rebecca. (2006), The world according to Y: inside the new adult generation. Crows Nest (Sydney, Australia), Allen & Unwin., pp. 7-16); por outro lado, para ambas as gerações, existem características comuns que as irmanam, podendo-se considerá-las pertencentes à geração pós-1970, que se caracteriza pela autonomia, tolerância, experiência, autenticidade e ecletismo (Flory e Miller, 2010FLORY, Richard & MILLER, Donald E. (2010), “The expressive communalism of post-boomer religion in the USA”, in S. Collins-Mayo and P. Dandelion (eds.), Religion and youth, Farnham, Ashgate., pp. 10-11).

Distinguindo-se as gerações X e Y, em Portugal, a geração X viveu no pós-25 de Abril, num mundo mais promissor, sobretudo pela entrada de Portugal na CEE (Comunidade Econômica Europeia) ou pelo fim da Guerra Fria, sendo a primeira a assistir ao início das tecnologias da informação e comunicação (TIC) (computador, 1982; celular, 1989) e à expansão do consumo (primeiro grande centro comercial, Amoreiras, 1985), enquanto a geração Y vive num mundo mais incerto – especialmente pelo terrorismo e pelas flutuações político-econômicas –, encontra-se imersa no consumo e nas TIC, assistiu ao surgimento e à expansão das redes sociais. Do tempo da geração X para a geração Y, as relações têm-se pautado crescentemente pelo descompromisso (menos casamentos e filhos), pela ruptura (mais divórcios), pelo aligeiramento (mais coabitações) e pelo adiamento (casamentos e filhos mais tarde), podendo as redes sociais ter contribuído para essa descontinuidade e plasticidade.

Imersa na modernidade tardia, a geração pós-1970 pauta-se crescentemente pela sua individualização, decorrente do desenvolvimento socioeconômico português,2 2 Índice de desenvolvimento humano (IDH): 0,711 (1990), 0,779 (1999), 0,814 (2008), 0,845 (2016) Fonte: <http://hdr.undp.org/en/data>; acesso em: 9 jan. 2019. expressa no aumento da educação e do rendimento disponível.3 3 3 Taxas brutas de escolarização para o ensino secundário/ensino superior: 60,9%/20,2% (1990), 100,1%/45,5% (1999), 101%/56,6% (2008), 114,7%/ 50,4% (2016). Rendimento doméstico médio: 19.409€ (1995), 23.589 (1999), 31.904€ (2008), 30.534€ (2016). Fonte: PORDATA, <https://www.pordata.pt/Portugal>; acesso em: 9 jan. 2019. Como refere Duque (2014DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., p. 231), as tendências individualistas e pós-materialistas são interiorizadas primeiro pelos indivíduos socialmente mais favorecidos, espalhando-se depois para o resto da sociedade. Mesmo que os tempos atuais de crise econômica e de incerteza política possam levar a tentações populistas e a eventuais perdas de liberdades a troco de segurança e de promessas de prosperidade, a individualização, herdeira da contracultura dos anos 1960, do movimento hippie e do Maio de 68, é o grande marco da nossa modernidade tardia, das sociedades pós-industriais, assinaladas pela autonomia e pela escolha, como referem Inglehart e Welzel (2005INGLEHART, Ronald & WELZEL, Christian. (2005), Modernization, cultural change, and democracy. The human development sequence. New York, Cambridge University Press., p. 47).

A internet e as redes sociais destacam-se na individualização. Castells (2001CASTELLS, Manuel. (2001), The internet galaxy: reflections on the internet, business, and society. Oxford, Oxford University Press., pp. 129-132) considera que, para além da criação e manutenção de laços, a internet suporta o individualismo em rede como principal forma de sociabilidade. Bauman (2006BAUMAN, Zygmunt. (2006), Amor líquido: acerca de la fragilidad de los vínculos humanos. Tradução de Mirta Rosenberg y Jaime Arrambide. Buenos Aires, Fondo de Cultura Económica., p. 91) defende que, no ambiente líquido, consumista, os encontros na internet, instantâneos, sem inconvenientes e perdas, combinam a redução dos riscos com a aversão a descartar opções. Bauman (apudQuerol, 2016QUEROL, Ricardo. (2016), “Zygmunt Bauman: ‘As redes sociais são uma armadilha’”. El País, 9 jan. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html>. Acesso em: 11 jan. 2019.
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12...
) advoga também que as redes sociais não servem para construir relações, mas somente para desenvolver o egocentrismo na sua zona de conforto, sendo uma armadilha. Noutra perspectiva, Cardoso e Jacobetty (2013CARDOSO, Gustavo & JACOBETTY, Pedro. (2013), “Surfando a crise: culturas de pertença e mudança social em rede”, in G. Cardoso (coord.), A sociedade dos ecrãs, Lisboa, Tinta-da-China., p. 198) consideram que as culturas de pertença em rede, para além de proporcionarem agrupamentos para mudanças sociais, podem proporcionar aos indivíduos sentido à sua biografia e espaços para autorrealização. Ou seja, desses contributos surge uma antítese: embora a internet e as redes sociais colaborem para juntar o que está longe, desenvolver laços e grupos, elas têm expandido o egocentrismo e o descompromisso, numa óptica de consumo, expressividade e efemeridade.

O impacto da individualização no fenómeno religioso é nítido: primeiro, pelo declínio da religiosidade tradicional, embora dependente da cultura religiosa nacional (Norris e Inglehart, 2004NORRIS, Pippa & INGLEHART, Ronald. (2004), Sacred and secular. Religion and politics worldwide. New York, Cambridge University Press., pp. 13-21), como se vê em Dix (2013DIX, Steffen. (2013), “A visibilidade e a invisibilidade das pessoas ‘sem religião’ na sociedade portuguesa”. Didaskalia, XLIII (1/2): 57-80., p. 65), em que o perfil irreligioso em Portugal pode definir-se pelo elevado nível de educação; segundo, pela revolução espiritual, da ênfase do transcendente para fontes internas de sentido e autoridade (Heelas e Woodhead, 2005HEELAS, Paul & WOODHEAD, Linda. (2005), The spiritual revolution: why religion is giving way to spirituality. Oxford, Blackwell., pp. 3-4), por formas de religião não institucionalizadas (Inglehart e Welzel, 2005INGLEHART, Ronald & WELZEL, Christian. (2005), Modernization, cultural change, and democracy. The human development sequence. New York, Cambridge University Press., pp. 31-32); terceiro, pela possibilidade de escolha, de criação de religião à carta, de bricolagem religiosa, também pelo incremento da pluralização do mercado religioso (Dobbelaere, 1999DOBBELAERE, Karel. (1999), “Towards an integrated perspective of the processes related to the descriptive concept of secularization”. Sociology of Religion, 60 (3): 229-247., pp. 239-241). Essa erosão religiosa institucional, resultante da individualização, foi demonstrada por Duque (2014DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., pp. 218-219) ou Menéndez (2007MENÉNDEZ, Millán A. (2007), “Religiosidade e valores em Portugal: comparação com a Espanha e a Europa católica”. Análise Social, XLII (184): 757-787., pp. 776-777).

A individualização também influencia a socialização. Como Campiche et al. (1997bCAMPICHE, Roland J. et al. (1997b), “Socialisation religieuse et reproduction familiale de l’identité religieuse”, in R. J. Campiche (dir.), Cultures jeunes et religions en Europe, Paris, Cerf., p. 171) explicaram, a família é o fator-chave na socialização religiosa, na qual, segundo Hervieu-Léger (1998HERVIEU-LÉGER, Danièle. (1998), “The transmission and formation of socioreligious identities in modernity: an analytical essay on the trajectories of identification”. International Sociology, 13 (2): 213-228., pp. 216-217), certas crenças são transmitidas de uma geração a outra, bem como normas, orientações e valores, produzindo uma “cadeia de memória”. Vários estudos empíricos confirmam que a religiosidade dos pais influencia positivamente a religiosidade infantil (Teixeira, 2013TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205., pp. 198-201; Coutinho, 2011COUTINHO, José P. (2011), Modernidade, religiosidade e universidade. Tese de doutorado, Lisboa, ISCTE-IUL., p. 195; Duque, 2007DUQUE, Eduardo. (2007), Os jovens e a religião na sociedade actual. Braga, Instituto Português da Juventude., pp. 140-141; Cabral, 2001CABRAL, Manuel V. (2001), “Prática religiosa e atitudes sociais dos portugueses numa perspectiva comparada”, in J. M. Pais, M. V. Cabral e J. Vala (orgs.), Religião e bioética, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais., pp. 44-45; Bader e Desmond, 2006BADER, Christopher D. & DESMOND, Scott A. (2006), “Do as I say and as I do: the effects of consistent parental beliefs and behaviours upon religious transmission”. Sociology of Religion, 67 (3): 313-329., p. 326; Okagaki, Hammond e Seamon, 1999OKAGAKI, Lynn; HAMMOND, Kimberly A. & SEAMON, Laura. (1999), “Socialization of religious beliefs”. Journal of Applied Developmental Psychology, 20 (2): 273-294., p. 291). No entanto, essa continuidade encontra-se ameaçada pela individualização (Campiche et al., 1997bCAMPICHE, Roland J. et al. (1997b), “Socialisation religieuse et reproduction familiale de l’identité religieuse”, in R. J. Campiche (dir.), Cultures jeunes et religions en Europe, Paris, Cerf., pp. 191-192). Primeiro: a tradição não continua mais a apoiar a vida individual e colectiva, a qual se assinala agora pela descontinuidade e fragmentação. Segundo: as crenças são legitimadas não pela autoridade tradicional, mas apenas pela sua utilidade. Terceiro: as crenças não são recebidas passivamente, mas consumidas ativamente para satisfazer necessidades. Portanto, as famílias religiosas atuais, com pais mais tolerantes e enquadradas num mundo avesso à tradição, são desafiadas a vincular os seus filhos, marcados pelas suas experiências pessoais, a determinada linhagem crente. Ou seja, a individualização, com a sua descontinuidade, autonomia e consumo, molda a socialização religiosa das famílias e dificulta a manutenção da cadeia de memória.

