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Classificação de autores, instituições e países, por meio de métricas de produção, centralidade e impacto: O campo de turismo no Brasil (periódicos), 1990-2018

Clasificación de autores, instituciones y países, utilizando métricas de producción, centralidad e impacto: El campo del turismo en Brasil (revistas científicas), 1990-2018

Resumo

Trabalha-se com o conjunto de periódicos brasileiros de turismo, mas particularmente com os 3.887 artigos publicados em 16 revistas, no período 1990-2018. Há três objetivos principais, a saber: a) construir rankings de autores, instituições e países do campo de turismo no Brasil, segundo métricas de produção, centralidade e impacto, nos períodos 1990-1999, 1990-2009 e 1990-2018; b) caracterizar os elementos mais importantes – aqueles que aparecem nas primeiras posições desses rankings; e c) comparar os resultados desses rankings aos obtidos com a aplicação do Índice H. Foi feito um estudo bibliométrico e de redes, com coleta de dados e revisão e desambiguação manuais; foram calculadas métricas de produção (contagem simples e fracionada), centralidade (grau, intermediação e Page Rank) e impacto (baseadas nas citações reais). Em resumo, os principais pesquisadores trabalham em instituições do Sul e Sudeste do país, e estão vinculados a programas de pós-graduação stricto sensu. Para as instituições, ter um programa de pós-graduação stricto sensu em turismo ou campo correlato parece ser um fator-chave; a Universidade de São Paulo e a Universidade do Vale do Itajaí claramente se destacam das demais, em toda e qualquer métrica. O Brasil ocupa a primeira posição em produção, centralidade e impacto, seguido sempre pela Espanha.

Palavras-chave
Turismo e ciência da informação; Produção científica; Periódico; Bibliometria

Resumen

Este trabajo analiza el conjunto de revistas del turismo brasileñas, específicamente los 3,887 artículos publicados en 16 revistas científicas, en 1990-2018. Hay tres objetivos principales, a saber: a) construir clasificaciones de autores, instituciones y países en el campo del turismo en Brasil, utilizando métricas de producción, centralidad e impacto, en 1990-1999, 1990-2009 y 1990-2018; b) caracterizar los elementos más importantes: aquellos que aparecen en las primeras posiciones de estas clasificaciones; y c) comparar los resultados con los obtenidos con la aplicación del índice h. Se realizó un estudio bibliométrico y de redes sociales, con recolección de datos, revisión manual y desambiguación. Se calculó las métricas de producción (conteo simple y fraccional), centralidad (grado, intermediación y Page Rank) e impacto (basado en las citas reales). Los principales investigadores trabajan en instituciones en las regiones Sur y Sudeste del país y están vinculados a programas de posgrado estrictos. Para las instituciones, tener un programa de posgrado estricto en turismo o un campo relacionado parece ser un factor clave. La Universidade de São Paulo y la Universidade do Vale do Itajaí se destacan claramente del resto, en todas las métricas. Brasil ocupa el primer puesto en producción, centralidad e impacto, siempre seguido por España.

Palabras clave
Turismo y ciencias de la información; Producción científica; Revistas científicas; Bibliometría

Abstract

We investigated the set of Brazilian tourism journals, specifically 3,887 articles published in 16 journals, from 1990 to 2018. The three main objectives of this study are: a) to rank authors, institutions, and countries in the field of tourism studies in Brazil, using productivity, centrality, and impact metrics, for 1990-1999, 1990-2009, and 1990-2018; b) to characterize the leading elements – i.e. top-ranked ones; and c) to compare these rankings with h-index based rankings. A bibliometric and social network study was carried out, with manual data collection and revision and disambiguation. Productivity (full and fractional counting), centrality (degree, betweenness, and PageRank), and impact (based on actual citations) metrics were calculated. In summary, the leading authors are affiliated with institutions in the South and Southeast regions of Brazil, and they are linked to graduate programs. For institutions, offering a graduate program in tourism or in a related field seems to be a key factor. The University of São Paulo (USP) and the University of Vale do Itajaí (UNIVALI) clearly stand out in all metrics. Brazil occupies the first position in productivity, centrality, and impact, followed by Spain.

Keywords
Tourism and information science; Scientific production; Journals; Bibliometrics

1 INTRODUÇÃO

Segundo Tribe (1997)Tribe, J. (1997). The indiscipline of tourism. Annals of Tourism Research, 24(3), p. 638–657. https://doi.org/10.1016/S0160-7383(97)00020-0
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, o turismo consiste em três dimensões. Primeiro, ele é um fenômeno do mundo exterior; a maioria das definições de turismo centra-se nessa dimensão. Segundo, há o estudo do turismo, que se centra em torno de uma comunidade acadêmica. Terceiro, há a educação e treinamento em turismo, cujos elementos mais visíveis são os cursos superiores em turismo.

Há já certo consenso na literatura de que o turismo consiste em um campo de conhecimento, e não em uma ciência ou disciplina (Tribe, 1997Tribe, J. (1997). The indiscipline of tourism. Annals of Tourism Research, 24(3), p. 638–657. https://doi.org/10.1016/S0160-7383(97)00020-0
https://doi.org/10.1016/S0160-7383(97)00...
, 2000Tribe, J. (2000). Indisciplined and unsubstantiated. Annals of Tourism Research, 27(3), p. 809–813. https://doi.org/10.1016/S0160-7383(99)00122-X
https://doi.org/10.1016/S0160-7383(99)00...
, 2010Racherla, P., & Hu, C. (2010). A social network perspective of tourism research collaborations. Annals of Tourism Research, 37(4), p. 1.012–1.034. https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.03.008
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; Racherla & Hu, 2010Racherla, P., & Hu, C. (2010). A social network perspective of tourism research collaborations. Annals of Tourism Research, 37(4), p. 1.012–1.034. https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.03.008
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; Benckendorff & Zehrer, 2013Benckendorff, P., & Zehrer, A. (2013). A network analysis of tourism research. Annals of Tourism Research, 43, p. 121–149. https://doi.org/10.1016/j.annals.2013.04.005
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); segundo Tribe (2010)Tribe, J. (2010). Tribes, territories and networks in the tourism academy. Annals of Tourism Research, 37(1), p. 7–33. https://doi.org/10.1016/j.annals.2009.05.001
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, ele divide-se nos seguintes subcampos: a) administração/gestão e negócios turísticos; e b) tópicos não voltados à administração/gestão e negócios turísticos (ciências sociais).

O turismo é avaliado como um campo de conhecimento ainda em amadurecimento; ele é fragmentado e interdisciplinar, e não conta com uma abordagem teórica unificada, mas sim com abordagens teóricas múltiplas, derivadas e advindas do conjunto de disciplinas que trabalham com o fenômeno do turismo (Racherla & Hu, 2010Racherla, P., & Hu, C. (2010). A social network perspective of tourism research collaborations. Annals of Tourism Research, 37(4), p. 1.012–1.034. https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.03.008
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; Benckendorff & Zehrer, 2013Benckendorff, P., & Zehrer, A. (2013). A network analysis of tourism research. Annals of Tourism Research, 43, p. 121–149. https://doi.org/10.1016/j.annals.2013.04.005
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). Por meio da bibliometria, é possível mais bem descrever e compreender o campo de turismo.

A bibliometria pode ser definida como a caracterização, a avaliação e o acompanhamento de determinada ciência, disciplina ou campo de conhecimento; isso se dá por meio de dados como, por exemplo, citações recebidas, referências bibliográficas utilizadas, autoria e palavras-chave. Os estudos bibliométricos permitem-nos compreender, para a ciência, disciplina ou campo em questão, o estado atual e a trajetória de sua estrutura intelectual, de sua estrutura social e de suas estruturas conceituais (Koseoglu, Rahimi, Okumus, & Liu, 2016Koseoglu, M. A., Rahimi, R., Okumus, F., & Liu, J. (2016). Bibliometrics studies in tourism. Annals of Tourism Research, 61, p. 180–198. https://doi.org/10.1016/j.annals.2016.10.006
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). Como bem colocam Benckendorff e Zehrer (2013)Benckendorff, P., & Zehrer, A. (2013). A network analysis of tourism research. Annals of Tourism Research, 43, p. 121–149. https://doi.org/10.1016/j.annals.2013.04.005
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, a bibliometria permite que os pesquisadores estudem o turismo como um sistema de construção de conhecimento.

Além disso, a pesquisa bibliométrica permite que se discutam e se desenvolvam métodos, índices e métricas para a avaliação da pesquisa científica e de pesquisadores, instituições, programas de pós-graduação stricto sensu e até mesmo países (Koseoglu et al., 2016Koseoglu, M. A., Rahimi, R., Okumus, F., & Liu, J. (2016). Bibliometrics studies in tourism. Annals of Tourism Research, 61, p. 180–198. https://doi.org/10.1016/j.annals.2016.10.006
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). Os estudos bibliométricos permitem o mapeamento dos temas e dos objetos de estudo, das metodologias de pesquisa e dos marcos teóricos mais utilizados, bem como das ausências e lacunas da literatura, por meio de técnicas e cálculos matemáticos e estatísticos.

A pesquisa bibliométrica permite também a construção de rankings de elementos – autores, instituições, programas de pós-graduação stricto sensu, países etc. –, por meio do cálculo e da combinação de métricas quantitativas acerca de pontos importantes de avaliação, como, por exemplo, a produção/produtividade, a centralidade (na rede de coautorias) e o impacto (citações recebidas).

O periódico científico é uma componente central de todo e qualquer ciência, disciplina e campo de conhecimento. Segundo Weiner (2001)Weiner, G. (2001). The academic journal: has it a future? Education Policy Analysis Archives, 9(9), p. 1-19. https://doi.org/10.14507/epaa.v9n9.2001
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, ele presta-se a três funções básicas. Primeiro, o periódico científico é responsável pela produção, disseminação e troca de conhecimento acadêmico. Segundo, ele provê um meio para a avaliação e classificação da pesquisa e da produção científica, inclusive para fins de alocação de recursos. Terceiro, sua produção pode ser utilizada para basear e justificar a contratação e promoção de docentes e pesquisadores, assim como para avaliar o desempenho de indivíduos, universidades e programas de pós-graduação stricto sensu. Santos e Rejowski (2013)Santos, G. E. O., & Rejowski, M. (2013). Comunicação científica em turismo no Brasil: análises descritivas de periódicos nacionais entre 1990 e 2012. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, 7(1), p. 149-167. https://doi.org/10.7784/rbtur.v7i1.578
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consideram o periódico como o principal meio formal de comunicação científica.

