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Desvendando a técnica de compressão torácica em pacientes em ventilação mecânica: uma revisão narrativa

RESUMO

O manejo deficiente das secreções é uma das complicações mais frequentes em pacientes em ventilação mecânica invasiva. A depuração das secreções por meio da fisioterapia respiratória é um aspecto crítico do tratamento desses pacientes. A compressão torácica manual é uma das técnicas de fisioterapia respiratória mais praticadas em pacientes ventilados, mas seu impacto nos desfechos clínicos permanece controverso devido a questões metodológicas e ao pouco conhecimento sobre sua ação. Nesta revisão, apresenta-se uma análise detalhada dos princípios físicos envolvidos na execução da técnica de compressão torácica. Também investigam-se os efeitos fisiológicos observados em estudos experimentais e clínicos, que mostram que o uso de compressão torácica curta e vigorosa, baseada no aumento de fluxos expiratórios (diferença de fluxo aéreo inspiratório-expiratório > 33L/minuto), pode melhorar o movimento do muco em direção à glote. Por outro lado, o uso de compressão torácica suave e gradual ao longo de toda a fase expiratória não afeta os fluxos expiratórios, resultando em efeitos ineficazes ou indesejados em alguns casos. Mais estudos fisiológicos são necessários para entender os princípios da técnica de compressão torácica em pacientes ventilados. No entanto, de acordo com as evidências, a compressão torácica tem mais benefícios potenciais do que riscos, o que incentiva sua implementação.

Descritores:
Modalidades de fisioterapia; Respiração artificial; Cuidados intensivos; Terapia respiratória; Depuração mucociliar; Caixa toráxica; Pressão

ABSTRACT

Defective management of secretions is one of the most frequent complications in invasive mechanically ventilated patients. Clearance of secretions through chest physiotherapy is a critical aspect of the treatment of these patients. Manual rib cage compression is one of the most practiced chest physiotherapy techniques in ventilated patients; however, its impact on clinical outcomes remains controversial due to methodological issues and poor understanding of its action. In this review, we present a detailed analysis of the physical principles involved in rib cage compression technique performance, as well as the physiological effects observed in experimental and clinical studies, which show that the use of brief and vigorous rib cage compression, based on increased expiratory flows (expiratory-inspiratory airflow difference of > 33L/minute), can improve mucus movement toward the glottis. On the other hand, the use of soft and gradual rib cage compression throughout the whole expiratory phase does not impact the expiratory flows, resulting in ineffective or undesired effects in some cases. More physiological studies are needed to understand the principles of the rib cage compression technique in ventilated humans. However, according to the evidence, rib cage compression has more potential benefits than risks, so its implementation should be promoted.

Keywords:
Physical therapy modalities; Respiration; artificial; Critical care; Respiratory therapy; Mucociliary clearance; Rib cage; Pressure

INTRODUÇÃO

Pacientes em ventilação mecânica invasiva apresentam risco de diversas complicações respiratórias, entre as quais se destaca a retenção de secreções.(11 Sackner MA, Hirsch J, Epstein S. Effect of cuffed endotracheal tubes on tracheal mucous velocity. Chest. 1975;68(6):774-7.

2 Ntoumenopoulos G, Shannon H, Main E. Do commonly used ventilator settings for mechanically ventilated adults have the potential to embed secretions or promote clearance? Respir Care. 2011;56(12):1887-92.
-33 Konrad F, Schreiber T, Brecht-Kraus D, Georgieff M. Mucociliary transport in ICU patients. Chest. 1994;105(1):237-41.) Em termos clínicos, o acúmulo de secreções pode causar obstrução brônquica e piora das trocas gasosas e, em alguns casos críticos, afetar o desempenho do suporte ventilatório,(44 Naue WS, Silva AC, Güntzel AM, Condessa RL, Oliveira RP, Vieira SR. Increasing pressure support does not enhance secretion clearance if applied during manual chest wall vibration in intubated patients: a randomised trial. J Physiother. 2011;57(1):21-6.,55 Kallet RH. Adjunct therapies during mechanical ventilation: airway clearance techniques, therapeutic aerosols, and gases. Respir Care. 2013;58(6):1053-73.) o que resulta em maior tempo de ventilação mecânica (VM) e maior mortalidade.(66 Pozuelo-Carrascosa DP, Torres-Costoso A, Alvarez-Bueno C, CaveroRedondo I, López Muñoz P, Martínez-Vizcaíno V. Multimodality respiratory physiotherapy reduces mortality but may not prevent ventilator-associated pneumonia or reduce length of stay in the intensive care unit: a systematic review. J Physiother. 2018;64(4):222-8.

7 Goñi-Viguria R, Yoldi-Arzoz E, Casajús-Sola L, Aquerreta-Larraya T, Fernández-Sangil P, Guzmán-Unamuno E, et al. Respiratory physiotherapy in intensive care unit: bibliographic review. Enferm Intensiva (Engl Ed). 2018;29(4):168-81.
-88 Branson RD. Secretion management in the mechanically ventilated patient. Respir Care. 2007;52(10):1328-42; discussion 1342-7.)

O tubo endotraqueal inserido na via aérea pode afetar gravemente o transporte mucociliar, aumentando o volume e a viscosidade das secreções, além de predispor o paciente a infecções respiratórias.(11 Sackner MA, Hirsch J, Epstein S. Effect of cuffed endotracheal tubes on tracheal mucous velocity. Chest. 1975;68(6):774-7.,33 Konrad F, Schreiber T, Brecht-Kraus D, Georgieff M. Mucociliary transport in ICU patients. Chest. 1994;105(1):237-41.,99 Pneumatikos IA, Dragoumanis CK, Bouros DE. Ventilator-associated pneumonia or endotracheal tube-associated pneumonia? An approach to the pathogenesis and preventive strategies emphasizing the importance of endotracheal tube. Anesthesiology. 2009;110(3):673-80.) Além disso, a umidificação inadequada e o uso de determinados modos ventilatórios e padrões assimétricos de fluxo aéreo podem contribuir para o acúmulo de secreções.(22 Ntoumenopoulos G, Shannon H, Main E. Do commonly used ventilator settings for mechanically ventilated adults have the potential to embed secretions or promote clearance? Respir Care. 2011;56(12):1887-92.,1010 Li Bassi G, Zanella A, Cressoni M, Stylianou M, Kolobow T. Following tracheal intubation, mucus flow is reversed in the semirecumbent position: possible role in the pathogenesis of ventilator-associated pneumonia. Crit Care Med. 2008;36(2):518-25.,1111 Ntoumenopoulos G. Mucus on the move: embed it or expel it--the patient, the clinician, and now the ventilator. Respir Care. 2008;53(10):1276-9.) Ainda, a imobilidade desses pacientes, o uso de sedativos e a fraqueza muscular geral, principalmente da musculatura respiratória, podem prejudicar o mecanismo da tosse.(1212 Schweickert WD, Hall J. ICU-acquired weakness. Chest. 2007;131(5):15419.

