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Repercussões pulmonares após isquemia hepática parcial e reperfusão: modelo experimental

Resumos

OBJETIVO: Descrever um modelo experimental de lesão de isquemia/reperfusão hepática com manifestações sistêmicas, representadas pelo envolvimento pulmonar, que possa ser utilizado por aqueles que pretendem compreender esse fenômeno. MÉTODOS: Ratos Wistar machos (200-250g) foram usados. Quatorze foram alocados em dois grupos, sendo G1 com oito submetidos somente à laparotomia e G2, seis à isquemia e reperfusão hepática. As funções hepática (aminotransferases séricas, respiração mitocondrial, histologia) e pulmonar (teste do azul de Evans) foram analisadas. RESULTADOS: houve diferença estatística significativa entre G1 e G2 ao se comparar valores de AST (24,3 ± 108 e 5406 ± 2263), ALT (88,5 ± 28,5 e 5169 ± 2690), razão de controle respiratório (3,41 ± 0,17 e 1,91 ± 0,55) e relação ADP/O (1,93 ± 0,03 e 1,45 ± 0,27), lesões histológicas (necrose, células inflamatórias, hemorragia, microesteatose) e teste do azul de Evans (194,31 ± 53 e 491,8 ± 141). CONCLUSÃO: O modelo mostrou-se útil para o estudo de lesão de isquemia/reperfusão hepática.

Modelos animais; Fígado; Isquemia; Reperfusão; Ratos Wistar


OBJECTIVE: To describe an experimental model of hepatic ischemia/reperfusion injury with systemic manifestations, represented by pulmonary involvement, which may be used by those who intend to comprehend this phenomenon. METHODS: Fourteen Male Wistar rats (200-250g) were allocated to two groups, G1 with eight rats submitted only to laparotomy and G2, six rats submitted to hepatic ischemia and reperfusion. Hepatic (serum aminotransferases, mitochondrial respiration, histology) and pulmonary (Evans blue test) functions were analyzed. RESULTS: There was a statistically significant difference (p< 0.05) between G1 and G2 comparing values of AST (24,3 ± 108 and 5406 ± 2263), ALT (88,5 ± 28,5 and 5169 ± 2690), respiratory control ratio (3,41 ± 0,17 and 1,91 ± 0,55) and ADP/O relation (1,93 ± 0,03 and 1,45 ± 0,27), histological lesions (necrosis, inflammatory cells, hemorrhage, microsteatosis) and Evans blue test (194,31 ± 53 and 491,8 ± 141). CONCLUSION: The model has proven useful to study hepatic I/R injury.

Experimental Model; Wistar Rats; Liver; Ischemia; Reperfusion


ARTIGO ORIGINAL

Repercussões pulmonares após isquemia hepática parcial e reperfusão - modelo experimental

Leonardo Fernandes CanedoI; Gabriel Varjão LimaII; Marcel Cerqueira César Machado, TCBC-SPIII

ICoordenador da Residência em Cirurgia Geral do Hospital Geral Roberto Santos, Bahia, Brasil

IIEstudante de Graduação, Medicina, UFBA, Bahia, Brasil

IIITitular da Disciplina de Transplante e Cirurgia do Fígado, Departamento de Gastroenterologia, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Leonardo Fernandes Canedo E-mail: leo.canedo1@gmail.com

RESUMO

OBJETIVO: Descrever um modelo experimental de lesão de isquemia/reperfusão hepática com manifestações sistêmicas, representadas pelo envolvimento pulmonar, que possa ser utilizado por aqueles que pretendem compreender esse fenômeno.

MÉTODOS: Ratos Wistar machos (200-250g) foram usados. Quatorze foram alocados em dois grupos, sendo G1 com oito submetidos somente à laparotomia e G2, seis à isquemia e reperfusão hepática. As funções hepática (aminotransferases séricas, respiração mitocondrial, histologia) e pulmonar (teste do azul de Evans) foram analisadas.