O enquadramento da individualização levanta a hipótese da ruptura em relação às instituições e a busca de soluções pessoais, o que se expressa, por um lado, pela eventual descida da pertença religiosa e das práticas religiosas, sobretudo de teor mais institucional, como a assistência aos serviços religiosos, ou pela descida do acatamento das normas religiosas, como a homossexualidade, e, por outro lado, pela busca de crenças não cristãs, como a reencarnação. O enquadramento da socialização levanta a hipótese de as gerações mais novas serem mais descomprometidas do que as gerações mais velhas em relação a vínculos institucionais de pertença, de crenças, de práticas ou de normas. Essa desafeição institucional gradual, sobretudo nos jovens, tem sido analisada para o mundo ocidental (Flory e Miller, 2010FLORY, Richard & MILLER, Donald E. (2010), “The expressive communalism of post-boomer religion in the USA”, in S. Collins-Mayo and P. Dandelion (eds.), Religion and youth, Farnham, Ashgate.; Iparraguirre, 2010IPARRAGUIRRE, Maite V. (2010), “Las creencias religiosas de los jóvenes”, in J. González-Anleo y Pedro G. Blasco (dirs.), Jóvenes españoles 2010, Madrid, Fundación SM.; Pond, Scott e Clement, 2010POND, A.; SMITH, G. & CLEMENT, S. (2010), “Religion among the millennials”. Disponível em: <http://www.pewforum.org/2010/02/17/religion-among-the-millennials>. Acesso em: 8 fev. 2018.
http://www.pewforum.org/2010/02/17/relig...
; CIS, 2008CIS – Centro de Investigaciones Sociológicas. (2008), Estudio 2752. Disponível em: <http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encuestas/estudios/ver.jsp?estudio=9200>. Acesso em: 5 fev. 2018.
http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encues...
; González-Anleo e González-Anleo, 2008GONZÁLEZ-ANLEO, Juan & GONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2008), Para comprender la juventud actual. Estella, Verbo Divino.; Bréchon, 2004BRÉCHON, Pierre. (2004), “L’héritage chrétien de l’Europe Occidentale: qu’en ont fait les nouvelles générations?”. Social Compass, 51 (2): 203-219.; Lambert, 2004aLAMBERT, Yves. (2004a), “A turning point in religious evolution in Europe”. Journal of Contemporary Religion, 19 (1): 29-45., 2004bLAMBERT, Yves. (2004b), “Des changements dans l’évolution religieuse de l’Europe et de la Russie”. Revue Française de Sociologie, 45 (2): 307-338.; Lambert et al., 1997LAMBERT, Yves et al. (1997) “Les croyances des jeunes européens”, in R. J. Campiche (dir.), Cultures jeunes et religions en Europe, Paris, Cerf.; Fulton, 2000FULTON, John. (2000), “Young adult Catholics at the millennium”, in J. Fulton et al., Young adult catholics at the millennium: the religion and morality of young adults in Western countries, Dublin, University College Dublin Press.). Será que os estudos mais recentes sobre a religiosidade juvenil portuguesa ilustram esse enquadramento?

Da conjugação dos estudos mais recentes, conclui-se que a posição religiosa (católica) dos jovens é a mais baixa (Duque, 2014DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., p. 76; Dix, 2013DIX, Steffen. (2013), “A visibilidade e a invisibilidade das pessoas ‘sem religião’ na sociedade portuguesa”. Didaskalia, XLIII (1/2): 57-80., p. 65; Teixeira, 2013TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205., p. 125), tendo descido no período (Duque, 2014DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., p. 76); o índice de religiosidade pública (prática religiosa, confiança na igreja, importância dos serviços religiosos) subiu, sendo mais baixo nos jovens (Duque, 2014DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., p. 155). O grau de crença é maior no pecado e no Deus pessoal e menor no inferno, tendo as cinco crenças4 4 As cinco crenças são: deus pessoal, vida após a morte, inferno, céu, pecado. aumentado, sobretudo a vida após a morte e o inferno (Coutinho, 2013COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32., p. 26); as percentagens das crenças são maiores nos jovens, e o índice de crenças (Deus, vida após a morte, inferno, céu, pecado, reencarnação) aumentou, aproximando os dois grupos etários (Duque, 2014DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., pp. 119, 127-128). As crenças não cristãs subiram, duplicando a reencarnação, enquanto a crença no espírito ou força viva subiu ligeiramente (Coutinho, 2013COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32., p. 28), sendo a crença na reencarnação maior nos jovens (Duque, 2014DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., p. 119). Na prática religiosa, apesar do peso elevado de jovens militantes, nos restantes tipos (observantes, regulares etc.) o seu peso é menor do que na restante população (Teixeira, 2013TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205., p. 202), tendo descido (Duque, 2014DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., p. 255; Coutinho, 2013COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32., p. 27), enquanto a oração se manteve (Coutinho, 2013COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32., p. 27). As atitudes negativas (nunca) relativas à homossexualidade, aborto e eutanásia são muito próximas, baixando sobretudo a primeira e também a terceira (Coutinho, 2013COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32., p. 27), sendo a consciência moral (atitudes perante a vida e sexualidade) maior com a idade (Duque, 2014DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus., p. 112).

Método

Nesta seção, é discutida a seleção das bases de dados, das dimensões, das variáveis, dos indicadores, do referente empírico (grupo etário), assim como o tratamento estatístico efetuado. Como mencionei, ESS, EVS e ISSP são as bases de dados empregues, centrando-se a análise no EVS por ter mais indicadores e espaço temporal mais alargado (18 anos), embora os três indicadores do ESS sejam bastante úteis por apresentarem dados mais recentes e com espaço temporal alargado (14 anos). Para o ESS, foram usados os inquéritos de 2002, 2008 e 2016: para além do primeiro e do último inquéritos, usou-se o inquérito de 2008, que corresponde aos últimos inquéritos de EVS e ISSP. Para o EVS, utilizaram-se os inquéritos de 1990, 1999 e 2008, pois são os três em que Portugal participou. Para o ISSP, utilizaram-se os inquéritos de 1998 e 2008, pois são os dois em que Portugal participou. Os inquéritos intermédios do ESS e do EVS servem para aferir se as tendências entre os extremos são observadas a meio, ou seja, se as mesmas são sustentadas no longo prazo.

Foram consideradas quatro dimensões de variáveis: comunidade, crença, prática e norma. A escolha dessas dimensões assenta em autores como Fernandes (1972)FERNANDES, António T. (1972), A religião na sociedade secularizada. Factores sociais na transformação da personalidade religiosa. Porto, Livraria Civilização., Glock e Stark (1969)GLOCK, Charles Y. & STARK, Rodney. (1969), Religion and society in tension. Chicago, Rand McNally. ou Fichter (1951)FICHTER, Joseph H. (1951), Dynamics of a city church. Chicago, University of Chicago Press.. Fichter (1951FICHTER, Joseph H. (1951), Dynamics of a city church. Chicago, University of Chicago Press., p. 5) foi o primeiro a produzir uma abordagem multidimensional da religião, compondo-a de quatro dimensões: credo (crenças), código (normas), culto (práticas) e comunidade (pertença). Glock e Stark (1969GLOCK, Charles Y. & STARK, Rodney. (1969), Religion and society in tension. Chicago, Rand McNally., pp. 20-21) desenvolveram esse modelo incluindo cinco dimensões: experiencial (experiências com o divino), ideológica (crenças), ritualista (práticas), intelectual (conhecimento religioso) e consequencial (normas e atitudes). Para Fernandes (1972FERNANDES, António T. (1972), A religião na sociedade secularizada. Factores sociais na transformação da personalidade religiosa. Porto, Livraria Civilização., pp. 18-19), a religião caracteriza-se pela crença e pela relação com um ser transcendente, pela pertença comunitária, por práticas institucionalizadas e por atitudes e comportamentos provenientes da fé. Desses três contributos, surgem seis dimensões (crenças, experiências, pertença, práticas, atitudes e conhecimentos). Tanto a dimensão experiencial como a dimensão intelectual não apresentam variáveis nessas bases de dados, restando assim as quatro dimensões acima mencionadas.

As variáveis foram selecionadas pela sua importância na explicação ou definição de determinada dimensão. Para cada variável, foram escolhidos indicadores das bases de dados referidas, considerando a semelhança da pergunta e das categorias respectivas5 5 Pode haver casos em que as perguntas não são exatamente iguais, mas são muito semelhantes, permitindo uma comparabilidade relativamente segura. Pode haver outros casos em que as categorias de resposta das perguntas não são todas iguais, mas existem categorias suficientes para comparar a pergunta. Pode haver ainda casos em que as categorias de resposta são todas diferentes, embora a estrutura das categorias seja semelhante, mas em que se deve evitar a comparação para cumprir o rigor analítico. do questionário de Portugal, nos dois inquéritos,6 6 Para todas as comparações, é essencial usar sempre os questionários para Portugal, pois os dados analisados foram recolhidos com base nos mesmos. Nalgumas perguntas e respectivas categorias, por vezes, há diferenças com a redação do questionário internacional em inglês. Por exemplo, as categorias de uma pergunta podem ser iguais em inglês, mas serem diferentes em português, o que torna incomparável ou mais duvidosa a comparação para os dados de Portugal. Aqui coloca-se a questão da comparabilidade internacional, na decorrência das traduções para cada país, e das distorções que isso pode trazer. Mas essa discussão metodológica ultrapassa o âmbito deste artigo. para permitir a sua comparabilidade. Foram selecionadas duas variáveis para cada dimensão para simplificar o artigo, tendo que haver indicadores do EVS em cada uma, por ser a principal base de dados desta análise. Vejamos então agora, para cada dimensão, as variáveis usadas, indicadores/perguntas respectivos (para simplificar, menciona-se somente a referência da pergunta do questionário de Portugal, no último inquérito7 7 Estas perguntas estão incluídas no Anexo 1. e as categorias como estão referidas neste) e tipo de indicador (nominal, ordinal e quantitativo), o qual condiciona o tipo de testes para comparação de grupos etários e inquéritos.

A dimensão “comunidade” remete à pertença ou à importância da instituição religiosa para as pessoas. A primeira variável mede o nível da pertença católica, a principal religião em Portugal, com total domínio,8 8 Há 81% de católicos, 0,63% de ortodoxos, 0,84% de protestantes, 1,82% de outros cristãos, 0,03% de judeus, 0,23% de muçulmanos, 0,32% de outros não cristãos, 6,84% das pessoas sem religião, 8,29% que não responderam (INE, 2012, p, p. 530). enquanto a segunda variável afere o grau de atitude em relação às organizações religiosas. As variáveis dessa dimensão são:

  • pertença católica: perguntas C12 (ESS 2016, nominal), Q23a (EVS 2008, nominal) e V52 (ISSP1998, nominal). Considera-se a percentagem de católicos em cada pergunta;

  • confiança nas igrejas/organizações religiosas: perguntas Q63/v205 (EVS 2008, ordinal) e V14 (ISSP 2008, ordinal). Considera-se a soma das categorias mais elevadas (todas menos as categorias “pouca confiança” e “nenhuma confiança”), em ambas as perguntas.

A dimensão “crença” refere-se às crenças de dois tipos: cristãs e não cristãs. As crenças cristãs dizem respeito à ortodoxia cristã, ao que o cristianismo defende. Nesse caso, optou-se pelas crenças no céu e no inferno, pois são as crenças cristãs com maior capacidade de distinguir os respondentes entre si, segundo Coutinho (2015COUTINHO, José P. (2015), “Clusters of religiosity of Portuguese population”. Análise Social, 216 (L): 604-631., p. 611). No ESS, não há indicadores de crenças, e no ISSP, os indicadores de crenças disponíveis para comparar entre inquéritos não são comparáveis com os do EVS. As crenças não cristãs concernem à heterodoxia cristã, a crenças fora dos ensinamentos cristãos, para se aferir o nível de bricolagem, optando-se somente pelos dois indicadores disponíveis do EVS, não havendo indicadores interessantes no ESS ou ISSP. As variáveis dessa dimensão são:

  • crença no inferno: pergunta Q30/v121 (EVS 2008, nominal). Considera-se a percentagem da categoria “sim”;

  • crença no céu: pergunta Q30/v122 (EVS 2008, nominal). Considera-se a percentagem da categoria “sim”;

  • crença na reencarnação: pergunta Q31 (EVS 2008, nominal). Considera-se a percentagem da categoria “sim”.

