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Materialidade do livro: mapeamento e visualização temática na literatura em Ciência da Informação

RESUMO

Introdução:

O livro é um objeto simbólico ou um “semióforo”, o que denota sua condição de estar “para além da informação”, envolvendo, ademais, materialidade e institucionalidade.

Objetivo:

Mapear autores, obras e temas relativos ou tangentes ao assunto “materialidade do livro” no âmbito da Ciência da Informação.

Metodologia:

Realizou-se mapeamento da cobertura temática em bases de dados nacionais e internacionais; em seguida, procedeu-se a análise e a visualização dos textos identificados mediante a ferramenta Voyant Tools.

Resultados:

Foram analisados 100 documentos que cobriram o período entre 1996 e 2020, constatando maior ocorrência de publicações da temática materialidade do livro nos anos 2016, 2017 e 2018. No âmbito terminológico, destacaram-se expressões que levam à compreensão do livro como um suporte documental e simbólico que contém informação, compondo coleções em instituições preocupadas com a memória social, como é o caso das bibliotecas. Os periódicos que mais publicaram artigos sobre o tema foram Encontros Bibli e Journal of Documentation, e as bases de dados que mais indexaram periódicos que abordaram a temática foram a BRAPCI e a Library and Information Science Abstracts.

Conclusão:

O tema materialidade do livro estabelece uma ponte entre a amplitude do conceito “materialidade” e a relação entre livro e documento. O livro - quando estudado tendo como fundamento a multidimensionalidade da materialidade, seja expressa em meio analógico ou digital - se constitui como um objeto simbólico para além de ser concebido como uma mera fonte de informação.

PALAVRAS-CHAVE:
Materialidade; Livro; Documento; Ciência da Informação; Humanidades digitais; Voyant tools.

ABSTRACT

Introduction:

The book is a symbolic object or a “semiophore”, which denotes its condition of being “beyond information”, involving, in addition, materiality and institutionality.

Objective:

To map authors, works and themes related or tangent to the subject “book’s materiality” in the scope of information science.

Methodology:

A mapping of the thematic coverage was carried out in national and international databases, then, the texts identified were analyzed and visualized using Voyant Tools tool.

Results:

100 documents that covered the period between 1996 and 2020 were analyzed, with the highest occurrence of publication of book’s materiality thematic in the years of 2016, 2017 and 2018. In terms of terminology, expressions that lead to the understanding of the book as a documentary and symbolic support that contains information, stand out, and can compose collections in institutions worried with social memory, as is the case of libraries. The journals that most publish articles on the subject were Encontros Bibli and Journal of Documentation, and the databases that index the most journals that address the topic were BRAPCI and Library and Information Science Abstracts.

Conclusion:

The book’s materiality theme establishes a bridge between the breadth of the “materiality” concept and a relationship between book and document. The book - when studied based on the multidimensionality of materiality, whether expressed in analog or digital environment - constitutes itself as a symbolic object in addition to being conceived as a mere source of information.

KEYWORDS
Materiality; Book; Document; Information Science; Digital humanities; Voyant tools

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa propõe mapear autores, obras e temas relativos ou tangentes ao assunto “materialidade do livro”, sendo este estudado sob o espectro da Ciência da Informação.

O livro, no âmbito da cultura material, além de suporte de informação, pode ser compreendido como um objeto com imbricações pessoais e culturais (MURGUIA, 2009MURGUIA, E. I. O colecionismo bibliográfico: uma abordagem do livro para além da informação. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. especial, 1. sem., p. 87-104, 2009. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/147/14712771007.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.
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), cujos valores investem de significação. Por essas características, o livro pode ser concebido como um “semióforo” (POMIAN, 1998POMIAN, K. História Cultural, História dos Semióforos. In: RIOUX, J-P.; SIRINELLI, J-F. (Org.). Para uma história cultural. Lisboa: Estampa, 1998. p. 71-95.).

Este objeto simbólico pode ser investigado como expressão do valor social do documento a partir de modos de institucionalidade formal ou menos formal, em contextos epistêmicos, profissionais e/ou da vida cotidiana, considerando, por exemplo, o valor probatório e/ou a validação da informação em práticas específicas (RABELLO, 2019RABELLO, R. Informação institucionalizada e materializada como documento. Brazilian Journal of Information Science, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 5-25, 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/bjis/article/view/8932. Acesso em: 29 set. 2022.
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).

O livro passa, portanto, por um processo de institucionalização que pode culminar na formação de coleções, criando espaços evocativos e recordatórios. Assim, o objeto carrega consigo algo que está para além da informação, mediante seu valor simbólico expresso na intencionalidade atribuída ao objeto, traduzida em sua materialidade (MURGUIA, 2009MURGUIA, E. I. O colecionismo bibliográfico: uma abordagem do livro para além da informação. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. especial, 1. sem., p. 87-104, 2009. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/147/14712771007.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.
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).

Considerando as noções de significação, de institucionalidade e de intencionalidade - sintetizadas na noção de materialidade -, o presente artigo objetiva situar, temporalmente, autores, obras e temas relativos ou tangentes à materialidade do livro, buscando, especificamente, mapear: 1. Variações terminológicas do tema materialidade do livro; 2. Periódicos brasileiros de maior cobertura do tema; 3. Bases nacionais e internacionais com maior incidência do tema; 4. Periódicos internacionais de maior cobertura do tema; 5. Estrato Qualis/CAPES dos periódicos que cobriram o tema; 6. Teses, dissertações e trabalhos de conclusão de curso sobre o tema; 8. Quantificação de publicações e autores que têm investigado o tema.

Considera-se que a realização de mapeamento com a visualização da produção sobre determinado assunto se justifica ao favorecer a identificação e/ou a explicitação da incidência de temas de interesse em áreas do conhecimento, neste caso, a Ciência da Informação. A contribuição metodológica ocorre com a apresentação de caminhos ou alternativas para a realização de estudos similares. Especificamente, contribui para investigações sobre a dimensão material e institucional da informação e do documento (RABELLO, 2019RABELLO, R. Informação institucionalizada e materializada como documento. Brazilian Journal of Information Science, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 5-25, 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/bjis/article/view/8932. Acesso em: 29 set. 2022.
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), ao abordar o objeto livro.

Espera-se que pesquisas dessa natureza possam contribuir, especificamente, ao subsidiar investigações que consideram a informação materializada e institucionalizada como documento, bem como ao corroborar o entendimento do livro “para além da informação”, como é o caso de estudos de natureza histórico-conceitual e/ou temático-comparativa em meios de comunicação científica no âmbito da Ciência da Informação e de áreas afins.

As noções de significação, de institucionalidade e de intencionalidade serão, a seguir, abordadas em termos de materialidade da informação e do objeto livro. Na sequência, apresentar-se-á a metodologia com os critérios do mapeamento da produção sobre o tema e o detalhamento mediante a utilização da ferramenta Voyant Tools - desenvolvida no bojo de estudos de humanidades digitais - para a visualização e análise dos dados coletados.

2 MATERIALIDADE DA INFORMAÇÃO

A área da Ciência da Informação possui tradição de pesquisa pouco focada na materialidade e na institucionalidade da informação e dos documentos (RABELLO, 2019RABELLO, R. Informação institucionalizada e materializada como documento. Brazilian Journal of Information Science, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 5-25, 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/bjis/article/view/8932. Acesso em: 29 set. 2022.
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), assim, nota-se que a preocupação em expandir as interpretações e abordar o livro de “maneira holística” (CAMPOS; VENÂNCIO, 2006CAMPOS, L. F. B.; VENÂNCIO, L. S. O objeto de estudo da Ciência da Informação: a morte do indivíduo. Informação & Informação, Londrina, v. 11, n. 1, p. 5-25, jan./jun. 2006. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/1720. Acesso em: 1 set. 2022.
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; RABELLO, 2018RABELLO, R. Documento e institucionalidades: dimensões epistemológica e política. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, v. 23, n. 51, p. 138-156, jan. 2018. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/147/14753783011/html/. Acesso em: 29 set. 2022.
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) constitui um interesse emergente.