RESULTADOS: houve diferença estatística significativa entre G1 e G2 ao se comparar valores de AST (24,3 ± 108 e 5406 ± 2263), ALT (88,5 ± 28,5 e 5169 ± 2690), razão de controle respiratório (3,41 ± 0,17 e 1,91 ± 0,55) e relação ADP/O (1,93 ± 0,03 e 1,45 ± 0,27), lesões histológicas (necrose, células inflamatórias, hemorragia, microesteatose) e teste do azul de Evans (194,31 ± 53 e 491,8 ± 141).

CONCLUSÃO: O modelo mostrou-se útil para o estudo de lesão de isquemia/reperfusão hepática.

Descritores: Modelos animais. Fígado. Isquemia. Reperfusão. Ratos Wistar.

INTRODUÇÃO

Durante o transplante, a retirada do fígado do doador e sua revascularização no receptor determinam lesão de isquemia/reperfusão (I/R). Isquemia produz dano tecidual e estado pró-inflamatório que, com o estabelecimento posterior do fluxo sanguíneo, leva a outro efeito deletério: lesão de reperfusão.

A lesão de I/R é o principal determinante da disfunção hepática após hepatectomia e é também a causa mais importante da disfunção primária de enxerto hepático1,2, além de ser a principal causa de retransplante nas duas primeiras semanas de pós-operatório3.

Apesar dos avanços no estudo da causa e consequências da isquemia e reperfusão, ainda não há tratamento eficaz com comprovação clínica. Muitos modelos experimentais têm sido desenvolvidos com o objetivo de testar intervenções capazes de reduzir danos e fornecer conhecimento sobre os eventos fisiopatológicos envolvidos4, como interação de plaquetas5, ativação de complemento6, espécies reativas de oxigênio7 e óxido nítrico8.

O objetivo deste estudo é demonstrar um modelo de isquemia e reperfusão hepática com manifestação sistêmica, representada por lesão pulmonar, que possa ser útil para aqueles que pretendem compreender mecanismos de lesão de I/R ou desenvolver possíveis ações terapêuticas.

MÉTODOS

Foram utilizados 14 ratos Wistar machos, adultos, pesando entre 200g e 250g, alojados em ambiente controlado, com 23°C, ciclos de claro/escuro de 12 horas e alimentados com ração comercial e água ad libitum. Todos os animais foram tratados de acordo com as Normas Internacionais de Proteção Animal. O protocolo , número 281/03, foi aprovado pelo Comitê de Ética local e cumpriu todos os regulamentos para pesquisas envolvendo animais de experimentação.

Os animais foram distribuídos em dois grupos: Grupo 1 (G1) - seis animais, submetidos à laparotomia sem pinçamento do pedículo vascular, e Grupo 2 (G2) - oito animais, submetidos à isquemia e reperfusão, receberam solução salina 0,9% por via intravenosa.

A anestesia foi realizada com injeção intraperitoneal de cloridrato de quetamina (Ketalar®) e cloridrato de xilazina (Rompum®) em razão 4:1. Na mesa cirúrgica, os ratos foram posicionados em decúbito dorsal e imobilizados pelas quatro extremidades e pela mandíbula superior. Um cateter (Jelco®) número 14 foi adaptado e usado como tubo traqueal, que, após colocação, teve seu posicionamento testado. Um ventilador mecânico (Harvard Inc., Holliston, MA) foi acoplado e ajustado para 60 respirações por minuto com volume corrente de 0,08ml por grama de peso. Um termômetro retal (YSI Inc., Dayton, Ohio) foi posicionado e fixado.

Após tricotomia e degermação da parede abdominal com iodo povidine, uma incisão mediana de aproximadamente 5cm com limite superior no apêndice xifóide foi realizada, seguida pela abertura da cavidade abdominal e exposição do campo operatório. Os ligamentos falciforme, triangular esquerdo e interlobar foram seccionados, seguidos por identificação do hilo hepático e reconhecimento de veia porta, artéria hepática e ramos ductos biliares. Logo depois, o pedículo vascular comum a ambos os lobos lateral-esquerdo e mediano foi isolado e uma pinça microvascular foi posicionada para cessar fluxo sanguíneo (Figura 1). Uma vez constatada a modificação da cor dos lobos hepáticos isquêmicos, delimitada por uma linha de transição com os lobos não-isquêmicos, procedeu-se ao fechamento da parede abdominal em um plano com Mononylon® 4-0 para minimizar perdas de calor e água.


