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CARTA DO LEITOR

Ilmo. Sr.

Prof. Dr.William Saad Hossne

Presidente da ABEM

Algumas ponderações:

a) Com certeza, com os grandes avanços tecnológicos e, paradoxalmente, com os grandes avanços dos meios de comunicação, o ensino completo, do que se sabe hoje, da Medicina, está muito difícil de ser realizado.

A complexidade do organismo humano acrecentou-se a complexidade de aparelhos, técnicas de diagnóstico, técnicas de tratamento e tecnologia de informações. Não se concebe mais hoje aquele profissional que não participa de uma constante troca de conhecimentos através de Cursos, Congressos, Revistas, Vídeos. etc.

E, a Escola Médica tem que esta apta a prepará-los para isto.

b) Quase contraditoriamente, há uma necessidade, que sentimos, de volta ao passado mais longínquo: ensinar aos estudantes pela doença, em primeiro lugar. Como aprenderam os antigos: defrontando-se com o problema, questionando, motivando-se e, só depois, ir atrás da solução. Em primeiro a doença; a fisiopatiogenia, a patologia, o diagnóstico e o tratamento, no final.

Acreditamos, mesmo, que nossos cursos de Anatomia, Macro e Microscópica, Fisiologia, Parasitologia, etc. as chamadas Cadeiras Básicas deveriam ser colocadas num período mais tardio do Curriculum Escolar. A Farmacologia, por exemplo, e mesmo a Bioquímica são matérias muito ligadas à fase final do relacionamento médico-paciente: período do tratamento da moléstia.

Como fazer um aluno interessar-se avidamente pela complexa fórmula de um medicamento e na sua ação farmacológica, se ele não tiver tido seus olhos e mentes abertos para a doença na qual o medicamento atua.

Como fazê-lo memorizar a conformação de um caso, a complexidade de uma articulação, o funcionamento de um músculo e a importância de um nervo, sem tê-lo despertado pela visão de uma deformidade ortopédica.

E, assim por diante.

É o que estamos, atualmente, chamando de ensino reverso de Medicina, que, na realidade, é a maneira pela qual nós, seres humanos, através de nossos antepassados, aprendemos. Posteriormente, com a criação das Instituições de Ensino, é que fomos mudando.

Será que corretamente?

Este é o grande questionamento que faço e a angústia que transmito.

Válidas estas minhas dúvidas, acredito, que com um pouco de criatividade e tempo, podemos solucioná-los.

Algumas transformações não tão drásticas, talvez só de épocas no currículo, mudarão muito o aprendizado que hoje, Indubitavelmente, não está bom.

A partir destas ponderações haveria de se criar Comissões Técnicas para as mudanças necessárias.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jan 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 1994
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