Essa demanda pode ser atribuída ao movimento neodocumentalista que se deu na Ciência da Informação a partir da década de 1990. Um texto clássico desse período é o artigo Information as thing, de Michael Buckland, publicado em 1991, que aborda a noção de informação como “coisa” (BUCKLAND, 1991), o que pressupõe, além da tangibilidade, seu valor social e institucional (RABELLO, 2019RABELLO, R. Informação institucionalizada e materializada como documento. Brazilian Journal of Information Science, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 5-25, 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/bjis/article/view/8932. Acesso em: 29 set. 2022.
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).

Nessa direção, estudos passaram a considerar a multiplicidade de significados, contextos e situações informacionais. Bernd Frohmann, em O caráter social, material e público da informação, de 2008, aponta para o aspecto social, público e material da informação segundo o qual se orienta pela massa, inércia, energia e resistência de enunciados, que geram efeitos (FROHMANN, 2008FROHMANN, B. O caráter social, material e público da informação. In: FUJITA, M.; MARTELETO, R.; LARA, M. (Org.). A dimensão epistemológica da ciência da informação e suas interfaces técnicas, políticas e institucionais nos processos de produção, acesso e disseminação da informação. São Paulo: Fundepe, 2008. p. 19-34.).

Assim, entende-se materialidade da informação como algo para além dos aspectos físicos dos suportes documentais. Transcendendo a simplificação de posicionamentos dicotômicos e simplificadores referidos conceitualmente na relação “informação não registrada” e “informação registrada”, formulações teóricas neodocumentalistas têm suscitado a necessidade de abordagens que considerem a complexidade da formulação conceitual e praxiológica sobre o tema.

Como exemplo, observam-se formulações de inspiração frohmannianas segundo as quais consideram “[...] a procedência e o percurso da informação até o momento da inscrição do signo, ou seja, os aspectos valorativos provenientes de práticas sociais e discursivas”. De acordo com esse entendimento, de tais aspectos valorativos decorrem agências que podem se expressar em termos de práticas “[...] pragmáticas, simbólicas, políticas, mercadológicas, validadas em institucionalidades diversas.” (RABELLO, 2019RABELLO, R. Informação institucionalizada e materializada como documento. Brazilian Journal of Information Science, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 5-25, 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/bjis/article/view/8932. Acesso em: 29 set. 2022.
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, p. 6).

O conceito de materialidade, portanto, diferencia-se do conceito de fisicalidade da informação (FROHMANN, 2008FROHMANN, B. O caráter social, material e público da informação. In: FUJITA, M.; MARTELETO, R.; LARA, M. (Org.). A dimensão epistemológica da ciência da informação e suas interfaces técnicas, políticas e institucionais nos processos de produção, acesso e disseminação da informação. São Paulo: Fundepe, 2008. p. 19-34.; RABELLO, 2019RABELLO, R. Informação institucionalizada e materializada como documento. Brazilian Journal of Information Science, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 5-25, 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/bjis/article/view/8932. Acesso em: 29 set. 2022.
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), este entendido como a consubstanciação presente em propriedades físicas dos suportes. A relação causa-efeito estrita entre informação e fisicalidade - pressuposta na ideia de informação registrada - limita as possibilidades de abordagens que consideram a procedência, o percurso, a inscrição e as práticas sociais e discursivas.

Diferentemente da abordagem da fisicalidade, orientadora do paradigma físico da informação (CAPURRO, 2007CAPURRO, R. Epistemología y Ciencia de la Información. Enlace, Maracaibo, v. 4, n. 1, p. 11-29, 2007. Disponível em: http://ve.scielo.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1690-75152007000100002. Acesso em: 1 set. 2022.
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), ou da abordagem cognitivista ou mentalista, em cuja imaterialidade da informação está pressuposta no preenchimento de lacuna do indivíduo isolado, fora de contexto (FROHMANN, 1992FROHMANN, B. The power of images: a discourse analysis of the cognitive viewpoint. Journal of Documentation, Bingley, v. 48 n. 4, p. 365-386, abr. 1992. Disponível em: https://www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/eb026904/full/html. Acesso em: 1 set. 2022.
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), a abordagem da materialidade da informação encontra lugar no paradigma social ou pragmático da informação (CAPURRO, 2007CAPURRO, R. Epistemología y Ciencia de la Información. Enlace, Maracaibo, v. 4, n. 1, p. 11-29, 2007. Disponível em: http://ve.scielo.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1690-75152007000100002. Acesso em: 1 set. 2022.
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) ao considerar o contexto, por exemplo, das “[...] intencionalidades atribuídas ao objeto antes mesmo de ele ser valorado institucionalmente como documento, tais como memória, afetividade, identidade, instrumentalidade, biografia do objeto, dentre outros.” (RABELLO, 2019RABELLO, R. Informação institucionalizada e materializada como documento. Brazilian Journal of Information Science, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 5-25, 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/bjis/article/view/8932. Acesso em: 29 set. 2022.
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, p. 7).

A materialidade da informação se estabiliza ou ganha força quando enunciados ou discursos encontram na inscrição em suportes o valor institucional que lhe confere massa, energia, resistência e permanência (FROHMANN, 2008FROHMANN, B. O caráter social, material e público da informação. In: FUJITA, M.; MARTELETO, R.; LARA, M. (Org.). A dimensão epistemológica da ciência da informação e suas interfaces técnicas, políticas e institucionais nos processos de produção, acesso e disseminação da informação. São Paulo: Fundepe, 2008. p. 19-34.). A força desses enunciados depende da relação de poder e autoridade em associações de atores que atuam em e com documentos (FROHMANN, 1995FROHMANN, B. Taking information policy beyond information science: applying the actor network theory. In: ANNUAL CONFERENCE OF THE CANADIAN ASSOCIATION FOR INFORMATION SCIENCE (CAIS/ACSI), 23., 1995, Edmonton. Proceedings [...]. Edmonton: CAIS, 1995. Disponível em: https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.517.5320&rep=rep1&type=pdf. Acesso em: 28 jul. 2022.
https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/do...
; 2008FROHMANN, B. O caráter social, material e público da informação. In: FUJITA, M.; MARTELETO, R.; LARA, M. (Org.). A dimensão epistemológica da ciência da informação e suas interfaces técnicas, políticas e institucionais nos processos de produção, acesso e disseminação da informação. São Paulo: Fundepe, 2008. p. 19-34.): “[...] A trama da rede social pressuposta na institucionalidade na qual o documento se integra lhe confere vicissitude e vida ou, numa expressão husserliana de potência, lhe atribui intencionalidade. ” (RABELLO; RODRIGUES, 2016RABELLO, R.; RODRIGUES, G. M. Documento, forma e materialidade: abordagens probatórias e representação da realidade. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 17., 2016, Salvador. Anais... Salvador: ANCIB, 2016. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/31621. Acesso em: 29 set. 2022.
https://repositorio.unb.br/handle/10482/...
, p. 283).1 1 Ao se estabilizar e adquirir força institucional no objeto/documento, a materialidade da informação pode ser estudada no contexto de institucionalidades e instituições apreendidas “[...] como espaços de conflitos, de disputas e de ‘legitimação de discursos’ para a ‘representação da realidade’.” (RABELLO; RODRIGUES, 2014, p. 10, destaques dos autores).

Os estudos da cultura material são relevantes para a compreensão da dinâmica da “rede de significações e valores” a qual os objetos estão inseridos (MURGUIA, 2009MURGUIA, E. I. O colecionismo bibliográfico: uma abordagem do livro para além da informação. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. especial, 1. sem., p. 87-104, 2009. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/147/14712771007.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.
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, p. 89). Os objetos possuem uma “vida social” e “cultural” (APPADURAI, 1991APPADURAI, A. Introdución: las mercancías y la política del valor. In: APPADURAI, A. (Ed.). La vida social de las cosas: perspectiva cultural de las mercancías. México: Grijalbo, 1991. p. 17-87.) ou uma “biografia” (KOPYTOFF, 1991KOPYTOFF, I. La biografía cultural de las cosas: la mercantilización. In: APPADURAI, A. (Ed.). La vida social de las cosas: perspectiva cultural de las mercancías. México: Grijalbo, 1991. p. 89-122.), com contextos específicos de produção e de atribuição de valor.