13 Qaseem A, Snow V, Fitterman N, Hornbake ER, Lawrence VA, Smetana GW, Weiss K, Owens DK, Aronson M, Barry P, Casey DE Jr, Cross JT Jr, Fitterman N, Sherif KD, Weiss KB; Clinical Efficacy Assessment Subcommittee of the American College of Physicians. Risk assessment for and strategies to reduce perioperative pulmonary complications for patients undergoing noncardiothoracic surgery: a guideline from the American College of Physicians. Ann Intern Med. 2006;144(8):575-80.
-1414 Goligher EC, Fan E, Herridge MS, Murray A, Vorona S, Brace D, et al. Evolution of diaphragm thickness during mechanical ventilation: impact of inspiratory effort. Am J Respir Crit Care Med. 2015;192(9):1080-8.)

O manejo das secreções é um aspecto crítico do tratamento de pacientes ventilados mecanicamente. As técnicas padronizadas de rotina para gerenciar e combater esse problema incluem umidificação adequada das vias aéreas, aspiração endotraqueal (AET) e mobilização física precoce. No entanto, quando esses métodos falham pela quantidade profusa de muco ou pela alocação periférica, a fisioterapia respiratória (FR) pode ser realizada por meio de dispositivos mecânicos e/ou técnicas manuais.(88 Branson RD. Secretion management in the mechanically ventilated patient. Respir Care. 2007;52(10):1328-42; discussion 1342-7.,1515 Bott J, Blumenthal S, Buxton M, Ellum S, Falconer C, Garrod R, Harvey A, Hughes T, Lincoln M, Mikelsons C, Potter C, Pryor J, Rimington L, Sinfield F, Thompson C, Vaughn P, White J; British Thoracic Society Physiotherapy Guideline Development Group. Guidelines for the physiotherapy management of the adult, medical, spontaneously breathing patient. Thorax. 2009;64 Suppl 1:i1-51.

16 Ntoumenopoulos G, Hammond N, Watts NR, Thompson K, Hanlon G, Paratz JD, Thomas P; George Institute for Global Health and the Australian and New Zealand Intensive Care Society Clinical Trials Group. Secretion clearance strategies in Australian and New Zealand Intensive Care Units. Aust Crit Care. 2018;31(4):191-6.
-1717 Volsko TA. Airway clearance therapy: finding the evidence. Respir Care. 2013;58(10):1669-78.) A FR convencional é amplamente utilizada porque não requer nenhum dispositivo, não precisa desconectar o paciente do ventilador e é mais barata.(88 Branson RD. Secretion management in the mechanically ventilated patient. Respir Care. 2007;52(10):1328-42; discussion 1342-7.,1818 Clini E, Ambrosino N. Early physiotherapy in the respiratory intensive care unit. Respir Med. 2005;99(9):1096-104.) Ela inclui percussão manual, drenagem postural e compressão torácica (CT), sendo esta última uma das técnicas de FR mais praticadas em pacientes ventilados.(1919 Spapen HD, De Regt J, Honoré PM. Chest physiotherapy in mechanically ventilated patients without pneumonia-a narrative review. J Thorac Dis. 2017;9(1):E44-9.) No entanto, o impacto da técnica nos desfechos clínicos permanece controverso devido a questões metodológicas e ao pouco conhecimento sobre sua ação.(1717 Volsko TA. Airway clearance therapy: finding the evidence. Respir Care. 2013;58(10):1669-78.,1919 Spapen HD, De Regt J, Honoré PM. Chest physiotherapy in mechanically ventilated patients without pneumonia-a narrative review. J Thorac Dis. 2017;9(1):E44-9.) Nesta revisão, objetivou-se descrever, de forma abrangente, os princípios físicos da técnica de CT, bem como seus efeitos fisiológicos em estudos experimentais e clínicos.

Técnica de compressão torácica

De acordo com a literatura, a CT também é chamada de compressão manual do tórax ou squeezing,(2020 Avena KM, Duarte AC, Cravo SL, Sologuren MJ, Gastaldi AC. [Effects of manually assisted coughing on respiratory mechanics in patients requiring full ventilatory support]. J Bras Pneumol. 2008;34(6):380-6. Portuguese.,2121 Unoki T, Mizutani T, Toyooka H. Effects of expiratory rib cage compression and/or prone position on oxygenation and ventilation in mechanically ventilated rabbits with induced atelectasis. Respir Care. 2003;48(8):75462.) e sua definição varia. Em linhas gerais, a técnica consiste na compressão da parede torácica no início da fase expiratória e visa simular a fase final da tosse, isto é, a manobra expulsiva.(2020 Avena KM, Duarte AC, Cravo SL, Sologuren MJ, Gastaldi AC. [Effects of manually assisted coughing on respiratory mechanics in patients requiring full ventilatory support]. J Bras Pneumol. 2008;34(6):380-6. Portuguese.)

A CT busca promover maior compressão do ar durante a expiração, aumentando o fluxo expiratório e o deslocamento das secreções em direção à traqueia, de onde podem ser removidas por tosse ou aspiração traqueal.(2020 Avena KM, Duarte AC, Cravo SL, Sologuren MJ, Gastaldi AC. [Effects of manually assisted coughing on respiratory mechanics in patients requiring full ventilatory support]. J Bras Pneumol. 2008;34(6):380-6. Portuguese.,2222 Gonçalves MR, Honrado T, Winck JC, Paiva JA. Effects of mechanical insufflation-exsufflation in preventing respiratory failure after extubation: a randomized controlled trial. Crit Care. 2012;16(2):R48.

