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Prevalência de incapacidade funcional por gênero em idosos brasileiros: uma revisão sistemática com metanálise

Resumo

Considerando-se a importância da capacidade funcional como indicador de saúde para idosos e as informações dispersas sobre o tema em pesquisas brasileiras, este artigo teve como objetivo descrever a prevalência de incapacidade funcional por gênero entre idosos brasileiros por meio de uma revisão sistemática com metanálise de artigos referentes ao tema. Identificaram-se artigos publicados até junho de 2013. A busca foi realizada nas bases de dados eletrônicas MEDLINE, SciELO, LILACS, Scopus, Web of Science e Science Direct. A inclusão dos artigos na revisão sistemática foi guiada pelo Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) e pelo Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). A análise dos artigos selecionados foi feita de forma descritiva e expressa em gráficos do tipo Forest-plot. Dos 3.656 artigos inicialmente identificados em todas as bases, 2.585 duplicatas foram excluídas e 23 artigos foram considerados elegíveis para a revisão. As taxas de prevalência de incapacidade variaram de 12,3% a 94,1% para os homens e de 14,9% a 84,6% para as mulheres. Os métodos utilizados para avaliar a capacidade funcional em idosos brasileiros também diferiram entre os artigos. Essa variação dificulta a comparação de resultados entre os artigos, o que demonstra a necessidade de se utilizar métodos padronizados para mensurar capacidade funcional de idosos por gênero.

Palavras-chave:
Envelhecimento; Saúde do Idoso; Gênero; Incapacidade Funcional

Abstract

Considering that functional capacity is an important indicator of health in aging, the present study aimed to describe the prevalence of disability by gender among elderly people in Brazil through a systematic review and meta-analysis of articles about this subject. Articles published up to June 2013 were included, and a search was performed of the MEDLINE, SciELO, LILACS, Scopus, Web of Science and Science Direct electronic databases. The inclusion of articles in the systematic review was guided by the Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) and by the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) guidelines. A descriptive analysis of the selected articles was performed and expressed in a forest-plot type graph. Of 3,656 articles initially identified in all the databases, 2,585 duplicates were excluded and 23 articles were deemed eligible for review. Prevalence rates ranged from 12.3% to 94.1% for men and from 14.9% to 84.6% for women. The methods used to assess functional capacity in elderly people in Brazil also differed between the articles. This variation complicates the comparison of results between the articles, demonstrating the need for standardized methods of measuring functional capacity.

Key words:
Aging; Health of the Elderly; Gender; Functional Disability

INTRODUÇÃO

A preservação da capacidade funcional constitui-se como principal parâmetro para a avaliação de saúde e qualidade de vida no envelhecimento.11. Ramos LR. Fatores determinantes do envelhecimento saudável em idosos residentes em centro urbano: Projeto Epidoso, São Paulo. Cad Saúde Pública 2003;19(3):793-8. Nesta perspectiva, a promoção de um envelhecimento saudável evidencia-se pela adoção e consolidação de estilos de vida ativos que incluem práticas frequentes de atividade física, diversificação da rotina diária, participação ativa em grupos como possibilidades para exercitar a capacidade funcional.22. Barros APM, Machado VB. Revisão sistemática da produção científica sobre os benefícios adquiridos na promoção do envelhecimento saudável. Rev Eletr Gest Saúde [Internet] 2012 [acesso em 10 Nov 2014];3(2):692-703. Disponível em: http://gestaoesaude.unb.br/index.php/gestaoesaude/article/view/181/pdf.
http://gestaoesaude.unb.br/index.php/ges...
Assim, medidas promotoras de saúde e de prevenção de agravos, juntamente com o correto gerenciamento das comorbidades existentes orientam-se para a manutenção dessa capacidade e para a prevenção de incapacidades.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS),33. World Health Organization. Disability prevention and rehabilitation [Internet]. Geneva: WHO; 1981 [acesso em 10 nov. 2014]. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/trs/WHO_TRS_668.pdf pode-se compreender incapacidade funcional como o processo de perda de habilidades para manter as tarefas cotidianas necessárias a uma vida independente e autônoma. Do ponto de vista prático, essas habilidades podem ser medidas por meio do desempenho das atividades diárias que, didaticamente, são divididas em atividades básicas de vida diária (ABVD) tais como tomar banho, comer, usar o banheiro e andar pelos cômodos da casa e atividades instrumentais de vida diária (AIVD), como fazer compras, realizar trabalhos domésticos e preparar refeições. Tem-se evidenciado que há associação do tipo dose-resposta entre idade e prevalência de incapacidade funcional4 e que o envelhecimento é diferente para homens e mulheres.55. Paskulin LMG, Aires M, Goncalves AV, Kottwitz CCB, Morais EP, Brondani MA. Aging, diversity, and health: the brazilian and the canadian context. Acta Paul Enferm 2011;24(6):851-6.,66. Flores VB, Benvegnú LA. Perfil de utilização de medicamentos em idosos da zona urbana de Santa Rosa, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad Saúde Pública 2008;24(6):1439-46. No entanto, a maioria desses estudos envolveu amostras representativas de municípios ou estados, e não pesquisas de âmbito nacional.

Considerando-se a importância da capacidade funcional como indicador de saúde para idosos e as informações dispersas sobre o tema em pesquisas brasileiras, este artigo teve como objetivo descrever a prevalência de incapacidade funcional por gênero entre idosos brasileiros por meio de uma revisão sistemática com metanálise de artigos referentes ao tema.