A publicação, a leitura e a citação de artigos de um periódico fazem com que o pesquisador assuma um triplo papel no processo de comunicação científica – produtor, disseminador e consumidor.

Como bem sintetiza Page (2005)Page, S. J. (2005). Academic ranking exercises: Do they achieve anything meaningful? – A personal view. Tourism Management, 26(5), p. 663–666. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.05.007
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, a crescente competição por recursos públicos tem levado a tentativas de se medir a quantidade, a qualidade e a excelência da pesquisa científica de autores e instituições, o que tem acarretado no surgimento de inúmeros métodos de avaliação e de classificação de artigos, autores, instituições e até mesmo países. Grande parte desses métodos de avaliação baseia-se em métricas quantitativas, a partir da bibliometria e análise de redes sociais.

Tem havido o surgimento de uma crescente competição entre universidades e centros de pesquisa, o que se reflete, em muitos países, na tentativa de se contratar professores e pesquisadores com alta produtividade de artigos científicos em periódicos indexados, de preferência nos mais bem avaliados de seu campo de conhecimento, disciplina ou ciência (McCarty, Jawitz, Hopkins, & Goldman, 2013McCarty, C., Jawitz, J. W., Hopkins, A., & Goldman, A. (2013). Predicting author h-index using characteristics of the co-author network. Scientometrics, 96, p. 467-483. https://doi.org/10.1007/s11192-012-0933-0
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).

Outro resultado dessa competição foi a criação de estruturas administrativas e burocráticas, no plano nacional e mesmo em algumas universidades, que se responsabilizam pela alocação de fundos para a pesquisa e pela definição e medição da “qualidade” em pesquisa. Provavelmente, essa alocação de fundos e a política de contratações por meio de medidas de produção e de impacto foram os fatores decisivos para o crescimento de estudos bibliométricos que avaliam e classificam autores, instituições e periódicos científicos, geralmente por meio da construção de rankings, bem como de trabalhos que discutem a pertinência e a validade dos métodos utilizados e dos resultados alcançados (McKercher, 2008McKercher, B. (2008). A citation analysis of tourism scholars. Tourism Management, 29(6), p. 1.226–1.232. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2008.03.003
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; Hall, 2011Hall, C. M. (2011). Publish and perish? Bibliometric analysis, journal ranking and the assessment of research quality in tourism. Tourism Management, 32(1), p. 16–27. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.07.001
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).

No Brasil, o estabelecimento de normas e de sistemas de avaliação é de responsabilidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, fundação pública vinculada ao Ministério da Educação, tanto para os programas de pós-graduação stricto sensu quanto para os periódicos científicos. O campo de turismo faz parte da Área 27 (Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo).

O presente artigo é um estudo bibliométrico que calcula e analisa métricas avaliativas e relacionais, contemplando medidas de produção, de centralidade e de impacto para autores, instituições e países. Para cada um desses três elementos, são construídos rankings para cada um dos três grupos de métricas (produção, centralidade e impacto), nos períodos 1990-1999, 1990-2009 e 1990-2018. Com base no cruzamento dos vários rankings apresentados, analisam-se as similaridades e as diferenças entre eles, bem como o conjunto de pesquisadores mais importantes do campo de turismo no Brasil, segundo os critérios da presente pesquisa.

O objeto de estudo é o conjunto de periódicos científicos brasileiros do campo de turismo, mais particularmente os artigos neles publicados. A exemplo do que é feito na maior parte dos estudos bibliométricos do campo de turismo – ver, por exemplo, Benckendorff e Zehrer (2013)Benckendorff, P., & Zehrer, A. (2013). A network analysis of tourism research. Annals of Tourism Research, 43, p. 121–149. https://doi.org/10.1016/j.annals.2013.04.005
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, Strandberg, Nath, Hemmatdar e Jahwash (2018)Strandberg, C., Nath, A., Hemmatdar, H., & Jahwash, M. (2018). Tourism research in the new millennium: a bibliometric review of literature in Tourism and Hospitality Research. Tourism and Hospitality Research, 18(3), p. 269–285. https://doi.org/10.1177/1467358416642010
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e Racherla e Hu (2010)Racherla, P., & Hu, C. (2010). A social network perspective of tourism research collaborations. Annals of Tourism Research, 37(4), p. 1.012–1.034. https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.03.008
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–, apenas os artigos completos foram contemplados; descartaram-se editoriais, resenhas, entrevistas e todo o resto.

Ao contrário do que é mais comum de encontrar em estudos bibliométricos do campo de turismo – ver, por exemplo, Ye, Li e Law (2013)Ye, Q., Li, T., & Law, R. (2013). A coauthorship network analysis of tourism and hospitality research collaboration. Journal of Hospitality & Tourism Research, 37(1), p. 51-76. https://doi.org/10.1177/1096348011425500
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, Koc e Boz (2014)Koc, E., & Boz, H. (2014). Triangulation in tourism research: a bibliometric study of top three tourism journals. Tourism Management Perspectives, 12, p. 9–14. https://doi.org/10.1016/j.tmp.2014.06.003
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e Kirilenko e Stepchenkova (2018)Kirilenko, A. P., & Stepchenkova, S. (2018). Tourism research from its inception to present day: subject area, geography, and gender distributions. PLoS ONE, 13(11): e0206820. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0206820
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–, o presente artigo contempla um amplo conjunto de periódicos, não se restringindo apenas aos que são considerados os principais. Isso segue a recomendação de Jamal, Smith e Watson (2008)Jamal, T., Smith, B., & Watson, E. (2008). Ranking, rating and scoring of tourism journals: interdisciplinary challenges and innovations. Tourism Management, 29(1), p. 66–78. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2007.04.001
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e McKercher (2005)McKercher, B. (2005). A case for ranking tourism journals. Tourism Management, 26(5), p. 649–651. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.04.003
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, de modo a não se restringir a pesquisa a uma fração muito diminuta do campo de conhecimento.

Os periódicos contemplados precisaram cumprir simultaneamente com quatro requisitos. Primeiro, ser uma revista científica publicada no Brasil, com o sistema de dupla avaliação cega por pares para a publicação de artigos. Segundo, o periódico precisa ser de turismo, sem contemplar outra ciência, disciplina ou campo de conhecimento; por exemplo, em virtude disso, a PODIUM Sport, Leisure and Tourism Review foi excluída. Terceiro, em fevereiro de 2019, o periódico precisava estar classificado no Qualis Periódicos, Área Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo, com, pelo menos, B5 nas classificações de periódicos (quadriênio 2013-2016). Quarto, o periódico precisava estar ativo.

No total, 16 periódicos foram selecionados, a saber: a) Anais Brasileiros de Estudos Turísticos; b) Applied Tourism; c) Caderno de Estudos e Pesquisas do Turismo; d) CULTUR – Revista de Cultura e Turismo; e) Caderno Virtual de Turismo; f) Revista Acadêmica Observatório de Inovação do Turismo; g) Revista Brasileira de Ecoturismo; h) Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo; i) Revista Iberoamericana de Turismo; j) Revista Latino-Americana de Turismologia; k) Revista Rosa dos Ventos; l) Revista de Turismo Contemporâneo; m) Revista Turismo: Estudos e Práticas; n) Revista Turismo – Visão e Ação; o) Turismo em Análise; e p) Turismo e Sociedade.

Fez-se apenas uma única exceção; o Caderno de Estudos e Pesquisas do Turismo encerrou a publicação de artigos em 2017, mas foi mantido no objeto de estudo, dado que ele estava ainda ativo, no começo da coleta de dados, e continuava avaliado no Qualis Periódicos, em fevereiro de 2019.

Para cada periódico, foram coletados todos os artigos publicados entre 1990 e 2018, inclusive, que já tinham sido disponibilizados em seu sítio eletrônico até 31 de março de 2019. Isso possibilitou a coleta de todos os artigos já publicados nas supracitadas revistas, até essa data.

Para todo e qualquer artigo, foram coletados dois conjuntos de dados. Primeiro, buscaram-se os nomes dos autores e de suas instituições, bem como os dos países onde elas encontram-se. Segundo, foram coletadas todas as citações recebidas por esses trabalhos, por meio do Google Acadêmico (Google Scholar). As duas coletas são detalhadas no item dedicado à metodologia de pesquisa.

O artigo apresenta três objetivos principais. O primeiro consiste em construir rankings de autores, instituições e países do campo de turismo no Brasil, no que concerne a produção, a centralidade e o impacto, nos períodos 1990-1999, 1990-2009 e 1990-2018. Isso permite a identificação de um grupo seleto de pesquisadores, instituições e países, a partir dos seguintes critérios:

  1. elementos que aparecem no primeiro centil (1%) dos rankings de produção, de centralidade e/ou de impacto, desde o período 1990-1999 até o período 1990-2018; ou seja, pesquisadores, instituições e países que, desde a primeira década (anos 1990), têm aparecido no topo dos rankings, permanecendo nele quando se considera o período total (1990-2018);

  2. elementos que aparecem, no período 1990-2018, no primeiro centil (1%) dos três rankings construídos – de produção, de centralidade e de impacto; ou seja, pesquisadores, instituições e países que se destacam simultaneamente nos três grupos, para o conjunto de todos os artigos publicados nos 16 periódicos supracitados.

No presente artigo, opta-se por trabalhar com os períodos de forma cumulativa, e não com intervalos estanques/discretos (por exemplo, 1990-1999, 2000-2009 e 2010-2018), que é a forma mais encontrada em estudos bibliométricos do campo de turismo – ver, por exemplo, Benckendorff e Zehrer (2013)Benckendorff, P., & Zehrer, A. (2013). A network analysis of tourism research. Annals of Tourism Research, 43, p. 121–149. https://doi.org/10.1016/j.annals.2013.04.005
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e Racherla e Hu (2010)Racherla, P., & Hu, C. (2010). A social network perspective of tourism research collaborations. Annals of Tourism Research, 37(4), p. 1.012–1.034. https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.03.008
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. Isso se deve à avaliação de que os autores pioneiros na construção desse campo de conhecimento no Brasil continuam, em sua maioria, ativos, e que as duas instituições que tiveram papéis seminais, tanto na estruturação de programas de pós-graduação stricto sensu quanto na editoração das duas revistas científicas mais antigas ainda em publicação (Turismo em Análise e Revista Turismo – Visão e Ação), ainda ocupam posições de destaque – a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). O trabalho com períodos de forma cumulativa permite verificar a trajetória do campo de turismo, ao mesmo tempo em que continua a levar em conta todo o conjunto de artigos publicados, em 1990-2018.