23 Kohan M, Rezaei-Adaryani M, Najaf-Yarandi A, Hoseini F, MohammadTaheri N. Effects of expiratory ribcage compression before endotracheal suctioning on arterial blood gases in patients receiving mechanical ventilation. Nurs Crit Care. 2014;19(5):255-61.
-2424 Bousarri MP, Shirvani Y, Agha-Hassan-Kashani S, Nasab NM. The effect of expiratory rib cage compression before endotracheal suctioning on the vital signs in patients under mechanical ventilation. Iran J Nurs Midwifery Res. 2014;19(3):285-9.) Tradicionalmente, aplica-se a força manual somente no tórax, com colocação bilateral das mãos no terço inferior do tórax.(2020 Avena KM, Duarte AC, Cravo SL, Sologuren MJ, Gastaldi AC. [Effects of manually assisted coughing on respiratory mechanics in patients requiring full ventilatory support]. J Bras Pneumol. 2008;34(6):380-6. Portuguese.,2121 Unoki T, Mizutani T, Toyooka H. Effects of expiratory rib cage compression and/or prone position on oxygenation and ventilation in mechanically ventilated rabbits with induced atelectasis. Respir Care. 2003;48(8):75462.,2525 Unoki T, Kawasaki Y, Mizutani T, Fujino Y, Yanagisawa Y, Ishimatsu S, et al. Effects of expiratory rib-cage compression on oxygenation, ventilation, and airway-secretion removal in patients receiving mechanical ventilation. Respir Care. 2005;50(11):1430-7.) Por um curto período (isto é, 1 ou 2 segundos), o operador utiliza as duas mãos para comprimir a caixa torácica durante a expiração, tentando incluir a região pulmonar mais afetada.(2323 Kohan M, Rezaei-Adaryani M, Najaf-Yarandi A, Hoseini F, MohammadTaheri N. Effects of expiratory ribcage compression before endotracheal suctioning on arterial blood gases in patients receiving mechanical ventilation. Nurs Crit Care. 2014;19(5):255-61.)

A CT é realizada por enfermeiros e fisioterapeutas. Alguns estudos descrevem a aplicação de uma “compressão gradual”, enquanto outros descrevem uma “compressão vigorosa ou brusca” da caixa torácica, com diferentes desfechos clínicos.(2121 Unoki T, Mizutani T, Toyooka H. Effects of expiratory rib cage compression and/or prone position on oxygenation and ventilation in mechanically ventilated rabbits with induced atelectasis. Respir Care. 2003;48(8):75462.,2323 Kohan M, Rezaei-Adaryani M, Najaf-Yarandi A, Hoseini F, MohammadTaheri N. Effects of expiratory ribcage compression before endotracheal suctioning on arterial blood gases in patients receiving mechanical ventilation. Nurs Crit Care. 2014;19(5):255-61.,2525 Unoki T, Kawasaki Y, Mizutani T, Fujino Y, Yanagisawa Y, Ishimatsu S, et al. Effects of expiratory rib-cage compression on oxygenation, ventilation, and airway-secretion removal in patients receiving mechanical ventilation. Respir Care. 2005;50(11):1430-7.,2626 Martí JD, Li Bassi G, Rigol M, Saucedo L, Ranzani OT, Esperatti M, et al. Effects of manual rib cage compressions on expiratory flow and mucus clearance during mechanical ventilation. Crit Care Med. 2013;41(3):850-6.) Essas características técnicas podem influenciar o desempenho da CT e seu impacto clínico.

As primeiras ideias sobre o funcionamento da CT datam da década de 1950, quando Opie et al. apresentaram a hipótese de que a compressão local do tórax gera um efeito de “pasta de dente” ao espremer o material retido através do brônquio.(2727 Opie LH, Spalding JM. Chest physiotherapy during intermittent positivepressure respiration. Lancet. 1958; 2(7048):671-4.) Os mecanismos envolvidos nesse fenômeno chamaram a atenção de outros cientistas, o que avançou o entendimento sobre como funciona a camada de muco e quais estratégias terapêuticas poderiam melhorar essa função.

Princípios físicos da depuração das vias aéreas

Três fatores principais parecem ser fundamentais no transporte das secreções: movimento ciliar, gravidade e interação com o fluxo aéreo.(2828 Blake J. On the movement of mucus in the lung. J Biomech. 1975;8(34):179-90.) Esses dois últimos fatores são especialmente importantes nas primeiras gerações da árvore brônquica e na traqueia.(2828 Blake J. On the movement of mucus in the lung. J Biomech. 1975;8(34):179-90.) A interação entre o movimento das secreções e o fluxo aéreo é explicada, em essência, por um modelo de fluxo bifásico líquido-gás (TPGL - two-phase gasliquid).(2929 Kim CS, Iglesias AJ, Sackner MA. Mucus clearance by two-phase gasliquid flow mechanism: asymmetric periodic flow model. J Appl Physiol. 1987;62(3):959-71.,3030 Kim CS, Greene MA, Sankaran S, Sackner MA. Mucus transport in the airways by two-phase gas-liquid flow mechanism: continuous flow model. J Appl Physiol. 1986;60(3):908-17.) O movimento do muco (fase líquida) originado do estresse do fluxo aéreo (fase gasosa) sobre sua superfície é comparável ao obtido pela gravidade e pelo movimento ciliar, sugerindo que perfis assimétricos de fluxo aéreo são responsáveis pelo deslocamento do muco para fora.(2828 Blake J. On the movement of mucus in the lung. J Biomech. 1975;8(34):179-90.,3131 Chang HK, Weber ME, King M. Mucus transport by high-frequency nonsymmetrical oscillatory airflow. J Appl Physiol. 1988;65(3):1203-9.)

Estudos in vitro

O transporte da camada de muco nas vias aéreas respiratórias pelo mecanismo de TPGL tem sido estudado sob diferentes condições (Figura 1). Kim et al. utilizaram um modelo de tubo vertical para mostrar que é necessária uma espessura crítica para realizar o transporte do muco pela interação do fluxo aéreo. Nesse experimento, os autores constataram que uma camada fina de muco com menos de 10% do diâmetro do tubo não poderia ser efetivamente transportada pelo mecanismo de TPGL, o que parece ter pouca relevância para situações de estado pulmonar normal in vivo, em que a camada de muco costuma ser extremamente fina. No entanto, a taxa de produção de muco tende a ser mais alta na doença e, muitas vezes, ultrapassa várias centenas de mililitros, resultando frequentemente em acúmulo substancial de muco e, consequente, em ocupação de cerca de 5% a 20% do diâmetro das vias aéreas. Além disso, o tubo vertical representa a pior condição para o deslocamento da camada de muco e está distante do cenário clínico em que os pacientes estão em posição semirreclinada.(3232 Kim CS, Rodriguez CR, Eldridge MA, Sackner MA. Criteria for mucus transport in the airways by two-phase gas-liquid flow mechanism. J Appl Physiol. 1986;60(3):901-7.) As vias aéreas geralmente são inclinadas, e as direções do fluxo cefálico em muitos ramos das vias aéreas são até mesmo descendentes, sendo essa uma condição mais favorável para o transporte do muco que pode ser alcançada in vivo. No entanto, deve-se reconhecer que esse modelo experimental não simula de perto a natureza complexa do fluxo das vias aéreas in vivo, em que muitos fatores precisam ser extrapolados com cautela.(3232 Kim CS, Rodriguez CR, Eldridge MA, Sackner MA. Criteria for mucus transport in the airways by two-phase gas-liquid flow mechanism. J Appl Physiol. 1986;60(3):901-7.)

