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Desenvolvimento da narrativa oral e o nível de escolaridade materna

Resumos

Objetivo

: verificar a narrativa oral em crianças em função do nível de escolaridade materna.

Métodos

: o estudo foi realizado na Escola Pública Municipal Magalhães Bastos, no bairro da Várzea no Recife, com 20 crianças da 1ª série do ensino fundamental I, com faixa etária entre sete e oito anos. Para a avaliação foi utilizado um texto e um Mp3 para a gravação das crianças narrando a história.

Resultados

: observou-se que a maioria das crianças encontrava-se na categoria II do esquema narrativo, grande parte apresentou problemas coesivos em suas narrativas e em relação à coerência todas as crianças encontravam-se no nível IV de coerência. Quando os dados de esquema narrativo, coesão e coerência foram cruzados com os dados do nível de escolaridade das mães foi observado que não houve relação significante entre eles. Foi visto também que pouquíssimas mães têm o hábito de leitura no ambiente doméstico e a maioria delas nem chegou a concluir o ensino fundamental I. Também foi observado que quanto maior a escolaridade das mães, melhor o hábito de leitura delas.

Conclusões

: a escolaridade materna não influenciou significantemente na narrativa oral de crianças, isto se deve a diversos fatores que necessitam ser investigados com mais profundidade. Entretanto a variabilidade do desenvolvimento da narrativa oral das crianças observada no presente estudo, considerando que a idade e a escolaridade foram constantes, sugere a influência de outras variáveis linguísticas e sociais nesta aquisição.

Linguagem Infantil; Desenvolvimento da Linguagem; Comunicação; Criança; Relações Familiares


Purpose

: to assess the oral narrative in children depending on the level of maternal education.

Methods

: the study was conducted at the Municipal Public School Magalhães Bastos, in the Meadow neighborhood in Recife, with 20 children in 1st grade I, aged between 7 and 8 years. For the evaluation we used a text and an mp3 recording of children for telling the story.

Results

: we observed that most children were in category II of the narrative scheme, most problems were cohesive in their narrative coherence and in relation to all the children were at level IV of consistency. When data from narrative scheme, cohesion and coherence were crossed with the data on the level of maternal education was observed that there was no significant relationship between them. It was also seen that very few mothers have the habit of reading in the home environment and most of them did not even graduate from elementary school I. We also observed that the more education the mothers, the better the habit of reading them.

Conclusion

: the maternal education had no significant effect on the oral narratives of children; this is due to several factors that need to be investigated further. However, the variability of oral narrative development of children observed in this study, whereas age and education were constant, suggesting the influence of other linguistic and social variables in this acquisition.

Child Language; Language Development; Communication; Child; Family Relations


INTRODUÇÃO

A linguagem é um sistema que pode possibilitar um grande desenvolvimento da criatividade, pois por meio dela o indivíduo pode criar e também entender novas sentenças gramaticais criadas por outras pessoas1. França MP, Wolff CL, Moojen S, Rotta NT. Aquisição da linguagem oral: relação e risco para a linguagem escrita. Arq. Neuro-Psiquiatr. 2004;62(2b):469-72.. A maneira como a criança usa a linguagem depende diretamente da forma como esta linguagem lhe é dirigida, ou seja, se o adulto utilizar uma linguagem com estruturas gramaticais simples e um vocabulário reduzido, a criança utilizará os mesmos processos para comunicar2. Borges SMM. A Estrutura da Narrativa Escrita, em Crianças com Diferentes Línguas Maternas e a Mesma Língua de Escolarização. Lisboa. Tese [Mestrado em Ciências da Educação] – Instituto Politécnico de Lisboa-Escola Superior de Educação de Lisboa; 2011.. A criança constrói a linguagem por meio das relações dialógicas e sociais que estabelece com outros falantes da língua3. Lorandi A, Cruz CR, Scherer APR. Aquisição da linguagem. Verba Volant, v. 2, nº 1. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária da UFPel, 2011..