O segundo objetivo principal é caracterizar esses elementos identificados, conforme descritos nas letras “a” e “b” anteriores. Dá-se essa classificação por meio do seguinte:

  1. autores: formação acadêmica, atuação profissional, publicação de artigos em periódico (total) e citações totais recebidas (no caso de pesquisadores com perfil no Google Acadêmico);

  2. instituições: país (estrangeiro) ou unidade da federação e grande região (Brasil) onde está localizada, cursos de turismo eventualmente ofertados (graduação e pós-graduação stricto sensu) e tipo (pública, privada, confessional etc.);

  3. país: continente e idioma oficial.

O terceiro objetivo principal é comparar os resultados da presente pesquisa com os derivados da métrica híbrida que tem sido amplamente utilizada para a construção de rankings de autores, instituições e países, o Índice H (h-index).

Esses três objetivos permitem análises particularmente úteis para o campo de turismo no Brasil. A identificação dos autores, instituições e países mais relevantes é útil por si só, ao reconhecer o mérito de elementos que têm uma particularmente alta contribuição ao supracitado campo. Além disso, sua caracterização identifica pontos em comum entre eles, úteis para a compreensão da dinâmica do campo de turismo no Brasil.

O presente artigo permite a comparação entre os rankings gerados por várias métricas individuais e pelos três grupos de medidas (produção, centralidade e impacto), mostrando as sobreposições existentes para autores, instituições e países, no que concerne o primeiro centil (1%).

A pesquisa justifica-se por meio de uma série de pontos. A realização de estudos bibliométricos auxilia no reconhecimento do turismo como um importante campo de conhecimento, bem como reconhece as contribuições de pesquisadores e instituições para sua formação.

Leta e Lewison (2003)Leta, J., & Lewison, G. (2003). The contribution of women in Brazilian science: a case study in astronomy, immunology and oceanography. Scientometrics, 57(3), p. 339-353. https://doi.org/10.1023/A:1025000600840
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apontam que, para países em desenvolvimento e/ou cientificamente periféricos, grande parte de sua produção científica não é capturada pelas bases de dados internacionais, dado que ela se concentra em periódicos nacionais e regionais. Santos, Panosso Netto e Wang (2017)Santos, G. E. O., Panosso Netto, A., & Wang, X. (2017). Análise de citações de periódicos científicos de turismo no Brasil: subsídios para a estimação de indicadores de impacto. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, 11(1), p. 61-88. https://doi.org/10.7784/rbtur.v11i1.1105
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e Santos e Rejowski (2013)Santos, G. E. O., & Rejowski, M. (2013). Comunicação científica em turismo no Brasil: análises descritivas de periódicos nacionais entre 1990 e 2012. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, 7(1), p. 149-167. https://doi.org/10.7784/rbtur.v7i1.578
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apontam que há várias dificuldades para se trabalhar e medir o impacto das revistas científicas brasileiras de turismo, dado que elas não constam do Journal Citation Reports da Thomson Reuters, nem sequer fazem parte de sistemas de arquivamento, a exemplo do Science Direct ou do Jstor. O presente artigo realizou a coleta de dados que não se encontram reunidos e sistematizados em nenhum outro lugar.

Koseoglu et al. (2016)Koseoglu, M. A., Rahimi, R., Okumus, F., & Liu, J. (2016). Bibliometrics studies in tourism. Annals of Tourism Research, 61, p. 180–198. https://doi.org/10.1016/j.annals.2016.10.006
https://doi.org/10.1016/j.annals.2016.10...
sintetizam a importância de estudos que tenham características presentes em nosso artigo. Primeiro, não são contemplados apenas um punhado de periódicos; os 16 que formam nosso objeto de estudo consistem no universo de revistas científicas de turismo no Brasil, de acordo com os critérios já apresentados. Segundo, o recorte temporal não se restringe a um período curto; cobrem-se quase 30 anos de produção científica, contemplando o início da publicação das revistas de turismo no Brasil (ainda em publicação). Terceiro, o objeto de estudo abarca um país que pouco produz em idioma inglês.

Na avaliação da qualidade da pesquisa do campo de turismo, McKercher (2005)McKercher, B. (2005). A case for ranking tourism journals. Tourism Management, 26(5), p. 649–651. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.04.003
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.0...
defende que os artigos publicados em periódicos, que utilizam o sistema de avaliação cega por pares, constituem-se no elemento mais importante para a avaliação da qualidade de uma pesquisa, pesquisador e instituição (artigos de periódico versus outros tipos de publicação).

Os periódicos refletem a estrutura social do campo de conhecimento em determinada região e período temporal, bem como a popularidade e o silêncio em torno de temas e objetos de estudo.

2 REVISÃO DE LITERATURA

Como colocado anteriormente, tem havido um crescimento do número de trabalhos que buscam construir rankings de autores, instituições, periódicos e até mesmo países; isso tem sido acompanhado pela adoção, por parte de governos e instituições, de metodologias de avaliação e classificação da pesquisa científica, inclusive para fins de contratação e promoção profissional e de alocação de fundos de pesquisa.

Cumpre destacar que isso tem sido criticado na literatura. Por exemplo, Page (2005)Page, S. J. (2005). Academic ranking exercises: Do they achieve anything meaningful? – A personal view. Tourism Management, 26(5), p. 663–666. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.05.007
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.0...
defende que essas tentativas de avaliação e classificação não têm sido, em seu conjunto, benéficas para a pesquisa no campo de turismo. Segundo o autor, elas levam a certo produtivismo acadêmico, que foge à inovação, criatividade e profundidade, para se concentrar em pesquisas de fácil publicação. Além disso, o foco na produção acelerada de artigos de periódico corre o risco de desincentivar trabalhos que exigem um longo período de maturação e mais afeitos a livros, a exemplo de muitos trabalhos seminais publicados nos anos 1970 e 1980.

Dentro desse contexto, têm surgido várias métricas e metodologias para a construção de rankings. Segundo Hall (2011)Hall, C. M. (2011). Publish and perish? Bibliometric analysis, journal ranking and the assessment of research quality in tourism. Tourism Management, 32(1), p. 16–27. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.07.001
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.0...
, há já certo consenso, dentro dos estudos bibliométricos, de que não é possível medir a qualidade da pesquisa por meio de uma única métrica. Isso se dá em virtude dos seguintes pontos:

  1. o elemento em análise pode ser prejudicado na avaliação, pois a métrica não consegue capturar, pelo menos, um aspecto importante de sua produção científica;

  2. a partir do momento em que a métrica é estabelecida, o elemento em análise pode dirigir seus esforços apenas para maximizar seu desempenho nela, em detrimento de pontos importantes em sua atuação profissional que não estão sob avaliação (Hall, 2011Hall, C. M. (2011). Publish and perish? Bibliometric analysis, journal ranking and the assessment of research quality in tourism. Tourism Management, 32(1), p. 16–27. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.07.001
    https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.0...
    ; Bollen, Sompel, Hagberg, & Chute, 2009Bollen, J., Sompel, H., Hagberg, A., & Chute, R. (2009). A principal component analysis of 39 scientific impact measures. PLoS ONE, 4(6): e6022. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0006022
    https://doi.org/10.1371/journal.pone.000...
    ).

Nenhuma métrica consegue capturar isoladamente todas as facetas da produção científica de autores ou instituições; necessariamente, ela precisa ser utilizada em conjunto com outras medidas, dentro do esforço de construção de rankings (Hirsch, 2005Hirsch, J. E. (2005). An index to quantify an individual's scientific research output. PNAS, 102(46), p. 16.569–16.572. https://doi.org/10.1073/pnas.0507655102
https://doi.org/10.1073/pnas.0507655102...
; McCarty et al., 2013McCarty, C., Jawitz, J. W., Hopkins, A., & Goldman, A. (2013). Predicting author h-index using characteristics of the co-author network. Scientometrics, 96, p. 467-483. https://doi.org/10.1007/s11192-012-0933-0
https://doi.org/10.1007/s11192-012-0933-...
). De maneira geral, tomando como base os estudos bibliométricos e de análise de redes sociais, as métricas podem ser divididas em avaliativas e relacionais.

As métricas avaliativas objetivam avaliar a produção científica de um determinado elemento, geralmente em comparação com o desempenho de outros autores, instituições ou países. Basicamente, o que se considera como um estudo avaliativo é o trabalho que traz alguma medida de desempenho. Hall (2011)Hall, C. M. (2011). Publish and perish? Bibliometric analysis, journal ranking and the assessment of research quality in tourism. Tourism Management, 32(1), p. 16–27. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.07.001
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.0...
e Koseoglu et al. (2016)Koseoglu, M. A., Rahimi, R., Okumus, F., & Liu, J. (2016). Bibliometrics studies in tourism. Annals of Tourism Research, 61, p. 180–198. https://doi.org/10.1016/j.annals.2016.10.006
https://doi.org/10.1016/j.annals.2016.10...
dividem esses estudos em três grupos. O primeiro inclui as métricas de produção, cuja base é sempre o número de artigos publicados. O segundo inclui as métricas de impacto, cuja base é sempre o conjunto de citações recebidas. Por fim, o terceiro grupo traz as métricas híbridas, a exemplo do Índice H, que combinam medidas de produção e de impacto.

As métricas relacionais baseiam-se nas relações existentes na produção científica em análise; por exemplo, a análise das palavras-chave e/ou das referências bibliográficas utilizadas conjuntamente consegue revelar as áreas e os temas mais estudados dentro de uma ciência, disciplina ou campo de conhecimento (Benckendorff, 2009Benckendorff, P. (2009). Themes and trends in Australian and New Zealand tourism research: A social network analysis of citations in two leading journals (1994–2007). Journal of Hospitality and Tourism Management, 16(1), p. 1–15. https://doi.org/10.1375/jhtm.16.1.1
https://doi.org/10.1375/jhtm.16.1.1...
; Benckendorff & Zehrer, 2013Benckendorff, P., & Zehrer, A. (2013). A network analysis of tourism research. Annals of Tourism Research, 43, p. 121–149. https://doi.org/10.1016/j.annals.2013.04.005
https://doi.org/10.1016/j.annals.2013.04...
; Racherla & Hu, 2010Racherla, P., & Hu, C. (2010). A social network perspective of tourism research collaborations. Annals of Tourism Research, 37(4), p. 1.012–1.034. https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.03.008
https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.03...
; Ye, Li, & Law, 2013Ye, Q., Li, T., & Law, R. (2013). A coauthorship network analysis of tourism and hospitality research collaboration. Journal of Hospitality & Tourism Research, 37(1), p. 51-76. https://doi.org/10.1177/1096348011425500
https://doi.org/10.1177/1096348011425500...
).