  • crença numa espécie de espírito ou força viva: pergunta Q32/2 (EVS 2008, nominal). Considera-se a percentagem desta categoria;

A dimensão “prática” refere-se à prática institucional, apesar da ambiguidade da oração. A frequência da assistência aos serviços religiosos afigura-se em um dos principais parâmetros da religiosidade, o primeiro utilizado na sociologia religiosa tanto na Europa na década de 1930 como em Portugal na década de 1950. Pelo contrário, a oração, muito mais plástica do que a anterior, pode relacioná-la a práticas cristãs e não cristãs. As variáveis dessa dimensão são:

  • frequência de assistência aos serviços religiosos para além das ocasiões especiais: perguntas C16 (ESS 2016, ordinal), Q25 (EVS 2008, ordinal) e V54 (ISSP 2008, ordinal). Para o ESS, considera-se a soma das categorias “todos os dias”, “mais de uma vez por semana” e “uma vez por semana”. Para o EVS, considera-se a soma das categorias “mais de uma vez por semana” e “uma vez por semana”. Para o ISSP 1998, considera-se a categoria “uma vez ou mais por semana”, e para o ISSP 2008, considera-se a soma das categorias “várias vezes por semana” e “todas as semanas”;

  • oração: frequência aparte dos serviços religiosos (pergunta C17, ESS 2016, ordinal), momentos de oração, meditação ou contemplação (pergunta Q38, EVS 2008, nominal), frequência (pergunta V60, ISSP 2008, ordinal). Para o ESS, considera-se a soma das categorias “todos os dias”, “mais de uma vez por semana” e “uma vez por semana”. Para o EVS, considera-se a percentagem da categoria “sim”. Para o ISSP, considera-se a soma das categorias “várias vezes ao dia”, “uma vez por dia”, “várias vezes por semana” e “todas as semanas”.

A dimensão “norma” refere-se às atitudes relativas à vida e à sexualidade, as mais apropriadas para incluir na religiosidade, por serem frequentemente as mais controversas dentro do campo religioso, destacando-se a atitude em relação à homossexualidade e ao aborto, como demonstrou Coutinho (2016COUTINHO, José P. (2016), “Religiosity in Europe: an index, factors, and clusters of religiosity”. Sociologia, Problemas e Práticas, 81: 163-188., p. 172). A Igreja Católica não defende apenas a sexualidade responsável, valorizando a heterossexualidade e a sexualidade dentro do casamento, como meio para procriação e conjugalidade, mas também a vida, como dádiva de Deus, considerado o criador todo-poderoso e único senhor da vida. As variáveis dessa dimensão são:

  • justificação da homossexualidade/aborto: perguntas Q68/v240/241 (EVS 2008, quantitativo). Considera-se para ambas as perguntas as médias cujas categorias variam entre 1 (sempre justificável) e 10 (nunca justificável) (escala foi invertida);

  • opinião sobre relações sexuais com pessoas do mesmo sexo: pergunta V7 (ISSP 2008, ordinal). Considera-se a percentagem da soma de todas as categorias menos a categoria “nunca é errado”.

Os limites da juventude são discutíveis. Os tipos mais comuns de grupos etários são 18-29 anos e 15-24 anos. Estudos nacionais utilizaram 15-24 (Teixeira, 2013TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205.; Antunes, 2001ANTUNES, Manuel L. M. (2001), Resultados preliminares do recenseamento da prática dominical de 2001, em comparação com os resultados dos RPDs de 1977 e 1991, em Portugal. Lisboa, Centro de Estudos Sociais e Pastorais da Universidade Católica Portuguesa (documento policopiado).; Pais, 1998aPAIS, José M. (coord.) (1998a), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea. Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude.) ou 15-29 (Cabral e Pais, 1998CABRAL, Manuel V. & PAIS, José M. (coord.) (1998), Jovens portugueses de hoje. Oeiras, Celta.). Estudos internacionais, produzidos por investigadores nacionais, utilizaram 18-29 (Duque, 2014DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus.; Cabral, 2001CABRAL, Manuel V. (2001), “Prática religiosa e atitudes sociais dos portugueses numa perspectiva comparada”, in J. M. Pais, M. V. Cabral e J. Vala (orgs.), Religião e bioética, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.), 20-29 (Menéndez, 2007MENÉNDEZ, Millán A. (2007), “Religiosidade e valores em Portugal: comparação com a Espanha e a Europa católica”. Análise Social, XLII (184): 757-787.), 18-30 (Fernandes, 2003FERNANDES, António T. (2003), “Valores e atitudes religiosas”, in J. Vala, M. V. Cabral e A. Ramos (orgs.), Valores sociais: mudanças e contrastes em Portugal e na Europa, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.), 18-24 (Coutinho, 2013COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32.; Vilaça, 2001VILAÇA, Helena. (2001), “Identidades, práticas e crenças religiosas”, in J. M. Pais, M. V. Cabral e J. Vala (orgs.), Religião e bioética, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.; França, 1993bFRANÇA, Luís. (coord.) (1993b), Portugal, valores europeus, identidade cultural. Lisboa, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento.). Estudos internacionais, produzidos por académicos estrangeiros, utilizaram 18-29 (Bréchon, 2004BRÉCHON, Pierre. (2004), “L’héritage chrétien de l’Europe Occidentale: qu’en ont fait les nouvelles générations?”. Social Compass, 51 (2): 203-219.; Lambert, 2004aLAMBERT, Yves. (2004a), “A turning point in religious evolution in Europe”. Journal of Contemporary Religion, 19 (1): 29-45., 2004bLAMBERT, Yves. (2004b), “Des changements dans l’évolution religieuse de l’Europe et de la Russie”. Revue Française de Sociologie, 45 (2): 307-338.; Campiche, 1997CAMPICHE, Roland J. (dir.) (1997), Cultures jeunes et religions en Europe. Paris, Cerf.). Geralmente, a idade mínima é 15 ou 18 anos e a idade máxima é 24 ou 29 anos, existindo assim quatro alternativas: 15-24, 15-29, 18-24 e 18-29. Para as bases de dados de Portugal, a idade mínima no EVS e ISSP é 18 anos, enquanto no ESS é 15 anos, pelo que a idade mínima deve ser 18. Como 18-24 é muito pequena, a opção vai para 18-29. Além disso, o grupo 18-29 foi utilizado na maioria dos estudos internacionais, incluindo Duque (2014)DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus. e todos os estudos desenvolvidos por investigadores estrangeiros. Para simplificar a análise, para além do grupo 18-29, usa-se somente o grupo +29, para se comparar a religiosidade. Poderiam ser usados outros grupos etários, mas só iriam complicar a análise (que já tem muitos indicadores e inquéritos), e nada acrescentariam às conclusões, pois o que interessa neste artigo é demarcar a juventude da restante população.

Assente no SPSS, foram aplicadas duas análises: univariada e bivariada. Na análise univariada, consideram-se as frequências em percentagem, nas variáveis nominais e ordinais, e as médias, nas variáveis quantitativas. Na análise bivariada, para testar os efeitos período e idade (ronda e grupo etário),9 9 Os testes não se aplicam aos inquéritos intermédios, para não alongar as análises e o espaço ocupado, pois elas servem somente para verificar as tendências entre a primeira e a última ronda. as duas variáveis independentes, com duas categorias cada, foram aplicados diferentes testes, dependendo das variáveis a testar. Quando estas são nominais, aplica-se o teste do Qui-Quadrado; quando ordinais, aplica-se o teste de Kolmogorov-Smirnov; quando quantitativas, aplica-se o teste t. O teste do Qui-Quadrado só pode ser aplicado com rigor quando se verificam três condições (N> 20, todas as frequências esperadas superiores a 1, pelo menos 80% das frequências esperadas superiores ou iguais a 5), podendo usar-se como alternativa o teste de Fisher quando pelo menos uma dessas condições não se verifica (Maroco, 2010MAROCO, João. (2010), Análise estatística – com utilização do SPSS. Lisboa, Edições Sílabo., pp. 107, 111-112). O teste t só pode ser aplicado com rigor quando se verificam duas condições para as variáveis a testar: normalidade, verificada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, e homogeneidade de variâncias, verificada pelo teste de Levene (Maroco, 2010, pMAROCO, João. (2010), Análise estatística – com utilização do SPSS. Lisboa, Edições Sílabo., p. 133). Quando as dimensões das amostras são superiores a 30, considera-se que as mesmas se aproximam da normalidade, dispensando a aplicação do teste de Kolmogorov-Smirnov (Pestana e Gageiro, 2000, pPESTANA, Maria H. & GAGEIRO, João N. (2000), Análise de dados para ciências sociais: a complementaridade do SPSS. Lisboa, Sílabo., p. 160; Brites, 2010, pBRITES, Rui. (2010), Introdução ao SPP. Tratamento preliminar de dados. Análise de dados univariada e bivariada (o essencial). Manual de apoio às aulas de análise de dados com SPPS (documento policopiado)., p. 44). Quando a homogeneidade das variâncias não é observada (p <0.05), considera-se o teste t com correção de Welch (Maroco, 2010, pMAROCO, João. (2010), Análise estatística – com utilização do SPSS. Lisboa, Edições Sílabo., p. 139), que corresponde à segunda linha do quadro do teste t (igualdade das variâncias não assumida).

Na análise univariada, consideram-se as categorias sem resposta (recusa na resposta, não sabe, não responde, não se aplica,10 10 Embora essa categoria no ESS e no EVS da variável “pertença religiosa” corresponda a sem religião, daí não ser considerada como sem resposta. pergunta não realizada, outras), enquanto, na análise bivariada, as mesmas não podem ser consideradas para se aplicar correctamente os testes. Os indicadores foram recodificados para originar novos indicadores com somente duas categorias válidas. A análise multivariada não foi utilizada, nomeadamente a análise de componentes principais, que possibilitaria a criação de dimensões ou índices sintéticos, para se analisar separadamente cada dimensão religiosa. Foram aplicadas as instruções relativas ao peso fornecidas por cada organização em todas as análises: para ESS, design weight; para EVS e ISSP, weight. Toda a população foi considerada independentemente da religião, embora os entrevistados de cada inquérito sejam maioritariamente católicos, devido à hegemonia católica em Portugal, como se demonstrou na nota 7.