Figura 1
Linha do tempo dos princípios físicos da depuração das vias aéreas.

TPGL - fluxo bifásico líquido-gás; PFE - pico de fluxo expiratório; PFI - pico de fluxo inspiratório; I/E - fluxo inspiratório e expiratório.


Em outro relato, Kim et al. estudaram o impacto de padrões assimétricos de fluxo aéreo no transporte do muco quando o tubo foi colocado na vertical ou na horizontal. Eles constataram que a velocidade de transporte da camada líquida aumentou com maiores picos de fluxo expiratório (PFEs), mas a taxa de fluxo inspiratório, a frequência respiratória e o volume corrente não tiveram impacto. No tubo vertical, o transporte ascendente de muco não pôde ser realizado com PFE inferior a 30L/minuto. Sob condições semelhantes, no tubo horizontal, a velocidade de transporte do muco foi de 5% a 60% mais rápida. Entretanto, em valores mais elevados de PFE, a velocidade de transporte do muco na posição vertical foi comparável à alcançada na posição horizontal.(2929 Kim CS, Iglesias AJ, Sackner MA. Mucus clearance by two-phase gasliquid flow mechanism: asymmetric periodic flow model. J Appl Physiol. 1987;62(3):959-71.) Esses resultados sugerem que um padrão de fluxo com PFE maior do que o inspiratório deve ser obtido para se observar o deslocamento do muco para fora por interação líquido-gás. Esse fenômeno é estritamente físico e ocorre independentemente de situações in vivo ou in vitro se os requisitos básicos forem atendidos, isto é, se houver quantidade suficiente de muco e padrão assimétrico de fluxo aéreo favorecendo um fluxo expiratório.(3333 Freitag L, Schroer M, Bremme J. High frequency oscillators with adjustable waveforms: practical aspects. Br J Anaesth. 1989;63(7 Suppl 1):38S-43S.)

Volpe et al. utilizaram um sistema pulmonar de teste e demonstraram que a proporção entre a relação entre fluxo inspiratório e expiratório (I/E) e a diferença entre fluxo inspiratório e expiratório (I-E) foram importantes para o movimento do muco. No entanto, a I-E mostrou uma correlação mais forte com o deslocamento do muco de diferentes viscosidades; I-E > 17L/minuto parece ser um limiar para alteração da direção do movimento do muco para a boca.(3434 Volpe MS, Adams AB, Amato MB, Marini JJ. Ventilation patterns influence airway secretion movement. Respir Care. 2008;53(10):1287-94.)

Estudos in vivo

Benjamim et al. desenvolveram um modelo animal com ovelhas conectadas à VM usando os três seguintes ajustes: proporção entre tempo inspiratório e tempo total (Ti/Tt) de aproximadamente 0,27, 0,65 e 0,75. Eles constataram movimento do muco para fora com as duas últimas configurações. De acordo com esse achado, o muco se moverá quando o tempo expiratório for menor que o tempo inspiratório. Isso se baseia na velocidade do fluxo expiratório, que precisa ser maior para expelir a mesma quantidade de volume de ar que entrou durante a inspiração. Eles observaram que o deslocamento do muco permaneceu inalterado quando o pico de fluxo inspiratório diferiu em menos de 10% do PFE. O fluxo aéreo assimétrico encontrado na respiração gera velocidades de fluxo desiguais e forças de cisalhamento também desiguais em direções opostas; portanto, a camada líquida se move de acordo com a diferença de velocidade do fluxo aéreo entre as duas fases, e não apenas com base no PFE.(3535 Benjamin RG, Chapman GA, Kim CS, Sackner MA. Removal of bronchial secretions by two-phase gas-liquid transport. Chest. 1989;95(3):658-63.)

Freitag et al. ventilaram animais usando os dois ajustes de VM a seguir: flow bias expiratório (PFE 3,8L/segundo e pico de fluxo inspiratório 1,3L/segundo) e flow bias inspiratório (PFE 1,3L/segundo e pico de fluxo inspiratório 3,8L/segundo). Foram avaliadas diferentes posições corporais (horizontal, decúbito ventral, decúbito lateral e decúbito inclinado com rebaixamento da cabeça). Na posição horizontal, a depuração do muco com flow bias expiratório aumentou significativamente em comparação com o flow bias inspiratório, no qual não ocorreu depuração mesmo durante o decúbito inclinado com rebaixamento da cabeça. Essa observação sugere que o flow bias expiratório pode ser o fator dominante na depuração do muco, que pode ser aumentado pela drenagem postural.(3636 Freitag L, Long WM, Kim CS, Wanner A. Removal of excessive bronchial secretions by asymmetric high-frequency oscillations. J Appl Physiol. 1989;67(2):614-9.) Outro achado interessante foi que, devido à superfície irregular da traqueia, a profundidade mínima da camada de muco necessária para o transporte de TPGL in vivo é muito maior do que a prevista pelos modelos de tubo, sugerindo que condições semelhantes são necessárias em seres humanos intubados.(3636 Freitag L, Long WM, Kim CS, Wanner A. Removal of excessive bronchial secretions by asymmetric high-frequency oscillations. J Appl Physiol. 1989;67(2):614-9.)

Li Bassi et al. conduziram um estudo prospectivo randomizado para avaliar os efeitos dos ciclos de trabalho e da pressão positiva expiratória final (PEEP - positive end-expiratory pressure) na depuração do muco em suínos ventilados. Seis níveis de ciclo de trabalho foram administrados (Ti/Tt; 0,26, 0,33, 0,41, 0,50, 0,60 e 0,75) com zero ou 5cmH2O de PEEP. Os leitos foram orientados em posição semirreclinada, simulando a prática clínica usual. Não foi constatado efeito da PEEP, mas, como o ciclo de trabalho foi prolongado (menor tempo total; mesmo volume de gás inspirado tem menor tempo para ser exalado), foi observada tendência de aumento da velocidade de transporte do muco para fora. Nesse contexto, propõe-se um ciclo de trabalho > 0,41 como limiar, uma vez que um aumento da diferença de flow bias I-E média foi associado a um aumento da velocidade do movimento do muco para fora.(3737 Li Bassi G, Saucedo L, Marti JD, Rigol M, Esperatti M, Luque N, et al. Effects of duty cycle and positive end-expiratory pressure on mucus clearance during mechanical ventilation. Crit Care Med. 2012;40(3):895902.)

