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Qualidade de vida em pacientes submetidos ao transplante alogênico de medula óssea

Quality of life in patients submitted to allogeneic bone marrow transplantation

EDITORIAL

Qualidade de vida em pacientes submetidos ao transplante alogênico de medula óssea

Quality of life in patients submitted to allogeneic bone marrow transplantation

Cármino A. Souza

Professor titular de Hematologia FCM Unicamp - SP

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Cármino A Souza Hemocentro de Campinas - Cidade Universitária Zeferino Vaz - Distrito de Barão Geraldo Caixa Postal 6198; CEP: 13083-970 - Campinas-SP - Brasil Fax: (19) 3788-8600 - Tel: (19) 3788-8729 E-mail: carmino@unicamp.br

Neste fascículo da Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, Doro MP e colaboradores da Universidade Federal de Curitiba, grupo liderado pelo Prof. Ricardo Pasquini, apresentam um interessante trabalho sobre Qualidade de Vida (QV) em pacientes adolescentes submetidos ao transplante alogênico de medula óssea (TMO).

O trabalho discute o comprometimento do procedimento na QV e salienta a importância do seguimento de longo prazo no sentido do entendimento dos vários momentos da evolução do paciente associados à QV. Os comprometimentos físico,1-3 socioeconômico2 e psicológico3-4 são freqüentemente associados à piora da QV, nestes pacientes. Em termos globais, não há uma definição consensual sobre o que poderia se denominar "Qualidade de Vida". No que se refere à QV ligada à saúde, inúmeros autores procuraram definir o que se pode entender como QV.

Em 1996, a Organização Mundial de Saúde, através da definição de vários domínios, criou a WHOQOL,5 que define QV como "a percepção do indivíduo, no seu contexto, afetado pela saúde física, seu estado psicológico, nível de independência, relações sociais e salientadas nas características do ambiente".

Nos anos recentes, vem crescendo de maneira acentuada o interesse sobre QV ligada ao TMO. Inúmeros autores demonstram que pacientes submetidos ao TMO sofrem significante impacto em todas as dimensões analisadas, como conseqüência do tratamento agressivo realizado. Estes efeitos podem ser de curto prazo3 ou tardios.6-7 Yano (2000)8 demonstrou a piora da QT em pacientes com GVHD crônica em sua forma extensa. Chiodi (2000)9 não conseguiu demonstrar que a terapia imunossupressora após o TMO possa exercer influência negativa na QV.

O nosso grupo publicou em 200210 um estudo de QV comparando as duas fontes de células progenitoras, sangue periférico ou medula óssea, e suas influências na QV. Com as limitações de um pequeno estudo randomizado, nossos dados sugerem pior QV em pacientes que receberam o TMO utilizando as células progenitoras do sangue periférico (CPP). Nós associamos estes achados à freqüência e severidade da GVHD crônica, mais freqüentemente associada ao transplante com CPP.

Finalmente, podemos dizer que melhorar a QV pode ser considerado um dos mais importantes objetivos de curto e longo prazo relacionados ao TMO, particularmente, ao alogênico. Estudos como os aqui apresentado são muito relevantes para melhorarmos nossas condições de assistência e acompanhamento dos pacientes submetidos ao TMO.

Recebido: 22/01/03

Aceito: 22/02/03

  • 1. Andrykowsky MA, Bruehl S, Brady MJ, Henslee-Downey PJ. Physical and psychosocial status of adults one-year after bone marrow transplantation: a prospective study. Bone Marrow Transplant; 1995; 15: 837-844.
  • 2. Keogh F, Riordan JO, McNamara JO, et al. Psychosocial adaptation of patients and families following bone marrow transplantation: a prospective, longitudinal study. Bone Marrow Transplant, 1998; 22:905-911.
  • 3. Hjermstad MJ; Holte H; Evensen AS, et al. Do patients who are treated with stem cell transplantation have a health-related quality of life comparable to the general population after 1 year? Bone Marrow Transplant, 1999; 24, 911-918.
  • 4. Sasaki T, Akaho R, Sakamaki H, et al. Mental disturbances during isolation in bone marrow transplant patients with leukemia. Bone Marrow Transplant, 2000; 25: 315-318.
  • 5. The WHOQOL Group. The World Health Organization Quality of Life assessment (WHOQOL): development and general psychometric properties. Soc Sci Med, 1998; 46 (12): 1569-1585.
  • 6. Bush H, Habermen M, Donaldson CL, et al. Quality of life of 125 adults surviving 6-18 years after bone marrow transplantation. Soc Sci Med, 1995; 40 (4): 479-490.
  • 7. Bush NE, Donaldson GW, Haberman MH, et al. Conditional and unconditional estimation of multidimensional quality of life after hematopoietic stem cell transplantation: a longitudinal follow-up of 415 patients. Biol Blood Marrow Transplant, 2000; 6 (5 A), 576-591.
  • 8. Yano K, Kanie T, Okamoto S, et al. Quality of life in adult patients after stem cell transplantation. Int J Hematol 2000; Apr, 71 (3): 283-289.
  • 9. Chiodi S, Spinelli S, Ravera G, et al. Quality of life in 244 recipients of allogeneic bone marrow transplantation. Br J Haematol, 2000; 110:614-619.
  • 10. De Souza CA, Durães MIC, Vigorito AC, et al. Quality of life in patients randomized to receive a bone marrow or a peripheral blood allograft. Haematologica, 2002; 87: 1281-1285.
  • Endereço para correspondência

    Cármino A Souza
    Hemocentro de Campinas - Cidade Universitária Zeferino Vaz - Distrito de Barão Geraldo
    Caixa Postal 6198; CEP: 13083-970 - Campinas-SP - Brasil
    Fax: (19) 3788-8600 - Tel: (19) 3788-8729
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Nov 2003
    • Data do Fascículo
      Mar 2003
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