O próprio “viver” dos objetos faz parte dos valores evocados ou atribuídos àqueles quando concebidos, por exemplo, na condição de documentos de memória. Tal condição permite, num contexto historiográfico, a “[...] construção de narrativas através da sua leitura e decifração.” (SÁ, 2018SÁ, A. T. A imagem fotográfica como representação e documento: um estudo a partir das fotografias de objetos da sala de visitas do escritor jorge amado. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 28, n. 1, jan./abr. 2018. Disponível em: https://www.brapci.inf.br/_repositorio/2018/05/pdf_310f126f4a_0000030150.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.
https://www.brapci.inf.br/_repositorio/2...
, p. 104). Denota-se, daí, aquilo que pode ser entendido como uma “sociomaterialidade”, depreendida de um tipo de materialidade que “[...] depende e é constituída de interações específicas oriundas nos espaços sociais.” (JARDINE, 2017JARDINE, B. State of the field: Paper tools. Studies in History and Philosophy of Science Part A, Amsterdam, v. 64, p. 53-63, ago. 2017. DOI: https://doi.org/10.1016/j.shpsa.2017.07.004. Disponível em: https://bit.ly/3clMcPx. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.1016/j.shpsa.2017.07....
, p. 58, tradução nossa).

2.1 Materialidade do objeto livro

A complexidade do objeto livro pode ser depreendida ao compreendê-lo como um documento constituído de informação materializada e institucionalizada (MURGUIA, 2009MURGUIA, E. I. O colecionismo bibliográfico: uma abordagem do livro para além da informação. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. especial, 1. sem., p. 87-104, 2009. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/147/14712771007.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.
https://www.redalyc.org/pdf/147/14712771...
; RABELLO, 2019RABELLO, R. Informação institucionalizada e materializada como documento. Brazilian Journal of Information Science, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 5-25, 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/bjis/article/view/8932. Acesso em: 29 set. 2022.
https://revistas.marilia.unesp.br/index....
). No âmbito da história cultural, pode-se entender o livro como um objeto de memória, que promove entendimentos individuais e coletivos (MENDES et al., 2017MENDES, L.; CUSTÓDIO, M.; EGGERT-STEINDEL, G. Livro didático: o despertar da memória afetiva. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 13, p. 932-943, 2017. Disponível em: https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/1043. Acesso em: 1 set. 2022.
https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/v...
). A materialidade dos livros traz implicações de natureza física (relacionadas à sua própria forma), pessoal (relativas à natureza humana), profissional e social (RIBEIRO, 2017RIBEIRO, A. E. O bibliógrafo digital: questões sobre a materialidade do livro no século xxi. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 22, p. 120-130, jul. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1981-5344/3236. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pci/a/HMPsXvVYqTbC44KtgMs6xHm/abstract/?lang=pt. Acesso em: 1 set. 2022.
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).

A abertura para tais implicações abre margem para fundamentar a premissa de que a materialidade do livro está para além da fisicalidade do suporte. Transcendendo conteúdo e forma, o livro articula-se com outros elementos, “[...] numa teia de relações da qual se desdobra a noção própria de livro na Modernidade.” (AMORIM et al., 2019AMORIM, I. S. et al. A estrutura do livro como matriz de ordenação do conhecimento. Em Questão, Porto Alegre, v. 25, p. 264-287, 17 out. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245250.264-287. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/EmQuestao/article/view/92374. Acesso em: 1 set. 2022.
http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245250....
, p. 266). O livro do século XXI instiga debates culturais e é vetor de mudanças paradigmáticas (MURRAY, 2006MURRAY, S. Publishing studies: Critically mapping research in search of a discipline. Publishing Research Quarterly, New York, v. 22, n. 4, p. 3-25, 2006. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s12109-007-0001-4. Acesso em: 01 set. 2022.
https://link.springer.com/article/10.100...
).

Isso porque a materialidade do livro põe em perspectiva dimensões afetivas e sensoriais da leitura: “[...] não só chama a atenção para os aspectos visuais e auditivos do texto, mas também para as formas como o sentimento, o toque, a forma, o peso e o cheiro da página de papel encadernada”. Tais formas “[...] fazem parte de sua estética, provocando afeto, emoções e conhecimento.” (PLATE, 2015PLATE, L. How to do things with literature in the digital age: Anne Carson’s Nox, multimodality, and the ethics of bookishness. Contemporary Women's Writing, Oxford, v. 9, n. 1, p. 93-111, jan. 2015. DOI: https://doi.org/10.1093/cww/vpu038. Disponível em: https://academic.oup.com/cww/article-abstract/9/1/93/414182. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.1093/cww/vpu038...
, p. 95, tradução nossa). A leitura pode, ainda, ser apreendida como um modo de “intervenção física no texto”:

Você se torna consciente de seus dedos e mãos no processo de leitura: da leitura como uma intervenção física no texto. Você experimenta esse texto, que é sobre fragmentação, e sobre a ideia de uma realidade fragmentada no texto que se espalha em pedaços, com suas mãos tocando as páginas (BRILLENBURG WURTH, 2011BRILLENBURG WURTH, K. Old and new medialities in Foer's Tree of Codes. CLCWeb: Comparative literature and culture, Indiana, v. 13, n. 3, p. 14, 2011. DOI: http://dx.doi.org/10.7771/1481-4374.1800. Disponível em: https://docs.lib.purdue.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1800&context=clcweb. Acesso em: 1 set. 2022.
http://dx.doi.org/10.7771/1481-4374.1800...
, p. 7, tradução nossa).

Essa relação intimista entre o livro e o leitor deu origem à metáfora do corpo humano como um livro2 2 As metáforas “obra literária” e “livro” podem ser visualizadas na figura do “homem livro”, especulada no romance distópico de ficção científica Fahrenheit 451, escrito por Ray Bradbury e publicado em 1953, com adaptações ao cinema pelos diretores François Truffaut, em 1966, e Frank Darabont, em 2018. . Comumente, diz-se para não julgar um livro pela capa, referindo-se ao juízo humano; ou que somos um livro aberto, quando não temos segredos: “[...] Quando se trata do livro, do corpo e do corpo como livro, entretanto, essas metáforas funcionam bem porque [...] o corpo é um livro que é escrito e lido por meio de sua própria circulação através de um público.” (HENNINGSEN, 2016HENNINGSEN, K. "You deciphered me and now I am plain to read": How the Body Is a Book. Library trends, Baltimore, v. 64, n. 4, p. 741-755, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3pNnLxy. Acesso em: 1 set. 2022.
https://bit.ly/3pNnLxy...
, p. 752, tradução nossa).

Os livros carregam tanto carga simbólica e cultural, quanto emocional, e por isso é difícil se desfazer deles ou vê-los sendo jogados fora - é dizer, entre sujeitos e livros existe uma relação intrínseca, pois eles despertam os sentimentos mais básicos de amor e perda: “[...] como humanos nós consumimos livros e somos consumidos por eles.” (PROSSER, 2020PROSSER, D. Affect and deaccessioning in the academic library: Feelings about books and place. Library Trends, Baltimore, v. 68, n. 3, p. 506-520, 2020. DOI: https://doi.org/10.1353/lib.2020.0003. Disponível em: https://bit.ly/3QUKvYi. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.1353/lib.2020.0003...
, p. 518, tradução nossa).

Talvez, por isso, tenha surgido a figura do bibliófilo, quando “[...] o livro converte-se em objeto fetiche, arraigado no comportamento do bibliófilo ou colecionador, que, por vezes, resulta no extremo da paixão, que cega o discernimento e converte-se em crime, como a bibliocleptomania.” (NOGUEIRA, 2016NOGUEIRA, W. A. Reflexões sobre o livro digital: circulação, preservação e fixação. Informação@Profissões, Londrina, v. 5, n. 1, p. 94-110, 2016. https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5n1p94. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/v/62739. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.5433/2317-4390.2016v5...
, p. 97).