Vários estudos têm afirmado que crianças de diferentes culturas seguem o mesmo percurso de desenvolvimento da linguagem4. Schirmer CR, Fontoura DR, Nunes ML. Distúrbios da aquisição da linguagem e da aprendizagem. J. Pediatr. 2004;80(2):95-103.. Entretanto, de acordo com o sóciointeracionismo, a interação da criança com a mãe e com o mundo que a cerca será determinante para esse desenvolvimento, uma vez que é a mãe que, na maioria das vezes, interpreta e significa a fala do bebê, introduzindo a criança no universo comunicativo5. Ré AD. A pesquisa em Aquisição da Linguagem: teoria e prática. Aquisição da Linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo. Contexto; 2006.. Nessa perspectiva, a criança irá construir e desenvolver a linguagem a partir de suas interações sociais6. Borges LC, Salomão NMR. Aquisição da linguagem: considerações da perspectiva da interação social. Psic: Reflexão e Crítica. 2003;16(2):327-36. e, por meio da linguagem, posteriormente será capaz de trocar suas experiências e conhecimentos7. Palangana IC, Desenvolvimento e Aprendizagem em Piaget e Vygotsky: a relevância social. A concepção de Lev Semynovitch Vygotsky. 2º ed. Ed. Plexus; 1998.. Com o passar do tempo e a partir do contato com a língua, a criança refina seu conhecimento e passa a fazer segmentações mais rebuscadas, a construir estruturas mais complexas e, posteriormente, a pronunciar-se metalinguisticamente sobre esse conhecimento3. Lorandi A, Cruz CR, Scherer APR. Aquisição da linguagem. Verba Volant, v. 2, nº 1. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária da UFPel, 2011..

Estudo sugere que a condição social do grupo familiar irá influenciar o de desenvolvimento da linguagem na criança, havendo um destaque para a influência da fala materna8. Hoff E. The specificity of environment influence: socioeconomic status affects early vocabulary development via maternal speech. Child Development. 2003;74(5):1368-78.. Para tanto, porém, é necessário pensar na qualidade das relações que se estabelecem entre os membros da família, ou seja, o envolvimento que a mãe e as outras pessoas que moram na casa têm com a criança, assim com o grau intelectual e cognitivo de cada uma dessas pessoas, também será decisivo para o desenvolvimento da linguagem da criança9. Cachapuz RF, Halpern R. A influência das variáveis ambientais no desenvolvimento da linguagem em uma amostra de crianças. Rev Amrigs. 2006;50 (4):292-301..

Dentre todas as capacidades que a criança desenvolve no processo de aquisição da linguagem oral, uma ocupa lugar especial, a habilidade de narrar eventos1010 . Miilher LP, Ávila CRB. Variáveis Lingüísticas e de Narrativas no Distúrbio de Linguagem Oral e Escrita. Pró-Fono Rev. Atual. Cient. 2006;18(2):177-88.. A narrativa tem sido definida como uma das principais ferramentas que o indivíduo dispõe para revelar seu pensamento, vez que a mesma envolve personagens, circunstâncias, consequências, espaço, tempo1111 . Smith VH, Sperb TM. A construção do sujeito narrador: pensamento discursivo na etapa personalista. Psicol. estud. 2007;12(3):553-62.. Nesse sentido, a narrativa funciona permite trocas de significados a partir de sistemas simbólicos já existentes na sua cultura. Estes sistemas simbólicos, por sua vez, são utilizadas pelos homens para que eles possam construir suas representações do mundo1212 . Vieira AG, Sperb TM. O brincar simbólico e a organização narrativa da experiência de vida na criança. Psic: Reflexão e Crítica. 2007;20(1):9-19.. A narrativa é utilizada para relembrar fatos que já ocorreram, sendo uma ferramenta importantíssima para a vida 1313 . Bruner J. Life as narrative. Social research. 1987;54(1):11-32.