MÉTODO

Nesta revisão sistemática com metanálise, buscou-se responder a seguinte pergunta: Existem diferenças de gênero para a prevalência de incapacidade funcional em idosos brasileiros?

A busca por artigos publicados até junho de 2013 foi ​​realizada nas bases de dados eletrônicas MEDLINE, SciELO, LILACS, Scopus, Web of Science e Science Direct.

Os descritores utilizados no processo de revisão foram selecionados após consulta aos Descritores em Ciências da Saúde, Bireme (DeCS). A busca foi realizada em inglês utilizando conceitos agrupados em três blocos: o primeiro com termos relacionados à capacidade funcional ("avaliação funcional", "funcionalidade", "atividades cotidianas") o segundo com termos relacionados a envelhecimento ("idoso" e "velhice") e o terceiro, com termo relacionado ao Brasil ("brasileiro"). Para combinar esses descritores, utilizou-se o operador lógico "OR" dentro de cada bloco e o operador lógico "AND" para combinar os blocos. Utilizou-se a mesma estratégia de busca em todas as bases de dados pesquisadas.

Optou-se por não adotar quaisquer delimitações relacionadas ao tamanho dos dados, linguagem, tipo de estudo ou amostra e em relação ao período de publicação. Apesar das bases de pesquisa não possuírem o mesmo período disponível, não houve delimitação do período de publicação dos artigos para garantir que todos os artigos que pudessem ter algum impacto na conclusão da revisão fossem incluídos.

Os critérios de inclusão foram: população da amostra formada apenas por idosos (idade igual ou superior a 60 anos); avaliação da capacidade funcional com cálculo da prevalência de incapacidade por gênero, e coleta de dados realizada no Brasil. Foram excluídos artigos que se limitavam a condições de saúde específicas em idosos (obesidade, hipertensão, diabetes, demência e outras doenças). Além disso, os autores optaram por excluir teses, dissertações e monografias, porque uma pesquisa sistemática sobre este tema para essas obras não seria viável.

Os artigos foram selecionados pela primeira vez pelo seu título e resumo e, em seguida, pela leitura na íntegra. Cada artigo foi analisado e selecionado por dois revisores e, quando houve desentendimento, uma terceira pessoa foi consultada. Artigos duplicados, com resultados idênticos publicados em diferentes revistas, foram checados para exclusão de uma das publicações. Nos casos de duplicidade dos artigos em mais de uma base de dados, manteve-se a versão da base mais abrangente.

Além da prevalência de incapacidade funcional, os artigos selecionados foram mapeados em relação ao tipo de estudo, local de realização, tamanho da amostra, idade dos participantes, tipo de análise estatística e o método de avaliação e classificação da capacidade funcional.

Para os artigos com informações incompletas, foram feitas três tentativas de contato com o autor correspondente, via correio eletrônico, entre os meses de agosto e setembro de 2013, buscando-se dados complementares. Um e-mail padrão foi enviado aos autores, solicitando as seguintes informações: n total da análise estatística dos dados, porcentagem de homens da amostra e prevalência de incapacidade funcional por gênero.

Os instrumentos empregados para avaliar a qualidade metodológica dos artigos observacionais a serem incluídos na revisão sistemática foram o Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) e pelo Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). O STROBE contem 22 itens que versam sobre recomendações sobre o que deveria ser contido em uma descrição precisa e completa em estudos observacionais.7 O PRISMA é uma lista de verificação específica para estudos de revisão sistemática, contém 27 tópicos e foi desenvolvido para aumentar a qualidade das revisões sistemáticas e metanálises de ensaios clínicos randomizados e artigos não randomizados.88. Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MMF, Silva CMFP. Iniciativa STROBE: subsídios para a comunicação de estudos observacionais. Rev Saúde Pública 2010;44(3):559-65.

A análise dos artigos selecionados foi feita de forma descritiva e realizada em duas etapas. A primeira incluiu: ano; autoria; local do estudo; tipo de estudo; população-alvo; delineamento do estudo e análise estatística dos dados. A segunda etapa compreendeu análise dos dados de prevalência de incapacidade funcional por gênero por meio do teste Mantel-Haenszel e apresentação por meio de gráfico Forest-plot, utilizando o programa BioEstat 3.0.

RESULTADOS

A figura 1 mostra o fluxograma para o processo de seleção dos artigos. Dos 3.656 artigos inicialmente identificados em todas as bases, 2.585 duplicatas foram excluídas, 114 artigos foram elegíveis para a leitura do texto na íntegra. Em 42 artigos não foi possível identificar a prevalência para capacidade funcional expressa em porcentagem, 28 artigos não avaliaram a funcionalidade por gênero separadamente. Ainda que 44 artigos tenham sido analisados e aprovados segundo os critérios do PRISMA e STROBE, 21 artigos foram excluídos por ausência de resposta dos autores quanto a complementações de informações. Após essa etapa, 23 artigos foram considerados elegíveis para a revisão sistemática.

Figura 1
Fluxograma de seleção dos artigos científicos nas bases de dados. Belo Horizonte-MG, 2014.

