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I Reunião da SBTMO de Diretrizes Brasileiras em Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas

First Meeting Consensus of Brazilian Hematopoietic Stem Cell Transplantation

I Reunião da SBTMO de Diretrizes Brasileiras em Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas

First Meeting Consensus of Brazilian Hematopoietic Stem Cell Transplantation

Luis Fernando S. Bouzas

Presidente da SBTMO 2006-2009. Presidente da I Reunião de Diretrizes e da Comissão Organizadora (junho 2009)

Endereço para correspondência Correspondência: Luis Fernando da Silva Bouzas Pça da Cruz Vermelha, 23, 7º andar _ Centro 20230-130 _ Rio de Janeiro-RJ _ Brasil Tel.: (55 21) 2506-6215 E-mail: lbouzas@inca.gov.br

Em conformidade com a Assembléia Geral da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea _ SBTMO, ocorrida em Ouro Preto, MG, durante o VII Congresso, e com a Assembléia realizada em São Paulo durante o XII Congresso da SBTMO, organizou-se a primeira Reunião de Consenso que culminou com um evento (plenárias) realizado no Hotel Windsor, Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no período de 19 a 21 de junho de 2009. Nesta oportunidade, cerca de cem profissionais convidados e representando os principais centros de transplante em atividade no Brasil apresentaram as propostas dos grupos de trabalho, previamente organizados, através de seus relatores, para discussão em sessões plenárias.

Os principais objetivos a alcançar foram:

• Reunir conhecimentos atuais sobre temas previamente selecionados na área de transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) baseados em evidências e referências/experiências nacionais e internacionais.

• Elaborar diretrizes para os TCTHs no Brasil.

• Elaborar documento final como resultado das discussões.

• Publicar este documento final, que servirá tanto como base para treinamento e atuação de equipes e planejamento de unidades de transplante, bem como para contribuir com a normatização dos procedimentos no País.

O modelo de estruturação da reunião (Consenso) foi baseado na experiência de outras sociedades de especialistas. Foram necessários momentos importantes no seu planejamento, tais como: a constituição de uma comissão organizadora, identificação dos temas (macro) e por grupos (específicos), a identificação dos moderadores do Consenso, a identificação dos coordenadores (de grupo) e relatores e a identificação dos especialistas credenciados por tema bem como a participação dos especialistas de outras Sociedades como a ABHH _ Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e a Sobope _ Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica.

Após esta primeira etapa de organização, desenvolveu-se o trabalho dos grupos identificados por temas e pelos seus coordenadores. Estes tiveram um prazo de 60 dias para realizar uma extensa revisão bibliográfica, a análise do tema designado por grupo, a discussão e a elaboração de um relatório para a comissão organizadora e para os moderadores. Os relatores de cada grupo apresentaram em plenária (junho de 2009) o resultado de seu trabalho e as propostas foram discutidas. As que obtiveram aprovação foram encaminhadas para a preparação do documento final e para publicação. A aprovação ocorreu na íntegra ou com sugestões de melhoria/correções. O relatório que não pôde ser aprovado teve seu conteúdo revisto e foi solicitado um novo documento, para o qual será agendado um novo prazo e local para submissão das propostas modificadas.

Para a Reunião Plenária, cada coordenador de grupo indicou dois participantes do grupo que tiveram estada, transporte e passagem patrocinados pela SBTMO. Os demais membros do grupo que participaram da Reunião Plenária foram credenciados pelo coordenador do grupo junto à organização do evento.

Ressaltamos que todos os membros da SBTMO que estivessem com suas obrigações em dia estavam autorizados a participar das plenárias, desde que devidamente credenciados junto aos grupos de trabalho (coordenadores) ou, em caso de não se enquadrarem em nenhum grupo, junto à organização do evento. Em hipótese alguma foram aceitos participantes não credenciados previamente, em função da previsão orçamentária e logística para o bom andamento dos trabalhos.

A seguir relacionamos os presidentes, moderadores, secretários e coordenadores que constituem a base desta importante atividade para a nossa Sociedade e para a comunidade de TCTH no Brasil.

O presidente de honra foi o Prof. Dr. Ricardo Pasquini, que proferiu palestra sobre o tema: "Importância da SBTMO, reunião para o estabelecimento de diretrizes e situação do TCTH no Brasil". O presidente do evento e da comissão organizadora foi Luis Fernando S. Bouzas, os moderadores foram Julio Cesar Voltarelli e Nelson Hamershlak, e os secretários, Adriana Seber e Cristiana Solza.

Os temas selecionados fazem parte deste fascículo e os responsáveis e participantes dos grupos os autores dos artigos.