14 .Vieira AG, Sperb TM. O brinquedo simbólico como uma narrativa. Psic: Reflexão e Crítica. 1998;11(2):233-52. 
-1515 . Brockmeier J, Harré R. Narrativa: Problemas e Promessas de um Paradigma Alternativo. Psic: Reflexão e Crítica. 2003;16(3):525-35.. As espécies do gênero narrativo são variadas, existem os contos populares, análises evolutivas, fábulas, mitos, contos de fada, justificativas de ação, memoriais, conselhos, desculpas, dentre muitos outros tipos narrativos1515 . Brockmeier J, Harré R. Narrativa: Problemas e Promessas de um Paradigma Alternativo. Psic: Reflexão e Crítica. 2003;16(3):525-35.. Narrar possibilita o estabelecimento de relações não restritas à causalidade lógica, incluindo a causalidade psicológica ou intencionalidade na explicação dos eventos e situações1616 . Bruner J. The narrative construction of reality. Critical Inquiry. 1991;18(1):1-21.. A narrativa pode chegar à criança de várias formas, como por exemplo, por meio de canções de ninar, histórias, canções que marcaram a infância e a juventude da mãe e do pai que a embalam no colo, e também, principalmente, por meio da conversa do adulto com o bebê1717 . Girardello G. Voz, presença e imaginação: a narração de histórias e as crianças pequenas. In: Fritzen C, Cabral GS. Infância: Imaginação e Educação em debate. Santa Catarina. 1ª ed. Papirus; 2007, p.39-57..

A leitura de histórias infantis pode ser utilizada como um recurso promotor do desenvolvimento. E este recurso contribui para o desenvolvimento das competências sociocognitivas, o processamento da informação social e a compreensão de estados mentais1818 . Verzolla BLP, Isotani SM, Perissinoto J. Análise da narrativa oral de pré-escolares antes e após estimulação de linguagem. J Soc Bras Fonoaudiol. 2012;24(1):62-8..

As habilidades narrativas da criança fornecem ricas e variadas informações sobre suas competências linguísticas, cognitivas e sociais1919 . Béfi-Lopes DM, Bento ACP, Perissinoto J. Narração de histórias por crianças com distúrbio específico de linguagem. Pró-Fono Rev Atualiz Cient. 2008;20(2):93-8.,2020 . Geraldi JW. Palavras escritas, indícios de palavras ditas. Ling. (Dis)curso. In: III Conferência de Pesquisa Sócio-cultural. Santa Catarina. 2003, p. 9-25.. Além de diferentes tipos de conhecimentos textuais, narrativos e sociais2. Borges SMM. A Estrutura da Narrativa Escrita, em Crianças com Diferentes Línguas Maternas e a Mesma Língua de Escolarização. Lisboa. Tese [Mestrado em Ciências da Educação] – Instituto Politécnico de Lisboa-Escola Superior de Educação de Lisboa; 2011.. Estudos correlacionam o estilo conversacional dos pais com o desempenho narrativo das crianças2121 . Dadalto EV, Goldfeld M. Características comuns à narrativa oral de crianças na pré-alfabetização. Rev. CEFAC. 2009;11(1)42-9. . É por meio da construção de narrativas que as crianças tentam atribuir sentido e coerência ao mundo que as rodeia. Este processo de significação da experiência desenvolve-se em interação com os outros, geralmente os pais2222 . Carvalho JRD. Qualidade das narrativas produzidas em contexto diádico por crianças na idade pré-escolar: Impacto do scaffolding verbal materno. Braga. Tese [Mestrado Integrado em Psicologia] – Universidade do Minho; 2011..

Diversos autores concordam que a história é um tipo de narrativa com componentes específicos que aparecem de forma organizada por meio de convenções e construções linguísticas típicas2323 . Leitão S, Spinillo A, Correa J. Desenvolvimento da Linguagem: Escrita e Textualidade. A produção de histórias por crianças a textualidade em foco. Rio de Janeiro. Farpej; 2001.. Um desses autores descreve a estrutura de uma história incluindo introdução da cena, onde o indivíduo vai descrever o tempo e o lugar onde ocorre o evento e nesta introdução de cena ele normalmente irá começar com marcadores linguísticos convencionais como “Era uma vez”, “Um dia”; depois disso, será a vez de descrever os personagens com suas respectivas metas; depois dessas descrições é a vez de falar sobre a situação-problema e em seguida resolvê-la e, por fim, ocorre o fechamento que geralmente termina com final convencional “e foram felizes para sempre”2323 . Leitão S, Spinillo A, Correa J. Desenvolvimento da Linguagem: Escrita e Textualidade. A produção de histórias por crianças a textualidade em foco. Rio de Janeiro. Farpej; 2001..

Espera-se que aos 6 anos a aquisição da estrutura do texto narrativo esteja completa e a partir dai as crianças passam a narrar histórias com coerência, de forma detalhada e sem apoio do interlocutor2424 . Cavalcante PA, Mandrá PP. Narrativas orais de crianças com desenvolvimento típico de linguagem. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2010;22(4):391-6..