Há também as medidas híbridas, que combinam, em sua forma, aspectos de mais de um grupo de métricas (produção, centralidade e impacto). O Índice H tem sido muito utilizado na literatura; seu número (resultado) indica a quantidade de artigos que têm, pelo menos, essa quantidade de citações cada um – todo o restante possui, cada um, uma quantidade mais baixa de citações (Hirsch, 2005Hirsch, J. E. (2005). An index to quantify an individual's scientific research output. PNAS, 102(46), p. 16.569–16.572. https://doi.org/10.1073/pnas.0507655102
https://doi.org/10.1073/pnas.0507655102...
).

De modo geral, altos números no Índice H indicam que determinado elemento tem vários artigos publicados que receberam muitas citações. A utilização de medidas híbridas tem sido defendida por vários autores, a exemplo de McKercher (2008)McKercher, B. (2008). A citation analysis of tourism scholars. Tourism Management, 29(6), p. 1.226–1.232. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2008.03.003
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2008.0...
, Benckendorff (2009)Benckendorff, P. (2009). Themes and trends in Australian and New Zealand tourism research: A social network analysis of citations in two leading journals (1994–2007). Journal of Hospitality and Tourism Management, 16(1), p. 1–15. https://doi.org/10.1375/jhtm.16.1.1
https://doi.org/10.1375/jhtm.16.1.1...
, Hall (2011)Hall, C. M. (2011). Publish and perish? Bibliometric analysis, journal ranking and the assessment of research quality in tourism. Tourism Management, 32(1), p. 16–27. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.07.001
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.0...
e Ye, Li e Law (2013)Ye, Q., Li, T., & Law, R. (2013). A coauthorship network analysis of tourism and hospitality research collaboration. Journal of Hospitality & Tourism Research, 37(1), p. 51-76. https://doi.org/10.1177/1096348011425500
https://doi.org/10.1177/1096348011425500...
.

É possível utilizar algumas métricas relacionais de modo avaliativo, a exemplo das medidas de centralidade, como é feito no presente artigo. A base das métricas de centralidade são as relações de coautoria existentes entre autores, instituições e países, como é visto no subitem 2.2 “As métricas de centralidade.”

Por exemplo, Park, Phillips, Canter e Abbott (2011)Park, K., Phillips, W. J., Canter, D. D., & Abbott, J. (2011). Hospitality and tourism research rankings by author, university, and country using six major journals: the first decade of the new millennium. Journal of Hospitality & Tourism Research, 35(3), p. 381-416. https://doi.org/10.1177/1096348011400743
https://doi.org/10.1177/1096348011400743...
objetivam medir a produção de autores, instituições e países, no período 2000-2009, tomando apenas os três principais periódicos internacionais de turismo (Annals of Tourism Research, Tourism Management e Journal of Travel Research) e de hospitalidade (Journal of Hospitality & Tourism Research, International Journal of Hospitality Management e Cornell Hospitality Quarterly).

Tendo também como base métricas de produção, Jogaratnam, Chon, McCleary, Mena e Yoo (2005)Jogaratnam, G., Chon, K., McCleary, K., Mena, M., & Yoo, J. (2005). An analysis of institutional contributors to three major academic tourism journals: 1992-2001. Tourism Management, 26(5), p. 641-648. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.04.002
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.0...
avaliam os autores e as instituições mais produtivas no campo de turismo, tomando o período 1992-2001 e as revistas Annals of Tourism Research, Journal of Travel Research e Tourism Management. Já McKercher (2008)McKercher, B. (2008). A citation analysis of tourism scholars. Tourism Management, 29(6), p. 1.226–1.232. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2008.03.003
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2008.0...
utiliza a base de dados Google Acadêmico e o softwarePublish or Perish, a fim de identificar os pesquisadores mais influentes do campo de turismo (com viés para as publicações em língua inglesa).

2.1 As métricas de produção

As métricas de produção têm sido amplamente aplicadas para a avaliação e classificação de autores, instituições e países, casos de Jogaratnam et al. (2005)Jogaratnam, G., Chon, K., McCleary, K., Mena, M., & Yoo, J. (2005). An analysis of institutional contributors to three major academic tourism journals: 1992-2001. Tourism Management, 26(5), p. 641-648. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.04.002
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2004.0...
, Zhao e Ritchie (2007)Zhao, W., & Ritchie, J. R. B. (2007). An investigation of academic leadership in tourism research: 1985–2004. Tourism Management, 28(2), p. 476–490. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2006.03.007
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2006.0...
, Park et al. (2011)Park, K., Phillips, W. J., Canter, D. D., & Abbott, J. (2011). Hospitality and tourism research rankings by author, university, and country using six major journals: the first decade of the new millennium. Journal of Hospitality & Tourism Research, 35(3), p. 381-416. https://doi.org/10.1177/1096348011400743
https://doi.org/10.1177/1096348011400743...
e Ye, Li e Law (2013)Ye, Q., Li, T., & Law, R. (2013). A coauthorship network analysis of tourism and hospitality research collaboration. Journal of Hospitality & Tourism Research, 37(1), p. 51-76. https://doi.org/10.1177/1096348011425500
https://doi.org/10.1177/1096348011425500...
. Basicamente, há duas métricas utilizadas, a saber:

  1. contagem simples: o elemento em questão recebe um ponto pela autoria de um artigo, independentemente do número de autores que assinam o trabalho;

  2. contagem fracionada: a pontuação do artigo é dividida pelo número de autores que assinam o trabalho.

As métricas de produção são importantes para medir o desempenho do elemento em questão, dado que quanto mais alta é a produção, ceteris paribus, mais alta é a capacidade de um autor de comunicar os resultados de sua pesquisa. Além disso, ao se trabalhar com artigos de periódico, reconhece-se já a qualidade da pesquisa, dado que o trabalho passou por um processo de avaliação (cega e por pares, na maioria dos casos).

Tanto Zhao e Ritchie (2007)Zhao, W., & Ritchie, J. R. B. (2007). An investigation of academic leadership in tourism research: 1985–2004. Tourism Management, 28(2), p. 476–490. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2006.03.007
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2006.0...
quanto Park et al. (2011)Park, K., Phillips, W. J., Canter, D. D., & Abbott, J. (2011). Hospitality and tourism research rankings by author, university, and country using six major journals: the first decade of the new millennium. Journal of Hospitality & Tourism Research, 35(3), p. 381-416. https://doi.org/10.1177/1096348011400743
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defendem a utilização da contagem fracionada, em detrimento da contagem simples, por aquela prover uma visão mais apurada da produção do elemento em questão. Park et al. (2011)Park, K., Phillips, W. J., Canter, D. D., & Abbott, J. (2011). Hospitality and tourism research rankings by author, university, and country using six major journals: the first decade of the new millennium. Journal of Hospitality & Tourism Research, 35(3), p. 381-416. https://doi.org/10.1177/1096348011400743
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chegam a calcular a contagem fracionada ponderada, por meio da qual a quantidade de pontos recebidos por cada instituição é dividida pelo número de pesquisadores existentes em seu quadro.

Contudo, Zhao e Ritchie (2007)Zhao, W., & Ritchie, J. R. B. (2007). An investigation of academic leadership in tourism research: 1985–2004. Tourism Management, 28(2), p. 476–490. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2006.03.007
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2006.0...
colocam um “porém” ao método de contagem fracionada; não é possível saber a contribuição de cada um dos autores ao trabalho em questão. Dessa forma, a divisão do ponto (crédito) em partes iguais pode não ser igual à contribuição de cada autor para o artigo.

2.2 As métricas de centralidade

Racherla e Hu (2010)Racherla, P., & Hu, C. (2010). A social network perspective of tourism research collaborations. Annals of Tourism Research, 37(4), p. 1.012–1.034. https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.03.008
https://doi.org/10.1016/j.annals.2010.03...
apontam a capacidade que pesquisadores centrais, dentro da rede de coautorias, têm de conseguir maiores benefícios de uma mesma pesquisa, em relação a pesquisadores mais periféricos e/ou que são menos conectados, de uma forma geral, nessa rede. Ye, Li e Law (2013)Ye, Q., Li, T., & Law, R. (2013). A coauthorship network analysis of tourism and hospitality research collaboration. Journal of Hospitality & Tourism Research, 37(1), p. 51-76. https://doi.org/10.1177/1096348011425500
https://doi.org/10.1177/1096348011425500...
aplicam métricas de centralidade para pesquisadores do campo de turismo, dentro da construção de rankings.

As métricas de centralidade medem a importância de um determinado elemento na rede; ou seja, o quão central ele é. Nas redes de coautoria, as métricas de centralidade apontam a importância do elemento em questão, no que concerne sua visibilidade e seu papel como ponto de conexão dentro dessa rede. Destacam-se três métricas de centralidade, a saber:

  1. centralidade de grau: a métrica é igual ao número de relacionamentos (por exemplo, coautorias) com outros elementos da rede;

  2. centralidade de intermediação: a métrica reflete, para um determinado elemento, a frequência com a qual ele aparece entre todos os caminhos mínimos existentes na rede, para todos os pares de elementos;

  3. centralidade Page Rank: a métrica objetiva estimar a importância de um elemento da rede, considerando não só a quantidade de seus vizinhos , mas também a importância de cada um deles. A ideia subjacente a essa métrica é que elementos importantes tendem a se relacionar com outros que são também importantes (Bonacich, 1987Bonacich, P. (1987). Power and centrality: a family of measures. American Journal of Sociology, 92(5), p. 1.170-1.182. https://doi.org/10.1086/228631
    https://doi.org/10.1086/228631...
    ; Langville & Meyer, 2009Langville, A. N., & Meyer, C. D. (2009). Google's PageRank and beyond: the science of search engine rankings. Princeton: Princeton University Press.).

Na bibliometria e análise de redes de coautoria, a centralidade de grau indica a quantidade de coautores que um pesquisador, instituição ou país tem. Já a centralidade de intermediação mostra a importância do autor em fazer parte de “pontes” (ligações indiretas) entre o conjunto de diferentes autores da rede. Por fim, a centralidade Page Rank identifica a importância de determinado autor, considerando a quantidade e importância de seus coautores.

No presente artigo, não foi utilizada a centralidade de proximidade, que reflete a distância média entre determinado elemento e todos os outros da rede. Essa métrica não é definida para redes desconexas – nas quais não há caminhos entre todos os pares de elementos –, e as redes analisadas nesse trabalho são desconexas.