Resultados

A Tabela 1 apresenta os resultados dessas análises, estando os testes no Anexo 1 Anexo 1 Algumas perguntas foram adaptadas para serem apresentadas mais simplesmente Dimensão «comunidade» Pertença católica C12 (ESS 2016): Qual a religião a que sente pertencer? Q23a (EVS 2008): Qual a religião a que pertence? V52 (ISSP 2008): E atualmente, qual é a sua religião? Confiança nas igrejas/organizações religiosas Q63/v205 (EVS 2008): Diga, por favor, qual o grau de confiança que lhe inspira a igreja V14 (ISSP 2008): Diga-me, por favor, qual a confiança pessoal que tem na Igreja e organizações religiosas? Dimensão «crença» Crença no inferno (Q30/v121, EVS 2008): Diga por favor se acredita ou não: No Inferno Crença no céu (Q30/v122, EVS 2008): Diga por favor se acredita ou não: No Céu Crença na reencarnação (Q31): Acredita na reincarnação, ou seja, que nós vivemos mais do que uma vez? Crença numa espécie de espírito ou força viva (Q32/2, EVS 2008): Qual das seguintes afirmações corresponde melhor às suas crenças? Existe uma espécie de espírito ou força viva? Dimensão «prática» Frequência da assistência aos serviços religiosos para além das ocasiões especiais C16 (ESS 2016): Sem contar com ocasiões especiais tais como casamentos e funerais, com que frequência é que participa, atualmente, em serviços religiosos? Q25 (EVS 2008): Sem contar com casamentos, funerais e baptizados, com que frequência vai, atualmente, à Igreja? V54 (ISSP 2008): Com que frequência participa em serviços religiosos? Oração C17 (ESS 2016): Sem contar com os serviços religiosos com que frequência é que reza? Q38 (EVS 2008): Costuma dedicar alguns momentos à oração, à meditação, à contemplação ou a algo semelhante? V60 (ISSP 2008): Voltando agora ao presente, diga-me, por favor, com que frequência reza. Dimensão «norma» Justificação da homossexualidade (Q68/v240, EVS 2008): Utilizando a seguinte escala, em que 1 significa Nunca e 10 Sempre, diga se acha que se justifica a seguinte ação: Homossexualidade Justificação do aborto (Q68/v241, EVS 2008): Utilizando a seguinte escala, em que 1 significa Nunca e 10 Sempre, diga se acha que se justifica a seguinte acção: Aborto Opinião sobre relações sexuais com pessoas do mesmo sexo (V7, ISSP 2008): E qual é a sua opinião sobre as relações sexuais entre adultos do mesmo sexo? . Na dimensão “comunidade”, as duas variáveis parecem apontar decréscimo nos dois grupos e menor peso do grupo 18-29. A pertença católica parece descer nos dois grupos e é significativamente menor para o grupo 18-29 (exceto no ISSP 1998). No ESS, essa descida é significativa em ambos os grupos, mesmo que, em 2008, tenha havido subida ligeira no grupo +29. No EVS, embora tenha subido em ambos os grupos (significativamente no grupo +29) entre 1990 e 2008, de 1999 para 2008 os dados aproximam-se bastante dos dados do ESS (exceto para o grupo +29 em 2008). No ISSP, desceu em ambos os grupos, significativamente no grupo 18-29. A confiança nas igrejas/organizações religiosas parece descer nos dois grupos e é menor para o grupo 18-29. No EVS, embora tenha subido em ambos os grupos (significativamente no grupo 18-29) entre 1990 e 2008, de 1999 para 2008 os dados aproximam-se dos dados do ISSP. No ISSP, desce em ambos os grupos, significativamente no grupo +2911 11 Embora não haja aqui os dados do ESS para ajudar a entender melhor a tendência recente, os dados do EVS da pertença católica e da confiança nas igrejas aproximam-se na evolução entre inquéritos e entre grupos etários. Desta forma, parece relativamente seguro considerar a quebra da confiança dos dados do EVS, mesmo que eles subam entre 1990 e 2008. Ao contrário da variável anterior, neste caso é obviamente mais discutível. .

Tabela 1
Evolução dos indicadores por inquérito e base de dados

Na dimensão “crença cristã”, as duas variáveis parecem denotar crescimento no grupo 18-29 e decréscimo ou estabilização no grupo +29, estando atualmente os jovens mais crentes do que a população mais velha. Na crença no inferno, enquanto no grupo 18-29 a tendência é crescente, no grupo +29 parece ser estável ou decrescente, daí que, da maior crença significativa do grupo +29 em 1990, passou-se para maior crença do grupo 18-29 em 2008. Na crença no céu, enquanto no grupo 18-29 a tendência é crescente, no grupo +29 a tendência é significativamente decrescente, daí que, da maior crença significativa do grupo +29 em 1990, passou-se para maior crença do grupo 18-29 em 2008.

Na dimensão “crença não cristã”, torna-se difícil retirar ilações nítidas, embora pareça que em ambos os grupos os valores pelo menos se mantêm, mas descer, não. Na crença na reencarnação, enquanto no grupo 18-29 a tendência é significativamente crescente, no grupo +29 a tendência é manter-se, daí que, da maior crença significativa do grupo +29 em 1990, passou-se para maior crença significativa do grupo 18-29 em 2008. Na crença numa espécie de espírito ou força viva, enquanto no grupo 18-29 a tendência é manter-se, no grupo +29, embora a tendência seja instável, parece indicar crescimento ou manutenção, daí que, da maior crença significativa do grupo 18-29 em 1990, passou-se para valores muito próximos em 2008.

A dimensão “prática” parece baixar ou estabilizar-se nos dois grupos e é significativamente maior no grupo +29. Na frequência de serviços religiosos, é mais difícil retirar tendências, pois apresenta instabilidade e a relação entre as bases de dados não é clara, ao contrário da variável “pertença católica”. No entanto, apesar dessa instabilidade, a frequência parece estar a baixar ou manter-se estável nos dois grupos. Na relação entre os dois grupos, o grupo 18-29 tem menor frequência significativa do que o grupo +29 (exceto no EVS 2008). No ESS, desceu em ambos os grupos, mesmo que, em 2008, tenha subido. No EVS, desceu em ambos os grupos (significativamente no grupo +29) entre 1990 e 2008, mesmo que, em 1999, tenha subido. No ISSP, subiu muito ligeiramente (praticamente manteve-se) no grupo 18-29 e baixou significativamente no grupo +29. A oração parece descer nos dois grupos e é significativamente menor para o grupo 18-29. No ESS, essa descida é para ambos os grupos (significativa para o grupo +29). No EVS, desceu em ambos os grupos (significativamente no grupo +29) entre 1990 e 2008, de 1999 para 2008 os dados se distribuem de forma aproximada aos dados do ESS (mesmo que estes tenham variado pouco entre 2002 e 2008). No ISSP, desceu significativamente em ambos os grupos.

Na dimensão “norma”, a aceitação de comportamentos a favor das normas da Igreja Católica parece estar a diminuir significativamente para ambos os grupos e é significativamente menor no grupo 18-29. Para ambas as bases de dados (EVS e ISSP), a rejeição da homossexualidade é significativamente decrescente nos dois grupos e significativamente menor no grupo 18-29. A rejeição do aborto é significativamente decrescente nos dois grupos – embora o inquérito intermédio não confirme essa tendência – e significativamente menor no grupo 18-29.

Discussão

As tendências têm de ser sempre tomadas com cautela, pois cruzam-se dados provenientes de três bases de dados distintas, com metodologias e períodos diferentes. Além disso, para cada dimensão nem sempre há indicadores de diferentes bases de dados para se comparar. Resume-se então as tendências para os jovens e a relação entre estes e o restante da população. As dimensões “comunidade”, “prática” e “norma” parecem baixar, embora a “prática” possa estar estabilizada. A dimensão “crença”, cristã e não cristã, parece crescer ou manter-se. As dimensões “comunidade”, “prática” e “norma” parecem menores nos jovens, enquanto a dimensão “crença”, cristã e não cristã, parece maior ou igual nestes.

Para comparar resultados, os estudos recentes de Teixeira (2012TEIXEIRA, Alfredo. (org.) (2012), Identidades religiosas em Portugal: representações, valores e práticas – 2011. Resumo do relatório apresentado na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, Fátima., 2013TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205.), Duque (2014)DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus. e Coutinho (2013)COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32. são os mais apropriados. Porém, como Duque (2014)DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada. Vila Nova de Famalicão, Húmus. e Coutinho (2013)COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32. empregaram também o EVS (1990, 2008), dispensa-se comparar tais resultados, pela semelhança dos resultados em indicadores iguais. Para comparações internacionais, pela proximidade geográfica e cultural, Espanha apresenta-se como o país mais adequado. A existência de múltiplas modernidades comporta a diversidade de panoramas religiosos, dificultando a produção de tendências generalistas, pelo que a escolha de países próximos, cultural e geograficamente, torna a comparação mais realista e adequada. Para comparar a evolução juvenil, apresenta-se a análise de González-Anleo (2017aGONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2017a), “Jóvenes y religión”, in J. M. González-Anleo y J. A. López-Ruiz, Jóvenes españoles entre dos siglos 1984-2017, Madrid, Fundación Santa Maria/Observatorio de la Juventud em Iberoamérica., 2017bGONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2017b), “Valores morales, finales y confianza en las instituciones: un desgaste que se acelera”, in J. M. González-Anleo y J. A. López-Ruiz, Jóvenes españoles entre dos siglos 1984-2017, Madrid, Fundación Santa Maria/Observatorio de la Juventud em Iberoamérica.),12 12 Quando esse estudo não apresenta dados para alguns indicadores, usa-se o estudo anterior de Iparraguirre (2010). incluída no estudo mais recente sobre a religiosidade juvenil espanhola, realizado pela Fundación Santa Maria; para comparar os jovens com a restante população, afiguram-se os estudos 3199 e 2752, realizados pelo Centro de Investigações Sociológicas (CIS) em 2017 e 2008, respectivamente.

Na dimensão “comunidade”, comparando a evolução juvenil, a quebra na pertença católica também se encontra nos jovens espanhóis, já que a percentagem de católicos tem caído desde 1999 até 2016, e a percentagem de ateus/agnósticos tem crescido nesse período (González-Anleo, 2017aGONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2017a), “Jóvenes y religión”, in J. M. González-Anleo y J. A. López-Ruiz, Jóvenes españoles entre dos siglos 1984-2017, Madrid, Fundación Santa Maria/Observatorio de la Juventud em Iberoamérica., p. 243). Comparando com o resto da população, os jovens são os não crentes/ateus e os menos católicos (Teixeira, 2012TEIXEIRA, Alfredo. (org.) (2012), Identidades religiosas em Portugal: representações, valores e práticas – 2011. Resumo do relatório apresentado na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, Fátima., p. 13; 2013, pp. 124-125; CIS, 2017CIS – Centro de Investigaciones Sociológicas. (2017), Estudio 3199. Disponível em: <http://www.cis.es/cis/opencm/ES/2_bancodatos/estudios/ver.jsp?estudio=14377>. Acesso em: 9 nov. 2018.
http://www.cis.es/cis/opencm/ES/2_bancod...
, per. 32), confirmando os resultados. A confiança na Igreja Católica aumenta com a idade (CIS, 2008CIS – Centro de Investigaciones Sociológicas. (2008), Estudio 2752. Disponível em: <http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encuestas/estudios/ver.jsp?estudio=9200>. Acesso em: 5 fev. 2018.
http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encues...
, per. 35), confirmando os resultados, enquanto a evolução descendente (ou estável) nos jovens parece confirmada por González-Anleo (2017bGONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2017b), “Valores morales, finales y confianza en las instituciones: un desgaste que se acelera”, in J. M. González-Anleo y J. A. López-Ruiz, Jóvenes españoles entre dos siglos 1984-2017, Madrid, Fundación Santa Maria/Observatorio de la Juventud em Iberoamérica., p. 45).

A menor institucionalização religiosa juvenil, em que incluir-se-ia a pertença católica e a confiança nas igrejas, pode assentar em aspectos relacionados com a individualização e com a socialização (Teixeira, 2012TEIXEIRA, Alfredo. (org.) (2012), Identidades religiosas em Portugal: representações, valores e práticas – 2011. Resumo do relatório apresentado na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, Fátima.; Duque, 2007DUQUE, Eduardo. (2007), Os jovens e a religião na sociedade actual. Braga, Instituto Português da Juventude.). Na individualização, apresentam-se o desacordo com crenças (33%) e normas religiosas (22%), a independência de práticas e normas religiosas (21%), o desinteresse pela religião (22%), a convicção pessoal (33%, provavelmente significa falta de fé); na socialização, apresentam-se o comportamento de líderes religiosos (13%) e pessoas religiosas (12%) e a educação familiar (12%) (Teixeira, 2012TEIXEIRA, Alfredo. (org.) (2012), Identidades religiosas em Portugal: representações, valores e práticas – 2011. Resumo do relatório apresentado na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, Fátima., pp. 3-4). Acrescente-se aqui o argumento clássico do ciclo de vida: longe da morte, os jovens não reconhecem tanto a importância da religião, enquanto os anciãos, quando a morte se aproxima, questionam mais a sua fragilidade.