Todos os artigos presentes na revisão definem idade para inclusão nos estudos, sendo que 19 (82,0%) incluíram indivíduos com 60 anos de idade ou mais; dois (8,7%), com 65 anos ou mais e o mesmo percentual incluiu pessoas com 80 anos ou mais.

Quanto à região de realização do estudo, nove9-17 (39,0%) se desenvolveram exclusivamente em região urbana, um1818. Rigo II, Paskulin LMG, Morais EP. Capacidade funcional de idosos de uma comunidade rural do Rio Grande do Sul. Rev Gaúcha Enferm 2010;31(2):254-61. (4,3%) em região rural, dois19,20 (8,7%) em ambas e sete21-27 (30,0%) não especificaram se o estudo foi realizado em zona urbana ou rural. Os quatro (17,4%) estudos28-31 restantes foram desenvolvidos com idosos em instituições de longa permanência para idosos (ILPI), usuários de plano de saúde, internados em enfermaria geronto-geriátrica e com idosos em atendimento em serviço público de reabilitação, respectivamente.

Somente oito (35,0%) estudos12,15,18,19,21,27-29 explicitaram um ou mais critérios de exclusão para participação nos estudos que abrangeram: ter menos de 60 anos e não ser cadastrado nas ILPIs estudadas (4,3%); ser usuário de plano de assistência à saúde privada, porém, residir fora da região de cobertura (4,3%); não conseguir responder ao questionário (13,0%); não ser encontrado no domicílio para coleta de dados (8,7%); estar acamado (4,3%); apresentar dificuldade cognitiva e/ou de locomoção (4,3%).

As características dos artigos são apresentadas na tabela 1. Em relação à base de dados, 13 (56,5%) artigos9,10,13,17-21,23,24,28-30 foram publicados na base LILACS, oito (34,7%) na PUBMED1111. Giacomin KC, Peixoto SV, Uchoa E, Lima-Costa MF. Estudo de base populacional dos fatores associados à incapacidade funcional entre idosos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública 2008;24(6):1260-70.,1212. Lebrão ML, Laurenti R. Saúde, bem-estar e envelhecimento: o estudo SABE no Município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol 2005;8(2):127-41.,1414. Medeiros FL, Xavier AJ, Schneider IJC, Ramos LR, Sigulem D, D'Orsi E. Inclusão digital e capacidade funcional de idosos residentes em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, (EpiFloripa 2009-2010). Rev Bras Epidemiol 2012;15(1):106-22.,1616. Ramos LR, Toniolo JN, Cendoroglo MS, Garcia JT, Najas MS, Perracini M, et al. Two-year follow-up study of elderly: methodology and preliminary results. Rev Saúde Pública 1998;32(5):397-407.,2525. Nunes DP, Nakatani AYK, Silveira EA, Bachion MM, Souza MR. Capacidade funcional, condições socioeconômicas e de saúde de idosos atendidos por equipes de Saúde da Família de Goiânia, GO, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva 2010;5(6):2887-98.

26. Santos JLF, Lebrão ML, Duarte YAO, Lima FD. Functional performance of the elderly in instrumental activities of daily living: an analysis in the municipality of São Paulo, Brazil. Cad Saúde Pública 2008;24(4):879-86.
-2727. Santos MIPO, Griep RH. Capacidade funcional de idosos atendidos em um programa do SUS em Belém (PA). Ciênc Saúde Coletiva 2013;18(3):753-61.,3030. Rossi AL, Pereira VS, Driusso P, Rebelatto JR, Ricci NA. Profile of the elderly in physical therapy and its relation to functional disability. Braz J Phys Ther 2013;17(1):77-85. e apenas dois (8,7%) artigos15,22 foram selecionados na base SciELO. Nenhum artigo foi selecionado das bases Scopus, Web of Science e Science Direct.

Tabela 1
Características dos artigos incluídos na revisão. Belo Horizonte-MG, 2014.

A maioria das pesquisas foi realizada entre os anos de 2009 e 2013, sendo que 11 (47,8%)11,12,16,17,20,22,24,25,28,30,31 foram conduzidas na Região Sudeste. Do total de 23 pesquisas, apenas quatro (17,3%)1212. Lebrão ML, Laurenti R. Saúde, bem-estar e envelhecimento: o estudo SABE no Município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol 2005;8(2):127-41.,1616. Ramos LR, Toniolo JN, Cendoroglo MS, Garcia JT, Najas MS, Perracini M, et al. Two-year follow-up study of elderly: methodology and preliminary results. Rev Saúde Pública 1998;32(5):397-407.,2222. D' Orsi E, Xavier AJ, Ramos LR. Work, social support and leisure protect the elderly from functional loss: epidoso study. Rev Saúde Pública 2011;45(4):685-92.,2626. Santos JLF, Lebrão ML, Duarte YAO, Lima FD. Functional performance of the elderly in instrumental activities of daily living: an analysis in the municipality of São Paulo, Brazil. Cad Saúde Pública 2008;24(4):879-86. eram do tipo longitudinal realizadas nos domicílios de idosos que apresentaram seus dados de prevalência para determinado ano (tabela 1).