Estudo sugere a existência de diferentes categorias de desenvolvimento na aquisição de um esquema narrativo de histórias, partindo de uma categoria onde só existe a cena, os personagens e os marcadores linguísticos convencionais de início e chegando à história completa, com começo, meio e fim. O mesmo estudo também destaca a importância de elementos micro-textuais (coesão) e macro-textuais (coerência) como forma de assegurar o encadeamento das ideias e a unidade de sentido do discurso, propondo uma sequencia de aquisição durante o processo de desenvolvimento da linguagem, apontando que crianças de oito anos devem ser capazes de produzir histórias completas, coesas e coerentes. Entretanto, a idade isoladamente, não pode ser tomada como parâmetro para se considerar o desenvolvimento da narrativa de histórias, uma vez que tal habilidade também dependerá das experiências da criança com este gênero, assim como de outras variáveis sócio-culturais2323 . Leitão S, Spinillo A, Correa J. Desenvolvimento da Linguagem: Escrita e Textualidade. A produção de histórias por crianças a textualidade em foco. Rio de Janeiro. Farpej; 2001.,2525 . Gonçalves F, Dias MGBB. Coerência Textual: Um Estudo com Jovens e Adultos. Psic: Reflexão e Crítica. 2003;16(1):29-40..

Estudo realizado com jovens e adultos apontou que a coerência abrange, além dos elementos linguísticos, o conhecimento de mundo, o conhecimento partilhado, a situacionalidade, a informatividade, a intertextualidade, a intencionalidade e a aceitabilidade2626 . Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psic: Reflexão e Crítica. 1997;10(2):219-48. .

Dentre os estudos que exploram aspectos sócio-culturais8. Hoff E. The specificity of environment influence: socioeconomic status affects early vocabulary development via maternal speech. Child Development. 2003;74(5):1368-78.,9. Cachapuz RF, Halpern R. A influência das variáveis ambientais no desenvolvimento da linguagem em uma amostra de crianças. Rev Amrigs. 2006;50 (4):292-301., um aspecto tem se destacado como tendo importante influência no desenvolvimento infantil: o nível de escolaridade materna. A escolaridade materna se associa ao desenvolvimento mental da criança, ou seja, quanto maior nível de escolaridade materna, melhor desenvolvimento cognitivo das crianças2727 . Andrade AS, Santos DN, Bastos AC, Pedromônico MRM, Almeida– Filho NE, Barreto ML. Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma abordagem epidemiológica. Rev Saúde Púb. 2005;39(4):606-11.. Com base nesta hipótese, o presente estudo teve por objetivo investigar o desenvolvimento da narrativa oral em crianças em função do nível de escolaridade materna.

MÉTODOS

Esta é uma pesquisa observacional, descritiva e transversal.

Participaram desta pesquisa 20 crianças da 1ª série do ensino fundamental I, de uma escola pública municipal, sendo 13 do sexo feminino e sete do sexo masculino, escolhidas aleatoriamente, com faixa etária entre sete e oito anos. O número de participantes foi estimado por critérios de delineamento dentre grupo, que permite a análise do comportamento de variáveis dentro de um único grupo de participantes, sem a pretensão de se alcançar uma amostra representativa de uma população.

Foram excluídas do estudo crianças que apresentavam transtorno neurológico, psiquiátrico e/ou auditivo, assim como crianças com algum tipo de transtorno de linguagem já diagnosticado.

Materiais e procedimentos

Inicialmente foi realizada uma entrevista com as mães com a finalidade de se conhecer seu nível de escolaridade, além de outros aspectos socioculturais (Figura 1).

Figura 1
– Roteiro de entrevista realizada com as mães

Em seguida, foi aplicada a atividade de narrativa oral, por meio do método de conto e reconto (Figura 2). Esta atividade foi gravada e transcrita para análise. A atividade foi realizada com cada criança separadamente, numa sala, e fora do horário das aulas.