Na dimensão “crença”, não há estudos com indicadores sobre inferno e céu, embora González-Anleo (2017a)GONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2017a), “Jóvenes y religión”, in J. M. González-Anleo y J. A. López-Ruiz, Jóvenes españoles entre dos siglos 1984-2017, Madrid, Fundación Santa Maria/Observatorio de la Juventud em Iberoamérica. apresente dados sobre outras crenças cristãs (Deus, vida após a morte, pecado) entre 1984 e 2016, os quais apontam para a quebra no longo prazo, embora os valores estejam relativamente estáveis nos últimos 10 anos à volta de 50% (Deus) ou para a recuperação dos valores de 1984: à volta de 35/40% desde 2005 (pecado) ou 2010 (vida após a morte). Comparando com o resto da população, para o CIS (2008CIS – Centro de Investigaciones Sociológicas. (2008), Estudio 2752. Disponível em: <http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encuestas/estudios/ver.jsp?estudio=9200>. Acesso em: 5 fev. 2018.
http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encues...
, per. 6), os jovens são menos crentes no céu e inferno, para além de na vida após a morte e pecado (porventura no próximo estudo, com dados mais recentes, a situação se inverta, como se inverteu em Portugal em 2008), invalidando os resultados. A crença na reencarnação recuperou de 2005 a 2016, ficando aqui com o valor inicial de 1999 (27%) (González-Anleo, 2017aGONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2017a), “Jóvenes y religión”, in J. M. González-Anleo y J. A. López-Ruiz, Jóvenes españoles entre dos siglos 1984-2017, Madrid, Fundación Santa Maria/Observatorio de la Juventud em Iberoamérica., p. 261), enquanto a crença em forças e energias no universo baixou de 1994 (52%) para 2010 (41%), mas estabilizou em 2005 a 2010 (Iparraguirre, 2010IPARRAGUIRRE, Maite V. (2010), “Las creencias religiosas de los jóvenes”, in J. González-Anleo y Pedro G. Blasco (dirs.), Jóvenes españoles 2010, Madrid, Fundación SM., p. 188), indicando confirmação dos resultados. Essas duas crenças são maiores ou iguais agora nos jovens, algo não confirmado na reencarnação pelo CIS (2008CIS – Centro de Investigaciones Sociológicas. (2008), Estudio 2752. Disponível em: <http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encuestas/estudios/ver.jsp?estudio=9200>. Acesso em: 5 fev. 2018.
http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encues...
, per. 6), o que pode mudar no próximo estudo com dados mais recentes.

O que esses dados parecem mostrar é que as crenças, cristãs e não cristãs, não diminuem, estando eventualmente a crescer e a destacar-se nos jovens, embora com graus diferentes. Para Davie (2002DAVIE, Grace. (2002), “Praying alone? Church-going in Britain and social capital. A reply to Steve Bruce”. Journal of Contemporary Religion, 17 (3): 329-334., p. 333), as crenças manter-se-ão, embora cada vez mais pessoais, livres e heterogéneas, principalmente entre os jovens. Essa flexibilidade foi mencionada por Fernandes (2003FERNANDES, António T. (2003), “Valores e atitudes religiosas”, in J. Vala, M. V. Cabral e A. Ramos (orgs.), Valores sociais: mudanças e contrastes em Portugal e na Europa, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais., pp. 155-157), para quem as crenças têm um grau de aceitação diferente devido à recomposição religiosa: algumas crenças são mais valorizadas como o pecado e outras são menos valorizadas como o inferno. Os conceitos são reformulados na mente das pessoas, uma vez que as igrejas perderam a autoridade para impor a sua ortodoxia. Essa individualização denota-se também na apropriação de crenças não cristãs. Roussou (2015ROUSSOU, Eugenia. (2015), “From socialization to individualization: a new challenge for Portuguese religiosity”. Italian Journal of Sociology of Education, 7 (3): 89-112., pp. 109-110) confirmou a bricolagem religiosa num estudo etnográfico em Lisboa, embora Saroglou (2006SAROGLOU, Vassilis. (2006), “Religious bricolage as a psychological reality: limits, structures and dynamics”. Social Compass, 53 (1): 109-115., p. 113) defenda prudência relativamente ao seu impacto. Apesar de a tendência da reencarnação não ser confirmada pelo estudo espanhol, ela cresceu significativamente no período 1990-2008. Será que reflete o descompromisso e a experimentação juvenil? Enquanto a reencarnação significa novas oportunidades e experiências, a ressurreição, a crença cristã concorrente, indica compromisso eterno “preso” a determinada individualidade. Serão os atores culturais, principalmente os meios de comunicação de massas e as estrelas pop, importantes para espalhar esses conceitos?

Na dimensão “prática”, o estudo de González-Anleo (2017aGONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2017a), “Jóvenes y religión”, in J. M. González-Anleo y J. A. López-Ruiz, Jóvenes españoles entre dos siglos 1984-2017, Madrid, Fundación Santa Maria/Observatorio de la Juventud em Iberoamérica., p. 255) parece confirmar os resultados, pois a prática regular (pelo menos uma vez por semana) diminuiu dos anos 1980 até 2005, vindo a crescer em 2010 e cair ligeiramente (ou estabilizando) em 2016 (8%), sendo claramente menor em relação aos valores até 1994 (17%). A frequência menor nos jovens tanto dos serviços religiosos como da oração é confirmada por CIS (2008CIS – Centro de Investigaciones Sociológicas. (2008), Estudio 2752. Disponível em: <http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encuestas/estudios/ver.jsp?estudio=9200>. Acesso em: 5 fev. 2018.
http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encues...
, per. 9/15). Para Teixeira (2013TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205., p. 202), o efeito idade não é linear, apesar de, em geral, a maioria dos praticantes serem mais velhos do que os menos praticantes. Os motivos para não praticar assentam em três aspectos: falta de tempo, desinteresse/inutilidade da celebração/religião, comportamento de líderes/pessoas religiosas (Teixeira, 2013TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205., p. 173; Iparraguirre, 2010IPARRAGUIRRE, Maite V. (2010), “Las creencias religiosas de los jóvenes”, in J. González-Anleo y Pedro G. Blasco (dirs.), Jóvenes españoles 2010, Madrid, Fundación SM., p. 203; Duque, 2007DUQUE, Eduardo. (2007), Os jovens e a religião na sociedade actual. Braga, Instituto Português da Juventude., p. 70). Os dois primeiros aspectos associam-se à individualização e o último à socialização. Esses motivos são explicados por González-Anleo e González-Anleo (2008GONZÁLEZ-ANLEO, Juan & GONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2008), Para comprender la juventud actual. Estella, Verbo Divino., pp. 275-276). Primeiro, tanto o consumo quanto a noite eliminaram tempo cronológico e principalmente psicológico para outras atividades, a menos que sejam divertidas e permitam a expressão livre. Segundo, a erosão da salvação cristã levou ao descrédito dos ritos salvíficos. Hoje, os jovens estão mais preocupados com a salvação dos pobres, da natureza ou dos corpos e das mentes. Terceiro, a incoerência dos católicos, a liberalização da missa e as dúvidas de alguns sacerdotes desencorajam a assistência à missa.

Comparando a frequência do serviço religioso e a oração, a última parece mais importante. Talvez a sua potencial plasticidade, a sua capacidade de ser utilizada diversamente, em quaisquer lugar e momento, em que se pode conectar diretamente com os “deuses” e se expressar livremente, exprima a individualização. Como refere Teixeira (2013TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205., p. 149), a oração é dos comportamentos religiosos mais persistentes, justamente por ser a prática mais moldável, adaptável e portátil, correspondendo assim às dinâmicas da individualização. Pelo contrário, a liturgia da missa dificulta a iniciativa dos praticantes, encoraja a passividade e a obediência, contrariamente à oração, mesmo que existam sinais atuais de alguma criatividade e recomposição. Para Iparraguirre (2010IPARRAGUIRRE, Maite V. (2010), “Las creencias religiosas de los jóvenes”, in J. González-Anleo y Pedro G. Blasco (dirs.), Jóvenes españoles 2010, Madrid, Fundación SM., p. 203), ao contrário da missa como prática institucional, a oração pode ser alheia a qualquer institucionalização, sendo o núcleo mais íntimo da religiosidade.

Na dimensão “norma”, os resultados são confirmados tanto pelo aumento da justificação do aborto (González-Anleo, 2017aGONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2017a), “Jóvenes y religión”, in J. M. González-Anleo y J. A. López-Ruiz, Jóvenes españoles entre dos siglos 1984-2017, Madrid, Fundación Santa Maria/Observatorio de la Juventud em Iberoamérica., p. 30) como pela aceitação maior nos jovens da homossexualidade e do aborto (CIS, 2008CIS – Centro de Investigaciones Sociológicas. (2008), Estudio 2752. Disponível em: <http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encuestas/estudios/ver.jsp?estudio=9200>. Acesso em: 5 fev. 2018.
http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encues...
, per. 33/34). Confirmando esses resultados, Bréchon (2004BRÉCHON, Pierre. (2004), “L’héritage chrétien de l’Europe Occidentale: qu’en ont fait les nouvelles générations?”. Social Compass, 51 (2): 203-219., p. 221) mostrou que os jovens são mais permissivos do que os idosos; Ferreira (1998FERREIRA, Paulo A. (1998), “Atitudes perante a vida, moralidades e éticas de vida”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude., pp. 139-140), Vasconcelos (1998bVASCONCELOS, Pedro. (1998b), “Vida familiar”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude., p. 395) e Pais (1998cPAIS, José M. (1998c), “Vida amorosa e sexual”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude., p. 463) argumentaram que a geração mais jovem (geração da Revolução de Abril de 1974) era mais tolerante do que a geração mais antiga (geração da Grande Guerra). Ao contrário das gerações mais velhas, para quem segurança, ordem, tradição, compromisso e dever são valores essenciais, os jovens portugueses são caracterizados por autoexpressão, narcisismo, prazer, consumo, socialização, risco, diversão, experimentação e tolerância (Pais, 1998bPAIS, José M. (1998b), “Introdução”, in J.M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude., pp. 32-33). De fato, os jovens não gostam de qualquer tipo de autoridade, nomeadamente a autoridade eclesiástica, preferindo comportar-se sem laços externos, o que provavelmente ocorre, sobretudo, com os menos religiosos. Como refere Bréchon (2004BRÉCHON, Pierre. (2004), “L’héritage chrétien de l’Europe Occidentale: qu’en ont fait les nouvelles générations?”. Social Compass, 51 (2): 203-219., p. 216), a maior identidade religiosa implica menor permissividade, independentemente da geração. Certamente que o alastramento da tolerância como valor central, disseminado pelos meios de comunicação social, estimulou a aceitação de comportamentos desconformes com a doutrina da Igreja Católica em relação à vida e à sexualidade, para além do aumento da reflexividade, símbolo da individualização.