A incapacidade funcional foi mensurada indiretamente, ou seja, com base em informações fornecidas por indivíduos. Em todos os estudos incluídos nesta revisão as escalas de mensuração de ABVD e AIVD foram os instrumentos mais comumente usados. Em cinco (21,7%) estudos1616. Ramos LR, Toniolo JN, Cendoroglo MS, Garcia JT, Najas MS, Perracini M, et al. Two-year follow-up study of elderly: methodology and preliminary results. Rev Saúde Pública 1998;32(5):397-407.,1919. Aires M, Paskulin LMG, Morais EP. Functional capacity of elder elderly: comparative study in three regions of Rio Grande do Sul. Rev Latinoam Enferm 2010;18(1):11-7.,2222. D' Orsi E, Xavier AJ, Ramos LR. Work, social support and leisure protect the elderly from functional loss: epidoso study. Rev Saúde Pública 2011;45(4):685-92.,3030. Rossi AL, Pereira VS, Driusso P, Rebelatto JR, Ricci NA. Profile of the elderly in physical therapy and its relation to functional disability. Braz J Phys Ther 2013;17(1):77-85.,3131. Siqueira AB, Cordeiro RC, Perracini MR, Ramos LR. Impacto funcional da internação hospitalar de pacientes idosos. Rev Saúde Pública 2004;38(5):687-94. utilizou-se o Questionário Brasileiro de Avaliação Funcional Multidimensional (BOMFAQ), três (13,0%) estudos1010. Freitas RS, Fernandes MH, Coqueiro RS, Reis WM Júnior, Rocha SV, Brito TA. Capacidade funcional e fatores associados em idosos: estudo populacional. Acta Paul Enferm 2012;25(6):933-9.,1313. Maciel ACC, Guerra RO. Influência dos fatores biopsicossociais sobre a capacidade funcional de idosos residentes no nordeste do Brasil. Rev Bras Epidemiol 2007;10(2):178-89.,1414. Medeiros FL, Xavier AJ, Schneider IJC, Ramos LR, Sigulem D, D'Orsi E. Inclusão digital e capacidade funcional de idosos residentes em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, (EpiFloripa 2009-2010). Rev Bras Epidemiol 2012;15(1):106-22. utilizaram a escala de Katz combinada ao índice de Lawton-Brody (ILB) e três (13,0%) estudos1717. Rosa TEC, Benício MHA, Latorre MRDO, Ramos LR. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Rev Saúde Pública 2003;37(1):40-8.,1818. Rigo II, Paskulin LMG, Morais EP. Capacidade funcional de idosos de uma comunidade rural do Rio Grande do Sul. Rev Gaúcha Enferm 2010;31(2):254-61.,3131. Siqueira AB, Cordeiro RC, Perracini MR, Ramos LR. Impacto funcional da internação hospitalar de pacientes idosos. Rev Saúde Pública 2004;38(5):687-94. empregaram a escala de ABVD do Older American Resources and Services (OARS). Embora a maioria das pesquisas tenha utilizado questionários previamente validados que fornecem escores, quatro (17,3%) pesquisas11,21,23,26 procuraram informar-se sobre a capacidade funcional de idosos por meio de questão aberta referente à presença de dificuldade no desempenho de uma ou mais ABVDs ou AIVDs (tabela 1).

Em relação ao processo de amostragem, observou-se grande variabilidade na composição da amostra entre os gêneros; apenas em uma pesquisa2727. Santos MIPO, Griep RH. Capacidade funcional de idosos atendidos em um programa do SUS em Belém (PA). Ciênc Saúde Coletiva 2013;18(3):753-61. a maioria da amostra era composta por homens. Cinco (21,7%) referiam-se a censo10,18,20,28,29 e em 14 (60,8%),99. Fiedler MM, Peres KG. Capacidade funcional e fatores associados em idosos do Sul do Brasil: um estudo de base populacional. Cad Saúde Pública 2008;24(2):409-15.,1111. Giacomin KC, Peixoto SV, Uchoa E, Lima-Costa MF. Estudo de base populacional dos fatores associados à incapacidade funcional entre idosos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública 2008;24(6):1260-70.

12. Lebrão ML, Laurenti R. Saúde, bem-estar e envelhecimento: o estudo SABE no Município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol 2005;8(2):127-41.

13. Maciel ACC, Guerra RO. Influência dos fatores biopsicossociais sobre a capacidade funcional de idosos residentes no nordeste do Brasil. Rev Bras Epidemiol 2007;10(2):178-89.

14. Medeiros FL, Xavier AJ, Schneider IJC, Ramos LR, Sigulem D, D'Orsi E. Inclusão digital e capacidade funcional de idosos residentes em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, (EpiFloripa 2009-2010). Rev Bras Epidemiol 2012;15(1):106-22.

15. Nunes MCR, Ribeiro RC L, Rosado LEFPL, Franceschini SC. Influência das características sociodemográficas e epidemiológicas na capacidade funcional de idosos residentes em Ubá, Minas Gerais. Braz J Phys Ther 2009;13(5):376-82.

16. Ramos LR, Toniolo JN, Cendoroglo MS, Garcia JT, Najas MS, Perracini M, et al. Two-year follow-up study of elderly: methodology and preliminary results. Rev Saúde Pública 1998;32(5):397-407.
-1717. Rosa TEC, Benício MHA, Latorre MRDO, Ramos LR. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Rev Saúde Pública 2003;37(1):40-8.,1919. Aires M, Paskulin LMG, Morais EP. Functional capacity of elder elderly: comparative study in three regions of Rio Grande do Sul. Rev Latinoam Enferm 2010;18(1):11-7.,2020. Santos KA, Koszuoski R, Dias-da-Costa JS, Pattussi MP. Fatores associados com a incapacidade funcional em idosos do Município de Guatambu, Santa Catarina, Brasil. Cad Saúde Pública 2007;23(11):2781-8.