Após clampeamento do pedículo, os animais foram submetidos à uma hora de isquemia quente. Durante este período foram mantidos anestesiados, mecanicamente ventilados, sob temperatura controlada entre 36,5 e 37°C, usando lâmpada de halogênio 45W/127V. Após 45 minutos de isquemia quente, um mililitro de solução salina 0,9% foi injetado na veia peniana dorsal. Terminado o período de isquemia quente, a incisão foi aberta e a pinça vascular foi removida, dando início ao período de reperfusão, certificada pela modificação de cor. A síntese da parede abdominal foi realizada com sutura contínua simples, em dois planos, com Mononylon® 4.0.

Os ratos foram extubados após a recuperação da ventilação espontânea e de reflexos a estímulos nocivos em membros inferiores e posteriormente acondicionados em gaiolas individuais com água ad libitum. Após quatro horas de reperfusão, os animais foram anestesiados com 2ml da solução anestésica quetamina/xilazina. Foram colocados de volta na mesa cirúrgica e injetado 0,5ml de azul de Evans pela veia peniana dorsal. Após 15 minutos foram realizadas toracolaparotomia, coleção de 1ml de sangue por punção cardíaca e secção da veia cava inferior.

O fígado foi removido e dividido em duas partes: a porção isquemiada e porção não-isquemiada. Procedeu-se a remoção de um fragmento de cada porção para avaliação histológica e o restante foi utilizado para avaliar respiração mitocondrial. Os pulmões foram retirados e enviados para estudo da densidade óptica com azul de Evans.

Aminotransferases foram utilizadas como marcadores de lesão hepática.

A função mitocondrial foi avaliada utilizando o método descrito por Coelho et al.9. De acordo com o método de Bielecki et al.10, após o sacrifício, fragmentos dos lobos isquemiados e não-isquemiados do fígado foram removidos e imersos em solução de homogeneização. Consumo de oxigênio foi determinado polarograficamente11, usando um oxígrafo 5/6 (Gilson Medical Electronics, Inc.) com um eletrodo de O2 (Clark, Yellow Springs Instruments Co., Yellow Springs, Ohio) a 28°C. As mitocôndrias receberam succinato de potássio como substrato energético para determinar o estado 4 (S4) da respiração (estado basal). O estado 3 (S3) da respiração (estado ativo) foi induzido pela adição de adenosina difosfato (ADP, Sigma Chemical Company, St. Louis, Missouri). Após fosforilação completa de todo ADP adicionado para ATP, S4 foi medido novamente.

A relação de controle respiratório (RCR) avalia as reações de acoplamento da razão mitocondrial S3/S4, ou seja, o consumo de oxigênio nos estados ativo e basal pela relação entre a taxa de consumo de oxigênio na presença de ADP e a velocidade obtida após o gasto final de ADP.

RCR e ADP/O, que representa a razão de ADP utilizado para fosforilação sobre o oxigênio consumido na reação, ou seja, quanto oxigênio foi gasto na fosforilação, foram calculadas como índices de funções oxidativas e fosforilativas das mitocôndrias12.

S3 e S4 foram expressos em nanogramas de átomos de oxigênio por miligrama de proteína mitocondrial por minuto, determinados pelo método de Lowry et al.13.

As alterações histológicas foram avaliadas por um patologista cego para alocação de grupo. O material foi fixado em formol a 2% e corado com hematoxilina e eosina.O azul de Evans foi administrado 15 minutos antes da morte dos animais e avaliado como descrito por Jancar et al.14

Os resultados foram expressos em médias e desvios-padrão. Para a análise dos achados histológicos foi utilizado teste de Kruskal-Wallis. Quando diferenças estatísticas foram observadas, foi aplicada a análise de Mann-Whitney. Para determinar a significância de outros resultados, utilizou-se a análise de variância (ANOVA) e Newman-Keuls. O valor de p<0,05 foi considerado significativo.