Impacto da compressão torácica

Estudos experimentais

Considerando os mecanismos físicos de depuração das vias aéreas, o efeito da CT parece depender da magnitude de fluxo da I-E, da posição das vias aéreas, da viscosidade do muco e de sua localização na árvore brônquica.

Unoki et al. estudaram os efeitos da CT e/ou do decúbito ventral nas trocas gasosas em coelhos ventilados mecanicamente com atelectasia pulmonar.(2121 Unoki T, Mizutani T, Toyooka H. Effects of expiratory rib cage compression and/or prone position on oxygenation and ventilation in mechanically ventilated rabbits with induced atelectasis. Respir Care. 2003;48(8):75462.) Os animais foram alocados em um dos quatro grupos a seguir: decúbito dorsal sem CT, decúbito dorsal com CT, decúbito ventral sem CT e decúbito ventral com CT. O grupo CT não apresentou melhora prolongada em oxigenação, complacência dinâmica ou produção de muco.(2121 Unoki T, Mizutani T, Toyooka H. Effects of expiratory rib cage compression and/or prone position on oxygenation and ventilation in mechanically ventilated rabbits with induced atelectasis. Respir Care. 2003;48(8):75462.) A viscosidade relativamente alta do muco e a técnica inadequada de CT podem explicar o efeito indesejado no transporte do muco. A CT foi descrita como uma compressão gradual até o final da expiração, que foi aplicada por somente um operador que utilizou a pressão aplicada na caixa torácica como indicador de desempenho da técnica; no entanto, não foi dada atenção à magnitude do fluxo aéreo, seu principal determinante. As unidades pulmonares colapsadas, como parte do modelo de atelectasia, podem não ser recrutadas. Isso afeta o volume pulmonar e assim prejudica o fluxo expiratório potencial, que é necessário para remover os tampões de muco nas vias aéreas e aumentar a pressão transpulmonar, causando um ciclo vicioso de danos aos pulmões e afetando sua mecânica.(2121 Unoki T, Mizutani T, Toyooka H. Effects of expiratory rib cage compression and/or prone position on oxygenation and ventilation in mechanically ventilated rabbits with induced atelectasis. Respir Care. 2003;48(8):75462.) Em outro estudo com métodos semelhantes, Unoki et al. avaliaram os efeitos da CT “gradual” com e sem AET sobre trocas gasosas, complacência dinâmica e depuração de muco. Os autores observaram que as trocas gasosas e a complacência nos grupos com CT foram significativamente piores do que naqueles sem CT. Além disso, não foram encontradas diferenças no peso do muco aspirado entre os grupos, e os autores concluíram que o colapso alveolar e das vias aéreas provavelmente foi exacerbado pela CT.(3838 Unoki T, Mizutani T, Toyooka H. Effects of expiratory rib cage compression combined with endotracheal suctioning on gas exchange in mechanically ventilated rabbits with induced atelectasis. Respir Care. 2004;49(8):896901.) Não obstante, é preciso considerar que a CT foi aplicada com PEEP zero para evitar os efeitos da PEEP no fluxo expiratório durante a CT.

Em contraste com evidências anteriores, Martí et al. testaram o efeito de CT brusca e curta (com fase expiratória precoce) e CT suave e gradual (aplicada durante a fase expiratória tardia) sobre o fluxo expiratório e a depuração de muco em suínos ventilados mecanicamente.(2626 Martí JD, Li Bassi G, Rigol M, Saucedo L, Ranzani OT, Esperatti M, et al. Effects of manual rib cage compressions on expiratory flow and mucus clearance during mechanical ventilation. Crit Care Med. 2013;41(3):850-6.) O fluxo expiratório médio aumentou significativamente com a CT brusca em comparação com a CT suave. Durante a CT brusca, o muco moveu-se em direção à glote, enquanto a aplicação de CT suave ou de nenhuma intervenção moveu o muco em direção aos pulmões. Além disso, os autores mostraram que a CT suave, que é realizada a partir do volume pulmonar médio-baixo (fase expiratória média), piorou discretamente a elastância pulmonar estática e a recíproca da complacência, em parte devido à diminuição dos níveis de PEEP decorrente da compressão prolongada em busca do fluxo final zero e, consequentemente, do tempo expiratório prolongado.(2626 Martí JD, Li Bassi G, Rigol M, Saucedo L, Ranzani OT, Esperatti M, et al. Effects of manual rib cage compressions on expiratory flow and mucus clearance during mechanical ventilation. Crit Care Med. 2013;41(3):850-6.) Esses achados corroboram o papel predominante do fluxo expiratório na depuração do muco, evidenciando que sua mensuração é um aspecto crítico para o desempenho. Ouchi et al. constataram que o PFE médio durante a CT brusca aumentou em comparação com nenhum tratamento e que, combinada com a AET, a CT aumentou a depuração do muco em comparação com a AET isolada. No entanto, não foi observada melhora nas trocas gasosas.(3939 Ouchi A, Sakuramoto H, Unoki T, Yoshino Y, Hosino H, Koyama Y, et al. Effects of manual rib cage compressions on mucus clearance in mechanically ventilated pigs. Respir Care. 2020;65(8):1135-40.)

A técnica de CT parece ser fundamental para determinar os efeitos sobre o movimento das secreções. A CT brusca compartilha semelhanças com a técnica de expiração forçada, ou huffing, que foi originalmente concebida para aumentar rapidamente a taxa de fluxo expiratório de volumes pulmonares médios a baixos.(2626 Martí JD, Li Bassi G, Rigol M, Saucedo L, Ranzani OT, Esperatti M, et al. Effects of manual rib cage compressions on expiratory flow and mucus clearance during mechanical ventilation. Crit Care Med. 2013;41(3):850-6.,4040 Fink JB. Forced expiratory technique, directed cough, and autogenic drainage. Respir Care. 2007;52(9):1210-21; discussion 1221-3.) Por outro lado, a CT suave e gradual é comparável à técnica de expiração lenta prolongada, que é aplicada durante a fase tardia da expiração até o volume residual, para melhorar a interação do fluxo aéreo expiratório com a camada de muco, especificamente dentro da porção distal mais estreita das vias aéreas.(2626 Martí JD, Li Bassi G, Rigol M, Saucedo L, Ranzani OT, Esperatti M, et al. Effects of manual rib cage compressions on expiratory flow and mucus clearance during mechanical ventilation. Crit Care Med. 2013;41(3):850-6.,4141 Nogueira MC, Ribeiro SN, Silva EP, Guimarães CL, Wandalsen GF, Solé D, et al. Is prolonged slow expiration a reproducible airway clearance technique? Phys Ther. 2019;99(9):1224-30.,4242 Lanza FC, Wandalsen G, Dela Bianca AC, Cruz CL, Postiaux G, Solé D. Prolonged slow expiration technique in infants: effects on tidal volume, peak expiratory flow, and expiratory reserve volume. Respir Care. 2011;56(12):1930-5.) No entanto, nos pulmões afetados, a compressão excessiva ao longo de toda a fase expiratória pode prejudicar o volume pulmonar residual, o que explica alguns dos achados negativos em relação à remoção de muco e complacência quando a CT suave é aplicada.