21. Cardoso MC, Marquesan FM, Lindôso ZCL, Schneider R, Gomes I, De Carli GA. Análise da capacidade funcional dos idosos de Porto Alegre e sua associação com autopercepção de saúde. Estud Interdiscip Envelhec 2012;17(1):111-24.

22. D' Orsi E, Xavier AJ, Ramos LR. Work, social support and leisure protect the elderly from functional loss: epidoso study. Rev Saúde Pública 2011;45(4):685-92.
-2323. Lima-Costa MF, Barreto SM, Giatti L. Condições de saúde, capacidade funcional, uso de serviços de saúde e gastos com medicamentos da população idosa brasileira: um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2003;19(3):735-43.,2525. Nunes DP, Nakatani AYK, Silveira EA, Bachion MM, Souza MR. Capacidade funcional, condições socioeconômicas e de saúde de idosos atendidos por equipes de Saúde da Família de Goiânia, GO, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva 2010;5(6):2887-98. o processo de amostragem foi probabilístico com sorteio do número de participantes e/ou do número de domicílios amostrados. Sete (30,4%) pesquisas10,12,16,21,24,28,31 não registraram descrição da porcentagem de perdas da amostra (tabela 1).

Em relação à análise dos dados, as comparações entre os dados de prevalência e frequências foram bastante divergentes, sendo que o teste estatístico mais utilizado foi a Regressão Logística (10 estudos).99. Fiedler MM, Peres KG. Capacidade funcional e fatores associados em idosos do Sul do Brasil: um estudo de base populacional. Cad Saúde Pública 2008;24(2):409-15.

10. Freitas RS, Fernandes MH, Coqueiro RS, Reis WM Júnior, Rocha SV, Brito TA. Capacidade funcional e fatores associados em idosos: estudo populacional. Acta Paul Enferm 2012;25(6):933-9.
-1111. Giacomin KC, Peixoto SV, Uchoa E, Lima-Costa MF. Estudo de base populacional dos fatores associados à incapacidade funcional entre idosos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública 2008;24(6):1260-70.,1313. Maciel ACC, Guerra RO. Influência dos fatores biopsicossociais sobre a capacidade funcional de idosos residentes no nordeste do Brasil. Rev Bras Epidemiol 2007;10(2):178-89.,1515. Nunes MCR, Ribeiro RC L, Rosado LEFPL, Franceschini SC. Influência das características sociodemográficas e epidemiológicas na capacidade funcional de idosos residentes em Ubá, Minas Gerais. Braz J Phys Ther 2009;13(5):376-82.,1717. Rosa TEC, Benício MHA, Latorre MRDO, Ramos LR. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Rev Saúde Pública 2003;37(1):40-8.,1919. Aires M, Paskulin LMG, Morais EP. Functional capacity of elder elderly: comparative study in three regions of Rio Grande do Sul. Rev Latinoam Enferm 2010;18(1):11-7.,2424. Nogueira SL, Ribeiro RCL, Rosado LEFPL, Franceschini SCC, Ribeiro AQ, Pereira ET. Fatores determinantes da capacidade funcional em idosos longevos. Braz J Phys Ther 2010;14(4):322-9.,2626. Santos JLF, Lebrão ML, Duarte YAO, Lima FD. Functional performance of the elderly in instrumental activities of daily living: an analysis in the municipality of São Paulo, Brazil. Cad Saúde Pública 2008;24(4):879-86.,2727. Santos MIPO, Griep RH. Capacidade funcional de idosos atendidos em um programa do SUS em Belém (PA). Ciênc Saúde Coletiva 2013;18(3):753-61. Apenas em quatro (17,3%) estudos14,20,22,29 foi utilizada a Regressão de Poisson para análise dos dados de prevalência (tabela 1).

As prevalências de incapacidade funcional de cada estudo, bem como as prevalências estratificadas por gênero, são apresentadas na tabela 2. Na prevalência geral, houve grande variação nessas estimativas, desde 13,2% a 85,0%. As taxas de prevalência variaram de 12,3% a 94,1% para os homens e de 14,9% a 84,6% para mulheres.

Tabela 2
Taxa de prevalência de incapacidade funcional de idosos brasileiros (total e por gênero). Belo Horizonte-MG, 2014.

O tamanho da amostra também divergiu entre as pesquisas avaliadas, sendo a menor constituída por 39 idosos e a maior por 28.943 idosos (tabela 2).

Considerando-se as amostras de todos os estudos, 44.714 idosos foram entrevistados. O resultado do Qui-quadrado de Mantel-Haenszel é apresentado na figura 2. Houve diferença estatiscamente significante entre homens e mulheres em relação à prevalência de incapacidade funcional. A proporção de mulheres com incapacidade funcional é 1,51 vezes maior que a de homens (p<0,001), com intervalo de confiança entre 1,43 e 1,59. Apenas em cinco pesquisas (21,7%)1616. Ramos LR, Toniolo JN, Cendoroglo MS, Garcia JT, Najas MS, Perracini M, et al. Two-year follow-up study of elderly: methodology and preliminary results. Rev Saúde Pública 1998;32(5):397-407.,2424. Nogueira SL, Ribeiro RCL, Rosado LEFPL, Franceschini SCC, Ribeiro AQ, Pereira ET. Fatores determinantes da capacidade funcional em idosos longevos. Braz J Phys Ther 2010;14(4):322-9.,2626. Santos JLF, Lebrão ML, Duarte YAO, Lima FD. Functional performance of the elderly in instrumental activities of daily living: an analysis in the municipality of São Paulo, Brazil. Cad Saúde Pública 2008;24(4):879-86.