Rubens Borba de Moraes, grande bibliófilo e precursor do campo da bibliofilia no Brasil, em seu livro O Bibliófilo Aprendiz, discorre sobre essa arte e fornece um guia para futuros colecionadores. Segundo ele, a bibliofilia é “[...] um divertimento, um hobby apaixonante, é justamente a procura do que lhe falta. É o prazer em encontrar o exemplar desejado.” (MORAES, 2018MORAES, R. B. O bibliófilo aprendiz. São Paulo: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, 2018., p. 31, destaque do autor). Para Rosa (2018)ROSA, F. P. Bibliófilos: seu papel social na preservação e disseminação da cultura impressa. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biblioteconomia e Ciência da Informação) - Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em: http://biblioteca.fespsp.org.br:8080/pergamumweb/vinculos/000009/0000093d.pdf. Acesso em: 22 set. 2022.
http://biblioteca.fespsp.org.br:8080/per...
, a bibliofilia é a arte de colecionar livros, sobretudo os livros raros.3 3 Na definição do Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia, bibliofilia é o “Gosto, paixão pelos livros raros e preciosos”, e constitui a “Arte e ciência do bibliófilo” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 46).

Essa paixão e gosto pelos livros “[...] emerge da fusão prática da comunicação, do prazer estético e da compreensão pré-reflexiva dos livros como bens sagrados” (THUMALA OLAVE, 2020THUMALA OLAVE, M. A. T. Book love. A cultural sociological interpretation of the attachment to books. Poetics, Amsterdam, v. 81, p. 101440, ago. 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.poetic.2020.101440. Disponível em: https://bit.ly/3PSRsrB. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.1016/j.poetic.2020.10...
, p. 10, tradução nossa). O bibliófilo ou colecionador encontra em cada objeto de sua coleção um pedaço de sua identidade (SEREJO; JUVÊNCIO, 2020). Nas coleções particulares, cada um desses objetos “[...] passa a remeter a uma constelação de fatos” (SEREJO; JUVÊNCIO, 2020, p. 208) sobre quem os coleciona, é dizer, o colecionador tem sua vida narrada pela materialidade presente nesses objetos.

Observam-se estudos que examinam a diferença entre livros analógicos (impressos) e digitais (e-books). Em um estudo, entrevistados alegaram preferir os livros impressos aos digitais, em razão de haver “[...] um sentimento maior de posse em relação ao livro físico, em oposição à imaterialidade das bibliotecas digitais.” (SEHN; FRAGOSO, 2015SEHN, T. C. M.; FRAGOSO, S. The synergy between eBooks and printed books in Brazil. Online Information Review, Bingley, v. 39, n. 3, p. 401-415, jun. 2015. DOI: https://doi.org/10.1108/OIR-01-2015-0006. Disponível em: https://bit.ly/3TjmwUs. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.1108/OIR-01-2015-0006...
, p. 411, tradução nossa). Noutras palavras, o sentimento de posse apoia-se na fisicalidade do suporte analógico, não somente em um ter, mas em um tocar as páginas e possuir o objeto livro. Por outro lado, o digital se configura entre a existência em nuvem e sua parcela física em hardware - quase como um substituto imperfeito do analógico -, pois não evoca os mesmos sentimentos no leitor.

Há o entendimento de que outras mídias, até o momento, não evoluíram no sentido de atenderem todas as demandas dos leitores, algo que auxilia e explica a manutenção da fidelidade dos leitores ao livro analógico (ASHTON, 2007ASHTON, S. On document supply in Ireland and the USA: experiences at the boole library, cork university. Interlending & Document Supply, [s. l.], v. 35, n. 4, p. 226-227, 20 nov. 2007. DOI: http://dx.doi.org/10.1108/02641610710837545. Disponível em: https://bit.ly/3AwPaJk. Acesso em: 1 set. 2022.
http://dx.doi.org/10.1108/02641610710837...
). “Há algo único ou disponível no material original que não se pode obter com a versão digital - pode ser sobre confiabilidade, autenticidade, contexto, a ‘sensação’ ou o fato de que é mais simples quando nenhuma máquina está envolvida [...]” (LATHAM, 2010LATHAM, K. Medium rare: Exploring archives and their conversion from original to digital part one: Lessons from the history of print media. LIBRES: Library & Information Science Research Electronic Journal, Perth, v. 20, n. 2, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3AMedcy. Acesso em: 1 set. 2022.
https://bit.ly/3AMedcy...
, p. 11, tradução nossa). Com tal hipótese infere-se sobre a possível relação mais direta e intimista entre leitor e livro analógico, algo que não requereria a mediação - ou a interferência - de um terceiro elemento, os dispositivos digitais.

Todavia, apesar de autores (ASHTON, 2007ASHTON, S. On document supply in Ireland and the USA: experiences at the boole library, cork university. Interlending & Document Supply, [s. l.], v. 35, n. 4, p. 226-227, 20 nov. 2007. DOI: http://dx.doi.org/10.1108/02641610710837545. Disponível em: https://bit.ly/3AwPaJk. Acesso em: 1 set. 2022.
http://dx.doi.org/10.1108/02641610710837...
; LATHAM, 2010LATHAM, K. Medium rare: Exploring archives and their conversion from original to digital part one: Lessons from the history of print media. LIBRES: Library & Information Science Research Electronic Journal, Perth, v. 20, n. 2, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3AMedcy. Acesso em: 1 set. 2022.
https://bit.ly/3AMedcy...
; HENNINGSEN, 2016HENNINGSEN, K. "You deciphered me and now I am plain to read": How the Body Is a Book. Library trends, Baltimore, v. 64, n. 4, p. 741-755, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3pNnLxy. Acesso em: 1 set. 2022.
https://bit.ly/3pNnLxy...
; SEHN; FRAGOSO, 2015SEHN, T. C. M.; FRAGOSO, S. The synergy between eBooks and printed books in Brazil. Online Information Review, Bingley, v. 39, n. 3, p. 401-415, jun. 2015. DOI: https://doi.org/10.1108/OIR-01-2015-0006. Disponível em: https://bit.ly/3TjmwUs. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.1108/OIR-01-2015-0006...
) evidenciarem aspectos diferenciados do livro impresso evocados por leitores e/ou colecionadores, eles convergem ao entenderem que o livro, para além de seu suporte (seja ele analógico ou digital), constitui uma rede de artefatos culturais e dispositivos de significado simbólico (GRUSZYNSKI; CASTEDO, 2018GRUSZYNSKI, A. C.; CASTEDO, R. S. A materialidade do livro na contemporaneidade: imbricamentos entre imediação e hipermediação. Interin: Revista do Programa de Pós- Graduação em Comunicação e Linguagens Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, v. 23, n. 1, p. 238-255, jan./jun. 2018. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/5044/504459789014/504459789014.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.
https://www.redalyc.org/journal/5044/504...
).

Nessa direção, os livros representam “[...] uma forma de expressividade e de produção de sentidos, que move ações, relações e interações em redes dialógicas.” (GOULART, 2016GOULART, I. C. V. A compreensão e conceituação de livro num jogo de representações. Leitura: Teoria & Prática, Campinas, v. 34, n. 67, p. 69-82, 2016. DOI: https://doi.org/10.34112/2317-0972a2016v34n67p69-82. Disponível em: https://ltp.emnuvens.com.br/ltp/article/view/512. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.34112/2317-0972a2016v...
, p. 80). São objetos que despertam diferentes reações nos leitores, que vão desde o temor até a veneração, e viabilizam “[...] práticas antigas e contemporâneas, solitárias e coletivas, oralizadas e vistas, ouvidas e sentidas.” (GOULART, 2014GOULART, I. C. V. Entre a materialidade do livro e a interatividade do leitor: práticas de leitura. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v. 12, n. 2, p. 5-19, 2014. DOI: https://doi.org/10.20396/rdbci.v12i2.1611. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/1611. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.20396/rdbci.v12i2.161...
, p. 17).