Esta foi mais uma atividade para fortalecer o papel da SBTMO, que sempre pautou sua atuação pelo pioneirismo, seriedade científica e qualidade, em prol do desenvolvimento da atividade de TCTH em nível nacional e internacional.

Nos dois dias e meio de reuniões e intensa discussão, foi possível identificar como é importante este tipo de iniciativa. De acordo com o novo Regimento Interno da SBTMO, deverá ser realizada com intervalos de dois anos. Esta primeira reunião trouxe aspectos que devem ser abordados com foco específico e com maior detalhamento. Dentre estes, encontram-se as complicações infecciosas, a imunossupressão, a cistite hemorrágica, a doença veno-oclusiva hepática, as complicações tardias pós-TCTH e a doença enxerto-contra-hospedeiro.

Foram selecionados os temas que nortearam esta primeira reunião de diretrizes em função da lacuna existente

pela ausência de um documento apresentado pelos profissionais atuantes no País, representados pelas sociedades de especialistas, cujo conteúdo deveria ser baseado em substrato científico e em evidências, bem como contemplando a complexidade crescente dos TCTHs. Por outro lado, há uma densa regulamentação proveniente das portarias do SNT (http://www.saude.gov.br) /SAS _ Sistema Nacional de Transplantes, órgão responsável pela normatização e reembolso de procedimentos pelo SUS, e da Anvisa (http://www. anvisa. gov.br) _ Agência Nacional de Vigilância Sanitária, responsável pelas regras de funcionamento dos centros, laboratórios e serviços relacionados.

Ambos os documentos oriundos da regulamentação e os de cunho científico contribuem para que a atividade de TCTH e seus procedimentos relacionados sejam executados com qualidade, segurança, no momento adequado e para o paciente selecionado. O benefício claro e evidente é para o paciente embora também sirva para uniformizar condutas entre os distintos grupos, respeitando a realidade nacional.

As possíveis discrepâncias identificadas entre as indicações, baseadas em evidências, discutidas e publicadas pela SBTMO, como diretrizes, podem ou não ser levadas em consideração pelos órgãos reguladores e de suporte financeiro. Porém, por se tratar de um documento de uma Sociedade constituída, de seriedade inquestionável, serve como subsídio para nortear propostas às Câmaras Técnicas e no fórum técnico para revisão de códigos de remuneração de procedimentos e habilitação de instituições e equipes.

Este tem sido o mecanismo mais usado em todo o mundo por sociedades e registros como o NMDP (http://www. marrow.org) _ National Marrow Donor Program e o EBMTR _ European Bone Marrow Donor Registry, que, ao publicarem em sites e revistas especializadas suas diretrizes, norteiam a atividade nos centros de transplante e fornecem orientação para os governos de diferentes países. O dinamismo dos dados, entretanto, exige que periodicamente sejam atualizados estes documentos, o que cabe principalmente às lideranças das instituições envolvidas.1-3

Demos o primeiro passo para dotar o País e nossas Sociedades deste mecanismo de encaminhamento de propostas e atualização de procedimentos na área dos TCTH.

Concluímos conclamando os membros da SBTMO, ABHH e Sobope a adotar esta brilhante iniciativa e seus frutos, executada com afinco e responsabilidade, que surge como mais um marco histórico na trajetória bem sucedida da atividade de TCTH no Brasil, e às lideranças que, contribuindo com a periodicidade e continuidade destes eventos, aperfeiçoem cada vez mais este mecanismo de melhoria de processos e qualidade no atendimento.

Recebido: 13/06/2010

Aceito: 13/06/2010

  • 1. Goldman JM, Schmitz N, Niethammer D, Gratwohl A. Allogeneic and autologous transplantation for haematological diseases, solid tumours and immune disorders: current practice in Europe in 1998. Accreditation Sub-Committee of the European Group for Blood and Marrow Transplantation. Bone Marrow Transplant. 1998; 21(1):1-7.
  • 2. Ljungman P, Bregni M, Brune M, Cornelissen J, de Witte T, Dini G, et al. Allogeneic and autologous transplantation for haematological diseases, solid tumours and immune disorders: current practice in Europe 2009. Bone Marrow Transplant. 2010;45(2):219-34
  • 3. Ballen KK, King RJ, Chitphakdithai P, Bolan CD Jr, Agura E, Hartzman RJ, et al. The national marrow donor program 20 years of unrelated donor hematopoietic cell transplantation. Biol Blood Marrow Transplant. 2008;14(9 Suppl):2-7
  • Correspondência:
    Luis Fernando da Silva Bouzas
    Pça da Cruz Vermelha, 23, 7º andar _ Centro
    20230-130 _ Rio de Janeiro-RJ _ Brasil
    Tel.: (55 21) 2506-6215
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Jul 2010
    • Data do Fascículo
      Maio 2010
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