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Esquizofrenia: avanços no tratamento multidisciplinar

Esquizofrenia: avanços no tratamento multidisciplinar

Emerson Arcoverde Nunes

Psiquiatra. Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil; Post-Doctoral Fellow, Neurochemical Research Unit. Department of Psychiatry, University of Alberta, Edmonton, Canadá

Cristiano S. Noto; Rodrigo A. Bressan. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.

Os transtornos psiquiátricos em sua maioria apresentam complexidade tal que demanda uma abordagem multidisciplinar para que se possa proporcionar um cuidado adequado aos pacientes. Tal necessidade é ainda mais evidente entre os pacientes portadores de esquizofrenia, transtorno que representa uma das entidades mais estigmatizantes da clínica psiquiátrica, provavelmente não só pela gravidade dos sintomas e suas consequentes limitações, como também pelo caráter crônico desses, e em parte considerável dos pacientes, refratário à terapêutica disponível. Levando em conta tais considerações é que se contextualiza a recente publicação "Esquizofrenia: Avanços no Tratamento Multidisciplinar, 2ª Edição", da editora Artmed. Apresentando uma considerável ampliação de conteúdo quando comparada a primeira edição, que através de um texto eminentemente clínico, já propunha didaticamente, mesmo que de forma resumida, intervenções terapêuticas multiprofissionais baseadas na experiência do PROESQ (Programa de Esquizofrenia UNIFESP - EPM) no cuidado de pacientes portadores de esquizofrenia. Nesta segunda edição, os organizadores do livro conseguiram ir além do que o título sugere, com a colaboração de diversos especialistas, o livro se propõe a ser um guia prático para profissionais da área de saúde sobre as melhores práticas de manejo de pacientes com esquizofrenia.

Composto por 20 capítulos distribuídos em três partes, o livro de pouco mais de 300 páginas apresenta em sua primeira parte, de maneira atualizada, capítulos acerca da psicopatologia do transtorno. Nestes sete capítulos iniciais, são discutidos desde conceitos básicos do transtorno, a exemplo do capítulo introdutório intitulado "O conceito histórico da esquizofrenia", até assuntos que passaram a receber maior atenção apenas nas últimas décadas, como o que se discute nos capítulos sobre primeiro episódio psicótico, estigma na esquizofrenia e abuso de drogas e esquizofrenia, este último capítulo concluindo a primeira parte do livro. Já a segunda parte do livro, que trata da abordagem multidisciplinar propriamente dita, apresenta a seção eminentemente clínica do livro. O oitavo capítulo, que abre a seção, descreve um modelo de avaliação do paciente psiquiátrico baseado no Projeto International Guidelines for Diagnostic Assessment (IGDA), elaborado pela World Psychiatric Association (WPA) em colaboração com a Organização Mundial de Saúde. Assim, ao longo do capítulo são descritas as dez seções da IGDA que contêm as recomendações para elaboração do diagnóstico e plano de tratamento, incluindo formulários de atendimento que de forma bem ilustrativa enfatizam o caráter didático e prático da presente publicação.

Os demais capítulos da seção descrevem diferentes abordagens multiprofissionais das diferentes áreas envolvidas no manejo adequado do paciente com esquizofrenia, indo desde conceitos sobre tratamento farmacológico e prevenção de recaídas, assim como assistência de enfermagem, avaliação e reabilitação cognitiva, avaliação e intervenção em terapia ocupacional, reinserção profissional e abordagem familiar, reforçando-se assim o caráter de guia prático multiprofissional da presente publicação.

A terceira e última parte, denominada "Novas perspectivas" representa a parte mais teórica das três que compõem o livro, e trata de capítulos contendo assuntos presentes nas pesquisas atuais relacionadas à esquizofrenia. O primeiro deles, "pesquisa translacional", aborda a pesquisa em modelos animais de esquizofrenia e suas similaridades com a dimensão humana. O capítulo seguinte trata de novos medicamentos, revisando de forma breve as diferentes substâncias e neurotransmissores envolvidos nas pesquisas na busca por novas alternativas para o tratamento da esquizofrenia. Finalizando a seção e o livro, o capítulo 20 versa sobre os estados mentais de risco e estratégias de prevenção, discutindo a importância da mudança de foco do tratamento/recuperação para prevenção e promoção da saúde, sem deixar de discorrer sobre os aspectos éticos decorrentes da necessidade de oferecer assistência psiquiátrica a pessoas que a priori, não têm um diagnóstico psiquiátrico de acordo com a nosologia médica corrente.

Desta forma, o livro cumpre com o que se propõe, servindo de valiosa e concisa fonte de consulta para médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, estudantes e demais profissionais que desejam um guia de práticas atualizadas de manejo de pacientes com esquizofrenia, capazes de contribuir para um tratamento que possa mudar os desfechos deste grave transtorno mental.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jan 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 2012
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