Estudos clínicos

O impacto da CT em diferentes desfechos clínicos tem sido estudado sob diversas condições. Fatores como tipo de técnica de CT, fluxo aéreo expiratório e ajuste do ventilador parecem ter um papel fundamental. A tabela 1 resume as evidências clínicas sobre esses tópicos, com foco em ensaios clínicos, uma vez que essa abordagem oferece maior nível de certeza do ponto de vista intervencionista.

Tabela 1
Evidências clínicas sobre compressão torácica

Unoky et al. estudaram os efeitos da CT na remoção de secreções das vias aéreas, oxigenação e ventilação em 31 pacientes ventilados mecanicamente que foram randomizados para AET com ou sem CT. O fluxo aéreo não foi mensurado nenhuma vez durante a CT, que foi realizada por enfermeiras treinadas que usaram ambas as mãos para comprimir gradualmente a caixa torácica durante a expiração. Não houve diferenças significativas em termos de troca gasosa, complacência dinâmica ou remoção de secreções.(2525 Unoki T, Kawasaki Y, Mizutani T, Fujino Y, Yanagisawa Y, Ishimatsu S, et al. Effects of expiratory rib-cage compression on oxygenation, ventilation, and airway-secretion removal in patients receiving mechanical ventilation. Respir Care. 2005;50(11):1430-7.) Em contrapartida, em contexto semelhante, mas utilizando CT vigorosa, Avena et al. demonstraram diminuição significativa nas resistências pulmonar e das vias aéreas após CT e AET, bem como aumento na saturação de oxigênio (SpO2) em comparação com AET isolada. No entanto, não foram observadas diferenças no pico inspiratório de pressão (PIP), na pressão de platô (Pplat) ou na complacência dinâmica ou estática (Cest).(2020 Avena KM, Duarte AC, Cravo SL, Sologuren MJ, Gastaldi AC. [Effects of manually assisted coughing on respiratory mechanics in patients requiring full ventilatory support]. J Bras Pneumol. 2008;34(6):380-6. Portuguese.) Esses resultados clínicos animadores apoiam o uso de uma técnica segura e eficiente para essa população. Infelizmente, não houve relato sobre medida de fluxo aéreo, volume de secreções e relação entre ajuste ventilatório e CT, apesar das evidências significativas sobre a relevância desses fatores.(22 Ntoumenopoulos G, Shannon H, Main E. Do commonly used ventilator settings for mechanically ventilated adults have the potential to embed secretions or promote clearance? Respir Care. 2011;56(12):1887-92.,1111 Ntoumenopoulos G. Mucus on the move: embed it or expel it--the patient, the clinician, and now the ventilator. Respir Care. 2008;53(10):1276-9.,3434 Volpe MS, Adams AB, Amato MB, Marini JJ. Ventilation patterns influence airway secretion movement. Respir Care. 2008;53(10):1287-94.)

Um estudo randomizado cruzado realizado por Sixel et al. avaliou os efeitos mecânicos e de remoção de escarro da CT em comparação com a intervenção de controle em 20 pacientes ventilados com infecção pulmonar. Eles constataram que a CT removeu 34,4% mais secreções do que o controle e que não houve diferenças após a intervenção em termos de Cest, complacência efetiva (Cef), resistência total (Rtot) e resistência inicial (Rinic). No entanto, o tamanho do efeito foi pequeno para remoção de secreções, Cest e Cef e insignificante para Rtot e Rinic, o que limita a interpretação clínica desses achados.(4343 Guimarães FS, Lopes AJ, Constantino SS, Lima JC, Canuto P, de Menezes SL. Expiratory rib cage compression in mechanically ventilated subjects: a randomized crossover trial. Respir Care. 2014;59(5):678-85.) Durante a CT, o PFE e o fluxo expiratório a 30% do volume corrente expiratório aumentaram significativamente (16,2L/minuto e 25,3L/ minuto, respectivamente) em comparação com o controle, o que é uma característica importante, mas não tão crítica quanto a diferença de fluxo aéreo I-E. Considerando que o fluxo inspiratório foi fixado em 60L/minuto e o PFE basal foi de 43,6 ± 17,5, que aumentou com CT para 59,6 ± 18,3, uma magnitude I-E < 17L/minuto foi obtida na maioria dos pacientes, bem abaixo do limiar mencionado anteriormente para deslocar o muco de forma efetiva. Infelizmente, não foram fornecidos detalhes técnicos da CT aplicada, durante a qual seis indivíduos apresentaram limitação ao fluxo expiratório (LFE).(4343 Guimarães FS, Lopes AJ, Constantino SS, Lima JC, Canuto P, de Menezes SL. Expiratory rib cage compression in mechanically ventilated subjects: a randomized crossover trial. Respir Care. 2014;59(5):678-85.) Como comentaram Martí et al., diante desses efeitos colaterais, é possível que as compressões tenham sido aplicadas durante toda a fase expiratória, o que favorece esse fenômeno.(4545 Martí JD, Bassi GL, Comaru T, Torres A. Expiratory rib cage compressions to improve mechanical ventilation : not only a matter of squeezing the chest. Respir Care. 2014;59(8):e119-20.) Martí et al. relataram uma perda transitória de PEEP de aproximadamente 3cmH2O associada à compressão prolongada, reforçando a noção de que fatores críticos, incluindo características da técnica, devem ser considerados.(4545 Martí JD, Bassi GL, Comaru T, Torres A. Expiratory rib cage compressions to improve mechanical ventilation : not only a matter of squeezing the chest. Respir Care. 2014;59(8):e119-20.)