2.3 As métricas de impacto

Como bem sintetizam Ye, Li e Law (2013Ye, Q., Li, T., & Law, R. (2013). A coauthorship network analysis of tourism and hospitality research collaboration. Journal of Hospitality & Tourism Research, 37(1), p. 51-76. https://doi.org/10.1177/1096348011425500
https://doi.org/10.1177/1096348011425500...
, p. 54, tradução nossa): “A contagem de citações é o método mais popular de avaliação da pesquisa, dado que é (sic) natural assumir que cientistas influentes sejam citados com mais frequência do que outros.”

A contagem de citações é um dos métodos mais utilizados para a avaliação da qualidade de uma pesquisa, tomando como objeto autores, instituições ou países; as métricas de impacto são muito utilizadas também para avaliar e construir rankings de periódicos. Parte-se do princípio de que há uma correlação positiva entre a qualidade da pesquisa e a quantidade de citações que o artigo recebe (Strandberg et al., 2018Strandberg, C., Nath, A., Hemmatdar, H., & Jahwash, M. (2018). Tourism research in the new millennium: a bibliometric review of literature in Tourism and Hospitality Research. Tourism and Hospitality Research, 18(3), p. 269–285. https://doi.org/10.1177/1467358416642010
https://doi.org/10.1177/1467358416642010...
; McKercher, 2008McKercher, B. (2008). A citation analysis of tourism scholars. Tourism Management, 29(6), p. 1.226–1.232. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2008.03.003
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2008.0...
).

Na utilização de métricas de impacto, considera-se que um artigo citado foi utilizado em outra pesquisa, de modo a melhorá-la, complementá-la, ou prover um contraponto. Considera-se também que todas as citações são iguais, sem haver distinção; a pontuação atribuída é a mesma, independentemente de onde aparece dentro do artigo, ou de como ela é utilizada.

A principal métrica de impacto é a contagem simples de citações recebidas por um determinado artigo científico; ao contrário de o que ocorre nas medidas de produção, não é comum encontrar a contagem fracionada de citações.

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Em todas as etapas do trabalho, foram feitas manualmente a coleta de dados de fontes primárias e a revisão dos dados já coletados (verificação em si e desambiguação de nomes).

Foram coletados todos os artigos publicados no conjunto de 16 periódicos selecionados, no período 1990-2018. Foi feito o descarregamento manual de cada arquivo, em formato .pdf. Para o cálculo das métricas de produção e de centralidade, coletaram-se os nomes dos autores que assinam cada artigo, junto com suas instituições e os países nos quais elas encontram-se.

Fazer o processo de desambiguação dos nomes de autores, instituições e países, de forma manual, foi particularmente importante para evitar duplicações, principalmente no caso das autoras. Em muitos casos, há mudanças significativas na maneira como um mesmo autor tem seu nome publicado; para as mulheres, há muitos casos nos quais há a adição ou supressão de sobrenomes, como pôde ser conferido por meio da consulta aos currículos Lattes das pesquisadoras. No total, foram feitas mais de 200 adequações de nomes.

De posse do título de cada artigo, foi procurado seu registro no Google Acadêmico, com a entrada no link “Citado por ___,” que traz a lista de todos os trabalhos que citam o artigo em questão. Em alguns casos, foi preciso adicionar outras informações para achar o artigo no Google Acadêmico, como o nome de um autor ou o título da revista.

A busca por citações por meio do Google Acadêmico tem sido defendida por vários autores ativos no campo de turismo, a exemplo de Jamal, Smith e Watson (2008)Jamal, T., Smith, B., & Watson, E. (2008). Ranking, rating and scoring of tourism journals: interdisciplinary challenges and innovations. Tourism Management, 29(1), p. 66–78. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2007.04.001
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2007.0...
, McKercher (2008)McKercher, B. (2008). A citation analysis of tourism scholars. Tourism Management, 29(6), p. 1.226–1.232. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2008.03.003
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2008.0...
, Hall (2011)Hall, C. M. (2011). Publish and perish? Bibliometric analysis, journal ranking and the assessment of research quality in tourism. Tourism Management, 32(1), p. 16–27. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.07.001
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.0...
e Strandberg et al. (2018)Strandberg, C., Nath, A., Hemmatdar, H., & Jahwash, M. (2018). Tourism research in the new millennium: a bibliometric review of literature in Tourism and Hospitality Research. Tourism and Hospitality Research, 18(3), p. 269–285. https://doi.org/10.1177/1467358416642010
https://doi.org/10.1177/1467358416642010...
, inclusive pelo fato de que grande parte de seus periódicos não fazem parte de índices de impacto (Law & Veen, 2008Law, R., & Veen, R. (2008). The popularity of prestigious hospitality journals: a Google Scholar approach. International Journal of Contemporary Hospitality Management, 20(2), p. 113-125. https://doi.org/10.1108/09596110810852113
https://doi.org/10.1108/0959611081085211...
; Hall, 2011Hall, C. M. (2011). Publish and perish? Bibliometric analysis, journal ranking and the assessment of research quality in tourism. Tourism Management, 32(1), p. 16–27. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.07.001
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2010.0...
; Koseoglu et al., 2016Koseoglu, M. A., Rahimi, R., Okumus, F., & Liu, J. (2016). Bibliometrics studies in tourism. Annals of Tourism Research, 61, p. 180–198. https://doi.org/10.1016/j.annals.2016.10.006
https://doi.org/10.1016/j.annals.2016.10...
). Outra vantagem do Google Acadêmico é que a ferramenta disponibiliza todas as citações recebidas pelo texto em questão, e não apenas as feitas por artigos de periódico.

Dentro da lista de citações recebidas por determinado artigo, entrou-se, manualmente, em cada um dos textos, preferencialmente no documento original, para verificar se realmente foi feita a citação apontada pelo Google Acadêmico. Para cada citação, foram feitos os seguintes filtros:

  1. trata-se de uma autocitação – há, pelo menos, um autor em comum entre o trabalho citado e o que o cita;

  2. trata-se de um erro – não há um documento constante no Google Acadêmico, ou, caso ele exista, o mesmo não cita o artigo em questão;

  3. trata-se de uma redundância – o mesmo documento aparece mais de uma vez na lista de citações.

Isso permitiu que tenha sido feita a contagem, para cada artigo, das citações nominais e das citações reais; essas últimas são iguais às citações nominais subtraídas das autocitações e dos erros e redundâncias. O processo manual permitiu um ponto cuja falta é vista, na literatura, como uma limitação a quase todos os estudos de citação, a saber: o problema de não se conseguir filtrar as autocitações, no caso de processos automatizados de coleta (Jamal, Smith, & Watson, 2008Jamal, T., Smith, B., & Watson, E. (2008). Ranking, rating and scoring of tourism journals: interdisciplinary challenges and innovations. Tourism Management, 29(1), p. 66–78. https://doi.org/10.1016/j.tourman.2007.04.001
https://doi.org/10.1016/j.tourman.2007.0...
; Strandberg et al., 2018Strandberg, C., Nath, A., Hemmatdar, H., & Jahwash, M. (2018). Tourism research in the new millennium: a bibliometric review of literature in Tourism and Hospitality Research. Tourism and Hospitality Research, 18(3), p. 269–285. https://doi.org/10.1177/1467358416642010
https://doi.org/10.1177/1467358416642010...
).

Cada citação foi classificada segundo o tipo de produção, a saber: a) artigo de periódico (campo de turismo); b) artigo de periódico (outros); c) livro; d) capítulo de livro; e) monografia (mestrado/doutorado); f) comunicação (artigo completo publicado em anais de evento técnico-científico); e g) outros. A categoria “outros” reúne tudo que não se encaixa nas demais; na prática, a maior parte das entradas em “outros” consiste em trabalhos de conclusão de curso (graduação) e monografias de cursos de pós-graduação lato sensu.

Essa classificação segundo o tipo de produção permitiu o cálculo de três métricas de impacto, e não apenas as citações totais recebidas.

A coleta das citações foi feita ao longo de 2017, 2018 e do primeiro trimestre de 2019, dentro de um trabalho mais amplo de coleta de dados. Para evitar que a diferença de período prejudicasse a coleta das citações, fez-se um esforço concentrado para revisar os dados de todas as revistas, durante a segunda quinzena de abril de 2019, quando foi fechada a coleta de dados.

Foram calculadas as seguintes métricas para os autores, as instituições e os países, por período (1990-1999, 1990-2009 e 1990-2018):

  1. contagem simples de artigos (número de artigos publicados);

  2. contagem fracionada de artigos;

  3. centralidade de grau;

  4. centralidade de intermediação;

  5. centralidade Page Rank;

  6. citações reais: equivalentes ao total de citações nominais subtraídas das autocitações e dos erros e redundâncias;

  7. citações reais menos outros: conjunto de citações reais, com exceção daquelas classificadas como “outros”;

  8. citações periódicos: apenas as citações reais recebidas de artigos publicados em periódicos.

As métricas de centralidade foram calculadas utilizando-se a biblioteca igraph versão 0.8.0 da linguagem de programação Python. Todas as demais medidas foram calculadas por meio de ferramentas desenvolvidas pelos autores, nas linguagens de programação Perl e Java. Todos os dados foram organizados por meio de arquivos de texto.

Para o ordenamento dos autores, instituições e países dentro dos rankings elaborados, foi utilizada a seguinte metodologia. Primeiro, foi feito o ranking de posições para cada uma das métricas calculadas, do resultado mais alto para o resultado mais baixo. Segundo, para cada grupo de métricas, foi retirada a mediana das posições nessas métricas, e feito o ranking para o grupo, da mediana mais alta para a mediana mais baixa. Por fim, a lista consolidada foi construída com todos os autores, instituições ou países que aparecem, pelo menos, em uma das três listas com o primeiro centil (1%) dos grupos de métricas de produção, de centralidade e de impacto. Para a ordenação da lista consolidada, foi utilizada a mediana das medianas dos três grupos de métricas.

Na montagem dos rankings das métricas individuais e dos três grupos, foi considerado o conjunto total do elemento em questão (autor, instituição ou país). Para a lista consolidada, foram considerados os elementos que constam do primeiro centil (1%) de, pelo menos, um grupo de métricas.

O Índice H foi calculado apenas para o período 1990-2018, para autores, instituições e países. O índice foi construído com base na contagem simples das citações reais totais (impacto). Os resultados foram comparados com as listas consolidadas para o supracitado período.