27. Santos MIPO, Griep RH. Capacidade funcional de idosos atendidos em um programa do SUS em Belém (PA). Ciênc Saúde Coletiva 2013;18(3):753-61.
-2828. Araújo MLM, Fló CM, Muchale SM. Efeitos dos exercícios resistidos sobre o equilíbrio e a funcionalidade de idosos saudáveis: artigo de atualização. Fisioter Pesqui 2010;17(3):277-83. este efeito não foi observado como significativo, pois a linha horizontal atravessa a linha vertical no gráfico Forest-plot.

Figura 2
Forest-plot da prevalência de incapacidade funcional de idosos brasileiros entre os gêneros. Belo Horizonte-MG, 2014.

DISCUSSÃO

A grande maioria dos estudos que compuseram essa revisão sistemática foi conduzida nas Regiões Sudeste e Sul. Uma possível explicação para esses achados seriam as importantes diferenças regionais quanto ao índice de envelhecimento, com reflexos sobre a produção científica na área. Estudo com dados do censo de 2010 mostra rápido processo de envelhecimento populacional brasileiro, com aumento de 268,0% no índice de envelhecimento do Brasil, no período de 1970 a 2010. Em 2010, comparando-se as regiões brasileiras, os maiores índices foram no Sul (54,9%) e Sudeste (54,5%) e o menor foi encontrado no Norte (21,8%).3232. Closs VE, Schwanke CHA. A evolução do índice de envelhecimento no Brasil, nas suas regiões e unidades federativas no período de 1970 a 2010. Rev Bras Geriatr Gerontol 2012;15(3):443-58.

As amostras dos estudos selecionados foram compostas em sua maioria por mulheres, corroborando dados oficiais brasileiros. Resultados do censo 2010 apontam que a razão de sexo passou de 99,8 homens para cada 100 mulheres em 1960 para 96 homens para cada 100 mulheres.3333. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Atlas do censo demográfico 2010 [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2013 [acesso em 12 dez. 2014]. Disponível em: http://censo2010.ibge.gov.br/apps/atlas/

O presente estudo reafirmou alta prevalência de incapacidade funcional em idosos brasileiros e sua ampla variabilidade entre os gêneros. A prevalência média foi igual a 42,8% (±21,0) entre as mulheres e 39,6% (±26,2) entre os homens. Estes resultados são semelhantes aos de outros estudos brasileiros.3434. Alexandre TS, Corona LP, Nunes DP, Santos JL, Duarte YA, Lebrão ML. Gender differences in incidence and determinants of disability in activities of daily living among elderly individuals: SABE study. Arch Gerontol Geriatr 2012;55:431-7.,3535. Drumond AFC, Guevara PE, Lebrão ML, Duarte YAO, Santos JL. Gender differences in life expectancy and disability-free life expectancy among older people in São Paulo, Brazil. J Womens Health 2011;21:64-70.

Em oito estudos11,12,15,19,21,22,24,31 selecionados para a revisão, a prevalência de incapacidade funcional entre as mulheres foi superior a 50,0%. Diferenças de prevalência de incapacidades entre gêneros também foram apontadas em outros artigos.2323. Lima-Costa MF, Barreto SM, Giatti L. Condições de saúde, capacidade funcional, uso de serviços de saúde e gastos com medicamentos da população idosa brasileira: um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cad Saúde Pública 2003;19(3):735-43.,3636. Parahyba MI, Veras R. Diferenciais sociodemográficos no declínio funcional em mobilidade física entre os idosos no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva 2008;13(4):1257-64.

Poucos estudos foram publicados no Brasil com o objetivo de avaliar possíveis explicações para diferenças entre os gêneros ou para a perda da capacidade funcional mais acentuada no gênero feminino.1414. Medeiros FL, Xavier AJ, Schneider IJC, Ramos LR, Sigulem D, D&apos;Orsi E. Inclusão digital e capacidade funcional de idosos residentes em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, (EpiFloripa 2009-2010). Rev Bras Epidemiol 2012;15(1):106-22.