Alguns estudos avaliaram os efeitos da CT antes da AET em termos de gases sanguíneos e sinais vitais. Kohan et al. mostraram que a troca gasosa em 25 minutos após CT ou AET isolada foi significativamente diferente em relação ao início do estudo. Curiosamente, ao comparar CT e AET isolada, eles constataram que a primeira causou melhora significativa na oxigenação.(2323 Kohan M, Rezaei-Adaryani M, Najaf-Yarandi A, Hoseini F, MohammadTaheri N. Effects of expiratory ribcage compression before endotracheal suctioning on arterial blood gases in patients receiving mechanical ventilation. Nurs Crit Care. 2014;19(5):255-61.) Em um estudo semelhante, Bousarri et al. demonstraram que os sinais vitais durante a AET com CT permaneceram dentro da faixa de normalidade.(2424 Bousarri MP, Shirvani Y, Agha-Hassan-Kashani S, Nasab NM. The effect of expiratory rib cage compression before endotracheal suctioning on the vital signs in patients under mechanical ventilation. Iran J Nurs Midwifery Res. 2014;19(3):285-9.) Nos dois estudos, foi aplicada CT gradual e não foram relatados eventos ou sinais de limitação ao fluxo.

Gonçalves et al. conduziram um ensaio clínico randomizado cruzado com 30 indivíduos em VM controlada que foram randomizados para controle (placebo e AET) ou CT e classificados em Grupo sem Secreção (GSS; £ 2g) e Grupo com Secreção (GCS;33 Konrad F, Schreiber T, Brecht-Kraus D, Georgieff M. Mucociliary transport in ICU patients. Chest. 1994;105(1):237-41. 2g).(4444 Gonçalves EC, Souza HC, Tambascio J, Almeida MB, Basile Filho A, Gastaldi AC. Effects of chest compression on secretion removal, lung mechanics, and gas exchange in mechanically ventilated patients: a crossover, randomized study. Intensive Care Med. 2016;42(2):295-6.) Os autores observaram que mais secreções foram removidas com a CT. Nenhuma diferença foi encontrada para troca gasosa ou mecânica pulmonar entre os grupos, exceto por uma discreta melhora na complacência estática no GCS que recebeu CT.(4444 Gonçalves EC, Souza HC, Tambascio J, Almeida MB, Basile Filho A, Gastaldi AC. Effects of chest compression on secretion removal, lung mechanics, and gas exchange in mechanically ventilated patients: a crossover, randomized study. Intensive Care Med. 2016;42(2):295-6.) Parece possível, de acordo com os princípios físicos descritos, que a proporção de vias aéreas com secreções e a viscosidade das secreções possam afetar a resposta ideal à CT em alguns pacientes, o que é de grande importância clínica para a decisão sobre quais pacientes podem ser responsivos à CT.

Compressão torácica potencializada

Uma versão alternativa da técnica de CT também pode ser empregada em cenários especiais. Alguns autores descrevem o uso da compressão abdominal (de forma cefálica) simultaneamente à CT para simular o movimento normal do diafragma durante a tosse, controlando de modo mais eficiente a pressão intra-abdominal.(2020 Avena KM, Duarte AC, Cravo SL, Sologuren MJ, Gastaldi AC. [Effects of manually assisted coughing on respiratory mechanics in patients requiring full ventilatory support]. J Bras Pneumol. 2008;34(6):380-6. Portuguese.,4646 Torres-Castro R, Vilaró J, Vera-Uribe R, Monge G, Avilés P, Suranyi C. Use of air stacking and abdominal compression for cough assistance in people with complete tetraplegia. Spinal Cord. 2014;52(5):354-7.,4747 Ciesla ND. Chest physical therapy for patients in the intensive care unit. Phys Ther. 1996;76(6):609-25.) Isso foi relatado principalmente em pacientes com doenças neuromusculares ou com uma condição resultante em fraqueza muscular abdominal (isto é, pacientes sedados/paralisados recebendo VM na unidade de terapia intensiva).(4646 Torres-Castro R, Vilaró J, Vera-Uribe R, Monge G, Avilés P, Suranyi C. Use of air stacking and abdominal compression for cough assistance in people with complete tetraplegia. Spinal Cord. 2014;52(5):354-7.,4747 Ciesla ND. Chest physical therapy for patients in the intensive care unit. Phys Ther. 1996;76(6):609-25.) No entanto, em pacientes que necessitam de VM controlada, a aplicação de compressão abdominotorácica não resultou em diferenças no aumento do PFE em relação à CT isolada.(4848 Duarte AC, Avena KM, Teles JM, Leite MR, Espírito-Santo DC, Messeder OA. Peak expiratory flow in mechanically ventilated patients under three modalities of manually assisted coughing. Crit Care. 2003;7(Suppl 3):P49.)

Outra manobra intimamente relacionada à CT é a PEEP-pressão expiratória final zero (PEEP-ZEEP). Teoricamente, quando a PEEP se eleva, o gás é redistribuído por meio da ventilação colateral, atingindo, portanto, alvéolos adjacentes previamente colapsados pelo muco. Essa redistribuição favorece a reabertura das pequenas vias aéreas, removendo o muco aderido às suas paredes. Em uma fase subsequente da técnica, quando a PEEP é reduzida para 0cmH2O, o padrão de fluxo expiratório é alterado, o que auxilia no transporte das secreções das vias aéreas periféricas para as centrais.(4949 Santos FR, Schneider Júnior LC, Forgiarini Junior LA, Veronezi J. Effects of manual rib-cage compression versus PEEP-ZEEP maneuver on respiratory system compliance and oxygenation in patients receiving mechanical ventilation. Rev Bras Ter intensiva. 2009;21(2):155-61.) Em um estudo cruzado comparando os efeitos da CT com a manobra PEEP-ZEEP em pacientes ventilados, Santos et al. constataram que ambas as intervenções tiveram efeitos clínicos positivos no volume corrente e na complacência estática e dinâmica, sem diferenças entre os grupos, exceto para oxigenação (SpO2), que foi favorável ao grupo CT.(4949 Santos FR, Schneider Júnior LC, Forgiarini Junior LA, Veronezi J. Effects of manual rib-cage compression versus PEEP-ZEEP maneuver on respiratory system compliance and oxygenation in patients receiving mechanical ventilation. Rev Bras Ter intensiva. 2009;21(2):155-61.) Lobo et al. compararam a PEEP-ZEEP mais vibrocompressão (não apenas CT) com a bag squeezing (hiperinsuflação manual) e mostraram que as duas técnicas são semelhantes quanto à remoção de secreções brônquicas e alterações hemodinâmicas durante o uso.(5050 Lobo DM, Cavalcante LA, Mont’Alverne DG. Aplicabilidade das técnicas de bag squeezing e manobra zeep em pacientes submetidos à ventilação mecânica. Rev Bras Ter Intensiva. 2010;22(2):186-91.) Em um estudo semelhante, Oliveira et al. relataram que a manobra PEEP-ZEEP sem CT foi suficiente para ultrapassar a diferença de fluxo aéreo I-E de 33L/minuto (limiar de movimento de secreções). No entanto, na CT com PEEP-ZEEP, essa diferença aumentou em 6,7 ± 3,4L/minuto, o que poderia melhorar seu potencial de remoção de secreções.(5151 Oliveira AC, Lorena DM, Gomes LC, Amaral BL, Volpe MS. Effects of ventilation mode and manual chest compression on flow bias during the positive end- and zero end-expiratory pressure manoeuvre in mechanically ventilated patients: a randomised crossover trial. J Bras Pneumol. 2019;45(1):1-9.)