Reconhecendo a complexidade dos aspectos que correspondem, e são transversais, às concepções de materialidade do livro, entende-se que o mapeamento do tema pode fornecer subsídios para pesquisas futuras, bem como corroborar, em distintas nuanças, a proposição segundo a qual o livro está “para além da informação” (MURGUIA, 2009MURGUIA, E. I. O colecionismo bibliográfico: uma abordagem do livro para além da informação. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. especial, 1. sem., p. 87-104, 2009. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/147/14712771007.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.
https://www.redalyc.org/pdf/147/14712771...
, p. 87), tendo no horizonte, para tal reflexão, concepções de materialidade.

3 METODOLOGIA

Para atender ao objetivo de mapear o tema da materialidade do livro, considerando a variedade de autores, obras e veículos formais de comunicação, foram realizadas buscas em bases de dados da área de Ciência da Informação e afins: Base de Dados em Ciência da Informação (BRAPCI), desenvolvida pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com abrangência nacional; Web of Science, Scopus, Library and Informational Science Abstracts (LISA) e Library, Informational Science & Technology Abstracts (LISTA), as quatro com abrangência internacional, sendo as duas primeiras multidisciplinares, e as duas últimas da área de Ciência da Informação e áreas correlatas (QUEIROZ et al., 2015QUEIROZ, D. G. C.; VILAN FILHO, J. L.; MOURA, A. M. M. Visibilidade de artigos de periódicos científicos brasileiros de matemática nas bases de dados internacionais. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 16., 2015, João Pessoa. Anais [...] João Pessoa: UFRGS, 2015. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/31614. Acesso em: 1 set. 2022.
https://repositorio.unb.br/handle/10482/...
). Por fim, foram realizadas buscas no repositório temático em Ciência da Informação E-Lis, na Biblioteca Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e no Google Acadêmico.

Foram estabelecidas as seguintes etapas de análise para seleção dos textos: 1) Busca: busca simples e avançada com termos significativos (pertinentes ao tema) e uso dos operadores disponíveis em cada base; 2) Análise preliminar: análise qualitativa do título, palavras-chave e resumo; 3) Leitura técnica: leitura e análise da introdução, metodologia, tabelas/gráficos, conclusão e referências; e 4) Extração de conceitos: leitura, análise e extração dos conceitos sobre o tema.

Os principais campos utilizados para buscas foram: título, palavra-chave, assunto e resumo. Para delimitar as buscas, à exceção da BDTD e do Google Acadêmico, foi utilizado o filtro “tipo de documento - artigo”. Essa medida foi importante para viabilizar uma análise mais aprofundada dos títulos considerados pertinentes, e considerada sem prejuízo para a análise, visto que a Ciência da Informação tem utilizado a modalidade artigo como um importante meio de comunicação científica; e a última busca, realizada no Google Acadêmico, teve como objetivo principal revocar documentos que pudessem ter escapado às buscas nas bases individuais.

Com relação aos termos de busca, delimitou-se os seguintes termos considerados significativos para representar o tema: “materialidade”, “livro”, “materialidade do livro”, “institucionalidade”, “informação”, “institucionalidade da informação” e “ciência da informação”. Nas bases internacionais, as variações em inglês utilizadas foram: “materiality”, “book”, “book's materiality”, “information” e “informational science”. Esses termos foram utilizados de forma composta e/ou combinada através do operador AND, variando os campos consultados.

Para as publicações selecionadas, foram utilizados os seguintes campos para descrição: código (número de registro), título, autor(es), base/repositório, periódico, nacional ou internacional (se o periódico/publicador é nacional - N ou internacional - I), local de publicação, data, idioma, estrato Qualis/CAPES, citações no Google Acadêmico, palavras-chave, resumo, objetivos, citações (extração conceitual do documento) e referência bibliográfica. Os dados foram dispostos em planilha Excel.

Para alcançar o objetivo de visualizar os dados coletados foi utilizada a ferramenta Voyant Tools, originada de um projeto da área de humanidades digitais sob a responsabilidade dos professores Stéfan Sinclair e Geoffrey Rockwell, da McGill University e da University of Alberta, respectivamente. O Voyant Tools conta com técnicas de visualização para analisar corpora documentais e cadeias de caracteres quanto a diversos aspectos, como conteúdo, semelhança, diferença, dentre outros. Com o intuito de auxiliar a prática exploratória e interpretativa de textos, a ferramenta possibilita a leitura individual e geral de documentos de forma interativa (SINCLAIR; ROCKWELL, 2020).

Na área de informação, a visualização de dados permitida pelo Voyant Tools pode auxiliar tanto a análise de textos em investigações, quanto servir à elaboração de serviços de informação especializados, visto que é possível, dentre outros aspectos, representar grandes volumes de informação em pequena escala, reduzir o tempo de busca, identificar relações que poderiam passar despercebidas e estimular a discussão sobre o tema representado (SANCHEZ TARRAGO, 2021SANCHEZ TARRAGO, N. Descubriendo críticas al acceso abierto mediante la visualización de textos con Voyant Tools. Revista Cubana de Información en Ciencias de la Salud, La Habana, v. 32, n. 1, p. 1824, mar. 2021. Disponível em: https://www.medigraphic.com/cgi-bin/new/resumen.cgi?IDARTICULO=105361. Acesso em: 1 set. 2022.
https://www.medigraphic.com/cgi-bin/new/...
).

O texto Descubriendo críticas al acceso abierto mediante la visualización de textos con Voyant Tools (SANCHEZ TARRAGO, 2021SANCHEZ TARRAGO, N. Descubriendo críticas al acceso abierto mediante la visualización de textos con Voyant Tools. Revista Cubana de Información en Ciencias de la Salud, La Habana, v. 32, n. 1, p. 1824, mar. 2021. Disponível em: https://www.medigraphic.com/cgi-bin/new/resumen.cgi?IDARTICULO=105361. Acesso em: 1 set. 2022.
https://www.medigraphic.com/cgi-bin/new/...
) aborda a contribuição da ferramenta para estudos exploratórios, sobremaneira por ser versátil e intuitiva para investigações de cunho hermenêutico. Voyant Tools é uma ferramenta de código aberto e gratuito. Ela permite diferentes entradas de textos, em distintos formatos e linguagens, possibilitando a reunião de aplicabilidades analíticas (por temáticas, tendências, correspondência, léxicos, sintaxes, etc.), a visualização múltipla (por exploração, clusters, navegação, categorização, etc.) e representações gráficas diversas (nuvem, linhas, etc.).

A ferramenta Voyant permite selecionar um corpus copiando e colando o próprio texto ou uma página html; abrir um corpus já existente na web ou mesmo carregar arquivos e/ou pastas do computador pessoal. Uma vez que o corpus é selecionado, há várias ferramentas disponíveis para análise, dentre as quais, segundo Sinclair e Rockwell (2020)SINCLAIR, S.; ROCKWELL G. About - Voyant Tools Help. [S. l.:s. n.], 2020. Disponível em: https://voyant-tools.org/docs/%23!/guide/about. Acesso em: 1 set. 2020.
https://voyant-tools.org/docs/%23!/guide...
, destacam-se:

  1. Nuvem de palavras (Cirrus): é possível visualizar as palavras mais frequentes do corpus em diferentes tamanhos, e também a frequência relativa de cada palavra por documento;

  2. Leitor (Reader): permite a leitura e análise de um texto;

  3. Tendências (Trends): mostra um gráfico de linhas com a distribuição da frequência relativa dos termos em relação ao corpus ou a um documento específico;

  4. Sumário (Summary): é possível ter uma visão geral do corpus com as características quantitativas - como a quantidade de palavras, as palavras mais frequentes, a extensão dos documentos, a densidade vocabular etc.;

  5. Contextos (Contexts): como o próprio nome sugere, é possível ver as palavras no seu contexto, ou seja, a frase anterior e a posterior e o termo de interesse entre ambas;

  6. Gráfico de bolhas e Bolhas (Bubblelines e Bubbles): visualização da frequência e distribuição dos termos por linha e em bolhas;

  7. Gráfico de linhas (Collocates Graph): visualização dos termos em proximidade com o termo principal em rede;

  8. Mandala (Mandala): demonstra as relações entre os termos selecionados e os documentos nos quais aparecem;

  9. Gráfico de dispersão (ScatterPlot): permite criar clusters conglomerados de palavras mediante semelhança, análise de correspondência e componentes entre os textos.