Algumas hipóteses para explicar essa diferença entre os gêneros incluiriam: tendência das mulheres a reportar maiores dificuldades funcionais que os homens;22. Barros APM, Machado VB. Revisão sistemática da produção científica sobre os benefícios adquiridos na promoção do envelhecimento saudável. Rev Eletr Gest Saúde [Internet] 2012 [acesso em 10 Nov 2014];3(2):692-703. Disponível em: http://gestaoesaude.unb.br/index.php/gestaoesaude/article/view/181/pdf.
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níveis iniciais mais elevados de incapacidade entre as mulheres mais velhas;3636. Parahyba MI, Veras R. Diferenciais sociodemográficos no declínio funcional em mobilidade física entre os idosos no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva 2008;13(4):1257-64. maior longevidade feminina que combinada às limitações poderá levar a dependência de cuidados.22. Barros APM, Machado VB. Revisão sistemática da produção científica sobre os benefícios adquiridos na promoção do envelhecimento saudável. Rev Eletr Gest Saúde [Internet] 2012 [acesso em 10 Nov 2014];3(2):692-703. Disponível em: http://gestaoesaude.unb.br/index.php/gestaoesaude/article/view/181/pdf.
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Hipóteses adicionais para explicar diferença compreenderiam maior viuvez das mulheres em relação aos homens.3434. Alexandre TS, Corona LP, Nunes DP, Santos JL, Duarte YA, Lebrão ML. Gender differences in incidence and determinants of disability in activities of daily living among elderly individuals: SABE study. Arch Gerontol Geriatr 2012;55:431-7.,3535. Drumond AFC, Guevara PE, Lebrão ML, Duarte YAO, Santos JL. Gender differences in life expectancy and disability-free life expectancy among older people in São Paulo, Brazil. J Womens Health 2011;21:64-70. A decorrente fragilização da rede de suporte de mulheres associada a maior expectativa de vida e maior prevalência de doenças crônicas aumentaria sua vulnerabilidade às condições incapacitantes.

Especificamente no caso do presente estudo, as variações de prevalência encontradas podem ser também explicadas pela falta de padronização na adoção de medidas da capacidade funcional e pelas diferenças no processo de amostragem entre os estudos.

Dentre as pesquisas selecionadas, duas19,24 foram realizadas com idosos octogenários. A variabilidade dos pontos de corte adotado para análise dos dados impossibilitou estabelecer uma relação entre idade e capacidade funcional por gênero durante a metanálise. No entanto, a idade tem sido considerada importante fator de risco para incapacidade funcional e os idosos com mais de 75 anos de idade são menos propensos a se recuperar.3636. Parahyba MI, Veras R. Diferenciais sociodemográficos no declínio funcional em mobilidade física entre os idosos no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva 2008;13(4):1257-64.

37. Parahyba MI, Simões CCS. A prevalência de incapacidade funcional em idosos no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva 2006;11(4):967-74.
-3838. Organização Mundial da Saúde. Envelhecimento ativo: uma política de saúde [Internet]. Brasília, DF: Organização Pan- Americana de Saúde; 2005 [acesso em 12 dez 2014]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf
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Resultados iniciais da rede FIBRA (Rede de Estudos sobre a Fragilidade em Idosos Brasileiros) demonstraram redução estaticamente significante no desempenho das AIVDs e ABVDs num intervalo de seis meses em uma amostra de 167 idosos em Belo Horizonte-MG.3939. Figueiredo CS, Assis MG, Silva SL, Dias RC, Mancini MC. Functional and cognitive changes in community-dwelling elderly: Longitudinal study. Braz J Phys Ther 2013;17(3):297-306.

Apesar de existirem indicadores importantes definidos para limitação da capacidade funcional de idosos longevos que dificultam as atividades diárias, a produção científica brasileira referente à funcionalidade dessa população é recente.4040. Lourenço TM, Lenardt MH, Kletemberg DF, Seima MD, Tallmann AEC, Neu DKM. Capacidade funcional no idoso longevo: uma revisão integrativa. Rev Gaúcha Enferm 2012;33(2):176-85.

Os instrumentos para avaliar a incapacidade funcional em idosos brasileiros encontrados na literatura e nesta revisão sistemática são, em sua maioria, métodos indiretos de avaliação, autodeclarativos e referem-se ao desempenho do idoso nas suas atividades cotidianas, mais especificamente, nas ABVDs e AIVDs. A vantagem do uso de medidas autodeclarativas, ou subjetivas, é fornecer informações sobre severidade e tipos de limitações vividas em diferentes situações e contextos.4141. Paixão CM Júnior, Reichenheim ME. Uma revisão sobre instrumentos de avaliação do estado funcional do idoso. Cad Saúde Pública 2005;21(1):7-19. Ainda, esses questionários são de fácil acesso e aplicação e podem ser bons indicadores para avaliar incapacidade e/ou limitações no funcionamento físico e saúde mental dos idosos decorrentes de doenças e devido a outras condições associadas com o envelhecimento.4242. Ramos LR, Rosa TEC, Oliveira ZM, Medina MCG, Santos FR. Perfil do idoso em área metropolitana na região sudeste do Brasil: resultados de inquérito domiciliar. Rev Saúde Pública 1993;27(2):87-94. Dentre as desvantagens no uso desses instrumentos incluem-se que informações coletadas por meio de autorrelato podem ser influenciadas por alterações fisiológicas, cognitivas e emocionais que podem ocorrer durante o envelhecimento. Além disso, para idosos que residem na comunidade, alguns desses instrumentos não possuem poder discriminatório suficiente para todas as ABVDs e AIVDs, pois a maioria deles é considerada funcionalmente independente.

Dentre as escalas adotadas nas pesquisas selecionadas destacam-se o BOMFAQ,4343. Ramos LR. Family support for the elderly in São Paulo, Brazil. In: Kendig H, Hashimoto A, Coppard L, org. Family support for the elderly: the international experience. Oxford: Oxford University Press; 1992. escala de Katz44 e índice de Lawton-Brody.4545. Lawton MP, Brody E. Assessment of older people: self maintaining and instrumental activities of daily living. Gerontologist 1969;9(3):179-86.

