Acessibilidade / Reportar erro

Rastros que Emulam Figuras: a montagem de Improviso de Ohio, de Samuel Beckett

Traces that Emulate Figures: the staging of Samuel Beckett's Ohio Impromptu

Traces qui Émulent Figures: la mise en scène d'Ohio Impromptu , de Samuel Beckett

RESUMO

Este texto examina, sob o ponto de vista da genética teatral, os princípios e procedimentos que nortearam a encenação da peça Improviso de Ohio, de Samuel Beckett, com tradução da escritora e dramaturga Cleise Mendes. A análise contempla os elementos textuais, sonoros e visuais da montagem, dirigida pelo autor deste artigo, com ênfase nos rastros do percurso criativo: esboços, fotos, depoimentos, críticas e maquetes, que constituem o que se convencionou chamar de protoencenação, como equivalência ao termo prototexto.

Palavras-chave:
Beckett; Encenação; Genética Teatral; Improviso de Ohio; Teatro

ABSTRACT

This text examines, from the point of view of theatrical genetics, principles and procedures which guided the staging of Ohio Impromptu, a play by Samuel Beckett, translated by novelist and playwright Cleise Mendes. The analysis includes textual, audible and visual elements of the staging, directed by the author of this article, with emphasis on the traces of the creative process: drafts, photos, testimonials, critiques and mockups, which constitute the so-called proto-staging, as equivalent to the term prototext.

Keywords:
Beckett; Staging; Theatrical Genetics; Ohio Impromptu; Theatre

RÉSUMÉ

Cet article examine, du point de vue de la génétique théâtrale, les principes et les procédés ayant guidé la mise en scène de la pièce Ohio Impromptu, de Samuel Beckett, avec la traduction du romancier et dramaturge Cleise Mendes. L'analyse prend en compte les éléments textuels, sonores et visuels du spectacle, mis en scène par l'auteur de cet article, en mettant l'accent sur ​​les traces du cheminement de la création : croquis, photos, témoignages, critiques et maquettes. Un ensemble qui constitue ce qu'on appelle la proto mise en scène, un équivalent du terme prototexte.