O corpus de análise foi composto por 100 documentos em formato PDF, que correspondem a textos nacionais e internacionais sobre, ou tangente, à materialidade do livro. Com relação ao critério de nacionalidade, foram considerados nacionais os textos recuperados das bases nacionais, como a BRAPCI, o repositório E-Lis e a BDTD, por exemplo. E foram considerados internacionais os textos recuperados de bases internacionais, como é o caso da LISA, LISTA, Web of Science etc.

No Quadro 1, em apêndice, é possível observar que alguns textos, mesmo que publicados em periódicos nacionais, aparecem categorizados na parte internacional, como é o caso de Novaes (2015) e Saldanha (2015). Isso acontece justamente porque os mesmos foram recuperados de bases internacionais, o que denota que textos em língua portuguesa publicados em periódicos nacionais - no caso, respectivamente, Matraga: Estudos Linguísticos e Literários e Informação & Sociedade: Estudos - indexados em bases internacionais estão disponíveis para uma gama maior de pesquisadores.

Entre os documentos, 79 são artigos, 1 é capítulo de livro, 2 são artigos de revisão de livro, 9 são trabalhos oriundos de anais de eventos, 3 são dissertações, 5 são trabalhos de conclusão de curso e 1 é boletim. O Quadro 1, em apêndice, apresenta os documentos mapeados, bem como a análise e uma síntese das perspectivas de materialidade identificadas.

Estes documentos correspondem ao período entre 1996 e 2020, com maior ocorrência de publicações nos anos de 2017 (14 documentos), 2016 e 2018 (ambos com 13 documentos), respondendo ao objetivo específico de número 7, que consiste em situar temporalmente a cobertura do tema. Não foi utilizado critério de delimitação temporal nas pesquisas, ou seja, o intervalo mencionado foi obtido em razão da data dos textos recuperados com a exploração, algo que aponta para a emergência do tema, a partir de 1996, nas investigações. Foi realizado o upload do corpus na versão web 2.4 do Voyant Tools.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O corpus de 100 documentos possui 1.014.189 formas únicas de palavras. Entre as 25 palavras mais frequentes e significativas4 4 Foi utilizado o recurso “Stopwords” do Voyant Tools, que consiste numa lista de palavras irrelevantes definidas pelo pesquisador de modo a eliminar dos resultados os termos não significativos como preposições, artigos, conjunções, símbolos de pontuação e números. , valendo-se do recurso Nuvem de palavras, destacam-se: “livro” (book) ou “livros” (books), “informação” (information), “leitura” (reading), “material”, “novo” (new), “digital”, “texto” (text), “biblioteca” (library), “documento”, “memória”, “ciência”, “social”, “materialidade”, entre outros.

Figura 1
Termos mais frequentes (numa faixa de até 25) do corpus

Além de corresponder ao objetivo específico número 1, que consiste em identificar as variações do tema materialidade do livro no âmbito terminológico, a frequência desses termos - que rementem à dimensão do “livro analógico”, “livro impresso”, “livro físico”, “livro tradicional”, “livro digital”, “e-book”, dentre outras -, permite considerar o livro como tema de estudo principal no corpus de análise, ponto de partida para compreender o livro em diversos aspectos, seja como fonte de informação ou, para além disso, como uma expressão de materialidade, algo que engloba a esfera física e simbólica.

Nesse sentido, o livro pode ser apreendido como um “semióforo”, ou seja, um objeto com significados, dentre os quais: um objeto de memória, que carrega identidade cultural e social; no âmbito institucional, onde sua materialidade evoca/provoca ações e práticas, em atribuições de intencionalidades pronunciadas institucionalmente; no âmbito digital, com o qual o livro, complementarmente, possibilita novas leituras e formatos; no âmbito acadêmico, quando serve, simultaneamente, de tema de estudo e direcionador de formação e práticas profissionais.

O termo “documento”, por sua vez, se relaciona com a possibilidade de constituir um monumento5 5 Jacques Le Goff discute a ideia de documento e monumento em sua obra História e memória. Para o autor, a herança do passado é perpetuada no tempo através dos monumentos, e os documentos são materiais de escolha do historiador que servem como prova para o fato histórico. A concepção do documento/monumento permite a compreensão do documento como não somente algo do passado, mas como um produto social criado em meio a relações de poder e força. Nas palavras do autor: “[...] Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa.” (LE GOFF, 2013, n. p.). Para uma análise sobre o tema no âmbito da Ciência da Informação, ver Rabello e Rodrigues (2018). , de possuir materialidade, de poder ser um objeto de arquivo e de conter informação.

Figura 2
Relações temáticas do termo “documento” no corpus

Com a ferramenta Mandala do Voyant Tools é possível visualizar as relações entre os termos e os documentos que os contêm. Ao selecionar os termos “livro” (books), “livros” (books), “material” e “materialidade” (materiality) pode-se observar que eles se mesclam no corpus, caracterizando uma produção que tem como objeto de interesse a temática da materialidade do livro.

Figura 3
Relações entre os termos “livro” (book), “livros” (books), “material” e “materialidade” (materiality) e os documentos do corpus

Como se pode observar, no lado esquerdo da figura estão os autores que tratam de “livro” (representado em azul escuro) e/ou “livros” (representado em rosa). Nessa temática, aparecem autores como Saldanha (2013), Teixeira (2010), Teixeira et al. (2014), Mendes et al. (2017)MENDES, L.; CUSTÓDIO, M.; EGGERT-STEINDEL, G. Livro didático: o despertar da memória afetiva. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 13, p. 932-943, 2017. Disponível em: https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/1043. Acesso em: 1 set. 2022.
https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/v...
, Goulart (2014GOULART, I. C. V. Entre a materialidade do livro e a interatividade do leitor: práticas de leitura. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v. 12, n. 2, p. 5-19, 2014. DOI: https://doi.org/10.20396/rdbci.v12i2.1611. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/1611. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.20396/rdbci.v12i2.161...
; 2016GOULART, I. C. V. A compreensão e conceituação de livro num jogo de representações. Leitura: Teoria & Prática, Campinas, v. 34, n. 67, p. 69-82, 2016. DOI: https://doi.org/10.34112/2317-0972a2016v34n67p69-82. Disponível em: https://ltp.emnuvens.com.br/ltp/article/view/512. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.34112/2317-0972a2016v...
), Brentano (2004), Rosa (2018)ROSA, F. P. Bibliófilos: seu papel social na preservação e disseminação da cultura impressa. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biblioteconomia e Ciência da Informação) - Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em: http://biblioteca.fespsp.org.br:8080/pergamumweb/vinculos/000009/0000093d.pdf. Acesso em: 22 set. 2022.
http://biblioteca.fespsp.org.br:8080/per...
, Bibas (2019), Corsino et al. (2017), Beleza (2013), Amorim et al. (2019)AMORIM, I. S. et al. A estrutura do livro como matriz de ordenação do conhecimento. Em Questão, Porto Alegre, v. 25, p. 264-287, 17 out. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245250.264-287. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/EmQuestao/article/view/92374. Acesso em: 1 set. 2022.
http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245250....
, Campos e Venâncio6 6 Aparece como “Microsoft...” na figura. (2006)CAMPOS, L. F. B.; VENÂNCIO, L. S. O objeto de estudo da Ciência da Informação: a morte do indivíduo. Informação & Informação, Londrina, v. 11, n. 1, p. 5-25, jan./jun. 2006. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/1720. Acesso em: 1 set. 2022.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php...
, Feltre7 7 Aparece como “capa_digit.” na figura. (2015), Gruszynski e Castedo8 8 Aparece como “A material.” na figura. (2018)GRUSZYNSKI, A. C.; CASTEDO, R. S. A materialidade do livro na contemporaneidade: imbricamentos entre imediação e hipermediação. Interin: Revista do Programa de Pós- Graduação em Comunicação e Linguagens Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, v. 23, n. 1, p. 238-255, jan./jun. 2018. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/5044/504459789014/504459789014.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.
https://www.redalyc.org/journal/5044/504...
, Cavalcante9 9 Aparece como “Redalyc.CU” na figura (2009), Cataldo e Loureiro10 10 Aparece como “Template_C” na figura. (2019), Almeida11 11 Aparece como “Dubois...” na figura. (2009), Silva12 12 Aparece como “013” na figura. (2013), Serejo e Juvêncio (2020)SEREJO, V.; JUVÊNCIO, C. H. Livro, identidade e memória. Memória e Informação, [s. l.], v. 4, n. 2, p. 193-210, 2020. Disponível em: http://memoriaeinformacao.casaruibarbosa.gov.br/index.php/fcrb/article/view/138. Acesso em: 1 set. 2022.
http://memoriaeinformacao.casaruibarbosa...
, entre outros.