O BOMFAQ é utilizado para avaliar a dificuldade referida na realização de 15 atividades cotidianas, das quais oito atividades são classificadas como ABVD e sete são consideradas AIVDs. O relato de presença de dificuldade ou dependência em cada uma dessas atividades é registrado, independente do grau referido.4343. Ramos LR. Family support for the elderly in São Paulo, Brazil. In: Kendig H, Hashimoto A, Coppard L, org. Family support for the elderly: the international experience. Oxford: Oxford University Press; 1992.

A escala de Katz avalia independência para seis ABVDs em três níveis, a partir dos quais o idoso é classificado em uma de oito categorias possíveis.4444. Katz S, Ford AB, Moskowitz RW, Jackson BA, Jaffe MW. Studies of illness in the aged. The index of ADL: a standardized measure of biological and psychosocial function. JAMA 1963;185:94-9. No Brasil, a adaptação transcultural e validação da escala de Katz para o português foi realizada por Lino et al.4646. Lino VRS, Pereira SEM, Camacho LAB, Ribeiro ST Filho, Buksman S. Adaptação transcultural da Escala de Independência em Atividades da Vida Diária, (Escala de Katz). Cad Saúde Pública 2008;24(1):103-12.

A escala de Lawton-Brody avaliada em sua confiabilidade por Santos & Virtuoso4747. Santos RL, Virtuoso JS Júnior. Confiabilidade da versão brasileira da escala de atividades instrumentais da vida diária. Rev Bras Promoç Saúde 2008; 21(4):290-6. e validada por Araújo et al.,4848. Araújo F, Pais-Ribeiro J, Oliveira A, Pinto C, Martins T. Validação da escala de Lawton e Brody numa amostra de idosos não institucionalizados. In: Leal I, Pais-Ribeiro J, Silva I, Marques S. (Edts.). Actas do 7º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde [Internet]. Lisboa: ISPA. 2008 [acesso em 10 nov. 2014];217-20. Disponível em: https://www.cdi.ensp.unl.pt/docbweb/multimedia/rpsp2007-2/05.pdf.
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também foi adotada em parte das pesquisas e avalia a independência para seis ABVDs denominadas pelos autores como físicas de vida diária, oito AIVDs para mulheres e cinco para homens, em 3 a 5 níveis. Há duas possibilidades de pontuação, uma que considera a pontuação em cada atividade e outra que considera a pontuação total.

As limitações deste estudo de revisão sistemática são referentes à variabilidade dos tipos de pesquisa e de contextos de realização da coleta de dados e, ao pequeno número de características analisadas. Possivelmente isso explicaria, pelo menos em parte, a heterogeneidade observada das prevalências de incapacidade funcional nos artigos selecionados.

Considerando-se que a literatura científica brasileira é relativamente recente em relação ao cálculo de prevalência da incapacidade funcional entre idosos, optou-se por não adotar uma delimitação rigorosa na estratégia de busca. Os principais critérios de seleção para esta revisão foram a idade e a ausência de condições de saúde específicas em idosos, o que não permitiu melhor comparabilidade entre as populações.

Além disso, embora em todos os estudos selecionados tenham sido utilizados questionários e escalas para medir a capacidade funcional, o ponto de corte para a incapacidade foi diferente entre os estudos. Essa variação demonstra a necessidade de se utilizar métodos padronizados nos processos de adaptação transcultural para estimar de forma objetiva a funcionalidade de idosos e investigar os fatores de risco e protetores entre os gêneros.

Apesar das limitações, esta revisão poderá servir de base para estudar a influência da situação clínica dos idosos e de possíveis associações entre doenças e morbidades que poderiam comprometer a capacidade funcional do idoso e, portanto, influenciar diretamente nas taxas de prevalência de incapacidade funcional.

CONCLUSÃO

A principal contribuição do presente estudo reside no fato de ser o primeiro a utilizar a revisão sistemática com metanálise para investigar a prevalência de incapacidade funcional entre os idosos comparando os gêneros. Pode-se concluir que a prevalência de incapacidade funcional em idosos brasileiros é alta, principalmente entre as mulheres. Os resultados desta revisão sistemática sugerem ainda que existem diferenças entre os gêneros que necessitariam ser mais bem investigadas. Condições para que os resultados dos estudos pudessem ser comparados incluem padronização na adoção de instrumentos de aferição das incapacidades funcionais, e definição de outras variáveis e medidas comparáveis para realização da metaregressão e testagem de associação entre a incapacidade funcional e possíveis fatores de risco.

Sugere-se que novos estudos devam apresentar, além de rigor quanto ao delineamento, um tamanho amostral adequado que permita uma comparação estatística entre homens e mulheres e aplicação de instrumentos padronizados para o acompanhamento dos resultados em longo prazo.

Apesar dos desafios observados, acredita-se que este estudo representa um esforço inicial para sistematizar informações sobre a capacidade funcional, principal indicador de saúde para idosos. Considera-se que outros estudos dessa natureza possibilitarão identificar grupos específicos para ações de intervenção e promoção de saúde que visem fundamentalmente manter e melhorar a capacidade funcional e a autonomia de idosos pelo maior tempo possível.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2016

Histórico

  • Recebido
    23 Abr 2015
  • Revisado
    10 Fev 2016
  • Aceito
    19 Abr 2016
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