Mots-clés:
Beckett; Mise en Scène; Génétique Théâtral; Ohio Impromptu; Théâtre

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Referências

  • ASMUS, Walter. Walter Asmus. In: OPPENHEIM, Lois. Directing Beckett. Michigan: The University of Michigan Press, 1997. P. 42. {Entrevista concedida ao autor da obra citada}.
  • BARTHES, Roland. Roland Barthes por Roland Barthes. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1977.
  • BECKETT, Samuel. Últimos Trabalhos de Samuel Beckett. Lisboa: O Independente; Assírio & Alvim, 1996.
  • BECKETT, Samuel. The Complete Dramatic Works. London: Faber and Faber, 1986.
  • BECKETT, Samuel. Carta de Samuel Beckett a Axel Kaun: a carta alemã, de 1937. In: ANDRADE, Fábio. Samuel Beckett: o silêncio possível. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. P. 167-171.
  • BECKETT, Samuel. Improviso de Ohio. Tradução de Cleise Mendes para a montagem de Comédia do Fim. Salvador: Teatro Castro Alves, 2003. {Não publicado}.
  • BROOK, Peter. O Teatro e seu Espaço. Petrópolis: Vozes, 1970.
  • CAMARGO, Robson. A Crítica e a Crítica Genética: diálogos sobre o entendimento do espetáculo teatral. Academia.edu, p. 1-32, dez. 2008. Disponível em: <http://www.academia.edu/168182/Teatro_e_Recepcao._A_Critica_e_a_Critica_Genetica._Dialogos_sobre_o_entendimento_do_espetaculo_teatral> Acesso em: 10 jan. 2013.
    » http://www.academia.edu/168182/Teatro_e_Recepcao._A_Critica_e_a_Critica_Genetica._Dialogos_sobre_o_entendimento_do_espetaculo_teatral>
  • CAVALCANTI, Ana Cláudia. Comédia Atonal. A Tarde, Salvador, 26 jan. 2004. Disponível em: <Disponível em: http://www.atarde.com.br >. Acesso em: 27 jan. 2004.
    » http://www.atarde.com.br
  • CAVALCANTI, Isabel. Isabel Cavalcanti: depoimento {jun.2002}. Entrevistador: Luiz Marfuz. São Paulo, 2002. 01 cassete sonoro (60 min). {Entrevista concedida ao autor deste artigo}.
  • CHABERT, Pierre. Singularité de Samuel Beckett. Théâtre Aujourd'oui. Paris: CNDP, n. 3, p. 22, 1994. {Edição dedicada ao universo cênico de Samuel Beckett}.
  • DIÁRIO DIÁRIO DA MONTAGEM de Comédia do Fim. Salvador: Teatro Castro Alves , 2003. {Registro cursivo, feito por Adriana Amorim}.
  • DIÁRIO DIÁRIO DA MONTAGEM de Comédia do Fim. Salvador: Teatro Castro Alves , 2004. {Registro cursivo, feito por Adriana Amorim}.
  • FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas. Tradução de Salma Tannus Muchail. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • GRAMACHO, Moacyr. Moacyr Gramacho: depoimento. {ago. 2004}. Salvador, 2004. 01 CD. {Entrevista concedida a Daniel Rabelo, bolsista do Programa de Iniciação Científica - PIBIC-UFBA}.
  • GRÉSILLON, Almuth. Nos Limites da Gênese: da escritura do texto de teatro à encenação. Estudos Avançados, São Paulo, v. 9, n. 23, jan./abr. 1995. Disponível em: <Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141995000100018&script=sci_arttext >. Acesso em: 13 jan. 2013.
    » http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141995000100018&script=sci_arttext
  • McMILLAN, Dougald; FEHSENFELD, Martha. Beckett in the Theatre: the author as practical playwright and director. London: John Calder, 1988; New York: Riverrun Press, 1988. V. 1.
  • MENDES, Cleise. Sobre Comédia do Fim. PROGRAMA DE COMÉDIA DO FIM, Salvador: Teatro Castro Alves , nov. 2003.
  • MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes , 2006.
  • MERLEAU-PONTY, Maurice. O Olho e o Espírito. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
  • MORENO, Arley R. Wittgenstein: os labirintos da linguagem. São Paulo: Moderna; Campinas: Universidade de Campinas, 2006.
  • PAREYSON, Luigi. Os Problemas da Estética. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes , 1997.
  • PERRONE-MOYSÉS, Leyla. Uma Solitária Peça de AmorFolha de S. Paulo, São Paulo, 02 set. 1996. Caderno Mais, p. 5.
  • RUSHE, Rubens. Rubens Rushe: depoimento. {jun. 2002}. Entrevistador: Luiz Marfuz. São Paulo, 2002. 03 fitas cassetes (180 min), estéreo. {Entrevista concedida ao autor deste artigo}.
  • TAVARES, André. André Tavares: depoimento {out. 2006}. Salvador, 2006. 01 cassete sonoro (60 min). {Entrevista a Victor Cayres, bolsista do Programa de Iniciação Científica - PIBIC-UFBA}.
  • THAURONT, Marie. Marie Thauront: depoimento {ago. 2004}. Salvador, 2004. 01 CD. {Entrevista concedida a Daniel Rabelo, bolsista do Programa de Iniciação Científica - PIBIC-UFBA}.
  • VALÉRY, Paul. Introdução ao Método de Leonardo da Vinci. São Paulo: Editora 34, 1998.
  • WILLIAMS, Raymond. Tragédia Moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
  • 1
    Esta expressão é utilizada por Williams, quando examina o teatro de Pirandello, Ionesco, Beckett e Tchekhov, especialmente este último. Cf. WILLIAMS, Raymond. Tragédia Moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2002, p. 189.
  • 2
    Ver, a esse respeito: MORENO, Arley R. Wittgenstein: os labirintos da linguagem. São Paulo: Moderna; Campinas: Universidade de Campinas, 2006, p. 51.
  • 3
    Comédia do Fim foi uma realização do Núcleo de Teatro do Teatro Castro Alves - TCA. No elenco os atores profissionais Frieda Gutman, Zeca de Abreu, Hebe Alves, André Tavares, Luiz Pepeu, Ipojucan Dias e Urias Lima. O espetáculo teve cinco indicações ao Troféu Braskem de Teatro, que premia os melhores espetáculos profissionais do ano: atriz (Frieda Gutmann e Hebe Alves), direção, cenografia e espetáculo, obtendo premiação nas duas últimas categorias.
  • 4
    A pesquisadora Perrone-Moysés aproxima esta peça do gênero clássico consolatio (consolação) muito utilizado por Sêneca, Maynard e Malherbe.
  • 5
    Afirmação atribuída a Beckett por: McMILLAN, Dougald; FEHSENFELD, Martha. Beckett in the Theatre: the author as practical playwright and director. London: John Calder, 1988; New York: Riverrun Press, 1988, v. 1.
  • 6
    Veja-se o comentário de Ana Cláudia Cavalcanti a esse respeito: "Se o produto fosse sonoro, esta seria uma obra que não utilizaria a harmonia tradicional, estaria mais próxima da música atonal". CAVALCANTI, Ana Cláudia. Comédia Atonal. A Tarde, Salvador, 26 jan. 2004. Disponível em: <http://www.atarde.com.br>. Acesso em: 27 jan. 2004.
  • 7
    Termo utilizado por Pareyson (1997, p. 188) ao propor a dialética da forma formante e da forma formada: "{...} se é verdade que a forma existe somente quando o processo está acabado, como resultado de uma atividade que a inventa no próprio ato que a executa, é também verdade que a forma age como formante, antes ainda de existir como formada, oferecendo-se à adivinhação do artista, e, por isso, solicitando seus eficazes presságios e dirigindo suas operações".

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2013

Histórico

  • Recebido
    02 Fev 2013
  • Aceito
    10 Abr 2013
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Av. Paulo Gama s/n prédio 12201, sala 700-2, Bairro Farroupilha, Código Postal: 90046-900, Telefone: 5133084142 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: rev.presenca@gmail.com