Figura 2
– Texto utilizado para a narrativa oral

A coleta foi realizada no período de novembro de 2009 a dezembro de 2009. A narrativa foi analisada em três aspectos: o esquema narrativo de acordo com Rego2828 . Rego LLB. A escrita de histórias por crianças: as implicações pedagógicas do uso de um registro lingüístico. Rev doc de est em ling teórica e aplicada. 1986; 2:165-80., a coesão e a coerência de acordo com Spinillo e Martins2626 . Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psic: Reflexão e Crítica. 1997;10(2):219-48. .

Foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, com o registro 234/09 sem restrições. O responsável foi esclarecido sobre os objetivos da pesquisa e foi solicitado que o mesmo assinasse o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido permitindo a participação da criança no estudo.

Os dados foram tabulados em uma planilha do software de análise estatística SPSS, versão 13.0, que possibilitou a realização de análises de estatística descritiva e de correlação. Foi utilizado a estatística descritiva e o teste de correlação R de Pearson, com um intervalo de confiança de 95% (p<,05).

RESULTADOS

Como pode ser observado na Tabela 1, os resultados revelaram que das 20 crianças, 16 são cuidadas pelas mães. Também foi possível observar que o número de moradores em cada residência variou bastante entre os participantes. Foi visto que em 14 famílias apenas uma pessoa da casa trabalha e em quatro famílias ninguém da casa trabalha. Pode-se observar que das 20 famílias, 17 vivem apenas com um salário mínimo e três famílias dependem exclusivamente do bolsa família. E a maioria das mães não têm o hábito de ler para as crianças. Entretanto, quando indagadas se as crianças gostavam de contar histórias, todas afirmaram que sim .

Tabela 1
- Distribuição dos participantes por cuidador, quantidade de pessoas que trabalham, renda familiar, mães que lêem para as crianças, categorias de esquema narrativo de histórias, coesão, hábitos de leitura das mães e nível de escolaridade das mães. Recife, 2009

Após a coleta e transcrição dos dados foram realizadas análises a fim de identificar o esquema narrativo, a coesão e a coerência da narrativa oral produzida pelas crianças. Para analisar o esquema narrativo alguns critérios foram estabelecidos a fim de identificar as categorias das narrativas comparando-as com as categorias propostas por Rego2828 . Rego LLB. A escrita de histórias por crianças: as implicações pedagógicas do uso de um registro lingüístico. Rev doc de est em ling teórica e aplicada. 1986; 2:165-80.. Nos Critérios de Rego a história é classificada em Categoria I quando só existe a cena, os personagens e os marcadores linguísticos convencionais de início, já nos critérios utilizados no presente estudo a história foi classificada em Categoria I quando apenas são descritos os personagens. Nos Critérios de Rego a história é classificada em Categoria II quando já tem a Categoria I mais um esboço da situação-problema, já no presente estudo a história foi classificada em Categoria II quando não estava explícito que os animais quiseram comer o bolo depois de pronto (situação-problema). Nos Critérios de Rego a história é classificada em Categoria III quando já tem Categoria II mais uma resolução súbita da situação-problema, já nos critérios utilizados a história foi classificada em Categoria III quando estava explícito que os animais quiseram comer o bolo depois de pronto (súbita resolução da situação-problema). Nos Critérios de Rego a história é classificada em Categoria IV quando a história aparece completa, já nos critérios utilizados a história foi classificada em Categoria IV quando estava explícito que os animais foram atraídos pelo cheiro do bolo pronto, que vieram pedir o bolo e a galinha não deixou (história completa).

Após as análises foi possível observar que quanto ao esquema narrativo a maioria das crianças encontrava-se na categoria II, esta análise é observada na tabela 1. A transcrição dos textos produzidos pelas crianças pode ser vista na íntegra na Figura 3.

Figura 3
– Categoria de esquema narrativo e análise da matriz coesiva

Para analisar a coesão alguns critérios foram estabelecidos a fim de identificar as narrativas com sem problemas de coesão. Foram consideradas narrativas com problemas de coesão as que tiverem ausência de elos coesivos, prejudicando a ligação entre os elementos do texto, e foram consideradas narrativas sem problemas de coesão as que tiverem presença de elos coesivos suficientes para assegurar a ligação entre todos os elementos do texto.

Após as análises foi possível observar que quanto à coesão a maioria das crianças apresentou problemas coesivos em suas narrativas orais (Tabela 1).