RESULTADOS

Aminotransferases

Os níveis séricos de AST e ALT aumentaram significativamente em G2 (p<0,001), quando comparados com G1 (Tabela 1).

Respiração mitocondrial

Foram analisados os valores de RCR e ADP/O. A RCR diminuiu significativamente (p<0,001) em G2 (Tabela 2). A relação ADP/O foi significativamente menor (p<0,001) em G2 (Tabela 3).

Análise histológica

A tabela 4 exibe os achados histológicos dos dois grupos. Foram avaliados necrose, apoptose, infiltrado inflamatório, dilatação sinusoidal, hemorragia, edema e microsteatose. Os achados foram classificados de acordo com a intensidade: ausente, leve, moderada ou grave. Para fins de análise estatística, quando as alterações foram ausentes ou leves, foram agrupadas como ausente e, quando classificadas como moderadas ou graves, foram agrupadas como presente.

Avaliação pulmonar

O estudo da densidade óptica do corante no parênquima pulmonar mostrou aumento significativo (p<0,01) em G2 (Tabela 5).

DISCUSSÃO

Ratos Wistar foram escolhidos por fácil manuseio, baixo custo e disponibilidade. Além disso, padronização de tamanho, peso e alimentação favoreceram a produção de grupos mais homogêneos para o experimento.

Aspectos relacionados com o cuidado anestésico, monitorização de dados vitais e do procedimento cirúrgico foram considerados durante a elaboração do modelo. A maioria dos modelos experimentais mantêm os animais em respiração espontânea durante a operação15-18. As bases fisiopatológicas dos efeitos das variações das pressões parciais dos gases e do pH já são bem estabelecidas19. Sabe-se, ainda, que as pressões dos gases arteriais e o pH influenciam diretamente a circulação hepática. Hughes et al.20 demonstraram que a hipercapnia aumenta o fluxo sanguíneo portal e diminui o fluxo sanguíneo da artéria hepática em cães, enquanto hipocapnia diminui ambos os fluxos21. Já a hipoxemia resulta em queda do fluxo arterial, mas sem alterações no fluxo venoso portal22. Estas modificações na circulação hepática devem estar relacionadas com potencialização ou atenuação da lesão em situações de I/R. Variações no fluxo sanguíneo hepático também podem justificar as mudanças que ocorrem em nível celular. A influência da acidose in vitro em hepatócitos e células endoteliais também já foi estudada23,24. Heijnen et al.25 demonstraram, in vivo, que a acidose respiratória agrava lesão de I/R com pressão parcial de oxigênio normal, enquanto que em condições de hipoxia ocorre o oposto, ou seja, lesão de I/R é atenuada.

Ventilação mecânica requer relaxamento muscular adequado para evitar a interação da respiração ativa de ratos inadequadamente anestesiados com o ventilador. Vale ressaltar que os ratos são animais hemodinamicamente instáveis, aumentando a necessidade de cuidados anestésicos em modelos de I/R, uma vez que o fenômeno de reperfusão por si só pode determinar hipotensão e arritmias cardíacas26. Anestesia com relaxamento muscular adequado para ventilação com pressão positiva e manutenção de estabilidade hemodinâmica foi alcançada com a combinação de xilazina e quetamina. Essa associação é comumente usada em diversos modelos, mesmo na ausência de suporte ventilatório17.

A temperatura, variável importante na regulação da contratilidade vascular e na curva de dissociação de oxigênio das hemácias para os tecidos19, foi também monitorada por meio de termômetro retal e controlada com a utilização de lâmpada halógena. Após a definição dos cuidados anestésicos e de monitorização, foi necessária a padronização do procedimento cirúrgico.