4 RESULTADOS: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO

A coleta de dados revela que há, nos 16 periódicos brasileiros de turismo selecionados, 3.887 artigos publicados no período 1990-2018. Foram coletadas 13.573 citações nominais, das quais, subtraídos as autocitações e os erros e redundâncias, 10.882 foram tratadas como citações reais (80,17% do total). Para esses 3.887 artigos, a média de citações é de 2,8 por artigo, ao passo que a mediana é igual a 1. Do total, 1.638 artigos (42,14% do total) não receberam nenhuma citação real.

O conjunto de 3.887 artigos apresenta, em sua autoria, 4.915 autores, 1.012 instituições e 46 países únicos.

A Tabela 1 traz a síntese desses dados para os três períodos em análise, para autores, instituições e países, provendo uma visão geral do campo de turismo no Brasil:

Tabela 1
Dados básicos do campo de turismo no Brasil (periódicos), períodos 1990-1999, 1990-2009 e 1990-2018

4.1 Autores

A Tabela 2 traz a lista consolidada dos autores que, no período 1990-2018, encontram-se no primeiro centil (1%) de um ou mais rankings dos grupos de métricas (produção, centralidade e impacto). Em virtude do espaço reduzido, colocam-se apenas a posição ocupada pelos autores para cada grupo, por meio da mediana das métricas utilizadas, sem mostrar os valores nem sequer a posição para cada medida individual.

Tabela 2
Lista consolidada de autores do campo de turismo no Brasil, 1990-2018

As cinco últimas colunas mostram em quantos grupos o autor está no primeiro centil (1%). Destas, as três primeiras mostram se ele está no primeiro centil do grupo em questão (1 – sim; 0 – não) – produção (Tag1), impacto (Tag2) e centralidade (Tag3) –, ao passo que a quarta traz sua somatória. Finalmente, a última coluna traz a mediana (resultado) das medianas dos grupos de produção, impacto e centralidade. Segue, abaixo, a Tabela 2:

Por meio de um gráfico de bolhas, é possível visualizar, com mais nitidez, o desempenho dos principais autores do campo de turismo no Brasil, em cada um dos três grupos de métricas. No gráfico, os valores de produção, de centralidade e de impacto foram normalizados – para valerem de zero (mais baixo valor entre os autores) a um (mais alto valor). O Gráfico 1 traz os dez primeiros autores da Tabela 2 (critério mediana das medianas), no qual o eixo horizontal mede a produção, o eixo vertical traz a centralidade, e o diâmetro do círculo representa o impacto:

Gráfico 1
Produção, centralidade e impacto dos principais autores, com métricas normalizadas, 1990-2018

O Gráfico 1 permite uma mais clara visualização de o que a Tabela 2 já mostra. Estar na diagonal principal, e apresentar diâmetro do círculo crescente, são indicativos que produção, centralidade e impacto caminham juntos. Ou seja, autores mais produtivos tendem a ser também mais centrais, e ter mais impacto. Destaca-se a posição de José Manoel Gonçalves Gândara, com altos valores nas métricas dos três grupos.

Nos três períodos de tempo, há 103 autores únicos que aparecem no primeiro centil de, pelo menos, um grupo de métricas. Contudo, em 1990-2018, há apenas 97 autores, conforme aponta a Tabela 2. A investigação dessa tabela e do conjunto de dados dos períodos 1990-1999 e 1990-2009 permite algumas análises particularmente interessantes; destacam-se as seguintes.

A grande maioria dos autores que aparecem no primeiro centil de, pelo menos, um grupo de métricas continua a aparecer na lista consolidada dos períodos subsequentes. Dos cinco autores na lista consolidada do período 1990-1999, quatro (80% do total) aparecem nas listas consolidadas do período 1990-2009 e do período 1990-2018. Já na lista de 1990-2009, dos 21 autores que não aparecem em 1990-1999, 16 (76,19% do total) aparecem na lista consolidada do período subsequente (1990-2018).

Parte disso pode ser explicada pelo fato de o presente artigo trabalhar com períodos cumulativos de tempo; nesse sentido, pesquisadores como Mario Carlos Beni e Mirian Rejowski “saem” na frente de outros autores no cálculo de métricas, dado que sua produção publicada nos anos 1990 entra no cálculo do período 1990-2018.

Contudo, já que a maioria dos artigos foi publicada nos anos 2010, não se avalia que o ponto abordado no parágrafo imediatamente anterior é o mais importante para explicar a permanência de nomes nas listas consolidadas. Avalia-se que há dois fatores que explicam essa permanência, a saber:

  1. o autor tem publicado ao longo das quase três décadas em análise; o caso emblemático é Mirian Rejowski, que aparece nas listas consolidadas dos três períodos. A supracitada docente passou de quatro artigos publicados, em 1990-1999, para 25 (1990-2018); nesse último período, ela ocupa o quarto lugar em produção, o terceiro em impacto e o oitavo em centralidade;

  2. o autor é muito citado ao longo das décadas, mesmo que ele tenha parado ou reduzido seu ritmo de publicação; o caso emblemático disso é Olga Tulik, já que cinco de seus seis artigos foram publicados no período 1990-1999. Já aposentada, ela continua a aparecer no período 1990-2018, única e exclusivamente devido ao grupo de métricas de impacto, no qual ocupa a décima-sexta posição.

Outra análise interessante é que, com o passar das décadas, os autores que se encontram na lista consolidada tendem a estar mais presentes nas listas de mais de um grupo de métricas (primeiro centil), por mais que a maioria esteja apenas em um único grupo, para as listas consolidadas de todos os períodos. Em 1990-1999, apenas Mario Carlos Beni está simultaneamente em mais de uma lista (no caso, produção e impacto); 80% dos pesquisadores encontram-se em apenas um grupo. Dos 25 pesquisadores da lista consolidada do período 1990-2009, três (12% do total) aparecem em todos os grupos, cinco (20%) apenas em duas listas, e o restante (17 – 68% do total) consta em apenas um grupo.

No período 1990-2018, dos 97 pesquisadores, 16 (16,49% do total) estão nos três grupos, 23 (23,71%) em dois grupos, e 58 (59,79%) constam em apenas um grupo. Destaca-se que, dentre os 16 pesquisadores que aparecem simultaneamente nos três grupos, há três dos quatro docentes que estão nas listas consolidadas de todos os períodos – Mirian Rejowski, Doris Van de Meene Ruschmann e Mario Carlos Beni.

Por fim, é interessante ver quem são os pesquisadores que, segundo os critérios do presente artigo, são os mais destacados no campo de turismo no Brasil. Opta-se por selecionar, para essa análise, um subconjunto de autores que cumpram, pelo menos, um de dois requisitos. Primeiro, fazer parte das listas consolidadas de todos os três períodos. Segundo, para o período 1990-2018, estar simultaneamente no primeiro centil de todos os três grupos de métricas.

O supracitado subconjunto é formado pelos seguintes autores: i) Mario Carlos Beni; ii) Doris Van de Meene Ruschmann; iii) Olga Tulik. iv) Mirian Rejowski; v) Jose Manoel Gonçalves Gândara; vi) Rivanda Meira Teixeira; vii) Edegar Luis Tomazzoni; viii) Carlos Alberto Cioce Sampaio; ix) Glauber Eduardo de Oliveira Santos; x) André Riani Costa Perinotto; xi) Francisco Antonio dos Anjos; xii) Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano; xiii) Paulo dos Santos Pires; xiv) Maria Henriqueta Sperandio Garcia Gimenes Minasse; xv) Marlusa de Sevilha Gosling; xvi) Valmir Emil Hoffmann; xvii) Helena Araújo Costa; e xviii) Luiz Octávio de Lima Camargo.

Para a análise, foi mantido José Manoel Gonçalves Gândara, falecido em 18 de março de 2019, dado que ele fez parte importante do campo de turismo no Brasil. Foi retirada Olga Tulik, em virtude de seu Currículo Lattes ter sua última atualização em 02 de agosto de 2005. De todo modo, destaca-se que não se desmerece a contribuição da supracitada pesquisadora ao campo de conhecimento.

No que concerne a formação acadêmica, as únicas instituições que se destacam das demais são a Universidade de São Paulo (USP), na qual seis dos 17 pesquisadores fizeram seu doutorado1 1 Glauber Eduardo de Oliveira Santos tem doutorado pela USP (Administração) e pela Universitat de Les Illes Balears, em Espanha (Ciências Econômicas e Jurídicas), sendo o único do subconjunto com dois títulos de doutor. , e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com dois. Há outras cinco instituições estrangeiras e cinco nacionais, cada uma delas com apenas um autor.

Em relação à área, a mais presente no doutorado é Ciências da Comunicação, com cinco pesquisadores; destes, quatro fizeram na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), na linha de pesquisa turismo. José Manoel Gonçalves Gândara tinha seu doutorado em Turismo e Desenvolvimento Sustentável. Outras áreas presentes são Administração (4), Engenharia de Produção (2), Geografia (2) e História, Desenvolvimento Sustentável, Ciências da Educação e Ciências Econômicas e Jurídicas, com um pesquisador cada.

Tomando as orientações em andamento, apenas três docentes não possuem nenhuma, ao passo que nove orientam em turismo e cinco em outra área. Desses últimos, Mirian Rejowski e Maria Henriqueta Sperandio Garcia Gimenes Minasse são credenciadas no Programa de Pós-Graduação em Hospitalidade da Universidade Anhembi Morumbi (UAM), que pertence a um campo de conhecimento próximo ao de turismo.

Com exceção de André Riani Costa Perinotto (Universidade Federal do Piauí) e de Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano (Universidade Estadual do Ceará), todos trabalham no Sul e Sudeste do país; não há ninguém de instituição estrangeira. A USP, a UAM e a UNIVALI têm, cada uma, três pesquisadores, seguidas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pela Universidade de Brasília (UnB), cada uma delas com dois. A Universidade Positivo e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fecham a lista, com um pesquisador cada.

Do total de artigos, varia muito, dentro do subconjunto, o quanto corresponde aqueles publicados nos 16 periódicos brasileiros de turismo, para cada pesquisador em particular. Há certa relação com o fato de a maior parte de seus artigos de periódico, a julgar por seu título e local (revista) de publicação, ser ou não de turismo2 2 Para cada pesquisador, foi consultado seu currículo Lattes, mais especificamente a parte que traz os artigos completos publicados em periódicos. Para todo e qualquer artigo, procedeu-se sua classificação como sendo de turismo ou outros, por meio da leitura de seu título e, eventualmente, de seu resumo e palavras-chave. Isso permitiu dividir o subconjunto em autores que têm a maior parte ou mesmo a totalidade de seus artigos de periódico versando sobre turismo, e em pesquisadores que têm a minoria deles sobre turismo. .