Quanto à coerência foi observado que todas as crianças encontravam-se no nível IV de coerência. Isto quer dizer que nas narrativas orais das crianças há um evento principal bem definido, que é mantido, assim como o tópico da narração, o desfecho está presente e mantém relação estreita com o evento principal. Por esta razão todas as histórias foram consideradas coerentes.

Quanto aos hábitos de leitura apenas cinco mães relataram ter o hábito de leitura no ambiente doméstico. É observado também na Tabela 1 que metade das mães (dez) não chegou a concluir o ensino fundamental I.

A Tabela 2 mostra que não houve uma distribuição crescente entre as categorias de narrativa em função do aumento da escolaridade materna.

Tabela 2
- A relação entre o nível de escolaridade materna e o Esquema Narrativo das crianças. Recife, 2009

A observação da Tabela 3 permite verificar que 11 crianças produziram narrativas orais com problemas de coesão e nove produziram narrativas orais coesas. Dentre as crianças que apresentaram problemas de coesão é possível observar que a escolaridade materna também variou bastante.

Tabela 3
- A relação entre o nível de escolaridade materna e a coesão. Recife, 2009

Como foi observado no esquema narrativo e na coesão, o hábito de leitura variou bastante entre os níveis de escolaridade materna. No entanto é possível observar que as cinco mães com ensino médio costumam ler com mais frequência que as demais, conforme dados apresentados na Tabela 4.

Tabela 4
- A relação entre o nível de escolaridade e os hábitos de leitura materna. Recife, 2009

Estes dados foram submetidos a uma análise de correlação (coeficiente R de Pearson) e foi observado que houve apenas correlação significante no cruzamento das variáveis escolaridade materna e hábito de leitura, como pode ser observado na Tabela 5.

Tabela 5
- Matriz de correlação entre variáveis maternas e as variáveis linguísticas das crianças

DISCUSSÃO

A população estudada foi composta em sua maioria por crianças do sexo feminino. A maioria das crianças pertence a famílias que possuem uma renda muito baixa e algumas delas sobrevivem apenas do valor da bolsa família. Este dado é muito importante, pois se sabe que a classe social interfere na qualidade da narrativa2828 . Rego LLB. A escrita de histórias por crianças: as implicações pedagógicas do uso de um registro lingüístico. Rev doc de est em ling teórica e aplicada. 1986; 2:165-80.. Famílias de diferentes classes sociais influenciam de formas diferentes o processo de desenvolvimento da linguagem na criança8. Hoff E. The specificity of environment influence: socioeconomic status affects early vocabulary development via maternal speech. Child Development. 2003;74(5):1368-78..

As crianças do estudo, em sua maioria, vivem sob os cuidados das mães, e a maioria das mães encontra-se desempregada ou não trabalha fora. Apesar desse convívio intenso com as mães, são crianças pouco estimuladas para a leitura, pois, de acordo com a entrevista, poucas mães lêem ou contam histórias para seus filhos.

A interação com os pais permite que a criança participe nas práticas narrativas do dia-a-dia nas quais a criança aprende a contar e a organizar as suas histórias, que tipos de eventos são comunicáveis e que tipo de relações se pode estabelecer entre eles, com base na estrutura interpretativa da sua cultura. Assim os pais encorajam as crianças a construir as suas narrativas e a desenvolver partes específicas das suas histórias fornecendo ideias, utilizando questões e elaborando as respostas das crianças2222 . Carvalho JRD. Qualidade das narrativas produzidas em contexto diádico por crianças na idade pré-escolar: Impacto do scaffolding verbal materno. Braga. Tese [Mestrado Integrado em Psicologia] – Universidade do Minho; 2011..

A interação das crianças com as mães por meio de histórias lidas ou narradas por elas é de fundamental importância para o desenvolvimento da narrativa oral, pois ao escutar histórias narradas por suas mães, a criança tende a desenvolver sua capacidade de recontar e criar suas próprias histórias1717 . Girardello G. Voz, presença e imaginação: a narração de histórias e as crianças pequenas. In: Fritzen C, Cabral GS. Infância: Imaginação e Educação em debate. Santa Catarina. 1ª ed. Papirus; 2007, p.39-57..

A falta dessa interação poderá prejudicar o desenvolvimento linguístico da criança, pois é na educação infantil e com a ajuda dos pais que as crianças devem desenvolver suas primeiras habilidades narrativas1111 . Smith VH, Sperb TM. A construção do sujeito narrador: pensamento discursivo na etapa personalista. Psicol. estud. 2007;12(3):553-62..