Conclusões

No início deste estudo, propus dois objetivos: analisar a evolução da religiosidade juvenil e comparar a religiosidade entre os jovens e o resto da população. Da conjugação dos resultados deste estudo com os de outros estudos, podem tecer-se algumas conclusões provisórias. Porém, aguarda-se por novos inquéritos do EVS de 2017 e do ISSP de 2018, para serem analisadas as tendências de forma mais consistente. As dimensões “comunidade”, “prática” e “norma” decrescem, embora a “prática” possa estar estabilizada. A dimensão “crença”, cristã e não cristã, cresce ou mantém-se. As dimensões “comunidade”, “prática” e “norma” são menores nos jovens, enquanto a dimensão “crença”, cristã e não cristã, é maior ou igual nos jovens.

As gerações jovens são paulatinamente marcadas pela liberdade, igualdade e prazer, para além de aspectos como a experimentação, reflexividade, incerteza e consumo. É com esse enquadramento que se olha para a individualização e para a socialização, e assim para a sua influência na religiosidade atual e futura. Embora a insegurança sentida no mercado de trabalho possa trazer jovens para o consolo das igrejas, a conjugação de liberdade, prazer e experimentação, associados ao consumo e à reflexividade, empurram-nos para fora das instituições religiosas, das suas práticas e normas rígidas. Além disso, a quebra gradual das famílias tradicionais, associadas ao casamento religioso, tem fraturado as linhagens crentes, eliminando assim a transmissão religiosa para os mais novos. Abrem-se assim oportunidades para novas crenças e práticas, eventualmente fora de contextos cristãos e mesmo de religiões tradicionais, nomeadamente a reencarnação. Certamente que no contexto português, fortemente imbuído de catolicidade, mesmo que os pais não creiam ou pratiquem, há sempre alguém próximo (avós, tios) que mantém crenças e práticas, acabando por influenciar os mais novos. Na medida em que o mercado religioso se encontra dominado pela Igreja Católica, as outras religiões têm mais dificuldade em se impor na sociedade portuguesa.

As mudanças tecnológicas em curso, com a centralidade do celular e das redes sociais, têm desenvolvido comportamentos solipsistas e desconectados do convívio, sobretudo nos jovens, produzindo efeitos tanto na individualização como na socialização. Embora as tecnologias de comunicação sirvam para juntar o que está longe, parecem afastar paulatinamente os jovens do contato directo, reforçando tendências egotistas. A navegação pela rede alargada global possibilita a entrada em mundos virtuais, impossível nas gerações anteriores (X e anteriores), o que reforça a tese de Baudrillard (1991BAUDRILLARD, Jean. (1991), Simulacros e simulação. Tradução de Maria João da Costa Pereira. Lisboa, Relógio d’Água., p. 8): de o virtual ser mais real do que o próprio real. Acrescente-se que o irreal também tem sido promovido por séries e filmes em que dominam o fantástico e a magia. As redes sociais fomentam igualmente a projeção de perfis irreais, que catalisam relações virtuais, em que os participantes conversam com imagens de pessoas e não com as próprias pessoas, algo impensável antes. Além disso, possibilitam a escolha e o relacionamento com várias pessoas sem esforço e compromisso. Embora essas redes possam ajudar pessoas tímidas ou solitárias a relacionarem-se, porventura estão a estimular traços comportamentais assinalados pelo egocentrismo, pelo consumismo e pela impaciência.

Contudo, a procura por soluções religiosas centradas no calor comunitário parecem contrapor-se a essa tendência, como defendem Flory e Miller (2010FLORY, Richard & MILLER, Donald E. (2010), “The expressive communalism of post-boomer religion in the USA”, in S. Collins-Mayo and P. Dandelion (eds.), Religion and youth, Farnham, Ashgate., pp. 12-15). Segundo eles, os jovens escolhem cuidadosamente as instituições onde participam, estando mais interessados nas relações e na comunidade que encontram do que na instituição em si, podendo ser móveis nos compromissos institucionais e participando muitas vezes em mais do que uma instituição simultaneamente. Esses jovens desejam vivamente a expressão religiosa, a experiência espiritual e o sentido de pertença e serviço à comunidade, todos essenciais para dar sentido às suas vidas, dividindo-se em três tipos: apropriadores, recuperadores e inovadores. Os apropriadores gostam de estar na moda, apoderando-se das últimas tendências da cultura envolvente à religião, num estilo de cristianismo pop. Os recuperadores buscam práticas litúrgicas do passado em detrimento das grandes igrejas e do seu entretenimento intrínseco, vendo as igrejas tradicionais como refúgio do bombardeamento comercial exterior e como local de união mística de corpo e espírito com Deus. Os inovadores tentam encontrar novas crenças e práticas de viver o cristianismo, tanto dentro de movimentos novos como de grupos estabelecidos.

A qualidade das bases de dados, mundialmente reconhecidas e frequentemente usadas pela academia, garante fiabilidade aos resultados, mesmo que o uso de diferentes bases de dados possa trazer problemas comparativos devido a diferenças metodológicas entre anos e bases de dados (Menéndez, 2007MENÉNDEZ, Millán A. (2007), “Religiosidade e valores em Portugal: comparação com a Espanha e a Europa católica”. Análise Social, XLII (184): 757-787., p. 762), encobrindo porventura a qualidade das mesmas e os efeitos positivos das comparações. Além disso, não existem outros estudos com esses objetivos que compararam variáveis dessas três bases de dados, o que aumenta a importância deste artigo. Dentro da disponibilidade de cada base de dados, produziu-se uma análise completa da religiosidade, incluindo-se as dimensões adequadas e as variáveis respectivas. Simplificou-se a análise usando-se somente as variáveis necessárias para ilustrar cada dimensão na sua totalidade.