Um resultado que não era esperado é que seis pesquisadores têm apenas a minoria de seus artigos de periódico versando sobre turismo. Para eles, uma porcentagem relativamente baixa de seus artigos encontra-se publicada em nossas 16 revistas – Rivanda Meira Teixeira (22,31%), Carlos Alberto Cioce Sampaio (21,21%), Maria Henriqueta Sperandio Garcia Gimenes Minasse (31,11%), Marlusa de Sevilha Gosling (12,05%), Valmir Emil Hoffmann (16,88%) e Luiz Octávio de Lima Camargo (20,37%).

De modo geral, os pesquisadores com a maior parte ou mesmo a totalidade de seus artigos de periódico versando sobre turismo têm porcentagens mais altas, a saber: a) José Manoel Gonçalves Gândara (44,88%); b) Edegar Luis Tomazzoni (43,10%); c) Mirian Rejowski (39,68%); d) Glauber Eduardo de Oliveira Santos (56,41%); e) André Riani Costa Perinotto (27,59%); f) Doris Van de Meene Ruschmann (60%); g) Francisco Antonio dos Anjos (37,7%); h) Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano (27,94%); i) Paulo dos Santos Pires (50%); j) Mario Carlos Beni (21,82%); e k) Helena Araújo Costa (36,11%).

Calculou-se também o quanto das citações reais dos artigos publicados nos 16 periódicos de turismo corresponde ao total das citações recebidas pelo autor, verificadas em sua página no Google Acadêmico. Acima de 15%, temos apenas André Riani Costa Perinotto (23,96%) e Edegar Luis Tomazzoni (15,45%). Com mais baixas porcentagens, há Luiz Octávio de Lima Camargo (3,22%), um dos grandes nomes do campo de lazer no Brasil, e Mario Carlos Beni (4,52%); por exemplo, Beni (1998)Beni, M. C. (1998). Análise estrutural do turismo. São Paulo: Senac. tem 3.304 citações, de acordo com seu perfil no Google Acadêmico, que correspondem a 64,61% desse autor3 3 Doris Van de Meene Ruschmann, Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano, Marlusa de Sevilha Gosling e Helena Araújo Costa não possuem perfil no Google Acadêmico, ou não foi possível o encontrar. A consulta aos perfis do conjunto de pesquisadores foi feita em 05 de abril de 2020. .

Por fim, dos 18 pesquisadores (com Olga Tulik), oito são mulheres e dez são homens. E dois docentes orientaram professores que fazem também parte do subconjunto; Mirian Rejowski orientou o doutorado de Edegar Luis Tomazzoni, e Doris Van de Meene Ruschmann foi orientada (doutorado) por Mario Carlos Beni.

É útil comparar os resultados da presente pesquisa com os achados de Santos, Panosso Netto e Wang, por mais que eles contemplem apenas os artigos publicados em quatro periódicos (Turismo em Análise, Revista Turismo – Visão e Ação, Caderno Virtual de Turismo e Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo), no período 1990-2014.

A Tabela 2 de Santos, Panosso Netto e Wang (2017)Santos, G. E. O., & Rejowski, M. (2013). Comunicação científica em turismo no Brasil: análises descritivas de periódicos nacionais entre 1990 e 2012. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, 7(1), p. 149-167. https://doi.org/10.7784/rbtur.v7i1.578
https://doi.org/10.7784/rbtur.v7i1.578...
traz a lista dos 19 autores com mais alta produção (contagem simples), dos quais 12 fazem parte de nosso subconjunto de 18 pesquisadores. Olga Tulik, André Riani Costa Perinotto, Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano, Maria Henriqueta Sperandio Garcia Gimenes Minasse, Marlusa de Sevilha Gosling e Luiz Octávio de Lima Camargo não aparecem na supracitada tabela, ao passo que sete autores nela presentes não fazem parte do subconjunto.

Na Tabela 8, Santos, Panosso Netto e Wang (2017) trazem os autores mais citados pelos artigos que formam seu objeto de estudo. Nela, dentre os 33 listados, apenas cinco pertencem ao subconjunto (Mario Carlos Beni, Doris Van de Meene Ruschmann, Mirian Rejowski, Rivanda Meira Teixeira e Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano). Isso se explica não apenas pelos diferentes conjuntos de artigos e métricas utilizados, mas, principalmente, pela preponderância dos livros sobre os artigos de periódico, na produção dos autores mais citados, com exceção de Rivanda Meira Teixeira.

4.2 Instituições

A Tabela 3 traz a lista consolidada das instituições que, no período 1990-2018, encontram-se no primeiro centil (1%) de um ou mais rankings dos grupos de métricas (produção, centralidade e impacto). Ela traz a mesma organização e o mesmo tipo de dados presentes na Tabela 2, mas para as instituições. Segue, abaixo, a Tabela 3:

Tabela 3
Lista consolidada de instituições do campo de turismo no Brasil, 1990-2018

Com a utilização do gráfico de bolhas, assim como foi feito para os autores, visualiza-se, com mais nitidez, o desempenho das principais instituições do campo de turismo no Brasil, em cada um dos três grupos de métricas. O Gráfico 2 traz a mesma organização de dados do Gráfico 1 e valores normatizados, contemplando as dez principais instituições da Tabela 3:

Gráfico 2
Produção, centralidade e impacto das principais instituições, com métricas normalizadas, 1990-2018

No Gráfico 2, é perceptível que a Universidade de São Paulo e a Universidade do Vale do Itajaí destacam-se das demais, nos três grupos de métricas. A Universidade Federal do Paraná tem diâmetro (impacto) similar ao dessas instituições, mas tem grande dependência de um único autor, José Manoel Gonçalves Gândara, como será visto adiante.

Nos três períodos de tempo, há 18 instituições únicas que aparecem no primeiro centil de, pelo menos, um grupo de métricas. De forma similar ao que ocorre com os autores, a investigação da Tabela 3 e do conjunto de dados dos períodos 1990-1999 e 1990-2009 permite várias análises interessantes; destacam-se as seguintes.

Primeiro, todas as instituições que aparecem nas listas consolidadas de 1990-1999 e/ou de 1990-2009 constam na do período 1990-2018; assim como foi comentado para os autores, parte disso se deve ao trabalho com períodos de tempo cumulativos, o que não explica totalmente o fenômeno.

O ponto que se destaca é que, no período 1990-2018, muitas instituições que não aparecem em períodos anteriores constam nas primeiras posições da lista consolidada, a exemplo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e da UAM. Nesses três casos, as instituições possuem programas de pós-graduação stricto sensu em turismo ou em campo de conhecimento próximo; as duas primeiras editam um dos 16 periódicos brasileiros de turismo.

Já a UFSC, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) aparecem na segunda metade da lista consolidada de 1990-2018, apesar de constarem da dos períodos anteriores. Essas universidades não contam com programas de pós-graduação stricto sensu em turismo, nem sequer editam revistas científicas do campo, com exceção da UFRJ, que edita o Caderno Virtual de Turismo.

Ao contrário do que ocorre no caso dos autores, as instituições que aparecem nas listas consolidadas dos três períodos estão sempre no primeiro centil dos três grupos de métricas. A exceção à regra é a UFSC, para 1990-1999, que não está no grupo de produção. A UFSC aparece apenas nas listas consolidadas dos períodos 1990-1999 e 1990-2018, não fazendo parte da do período 1990-2009.

Com o passar das décadas, houve a dispersão das instituições mais destacadas para todas as grandes regiões do país, com exceção do Norte. Se, em 1990-1999, havia universidades apenas em Santa Catarina (2) e em São Paulo (1), o período 1990-2018 traz cinco instituições no Nordeste, duas no Centro-Oeste, seis no Sudeste e cinco no Sul. As unidades da federação com mais instituições são Santa Catarina e Rio de Janeiro; contudo, a FGV tem sede na antiga capital federal, mas mantém também unidades em São Paulo e no Distrito Federal.

Por fim, tomando o conjunto de 18 instituições da lista consolidada 1990-2018, cumpre ver dois pontos. O primeiro é a oferta de cursos de turismo nessas instituições, nos níveis de graduação e de pós-graduação stricto sensu. As seis primeiras colocadas têm tanto uma graduação quanto um programa de pós-graduação stricto sensu no campo de turismo, assim como a UFMG e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

A Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), a UFSC, a UFRJ e a FGV não possuem graduação nem sequer pós-graduação stricto sensu em turismo; o restante da lista possui apenas uma graduação no campo de turismo4 4 As pós-graduações stricto sensu da UFMG (Estudos do Lazer) e da UAM (Hospitalidade) não são propriamente de turismo, mas de campos de conhecimento próximos. Registre-se também que a UESC e a UnB tiveram já programas de pós-graduação stricto sensu. Por fim, a Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) possui graduação em turismo apenas na modalidade de ensino à distância. .

É facilmente perceptível que as mais altas posições são ocupadas por instituições com graduação e pós-graduação stricto sensu em turismo ou campo de conhecimento próximo. Além de ter um corpo docente especializado em turismo, lazer e/ou hospitalidade, a existência de programas de pós-graduação stricto sensu demanda que os professores credenciados tenham certa produção mínima de artigos, bem como um fluxo contínuo de pesquisas sobre o turismo, na forma de dissertações de mestrado e, eventualmente, de teses de doutorado. Isso ajuda a explicar, principalmente, a alta produção de artigos (contagem simples e contagem fracionada) dessas instituições.

Dentre as 18 instituições, a USP, a UNIVALI e a UFPR ocupam as três primeiras posições em todas as métricas individuais para o período 1990-2018; a exceção à regra fica por conta da contagem fracionada, na qual a UFRN ocupa a terceira posição. Destaca-se que, enquanto a USP e a UNIVALI têm, cada uma, sua produção mais dispersa por muitos autores, a UFPR depende muito de um único autor, José Manoel Gonçalves Gândara – 56 dos 186 artigos publicados pela instituição (30,65% do total) têm sua assinatura. A USP tem Edegar Luís Tomazzoni como pesquisador com mais alta produção (contagem simples) – 18 de 251 artigos (7,17%). A UNIVALI tem como pesquisador mais produtivo Francisco Antonio dos Anjos, com 21 de 219 artigos (9,59%).

Para efeito de comparação, a segunda instituição que mais depende de um autor, na contagem simples, é a UFMG, na qual Marlusa de Sevilha Gosling assina 20 dos 92 artigos da instituição (21,74% do total)5 5 Cumpre destacar que o número de artigos atribuídos a cada pesquisador por instituição pode ser diferente de seu total, dado que muitos autores têm sua produção dividida por duas ou mais instituições. .