As interações familiares desempenham um papel importantíssimo no desenvolvimento da construção da narrativa da criança já que a família é seu primeiro contexto de socialização. É por meio de questionamentos e das reações emocionais colocadas pelos pais em resposta à história da criança, que os pais dirigem de forma ativa o conteúdo e a estrutura das narrativas dos seus filhos2222 . Carvalho JRD. Qualidade das narrativas produzidas em contexto diádico por crianças na idade pré-escolar: Impacto do scaffolding verbal materno. Braga. Tese [Mestrado Integrado em Psicologia] – Universidade do Minho; 2011.,2929 Melzi G, Schick A, Kennedy J. Narrative elaboration and participation: Twodimensions of maternal elicitation style. Child Development .2011;82(4):1282-96..

No presente estudo, as narrativas das crianças foram analisadas e classificadas de acordo com esquema narrativo, coesão e coerência. Foi observado que as crianças encontram-se bem distribuídas nas categorias narrativas II, III e IV, oito crianças encontram-se na categoria II, sete na categoria III e cinco na categoria IV.

Esta distribuição seria natural se as crianças apresentassem idade e escolaridade diferentes, porém como a idade e escolaridade foram mantidas constantes, o resultado parece confirmar que o desenvolvimento do esquema narrativo depende de outras experiências linguísticas da criança, principalmente as que ocorrem fora do ambiente escolar, particularmente no contexto familiar.

Em uma revisão sobre estudos que investigaram a aquisição do esquema narrativo de história em diversas línguas, autores afirmam que, em condições favoráveis de estimulo ambiental e oportunidades para a aprendizagem, crianças de quatro a cinco anos produzem histórias classificadas na categoria I e II, crianças entre seis e sete anos produzem histórias bastante variadas, entre as categorias II e IV, e crianças com oito anos produzem histórias completas classificadas na categoria IV2323 . Leitão S, Spinillo A, Correa J. Desenvolvimento da Linguagem: Escrita e Textualidade. A produção de histórias por crianças a textualidade em foco. Rio de Janeiro. Farpej; 2001.. No presente estudo, no entanto, de modo diferente ao reportado pela revisão acima mencionada, oito das vinte crianças pesquisadas, que tinham entre sete e oito anos e deveriam estar produzindo histórias nas categorias III e IV, produziram histórias bem menos elaboradas, classificadas na categoria II. Portanto, pode-se afirmar que esta população carece de estímulos que favoreçam o desenvolvimento das narrativas orais.

Este aspecto pode, inclusive, prejudicar todo o processo de aprendizagem da criança, pois se espera que crianças em idade escolar compreendam as explicações de seus professores, contem e recontem histórias e as interpretem. E essa habilidade de produzir e compreender narrativas orais é importante para o sucesso acadêmico, assim como para o bem estar sócio-emocional2424 . Cavalcante PA, Mandrá PP. Narrativas orais de crianças com desenvolvimento típico de linguagem. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2010;22(4):391-6.. Um estudo mostrou que para que ocorra um bom desenvolvimento linguístico, a escola precisa organizar atividades reflexivas, baseadas no diálogo, na compreensão do papel do outro e na dinamicidade, ou seja, na colaboração entre todos os envolvidos nesse contexto. Somente assim será possível a formação de sujeitos que com suas ações transformarão o meio em que vivem3030 . Magalhaes MCC. Narrative and argument in teacher and researcher interactions on classroom discourse: different ways of organizing salient and problematic action. In: Hedegaard M. (ed). Learning in Classrooms: A cultural-Historical Approach. Aarhus: Aarhus University Press. 2000;352-69..

No presente estudo, também foi observado que a maioria das crianças produziu narrativas orais com problemas de coesão. O uso de coesivos não depende apenas da idade do narrador, mas de outros aspectos, como as situações de produção e o tipo de texto que está sendo produzido2323 . Leitão S, Spinillo A, Correa J. Desenvolvimento da Linguagem: Escrita e Textualidade. A produção de histórias por crianças a textualidade em foco. Rio de Janeiro. Farpej; 2001.. É possível que o texto utilizado tenha trazido dificuldades para as crianças deste estudo. Por esta razão, recomenda-se que no cotidiano escolar seja proposto um trabalho com diferentes gêneros textuais.