A opção pela isquemia dos lobos mediano e lateral-esquerdo foi decorrente de três fatores. Primeiro, pela simplicidade técnica. Após a liberação dos ligamentos triangular esquerdo e interlobar, a exposição do hilo permite o isolamento do pedículo comum aos lobos mediano e lateral-esquerdo sem muita manipulação cirúrgica. Segundo, o volume hepático correspondente aos dois lobos é significativo, representando 70% do total. E terceiro, o pinçamento parcial permite a drenagem venosa portal através dos demais segmentos hepáticos, possibilitando tempos de isquemia prolongados e prevenindo congestão mesentérica grave, o que diminui as chances de translocação bacteriana27 e minimiza a interferência de mediadores inflamatórios secundários à estase mesentérica. O pinçamento do pedículo foi realizado com pinças vasculares atraumáticas especialmente ajustadas para evitar lesão direta do endotélio vascular.

A volemia estimada dos ratos corresponde a 5,4ml/100mg de peso28. Foi administrado 1ml de soro fisiológico, que representa aproximadamente 8% da volemia dos ratos do estudo. Essa administração foi realizada de modo a compensar perdas volêmicas do procedimento e evitar estabelecimento de hipotensão arterial e também para simular a injeção de drogas.

Existem diferentes tipos de modelos experimentais de isquemia hepática temporária4. A parcial, por interrupção do fluxo sanguíneo através dos lobos mediano e lateral-esquerdo, caracteriza o modelo de isquemia hepática parcial, utilizado neste e em muitos outros estudos6,7,27,29,30. Por definição, esses modelos são similares. No entanto, as maneiras de efetuar cuidados anestésicos, monitorizar dados vitais e realizar procedimentos cirúrgicos fornecem singularidade a cada um deles.

Zumbado et al.17 demonstraram que tempos de isquemia inferiores a 60 minutos não causam lesões teciduais importantes. Por outro lado, tempos superiores a 120 minutos levam aumento significativo da morbidade e da mortalidade. Dados semelhantes foram observados no estudo piloto. Logo, visando não aumentar desnecessariamente o risco cirúrgico, o tempo de isquemia ficou determinado em 60 minutos.

O tempo de reperfusão foi também determinado por meio de estudo piloto e dados da literatura. Após 60 minutos de reperfusão, é possível observar até 60% das lesões secundárias aos radicais livres e, após 24 horas, as alterações decorrentes de quase todos os mecanismos de lesão conhecidos estão presentes17. Para determinar o tempo de reperfusão do presente estudo, foram analisados 60 minutos, quatro horas e 24 horas em testes preliminares, tendo sido demonstrado que quatro horas foi o intervalo de tempo satisfatório para o aparecimento de lesões suficientemente intensas. Portanto, quatro horas foi o tempo escolhido para reperfusão.

Canedo et al.5 utilizaram esse modelo com sucesso quando, em vez de solução salina, aplicaram em um grupo de ratos cloridrato de tirofiban, um antiagregante plaquetário, e demonstraram sua ação protetora contra lesão de I/R não só hepática, mas também pulmonar.

O azul de Evans foi aqui utilizado porque é um corante que possui alta afinidade pela albumina. Esta característica permite-nos usá-lo para avaliar a permeabilidade vascular, uma vez que sua concentração no tecido pulmonar lavado é proporcional ao vazamento de albumina pelo endotélio lesado.

Em conclusão, acredita-se na efetividade deste modelo, uma vez que foi capaz de demonstrar lesão hepática de I/R associada ao acometimento pulmonar sem mortes precoces dos ratos estudados. Assim, ele poderia ser usado para estudar mecanismos de lesão de I/R, bem como, maneiras de atenuar esse tipo de lesão

Conflito de interesse: nenhum

Fonte de financiamento: nenhuma

Recebido em 03/10/2011

Aceito para publicação em 03/12/2011

Trabalho realizado no Laboratório #LIM37, do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Brasil.

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  • Endereço para correspondência:
    Leonardo Fernandes Canedo
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      20 Jul 2012
    • Data do Fascículo
      Jun 2012

    Histórico

    • Recebido
      03 Out 2011
    • Aceito
      03 Dez 2011
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