No centro da figura encontram-se, em grande medida, os autores que tratam da mesma temática, mas em língua inglesa, com o uso dos termos “book” (representado em verde) e “books” (representado em roxo). São eles: Ashton13 13 Aparece como “On document” na figura. (2007), Sehn e Fragoso14 14 Aparece como “Emerald_OI” na figura. (2016), Thumala Olave15 15 Aparece como “book love” na figura. (2020), Durant e Horava (2015), Hérubel16 16 Aparece como “Pauline...” na figura. (2019), Mules17 17 Aparece como “Publishing...” na figura. (2011), Day (2018), Melot (2001), Plate (2015)PLATE, L. How to do things with literature in the digital age: Anne Carson’s Nox, multimodality, and the ethics of bookishness. Contemporary Women's Writing, Oxford, v. 9, n. 1, p. 93-111, jan. 2015. DOI: https://doi.org/10.1093/cww/vpu038. Disponível em: https://academic.oup.com/cww/article-abstract/9/1/93/414182. Acesso em: 1 set. 2022.
https://doi.org/10.1093/cww/vpu038...
, Novaes (2015), Lanning e Bengtson18 18 Aparece como “Traces...” na figura. (2016), Prosser19 19 Aparece como “Affect...” na figura. (2020), Franssen e Velthuis20 20 Aparece como “untitled” na figura. (2014), Régnier21 21 Aparece como “Caheiers-pa...” na figura. (2014), Gordon-Burroughs22 22 Aparece como “Straight...” na figura. (2017), Martin e Quan- Haase23 23 Aparece como “Emerald-JD” na figura. (2016), Hebing24 24 Aparece como “Allmygti...” na figura. (2017), Latham25 25 Aparece como “Medium...” na figura. (2010), entre outros.

Já no lado direito da figura destacam-se os autores que abordam “materialidade” (representada em laranja) e a tradução inglesa “materiality” (representada em azul claro), bem como autores que tratam do aspecto “material (representado em azul neon) - que apareceu tanto em textos em português como em textos em inglês. São eles: Rabello (2018RABELLO, R. Documento e institucionalidades: dimensões epistemológica e política. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, v. 23, n. 51, p. 138-156, jan. 2018. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/147/14753783011/html/. Acesso em: 29 set. 2022.
https://www.redalyc.org/journal/147/1475...
; 2019RABELLO, R. Informação institucionalizada e materializada como documento. Brazilian Journal of Information Science, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 5-25, 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/bjis/article/view/8932. Acesso em: 29 set. 2022.
https://revistas.marilia.unesp.br/index....
), Crippa (2020), Santos (2018), Maia (2019), Siqueira (2015), Souza e Crippa26 26 Aparece como “O patrimôn...” na figura. (2011), Andretta e Perrotti27 27 Aparece como “Template_C” na figura. (2018), Dutta e Das (2005), Hultin28 28 Aparece como “On becomin...” na figura. (2019), Luyt e Sagun29 29 Aparece como “Let Bookst...” na figura. (2016), O’Sullivan et al.30 30 Aparece como “Inovattors” na figura. (2017), entre outros.

Nota-se que as linhas que percorrem a mandala se mesclam, de modo que é possível visualizar linhas de todas as cores muito próximas umas das outras. Isso demonstra o quanto os textos estão relacionados entre si; um texto que está em um canto da mandala, por exemplo, pode ter sua linha ramificada para outros cantos da mesma.

Por sua vez, ao selecionar o termo “materialidade” na ferramenta Nuvem de palavras no Voyant Tools, é possível observar que a palavra foi o 21º termo mais repetido no corpus, incidindo 816 vezes (frequência absoluta). A figura abaixo demonstra as co-ocorrências atreladas ao termo “materialidade”.

Figura 4
Caracterização do termo “materialidade” no corpus

Já em sua tradução para o inglês - “materiality” - aparece como o 51º termo mais repetido, com 503 ocorrências (frequência absoluta). O termo “materialidade”, em português, aparece em maior co-ocorrência com os termos “livro” ou “livros”, “exploram”, “leituras” e “mediações”. Já o termo “materiality”, em inglês, aparece em maior co-ocorrência com os termos “livro” (book), “significado” (meaning), “leitura” (reading), “Interação Humano- Computador” (HCI, sigla para o inglês Human-Computer Interaction) e documento (document).

Figura 5
Caracterização do termo “materiality” no corpus

Assim, o tema materialidade, de modo geral, se correlaciona com o objeto livro, que contém obras literárias ou não, em espaços como os de bibliotecas e configurando determinadas práticas. Ademais, o termo materialidade se correlaciona com informação, com tecnologia e com a relação estabelecida entre sujeito humano e livro -, mesmo no contexto computacional.

Por padrão, o primeiro documento que aparece no Módulo leitor do Voyant Tools é O objeto de estudo da Ciência da Informação: a morte do indivíduo (CAMPOS; VENÂNCIO, 2006CAMPOS, L. F. B.; VENÂNCIO, L. S. O objeto de estudo da Ciência da Informação: a morte do indivíduo. Informação & Informação, Londrina, v. 11, n. 1, p. 5-25, jan./jun. 2006. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/1720. Acesso em: 1 set. 2022.
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php...
). O texto demonstra a emergência da abordagem holística na Ciência da Informação, apontando para a integração da dimensão material e social em múltiplas dimensões. Em relação à materialidade, o estudo encontra respaldo em Bernd Frohmann, autor que a entende atrelada a aspectos públicos e sociais. De modo geral, as reflexões naquele texto salientam a importância de construções holísticas e interdisciplinares na área da Ciência da Informação, o que converge com a possibilidade de considerar a materialidade como elemento integrador e interdisciplinar que dialoga com a Ciência da Informação.

Também é possível isolar um termo para verificar sua frequência relativa no corpus, por meio da ferramenta Tendências do Voyant Tools, estratégia adotada para compreender a incidência de “materialidade” e a tradução para o inglês - “materiality” -, conforme pode ser observado a seguir.

Gráfico 1
Tendências do termo “materialidade” e “materiality” no corpus

O gráfico é composto, na reta vertical, pelas frequências relativas dos documentos, onde o menor limite de frequência é 0.0000 e o maior limite de frequência é 0.0048564. A escala de variação da frequência relativa vai de 0.0000 a 1.0000, onde 0.0000 representa que não houve ocorrências do termo, e 1.0000 representa que todos os termos do documento são o termo escolhido para análise. Na reta horizontal do gráfico, estão os 100 textos que compõem o corpus. O texto com a maior frequência relativa (0.0048564) é o Let Bookstores be Bygones? Memories and Materiality of Bookstores on the Pages of the Singapore Memory Project (LUYT; SAGUN, 2016), com 23 ocorrências do termo materialidade. Ao clicar no texto em questão, outro tipo de análise pode ser realizado com a ferramenta Contextos, que traz o termo acompanhado da frase anterior e posterior:

Figura 6
Contextos (numa faixa de 1) em “Let Bookstores be Bygones? Memories and Materiality of Bookstores on the Pages of the Singapore Memory Project

Com base nessa aplicabilidade do Voyant Tools, constata-se que os autores (LUYT; SAGUN, 2016) refletem sobre o Singapore Memory Projetc, projeto que trouxe várias considerações acerca das livrarias como lugar de materialidade e como espaço que faz parte dos eventos ocorridos na vida das pessoas. As livrarias, no âmbito do projeto, se constituem como um lugar que desempenha um papel cotidiano na vida dos singapurianos e influencia a indústria livreira, mesmo diante das vendas de livro online. Desse modo, a livraria é um “teatro da materialidade” (theatres of materiality), cuja potencialidade simbólica a erige como instituição de memória na sociedade (LUYT; SAGUN, 2016).