Até o momento, essas técnicas mistas são viáveis e podem potencializar o efeito da CT isolada, mas o nível de evidência permanece baixo.

Síntese

Borges et al. publicaram em 2017 uma revisão sistemática com metanálise sobre CT expiratória em adultos ventilados mecanicamente e concluíram que faltam evidências que sustentassem o uso dessa técnica na rotina de cuidados.(5252 Borges LF, Saraiva MS, Saraiva MA, Macagnan FE, Kessler A. Manobra de compressão torácica expiratória em adultos ventilados mecanicamente: revisão sistemática com metanálise. Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(1):96-104.) Eles incluíram três estudos na análise final: Unoki et al.,(2525 Unoki T, Kawasaki Y, Mizutani T, Fujino Y, Yanagisawa Y, Ishimatsu S, et al. Effects of expiratory rib-cage compression on oxygenation, ventilation, and airway-secretion removal in patients receiving mechanical ventilation. Respir Care. 2005;50(11):1430-7.) Bousarri et al.(2424 Bousarri MP, Shirvani Y, Agha-Hassan-Kashani S, Nasab NM. The effect of expiratory rib cage compression before endotracheal suctioning on the vital signs in patients under mechanical ventilation. Iran J Nurs Midwifery Res. 2014;19(3):285-9.) e Santos et al.(4949 Santos FR, Schneider Júnior LC, Forgiarini Junior LA, Veronezi J. Effects of manual rib-cage compression versus PEEP-ZEEP maneuver on respiratory system compliance and oxygenation in patients receiving mechanical ventilation. Rev Bras Ter intensiva. 2009;21(2):155-61.) Todos eles foram discutidos na presente revisão e apresentaram diferentes medidas de desfecho e características da técnica de CT. Sabe-se que as evidências são heterogêneas, provavelmente porque a natureza dessa intervenção é complexa e pelo fato de estar geralmente inserida em uma terapia multimodal de FR, na qual os mecanismos envolvidos ainda não estão completamente elucidados. Em uma revisão narrativa sobre FR em pacientes ventilados mecanicamente, Spapen et al. apontaram que a CT se sustenta melhor na experiência clínica experimental e preliminar.(1919 Spapen HD, De Regt J, Honoré PM. Chest physiotherapy in mechanically ventilated patients without pneumonia-a narrative review. J Thorac Dis. 2017;9(1):E44-9.) A análise detalhada apresentada nesta revisão, que vai desde os princípios físicos de ação, testes in vitro e modelos animais até a implementação em seres humanos, sustenta o uso de CT curta e vigorosa como técnica de depuração das vias aéreas baseada no deslocamento do muco pelo aumento dos fluxos expiratórios (diferença de fluxo aéreo I-E). Por outro lado, a CT suave e gradual ao longo de todo o ciclo expiratório não melhora o PFE ou a produção de muco e pode estar relacionada à diminuição da PEEP e à limitação ao fluxo aéreo como efeito indesejado (Figura 2). No entanto, ensaios clínicos comparando diretamente essas duas intervenções são necessários para apoiar essa abordagem.

Figura 2
Representação da compressão torácica brusca versus suave. (A) A linha pontilhada preta indica o nível de fluxo inspiratório e expiratório. (B) Curva de fluxo aéreo/tempo.

A linha pontilhada preta indica fluxo aéreo sem tratamento. A linha pontilhada azul indica compressão torácica brusca e a vermelha indica compressão torácica suave.


COMENTÁRIOS FINAIS

Os limiares para que o deslocamento das secreções ocorra na direção correta foram claramente estabelecidos e, portanto, devem ser buscados ativamente por meio da monitorização do ventilador mecânico pelos ciclos de tempo, valores de pico de fluxo e tendências gráficas, para orientar a implementação adequada da CT. No entanto, fatores como a viscosidade das secreções e a taxa de ocupação do lúmen traqueal infelizmente ainda permanecem indefinidos para avaliação na prática clínica. A CT pode ser potencializada por outras manobras, como PEEP-ZEEP e compressão abdominal; entretanto, mais estudos devem ser realizados para justificar sua inclusão na rotina de cuidados respiratórios de pacientes com suporte ventilatório. Não há dúvida de que mais estudos fisiológicos são necessários para compreender melhor os mecanismos envolvidos na técnica de CT em seres humanos ventilados, bem como evidências clinicamente relevantes sobre seu impacto no uso da VM e na permanência na unidade de terapia intensiva. No entanto, de acordo com as evidências apresentadas, a CT apresenta mais benefícios potenciais do que efeitos deletérios, e sua implementação não deve ser limitada. Na verdade, ela deve ser recomendada, considerando que é uma das poucas estratégias para evitar a retenção de secreções no ambiente de terapia intensiva.

AGRADECIMENTOS

Yorschua Jalil e Roque Basoalto reconhecem o apoio parcial do CONICYT-PFCHA/Doctorado Nacional 2019/2020, Folio 21191025 e 21201751, respectivamente.

  • Errata
    No artigo Desvendando a técnica de compressão torácica em pacientes em ventilação mecânica: uma revisão narrativa, com número de DOI: 10.5935/0103-507X.20220012-pt, publicado no periódico Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 34(1):176-84, na página 180 - Tabela 1 - Evidências clínicas sobre compressão torácica e no segundo parágrafo:
    Onde se lia:
    Sixel et al.(43)
    Leia-se:
    Guimarães et al.(43)
    No mesmo artigo, página 183 – Referências:
    Onde se lia:
    43. Sixel BS, Lemes DA, Pereira KA, Guimarães FS. Compressão manual torácica em pacientes com insuficiência respiratória aguda. Fisioter Bras. 2007;8(2):103-6.
    Leia-se:
    43. Guimarães FS, Lopes AJ, Constantino SS, Lima JC, Canuto P, de Menezes SL. Expiratory rib cage compression in mechanically ventilated subjects: a randomized crossover trial. Respir Care. 2014;59(5):678-85.

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Editado por

Editor responsável: Felipe Dal-Pizzol

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2022

Histórico

  • Recebido
    01 Nov 2020
  • Aceito
    30 Maio 2021
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