BIBLIOGRAFIA

  • ALMEIDA, Ana & GUERREIRO, Maria D. (1993), “A família”, in L. França (coord.), Portugal, valores europeus, identidade cultural, Lisboa, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento.
  • ANTUNES, Manuel L. M. (2001), Resultados preliminares do recenseamento da prática dominical de 2001, em comparação com os resultados dos RPDs de 1977 e 1991, em Portugal Lisboa, Centro de Estudos Sociais e Pastorais da Universidade Católica Portuguesa (documento policopiado).
  • BADER, Christopher D. & DESMOND, Scott A. (2006), “Do as I say and as I do: the effects of consistent parental beliefs and behaviours upon religious transmission”. Sociology of Religion, 67 (3): 313-329.
  • BAUDRILLARD, Jean. (1991), Simulacros e simulação Tradução de Maria João da Costa Pereira. Lisboa, Relógio d’Água.
  • BAUMAN, Zygmunt. (2006), Amor líquido: acerca de la fragilidad de los vínculos humanos Tradução de Mirta Rosenberg y Jaime Arrambide. Buenos Aires, Fondo de Cultura Económica.
  • BRÉCHON, Pierre. (2004), “L’héritage chrétien de l’Europe Occidentale: qu’en ont fait les nouvelles générations?”. Social Compass, 51 (2): 203-219.
  • BRITES, Rui. (2010), Introdução ao SPP. Tratamento preliminar de dados. Análise de dados univariada e bivariada (o essencial). Manual de apoio às aulas de análise de dados com SPPS (documento policopiado).
  • CABRAL, Manuel V. (2001), “Prática religiosa e atitudes sociais dos portugueses numa perspectiva comparada”, in J. M. Pais, M. V. Cabral e J. Vala (orgs.), Religião e bioética, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.
  • CABRAL, Manuel V. & PAIS, José M. (coord.) (1998), Jovens portugueses de hoje Oeiras, Celta.
  • CAMPICHE, Roland J. (dir.) (1997), Cultures jeunes et religions en Europe Paris, Cerf.
  • CAMPICHE, Roland J. et al. (1997a), “Identité religieuse des jeunes en Europe: état des lieux”, in R. J. Campiche (dir.), Cultures jeunes et religions en Europe, Paris, Cerf.
  • CAMPICHE, Roland J. et al. (1997b), “Socialisation religieuse et reproduction familiale de l’identité religieuse”, in R. J. Campiche (dir.), Cultures jeunes et religions en Europe, Paris, Cerf.
  • CARDOSO, Gustavo & JACOBETTY, Pedro. (2013), “Surfando a crise: culturas de pertença e mudança social em rede”, in G. Cardoso (coord.), A sociedade dos ecrãs, Lisboa, Tinta-da-China.
  • CASTELLS, Manuel. (2001), The internet galaxy: reflections on the internet, business, and society Oxford, Oxford University Press.
  • CIS – Centro de Investigaciones Sociológicas. (2008), Estudio 2752 Disponível em: <http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encuestas/estudios/ver.jsp?estudio=9200> Acesso em: 5 fev. 2018.
    » http://www.cis.es/cis/opencm/ES/1_encuestas/estudios/ver.jsp?estudio=9200>
  • CIS – Centro de Investigaciones Sociológicas. (2017), Estudio 3199 Disponível em: <http://www.cis.es/cis/opencm/ES/2_bancodatos/estudios/ver.jsp?estudio=14377> Acesso em: 9 nov. 2018.
    » http://www.cis.es/cis/opencm/ES/2_bancodatos/estudios/ver.jsp?estudio=14377>
  • COUTINHO, José P. (2011), Modernidade, religiosidade e universidade Tese de doutorado, Lisboa, ISCTE-IUL.
  • COUTINHO, José P. (2013), “Portuguese youth religiosity in the last two decades”. Euroregional Journal of Socio-Economic Analysis, 1 (1): 21-32.
  • COUTINHO, José P. (2015), “Clusters of religiosity of Portuguese population”. Análise Social, 216 (L): 604-631.
  • COUTINHO, José P. (2016), “Religiosity in Europe: an index, factors, and clusters of religiosity”. Sociologia, Problemas e Práticas, 81: 163-188.
  • DAVIE, Grace. (2002), “Praying alone? Church-going in Britain and social capital. A reply to Steve Bruce”. Journal of Contemporary Religion, 17 (3): 329-334.
  • DIX, Steffen. (2013), “A visibilidade e a invisibilidade das pessoas ‘sem religião’ na sociedade portuguesa”. Didaskalia, XLIII (1/2): 57-80.
  • DOBBELAERE, Karel. (1999), “Towards an integrated perspective of the processes related to the descriptive concept of secularization”. Sociology of Religion, 60 (3): 229-247.
  • DUQUE, Eduardo. (2007), Os jovens e a religião na sociedade actual Braga, Instituto Português da Juventude.
  • DUQUE, Eduardo. (2014), Mudanças culturais, mudanças religiosas: perfis e tendências da religiosidade em Portugal numa perspectiva comparada Vila Nova de Famalicão, Húmus.
  • ESS – European Social Survey. (2018), ESS 1-8 Cumulative File Data file edition 1.0 NSD – Norwegian Centre for Research Data, Norway – Data Archive and Distributor of ESS data for ESS ERIC.
  • EVS – European Values Study. (2015), EVS longitudinal data file 1981-2008 GESIS Data Archive. Cologne (Germany), ZA4804 Data file Version 3.0.0. DOI:10.4232/1.12253.
  • FERNANDES, António T. (1972), A religião na sociedade secularizada. Factores sociais na transformação da personalidade religiosa Porto, Livraria Civilização.
  • FERNANDES, António T. (2003), “Valores e atitudes religiosas”, in J. Vala, M. V. Cabral e A. Ramos (orgs.), Valores sociais: mudanças e contrastes em Portugal e na Europa, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.
  • FERREIRA, Paulo A. (1998), “Atitudes perante a vida, moralidades e éticas de vida”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude.
  • FICHTER, Joseph H. (1951), Dynamics of a city church Chicago, University of Chicago Press.
  • FLORY, Richard & MILLER, Donald E. (2010), “The expressive communalism of post-boomer religion in the USA”, in S. Collins-Mayo and P. Dandelion (eds.), Religion and youth, Farnham, Ashgate.
  • FRANÇA, Luís. (1981), Comportamento religioso da população portuguesa Lisboa, Moraes Editores/Instituto de Estudos para o Desenvolvimento.
  • FRANÇA, Luís. (1993a), “Ética e sentido da vida’, in L. França (coord.), Portugal, valores europeus, identidade cultural, Lisboa, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento.
  • FRANÇA, Luís. (coord.) (1993b), Portugal, valores europeus, identidade cultural Lisboa, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento.
  • FULTON, John. (2000), “Young adult Catholics at the millennium”, in J. Fulton et al., Young adult catholics at the millennium: the religion and morality of young adults in Western countries, Dublin, University College Dublin Press.
  • GLOCK, Charles Y. & STARK, Rodney. (1969), Religion and society in tension Chicago, Rand McNally.
  • GONZÁLEZ-ANLEO, Juan & GONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2008), Para comprender la juventud actual Estella, Verbo Divino.
  • GONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2017a), “Jóvenes y religión”, in J. M. González-Anleo y J. A. López-Ruiz, Jóvenes españoles entre dos siglos 1984-2017, Madrid, Fundación Santa Maria/Observatorio de la Juventud em Iberoamérica.
  • GONZÁLEZ-ANLEO, Juan M. (2017b), “Valores morales, finales y confianza en las instituciones: un desgaste que se acelera”, in J. M. González-Anleo y J. A. López-Ruiz, Jóvenes españoles entre dos siglos 1984-2017, Madrid, Fundación Santa Maria/Observatorio de la Juventud em Iberoamérica.
  • HEELAS, Paul & WOODHEAD, Linda. (2005), The spiritual revolution: why religion is giving way to spirituality Oxford, Blackwell.
  • HERVIEU-LÉGER, Danièle. (1998), “The transmission and formation of socioreligious identities in modernity: an analytical essay on the trajectories of identification”. International Sociology, 13 (2): 213-228.
  • HUNTLEY, Rebecca. (2006), The world according to Y: inside the new adult generation Crows Nest (Sydney, Australia), Allen & Unwin.
  • INGLEHART, Ronald & WELZEL, Christian. (2005), Modernization, cultural change, and democracy. The human development sequence New York, Cambridge University Press.
  • INE – Instituto Nacional de Estatística. (2012), Censos 2011 Resultados definitivos – Portugal Lisboa, INE.
  • IPARRAGUIRRE, Maite V. (2010), “Las creencias religiosas de los jóvenes”, in J. González-Anleo y Pedro G. Blasco (dirs.), Jóvenes españoles 2010, Madrid, Fundación SM.
  • ISSP – International Social Survey Programme. (2011), Religion I-III – ISSP 1991-1998-2008 GESIS Data Archive, Cologne (Germany), ZA5070 Data file Version 1.0.0. DOI:10.4232/1.10860.
  • LAMBERT, Yves. (2004a), “A turning point in religious evolution in Europe”. Journal of Contemporary Religion, 19 (1): 29-45.
  • LAMBERT, Yves. (2004b), “Des changements dans l’évolution religieuse de l’Europe et de la Russie”. Revue Française de Sociologie, 45 (2): 307-338.
  • LAMBERT, Yves et al. (1997) “Les croyances des jeunes européens”, in R. J. Campiche (dir.), Cultures jeunes et religions en Europe, Paris, Cerf.
  • MAROCO, João. (2010), Análise estatística – com utilização do SPSS. Lisboa, Edições Sílabo.
  • MENÉNDEZ, Millán A. (2007), “Religiosidade e valores em Portugal: comparação com a Espanha e a Europa católica”. Análise Social, XLII (184): 757-787.
  • MESQUITA, Wania A. B. (2018), “Jovens pentecostais e as experiências religiosas urbanas: uma abordagem a partir de Lisboa e Campos dos Goytacazes”, in R. S. Gonçalves e L. Ferro (orgs.), Cidades em mudança: processos participativos em Portugal e no Brasil Rio de Janeiro, Mauad.
  • NORRIS, Pippa & INGLEHART, Ronald. (2004), Sacred and secular. Religion and politics worldwide New York, Cambridge University Press.
  • NUNES, João S. (1998), “Perfis sociais juvenis”, in M. V. Cabral e J. M. Pais (coords.), Jovens portugueses de hoje, Oeiras, Celta.
  • OKAGAKI, Lynn; HAMMOND, Kimberly A. & SEAMON, Laura. (1999), “Socialization of religious beliefs”. Journal of Applied Developmental Psychology, 20 (2): 273-294.
  • PAIS, José M. (coord.) (1998a), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude.
  • PAIS, José M. (1998b), “Introdução”, in J.M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude.
  • PAIS, José M. (1998c), “Vida amorosa e sexual”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude.
  • PAIS, José M.; CABRAL, Manuel V. & VALA, Jorge. (orgs.) (2001), Religião e bioética Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.
  • PESTANA, Maria H. & GAGEIRO, João N. (2000), Análise de dados para ciências sociais: a complementaridade do SPSS Lisboa, Sílabo.
  • PIRES, Maria L. & ANTUNES, Marinho. (1998), “Vida religiosa”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude.
  • POND, A.; SMITH, G. & CLEMENT, S. (2010), “Religion among the millennials”. Disponível em: <http://www.pewforum.org/2010/02/17/religion-among-the-millennials> Acesso em: 8 fev. 2018.
    » http://www.pewforum.org/2010/02/17/religion-among-the-millennials>
  • POSSAMAI, Adam. (2014), Sociology of religion for generations X and Y New York, Routledge.
  • QUEROL, Ricardo. (2016), “Zygmunt Bauman: ‘As redes sociais são uma armadilha’”. El País, 9 jan. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html> Acesso em: 11 jan. 2019.
    » https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html>
  • ROUSSOU, Eugenia. (2015), “From socialization to individualization: a new challenge for Portuguese religiosity”. Italian Journal of Sociology of Education, 7 (3): 89-112.
  • SAROGLOU, Vassilis. (2006), “Religious bricolage as a psychological reality: limits, structures and dynamics”. Social Compass, 53 (1): 109-115.
  • SILVA, Augusto. (1979), “Prática religiosa dos católicos portugueses”. Economia e Sociologia, 25/26: 61-198.
  • TEIXEIRA, Alfredo. (org.) (2012), Identidades religiosas em Portugal: representações, valores e práticas – 2011 Resumo do relatório apresentado na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, Fátima.
  • TEIXEIRA, Alfredo. (2013), “A eclesiosfera católica: pertença diferenciada”. Didaskalia, XLIII (1/2): 115-205.
  • VASCONCELOS, Pedro. (1998a), “Práticas e discursos da conjugalidade e de sexualidade dos jovens portugueses”, in M. V. Cabral e J. M. Pais (coords.), Jovens portugueses de hoje, Oeiras, Celta.
  • VASCONCELOS, Pedro. (1998b), “Vida familiar”, in J. M. Pais (coord.), Gerações e valores na sociedade portuguesa contemporânea, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais/Secretaria de Estado da Juventude.
  • VILAÇA, Helena. (2001), “Identidades, práticas e crenças religiosas”, in J. M. Pais, M. V. Cabral e J. Vala (orgs.), Religião e bioética, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.
  • VOAS, David. (2010), “Explaining change over time in religious involvement”, in S. Collins-Mayo and P. Dandelion (eds.), Religion and youth, Farnham, Ashgate.

Notas

  • 1
    Estudos parcelares a esse respeito encontram-se em Mesquita (2018)MESQUITA, Wania A. B. (2018), “Jovens pentecostais e as experiências religiosas urbanas: uma abordagem a partir de Lisboa e Campos dos Goytacazes”, in R. S. Gonçalves e L. Ferro (orgs.), Cidades em mudança: processos participativos em Portugal e no Brasil. Rio de Janeiro, Mauad., Coutinho (2011)COUTINHO, José P. (2011), Modernidade, religiosidade e universidade. Tese de doutorado, Lisboa, ISCTE-IUL. e Duque (2007)DUQUE, Eduardo. (2007), Os jovens e a religião na sociedade actual. Braga, Instituto Português da Juventude..
  • 2
    Índice de desenvolvimento humano (IDH): 0,711 (1990), 0,779 (1999), 0,814 (2008), 0,845 (2016) Fonte: <http://hdr.undp.org/en/data>; acesso em: 9 jan. 2019.
  • 3
    3 Taxas brutas de escolarização para o ensino secundário/ensino superior: 60,9%/20,2% (1990), 100,1%/45,5% (1999), 101%/56,6% (2008), 114,7%/ 50,4% (2016). Rendimento doméstico médio: 19.409€ (1995), 23.589 (1999), 31.904€ (2008), 30.534€ (2016). Fonte: PORDATA, <https://www.pordata.pt/Portugal>; acesso em: 9 jan. 2019.
  • 4
    As cinco crenças são: deus pessoal, vida após a morte, inferno, céu, pecado.
  • 5
    Pode haver casos em que as perguntas não são exatamente iguais, mas são muito semelhantes, permitindo uma comparabilidade relativamente segura. Pode haver outros casos em que as categorias de resposta das perguntas não são todas iguais, mas existem categorias suficientes para comparar a pergunta. Pode haver ainda casos em que as categorias de resposta são todas diferentes, embora a estrutura das categorias seja semelhante, mas em que se deve evitar a comparação para cumprir o rigor analítico.
  • 6
    Para todas as comparações, é essencial usar sempre os questionários para Portugal, pois os dados analisados foram recolhidos com base nos mesmos. Nalgumas perguntas e respectivas categorias, por vezes, há diferenças com a redação do questionário internacional em inglês. Por exemplo, as categorias de uma pergunta podem ser iguais em inglês, mas serem diferentes em português, o que torna incomparável ou mais duvidosa a comparação para os dados de Portugal. Aqui coloca-se a questão da comparabilidade internacional, na decorrência das traduções para cada país, e das distorções que isso pode trazer. Mas essa discussão metodológica ultrapassa o âmbito deste artigo.
  • 7
    Estas perguntas estão incluídas no Anexo 1 Anexo 1 Algumas perguntas foram adaptadas para serem apresentadas mais simplesmente Dimensão «comunidade» Pertença católica C12 (ESS 2016): Qual a religião a que sente pertencer? Q23a (EVS 2008): Qual a religião a que pertence? V52 (ISSP 2008): E atualmente, qual é a sua religião? Confiança nas igrejas/organizações religiosas Q63/v205 (EVS 2008): Diga, por favor, qual o grau de confiança que lhe inspira a igreja V14 (ISSP 2008): Diga-me, por favor, qual a confiança pessoal que tem na Igreja e organizações religiosas? Dimensão «crença» Crença no inferno (Q30/v121, EVS 2008): Diga por favor se acredita ou não: No Inferno Crença no céu (Q30/v122, EVS 2008): Diga por favor se acredita ou não: No Céu Crença na reencarnação (Q31): Acredita na reincarnação, ou seja, que nós vivemos mais do que uma vez? Crença numa espécie de espírito ou força viva (Q32/2, EVS 2008): Qual das seguintes afirmações corresponde melhor às suas crenças? Existe uma espécie de espírito ou força viva? Dimensão «prática» Frequência da assistência aos serviços religiosos para além das ocasiões especiais C16 (ESS 2016): Sem contar com ocasiões especiais tais como casamentos e funerais, com que frequência é que participa, atualmente, em serviços religiosos? Q25 (EVS 2008): Sem contar com casamentos, funerais e baptizados, com que frequência vai, atualmente, à Igreja? V54 (ISSP 2008): Com que frequência participa em serviços religiosos? Oração C17 (ESS 2016): Sem contar com os serviços religiosos com que frequência é que reza? Q38 (EVS 2008): Costuma dedicar alguns momentos à oração, à meditação, à contemplação ou a algo semelhante? V60 (ISSP 2008): Voltando agora ao presente, diga-me, por favor, com que frequência reza. Dimensão «norma» Justificação da homossexualidade (Q68/v240, EVS 2008): Utilizando a seguinte escala, em que 1 significa Nunca e 10 Sempre, diga se acha que se justifica a seguinte ação: Homossexualidade Justificação do aborto (Q68/v241, EVS 2008): Utilizando a seguinte escala, em que 1 significa Nunca e 10 Sempre, diga se acha que se justifica a seguinte acção: Aborto Opinião sobre relações sexuais com pessoas do mesmo sexo (V7, ISSP 2008): E qual é a sua opinião sobre as relações sexuais entre adultos do mesmo sexo? .
  • 8
    Há 81% de católicos, 0,63% de ortodoxos, 0,84% de protestantes, 1,82% de outros cristãos, 0,03% de judeus, 0,23% de muçulmanos, 0,32% de outros não cristãos, 6,84% das pessoas sem religião, 8,29% que não responderam (INE, 2012, pINE – Instituto Nacional de Estatística. (2012), Censos 2011 Resultados definitivos – Portugal. Lisboa, INE., p. 530).
  • 9
    Os testes não se aplicam aos inquéritos intermédios, para não alongar as análises e o espaço ocupado, pois elas servem somente para verificar as tendências entre a primeira e a última ronda.
  • 10
    Embora essa categoria no ESS e no EVS da variável “pertença religiosa” corresponda a sem religião, daí não ser considerada como sem resposta.
  • 11
    Embora não haja aqui os dados do ESS para ajudar a entender melhor a tendência recente, os dados do EVS da pertença católica e da confiança nas igrejas aproximam-se na evolução entre inquéritos e entre grupos etários. Desta forma, parece relativamente seguro considerar a quebra da confiança dos dados do EVS, mesmo que eles subam entre 1990 e 2008. Ao contrário da variável anterior, neste caso é obviamente mais discutível.
  • 12
    Quando esse estudo não apresenta dados para alguns indicadores, usa-se o estudo anterior de Iparraguirre (2010)IPARRAGUIRRE, Maite V. (2010), “Las creencias religiosas de los jóvenes”, in J. González-Anleo y Pedro G. Blasco (dirs.), Jóvenes españoles 2010, Madrid, Fundación SM..