Estudos sugerem a existência de quatro níveis distintos de desenvolvimento quanto à habilidade de produzir histórias coerentes, nível I, II, III e IV. E os fatores já apontados na literatura como capazes de influenciar a coerência textual são escolaridade, idade e fatores sociais2323 . Leitão S, Spinillo A, Correa J. Desenvolvimento da Linguagem: Escrita e Textualidade. A produção de histórias por crianças a textualidade em foco. Rio de Janeiro. Farpej; 2001.. Todas as crianças deste estudo produziram narrativas consideradas no nível IV de coerência.

Em relação ao objetivo principal do presente estudo, investigar o desenvolvimento da narrativa oral em crianças em função do nível de escolaridade materna, não se verificou significância estatística na análise de correlação entre os dados relativos ao grau de instrução materna e os níveis de narrativa, refutando a priori a hipótese levantada.

De acordo com o presente estudo, a escolaridade materna, isoladamente, não chega a influenciar essa aquisição. Contudo, ao se considerar a variação nas categorias de narrativas na população estudada, que é composta de crianças de uma mesma faixa etária e uma mesma escola, não se pode negar que outras variáveis sociais que permeiam o ambiente familiar estejam intervindo no desenvolvimento da linguagem das crianças.

Também é importante ressaltar que, embora a escolaridade materna não tenha se correlacionado, isoladamente, com o desenvolvimento das narrativas orais, foi observada uma correlação significante entre a escolaridade materna e o hábito de leitura, o que sem dúvida interfere nas práticas de letramento que ocorrem no ambiente familiar.

A respeito dessa influência a literatura aponta estudos que defendem que a mãe tem um papel fundamental no desenvolvimento linguístico da criança5. Ré AD. A pesquisa em Aquisição da Linguagem: teoria e prática. Aquisição da Linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo. Contexto; 2006., inclusive com um destaque para a associação desta variável com o desenvolvimento mental da criança2727 . Andrade AS, Santos DN, Bastos AC, Pedromônico MRM, Almeida– Filho NE, Barreto ML. Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma abordagem epidemiológica. Rev Saúde Púb. 2005;39(4):606-11.. Por outro lado, outro estudo que teve o objetivo de verificar a influência do nível de escolaridade materna no desenvolvimento da linguagem de crianças de 2 a 24 meses também não encontrou significância estatística em relação a esta possível influência3131 . Escarce AG, Camargos TV, Souza VC, Mourão MP, Lemos SMA. Escolaridade Materna e Desenvolvimento da Linguagem em Crianças de 2 Meses à 2 anos Rev. CEFAC. 2011. Ahead of Print..

Assim, o fato de, no presente estudo, a escolaridade materna não ter influenciado significantemente a narrativa oral de crianças pode ser explicado por diversos fatores. É possível que a variável escolaridade materna isoladamente não seja capaz de exercer essa influência, mas, como foi verificado, a mesma está relacionada a outros hábitos socioculturais, como a frequência de leitura, então esses e outros aspectos da rotina familiar necessitam ser mais bem investigados.

Outro aspecto limitador da presente investigação foi o tamanho da amostra, pois como foram apenas 20 crianças, a amostra pode ter sido insuficiente para estabelecer a relação pretendida. É necessário que novos estudos sejam realizados com outras populações e com uma amostra ampliada.

CONCLUSÃO

Como foi relatado, não foi verificado um efeito significante da escolaridade materna sobre o desenvolvimento da narrativa oral das crianças. No entanto a variabilidade de categorias observadas na narrativa das crianças, que têm a mesma faixa etária e estudam na mesma escola, sugere a influência de outras variáveis sociais ou familiares sobre este desenvolvimento.

Além disso, as crianças do presente estudo tiveram um desempenho inferior ao esperado para sua idade e nível de escolaridade, quando se comparou os resultados com outras investigações.

O efeito das variáveis sociais sobre o desenvolvimento da narrativa oral necessita ser mais bem investigado em outros estudos, com outras populações e com amostras ampliadas.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar 2014

Histórico

  • Recebido
    26 Mar 2012
  • Aceito
    23 Ago 2012
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