Por fim, das 18 instituições, 11 são universidades públicas federais, duas estaduais e uma municipal; 14 das 18 (77,78% do total) são instituições de ensino superior públicas. A UNIVALI e a UCS são instituições comunitárias, a FGV é uma fundação de direito privado, e a UAM é a única instituição privada de todo o conjunto. Isso mostra, para o campo de turismo no Brasil, a importância e a primazia das instituições de ensino superior públicas na pesquisa e publicação.

4.3 Países

A Tabela 4 traz a mesma organização e o mesmo tipo de dados presentes nas tabelas 2 e 3, mas para os países:

Tabela 4
Lista consolidada de países do campo de turismo no Brasil, 1990-2018

Ao contrário do que ocorre com os autores e instituições, os dados da Tabela 4 não permitem análises muito elaboradas acerca dos países. Isso se dá em virtude de o Brasil ter uma posição muito dominante no campo de turismo do próprio país. Por exemplo, no período 1990-2018, ele foi responsável pela publicação de 3.147 artigos, ante apenas 156 da Espanha, a segunda colocada (contagem simples) – 20,17 vezes a mais.

Dois pontos destacam-se. Primeiro, até o período 1990-2009, a Venezuela era o país estrangeiro com mais artigos publicados, tanto na contagem simples quanto na contagem fracionada. Isso se deve à grande quantidade de artigos assinados por docentes da Universidad del Zulia e da Universidad Simón Bolívar, principalmente no periódico Turismo em Análise.

No período 1990-2018, a Espanha ocupa o segundo lugar nos grupos de métricas de produção, centralidade e impacto, atrás sempre apenas do Brasil. As duas instituições espanholas com mais altas produção são a Universitat de Girona, com 20 (contagem simples – 12,82% do total da Espanha) e 16 artigos (contagem fracionada – 12,82%), e a Universidad de Las Palmas de Gran Canaria , com 20 (contagem simples – 12,82%) e 14,5 artigos (contagem fracionada – 11,62%). Junto com a Universidade de Vigo, Universidad de Córdoba e Universitat de les Illes Balears, são responsáveis por 82 dos 156 artigos da Espanha – 52,56% do total (contagem simples).

Segundo, apesar da diferença no número de artigos publicados (1990-2018), a Espanha conta com muitas coautorias não presentes para o Brasil, mais especificamente com Cabo Verde, Colômbia, Paquistão, República Dominicana e Venezuela.

4.4 Comparação entre as listas consolidadas e os rankings do Índice H (autores e instituições)

Foi calculado o Índice H para os autores e instituições, no período 1990-2018. No caso dos países, isso não foi feito, dada a grande concentração da produção em autores vinculados a instituições brasileiras.

A Tabela 5 e a Tabela 6 trazem os 97 autores e as 18 instituições, respectivamente, que aparecem nas listas consolidadas das tabelas 2 e 3, com seu Índice H (valor) e suas posições (lista consolidada [#] e Índice H):

Tabela 5
Índice H de autores da lista consolidada, 1990-2018
Tabela 6
Índice H de instituições da lista consolidada, 1990-2018

Há 31 autores da lista consolidada que não estão entre os 97 primeiros, em ranking construído por meio do Índice H. Há vários autores que possuem Índice H muito baixo (1 ou 2). O autor com mais alta posição na lista consolidada, e que não se encontra dentre os 97 primeiros no Índice H, é Airton José Cavenaghi. Por outro lado, há 10 pesquisadores empatados na 19º posição desse último ranking, com Índice H igual a 4, que não fazem parte da lista consolidada.

Para as instituições, há 14 da lista consolidada que estão entre as 18 primeiras do ranking feito com o Índice H. A instituição com posição mais alta na lista consolidada, mas que não se encontra entre as 18 primeiras no Índice H, é a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) é a com mais alto Índice H (igual a 7) dentre as que não pertencem à lista consolidada.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi calculado um conjunto de métricas de produção, de centralidade e de impacto, construindo rankings de autores, instituições e países. Tomou-se como objeto de estudo o campo de turismo no Brasil, entendido como o conjunto de artigos publicados em seus periódicos, de 1990 a 2018. A coleta de dados foi feita manualmente, assim como a revisão e a desambiguação de nomes.

Trata-se de um trabalho inovador na literatura, em virtude do seguinte: a) o conjunto de periódicos de turismo de um país foi estudado, ao invés de apenas um número reduzido de revistas; b) não se centrou a construção de rankings em um número reduzido de métricas – foram contemplados os principais grupos (produção, centralidade e impacto); e c) a coleta manual permitiu alta fidedignidade dos dados.

Para o subconjunto de 18 autores, é perceptível a preponderância de vínculo profissional com instituições do Sul e Sudeste do país, não havendo rigorosamente nenhum atuante no Norte nem sequer no Centro Oeste do Brasil.

Ao contrário de o que era esperado, há autores que têm uma baixa proporção de seus artigos publicados nos 16 periódicos brasileiros de turismo. O caso emblemático é Luiz Octávio de Lima Camargo. Orientado no doutorado por Joffre Dumazedier e um dos grandes nomes do campo de lazer no Brasil, ele tem apenas 20,37% de seus artigos publicados nos periódicos supracitados, e somente 3,22% de suas citações derivam desses artigos. Mesmo assim, está na 20º posição da lista consolidada.

Por meio do Currículo Lattes, é possível caracterizar o conjunto de 97 autores, em pontos como, por exemplo, formação acadêmica (graduação, mestrado e doutorado – instituições e áreas), atuação profissional e histórico de orientação (iniciação científica, mestrado e doutorado). Trata-se de um caminho promissor para pesquisas futuras, de modo a descrever o conjunto de pesquisadores mais importantes do campo de turismo no Brasil, segundo os critérios do presente artigo.

Para as instituições, é perceptível a importância da existência de um programa de pós-graduação stricto sensu em turismo ou em campo de conhecimento próximo (lazer ou hospitalidade). Será interessante ver como instituições que não possuem esse tipo de programa produzirão nos próximos anos, e se conseguirão manter-se na lista consolidada. Ao mesmo tempo, cumpre acompanhar o desempenho de instituições que, fora da atual lista consolidada (1990-2018), possuem programa de pós-graduação stricto sensu em turismo, casos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe, da Universidade Estadual do Ceará e da Universidade Federal Fluminense.

Percebe-se claramente o predomínio de instituições de ensino superior públicas no conjunto de 18 autores – formação acadêmica (doutorado) e atuação profissional – e na lista consolidada de instituições (1990-2018). Isso reforça a noção de que a pesquisa, no Brasil, ainda depende essencialmente de instituições públicas, mesmo tendo havido, nas últimas décadas, um grande crescimento no número de instituições de ensino superior privadas. O campo de turismo não é uma exceção à regra.

A pesquisa revelou que o campo de turismo no Brasil ainda tem relativamente poucos artigos de autoria estrangeira. Além disso, a rede de coautorias é pouco densa; como visto, há vários países que se ligam à Espanha, mas não ao Brasil.

O presente trabalho tem duas limitações principais. Primeiro, a construção dos rankings foi feita, única e exclusivamente, por meio dos artigos publicados em 16 periódicos do campo de turismo no Brasil. Isso exclui a produção em livros, capítulos, anais de eventos técnico-científicos e periódicos de outras áreas. Segundo, não foi contemplada a produção em periódicos internacionais de turismo. Desse modo, ao consultar e utilizar os rankings construídos e apresentados no presente artigo, é preciso ter claro que eles contemplam apenas uma parte da produção científica do campo de turismo no Brasil.

Para pesquisas futuras, o presente artigo fornece um bom ponto de partida para a caracterização dos principais autores e instituições do campo de turismo no Brasil, listados nas tabelas 2 e 3. Com o auxílio da Plataforma Lattes e dos sítios eletrônicos institucionais, é possível traçar o perfil dos autores e instituições mais destacados, no que concerne, por exemplo, sua formação acadêmica e atividades de orientação (pesquisadores) e distribuição regional e oferta de cursos de graduação e pós-graduação em turismo (instituições).

O Brasil liga-se a apenas 26 países, dos quais 21 com menos de cinco artigos. No entanto, cumpre destacar o fato de alguns periódicos produzirem edições inteiramente com artigos em inglês ou francês; a Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo publica todos seus artigos com uma versão em inglês. Isso aponta revistas científicas com clara intenção de se internacionalizar.

  • 1
    Glauber Eduardo de Oliveira Santos tem doutorado pela USP (Administração) e pela Universitat de Les Illes Balears, em Espanha (Ciências Econômicas e Jurídicas), sendo o único do subconjunto com dois títulos de doutor.
  • 2
    Para cada pesquisador, foi consultado seu currículo Lattes, mais especificamente a parte que traz os artigos completos publicados em periódicos. Para todo e qualquer artigo, procedeu-se sua classificação como sendo de turismo ou outros, por meio da leitura de seu título e, eventualmente, de seu resumo e palavras-chave. Isso permitiu dividir o subconjunto em autores que têm a maior parte ou mesmo a totalidade de seus artigos de periódico versando sobre turismo, e em pesquisadores que têm a minoria deles sobre turismo.
  • 3
    Doris Van de Meene Ruschmann, Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano, Marlusa de Sevilha Gosling e Helena Araújo Costa não possuem perfil no Google Acadêmico, ou não foi possível o encontrar. A consulta aos perfis do conjunto de pesquisadores foi feita em 05 de abril de 2020.
  • 4
    As pós-graduações stricto sensu da UFMG (Estudos do Lazer) e da UAM (Hospitalidade) não são propriamente de turismo, mas de campos de conhecimento próximos. Registre-se também que a UESC e a UnB tiveram já programas de pós-graduação stricto sensu. Por fim, a Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) possui graduação em turismo apenas na modalidade de ensino à distância.
  • 5
    Cumpre destacar que o número de artigos atribuídos a cada pesquisador por instituição pode ser diferente de seu total, dado que muitos autores têm sua produção dividida por duas ou mais instituições.
  • Como Citar: Köhler, A. F.; Digiampietri, L. A. (2021). Classificação de autores, instituições e países, por meio de métricas de produção, centralidade e impacto: o campo de turismo no Brasil (periódicos), 1990-2018. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo, 15 (3), e-2026, May./Ago. http://dx.doi.org/10.7784/rbtur.v15i3.2035

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Editado por

Editor: Glauber Eduardo de Oliveira Santo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Ago 2021
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2021

Histórico

  • Recebido
    19 Maio 2020
  • Aceito
    25 Nov 2020
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