Anexo 1

Algumas perguntas foram adaptadas para serem apresentadas mais simplesmente

Dimensão «comunidade»

  • Pertença católica

  1. C12 (ESS 2016): Qual a religião a que sente pertencer?

  2. Q23a (EVS 2008): Qual a religião a que pertence?

  3. V52 (ISSP 2008): E atualmente, qual é a sua religião?

  • Confiança nas igrejas/organizações religiosas

  1. Q63/v205 (EVS 2008): Diga, por favor, qual o grau de confiança que lhe inspira a igreja

  2. V14 (ISSP 2008): Diga-me, por favor, qual a confiança pessoal que tem na Igreja e organizações religiosas?

Dimensão «crença»

  • Crença no inferno (Q30/v121, EVS 2008): Diga por favor se acredita ou não: No Inferno

  • Crença no céu (Q30/v122, EVS 2008): Diga por favor se acredita ou não: No Céu

  • Crença na reencarnação (Q31): Acredita na reincarnação, ou seja, que nós vivemos mais do que uma vez?

  • Crença numa espécie de espírito ou força viva (Q32/2, EVS 2008): Qual das seguintes afirmações corresponde melhor às suas crenças? Existe uma espécie de espírito ou força viva?

Dimensão «prática»

  • Frequência da assistência aos serviços religiosos para além das ocasiões especiais

  1. C16 (ESS 2016): Sem contar com ocasiões especiais tais como casamentos e funerais, com que frequência é que participa, atualmente, em serviços religiosos?

  2. Q25 (EVS 2008): Sem contar com casamentos, funerais e baptizados, com que frequência vai, atualmente, à Igreja?

  3. V54 (ISSP 2008): Com que frequência participa em serviços religiosos?

  • Oração

  1. C17 (ESS 2016): Sem contar com os serviços religiosos com que frequência é que reza?

  2. Q38 (EVS 2008): Costuma dedicar alguns momentos à oração, à meditação, à contemplação ou a algo semelhante?

  3. V60 (ISSP 2008): Voltando agora ao presente, diga-me, por favor, com que frequência reza.

Dimensão «norma»

  • Justificação da homossexualidade (Q68/v240, EVS 2008): Utilizando a seguinte escala, em que 1 significa Nunca e 10 Sempre, diga se acha que se justifica a seguinte ação: Homossexualidade

  • Justificação do aborto (Q68/v241, EVS 2008): Utilizando a seguinte escala, em que 1 significa Nunca e 10 Sempre, diga se acha que se justifica a seguinte acção: Aborto

  • Opinião sobre relações sexuais com pessoas do mesmo sexo (V7, ISSP 2008): E qual é a sua opinião sobre as relações sexuais entre adultos do mesmo sexo?

Anexo 2

Resultados dos testes

  • Pertença católica

  1. Entre grupos etários: ESS (2002): χ2 (1) = 14,484, p = 0.000; ESS (2016): χ2 (1) = 38,978, p = 0.000; EVS (1990): χ2 (1) = 19,636, p = 0.000; EVS (2008): χ2 (1) = 17,472, p = 0.000; ISSP (1998): χ2 (1) = 2,146, p = 0.143; ISSP (2008): χ2 (1) = 27,092, p = 0.000.

  2. Entre inquéritos: ESS (18-29): χ2(1) = 30,048, p = 0.000; ESS (+29): χ2 (1) = 35,249, p = 0.000; EVS (18-29): χ2 (1) = 2,294, p = 0.084; EVS (+29): χ2 (1) = 3,894, p = 0.048; ISSP (18-29): χ2 (1) = 14,772, p = 0.000; ISSP (+29): χ2 (1) = 2,259, p = 0.133.

  • Confiança nas igrejas/organizações religiosas

  1. Entre grupos etários: EVS (1990): K-S = 3,550, p = 0.000; EVS (2008): K-S = 1,346, p = 0.053; ISSP (1998): K-S = 1,106, p = 0.173; ISSP (2008): K-S = 1,353, p = 0.051.

  2. Entre inquéritos: EVS (18-29): K-S = 2,726, p = 0.000; EVS (+29): K-S = 1,017, p = 0.252; ISSP (18-29): K-S = 0,944, p = 0.335; ISSP (+29): K-S = 1,434, p = 0.033.

  • Crença no inferno

  1. Entre grupos etários: EVS (1990): χ2 (1) = 20,597, p = 0.000; EVS (2008): χ2 (1) = 1,646, p = 0.200.

  2. Entre inquéritos: EVS (18-29): χ2 (1) = 39,611, p = 0.000; EVS (+29): χ2 (1) = 3,617 p = 0.057.

  • Crença no céu

  1. Entre grupos etários: EVS (1990): χ2 (1) = 43,487, p = 0.000; EVS (2008): χ2 (1) = 0,290, p = 0.590.

  2. Entre inquéritos: EVS (18-29): χ2 (1) = 1,093, p = 0.296; EVS (+29): χ2 (1) = 43,172, p = 0.000.

  • Crença na reencarnação

  1. Entre grupos etários: EVS (1990): χ2 (1) = 9,050, p = 0.003; EVS (2008): χ2 (1) = 3,925, p = 0.048.

  2. Entre inquéritos: EVS (18-29): χ2(1) = 12,452, p = 0.000; EVS (+29): χ2 (1) = 1,295, p = 0.255

  • Crença no espírito ou força viva

  1. Entre grupos etários: EVS (1990): χ2 (1) = 3,905, p = 0.048; EVS (2008): χ2 (1) = 0,184, p = 0.668.

  2. Entre inquéritos: EVS (18-29): χ2 (1) = 0,198, p = 0.657; EVS (+29): χ2 (1) = 7,313, p = 0.007.

  • Frequência de serviços religiosos

  1. Entre grupos etários: ESS (2002): K-S = 2,386, p = 0.000; ESS (2016): K-S = 1,784, p = 0.003; EVS (1990): K-S = 2,350, p = 0.000; EVS (2008): K-S = 0,472, p = 0.979; ISSP (1998): K-S = 2,807, p = 0.000; ISSP (2008): K-S = 1,489, p = 0.024.

  2. Entre inquéritos: ESS (18-29): K-S = 0,502, p = 0.963; ESS (+29): K-S = 1,191, p = 0.117; EVS (18-29): K-S = 0,179, p = 1.000; EVS (+29): K-S = 2,807, p = 0.000; ISSP (18-29): K-S = 0,006, p = 1.000; ISSP (+29): K-S = 2,146, p = 0.000

  • Oração

  1. Entre grupos etários: ESS (2002): K-S = 4,123, p = 0.000; ESS (2016): K-S = 3,600, p = 0.000; EVS (1990): χ2 (1) = 46,665, p = 0.000; EVS (2008): χ2 (1) = 32,196, p = 0.000; ISSP (1998): K-S = 3,209, p = 0.000; ISSP (2008): K-S = 3,473, p = 0.000.

  2. Entre inquéritos: ESS (18-29): K-S = 1,153, p = 0.140; ESS (+29): K-S = 1,730, p = 0.005; EVS (18-29): χ2 (1) = 0,387, p = 0.534; EVS (+29): χ2 (1) = 7,972, p = 0.005; ISSP (18-29): K-S = 1,943, p = 0.001; ISSP (+29): K-S = 3,197, p = 0.000

  • Homossexualidade

  1. Entre grupos etários: EVS (1990): t (759,087) = 3,742, p = 0.000; EVS (2008): t (1391) = 3,769, p = 0.000; ISSP (1998): K-S = 1,422, p = 0.035; ISSP (2008): K-S = 3,228, p = 0.000.

  2. Entre inquéritos: EVS (18-29): t (677,179) = -10,426, p = 0.000; EVS (+29): t (1778,664) = -16,148, p = 0.000; ISSP (18-29): K-S = 3,002, p = 0.000; ISSP (+29): K-S = 2,915, p = 0.000

  • Aborto

  1. Entre grupos etários: EVS (1990): t (887,190) = 2,898, p = 0.004; EVS (2008): t (1457) = 4,354, p = 0.000.

  2. Entre inquéritos: EVS (18-29): t (745,819) = -3,056, p = 0.002; EVS (+29): t (1851) = -2,388, p = 0.017.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Nov 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    27 Mar 2018
  • Aceito
    29 Maio 2019
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais - ANPOCS Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 - sala 116, 05508-900 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 3091-4664, Fax: +55 11 3091-5043 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: anpocs@anpocs.org.br