Em resposta ao objetivo específico número 6, que consiste em identificar dissertações e trabalhos de conclusão de curso sobre o tema, a ferramenta Mandala apresenta os assuntos mais abordados na produção acadêmica sobre materialidade do livro. São textos que abordam temas como livro, papel, página, dentre outros, que concernem à temática materialidade do livro; tratam, ademais, de objetos que podem ou não conter figuras e que estão ligados ao mundo da arte, mesmo que simbolicamente. Em instituições como bibliotecas, esses objetos orientam leituras e informam o seu público sobre diversos assuntos.

Figura 7
Relações entre os termos mais significativos (numa faixa de 10) e os documentos acadêmicos do corpus

A dissertação Experiências com livros que exploram a sua materialidade: mediações e leituras possíveis (FELTRE, 2015FELTRE, C. Experiências com livros que exploram a sua materialidade: mediações e leituras possíveis. 2015. Dissertação (Mestrado em Artes) - Curso de Pós-Graduação em Artes, Instituto de Artes, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2015. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/132012. Acesso em: 28 jul. 2022.
https://repositorio.unesp.br/handle/1144...
)31 31 Na imagem, o Voyant Tools identifica o texto como “capa_digital_frente”. Ao clicar no texto, pode-se realizar a leitura e identificar as informações necessárias com o módulo leitor. corresponde ao texto com maior incidência dos termos “livros” e “materialidade”. Ao analisar as co-ocorrências em relação ao termo “livro”, observa- se que este está associado à leitura realizada mediante a exploração da materialidade. Para tanto, a autora realiza a oficina É um livro...? em algumas instituições culturais e educativas, como bibliotecas públicas e as Fábricas de Cultura do Estado de São Paulo. A partir dessa mediação, discute caminhos possíveis para aproximar a criança do livro e da leitura (FELTRE, 2015FELTRE, C. Experiências com livros que exploram a sua materialidade: mediações e leituras possíveis. 2015. Dissertação (Mestrado em Artes) - Curso de Pós-Graduação em Artes, Instituto de Artes, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2015. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/132012. Acesso em: 28 jul. 2022.
https://repositorio.unesp.br/handle/1144...
).

Figura 8
Co-ocorrências (numa faixa de 10) do termo “livro” em Experiências com livros que exploram a sua materialidade: mediações e leituras possíveis

Em relação aos periódicos, e respondendo aos objetivos específicos de número 2 e 4 (respectivamente, identificar os periódicos brasileiros de maior cobertura do tema e identificar os periódicos internacionais de maior cobertura do tema), os periódicos que mais publicaram artigos foram: Encontros Bibli (com 7 artigos); Journal of Documentation (com 6 artigos); Publishing Research Quarterly (com 4 artigos); Informação & Sociedade: Estudos, Perspectivas em Ciência da Informação, Informational Society e Library Trends (com 3 artigos, cada um); Library and Information Science Research Electronic Journal (LIBRES), Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação e Em Questão (com 2 artigos, cada).

Os periódicos foram diferenciados segundo sua classificação Qualis/CAPES32 32 Qualis é um sistema de classificação da produção acadêmica publicada em periódicos científicos utilizado no processo de avaliação dos Programas de Pós-Graduação brasileiros pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A classificação afere a qualidade por meio da análise das publicações em diferentes estratos. O Qualis relativo ao quadriênio 2013-2016 apresenta os seguintes níveis: A1; A2; B1; B2; B3; B4; C (peso zero). O Qualis referente ao quadriênio 2017-2020 (em processo de consolidação) apresenta os seguintes estratos: A1; A2; A3; A4; B1; B2; B3; B4; C (peso zero) (COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR, c2022). para atender ao objetivo específico de número 5, que consiste em demonstrar a relação entre periódicos que cobriram o tema e nível Qualis/CAPES das revistas. O quadro demonstra a qualificação de 2017-2020 para o eixo de Comunicação e Informação33 33 Em alguns casos não foi possível encontrar a classificação atualizada nesse eixo, de modo que optou-se por usar a de 2013-2016 (conforme detalhado entre parênteses). ; e a classificação de 2013-2016 para o eixo Interdisciplinar (a avaliação mais recente na Plataforma Sucupira, da CAPES)34 34 Nos casos nos quais não foi possível encontrar a qualificação nos eixos de Comunicação e Informação e Interdisciplinar, optou-se por utilizar o termo “sem Qualis/CAPES”. .

Quadro 2
Principais periódicos por classificação Qualis/CAPES

Com relação ao objetivo específico número 3, que consiste em identificar as bases nacionais internacionais com maior incidência do tema, a maioria das publicações encontra- se acessível via BRAPCI (32 publicações), o que demonstra a abrangência dessa base em nível nacional. Em segundo lugar, aparece a LISA (com 22 publicações), seguida da Scopus (com 12 publicações), da Web of Science (com 9 publicações) e da LISTA (com 5 publicações). Nas outras fontes consultadas, observam-se os seguintes resultados: Google Acadêmico (com 12 publicações); repositório E-Lis (com 5 publicações) e BDTD (com 3 itens).

Por fim, para atender ao objetivo específico número 8, que consiste em apontar - por quantidade de publicações identificadas - o autores que têm investigado sobre o tema, são estes os autores que mais publicaram sobre o tema: Rodrigo Rabello (7 publicações); Georgete Medleg Rodrigues (com 5 publicações); Ilsa do Carmo Vieira Goulart e Kiersten F. Latham (com 4 publicações cada); Eduardo Ismael Murguia e Gustavo Silva Saldanha (com 3 publicações cada); e Giulia Crippa, Joost Kircz, Paulien Kreutzer, Alcenir Soares dos Reis, Diane H. Sonnenwald e Judith Stoop (com 2 publicações cada).

5 CONCLUSÕES

A materialidade da informação tem suscitado - num período de 24 anos (de 1996 a 2020) - novas abordagens no campo da Ciência da Informação que possibilitam ampliar as interpretações sobre os documentos, ao considerar os diversos aspectos que transcendem os suportes, como os de ordem social, cultural, institucional, simbólica, afetiva, entre outros.

Nessa direção, os textos mapeados trazem indícios a esse respeito, pois, cada qual com sua particularidade destaca o caráter complexo e multifacetado da informação inserida numa rede de interações sociais, culturais, temporais e/ou econômicas no qual se desdobram as diversas camadas de institucionalização dos documentos, em modos de institucionalidade que se concretizam no espaço simbólico de bibliotecas, museus, arquivos, coleções particulares, dentre outros.

O mapeamento demonstrou a emergência da temática, bem como apontamentos relevantes para a pesquisa no campo. Pensar o livro de maneira holística, nesse sentido, é considerar suas múltiplas dimensões. Destaca-se o livro analógico, impresso ou físico, assim como o livro digital ou e-book, cuja fisicalidade se manifesta em hardware e na relação entre sujeito e objeto, caracterizada na modificação de práticas e comportamentos, bem como na criação de novas documentalidades.

A diferenciação de livros tradicionais e livros digitais corresponde a uma questão recorrente nas pesquisas sobre materialidade, algo que pode ser observado em maior detalhe no mapeamento realizado (ver Quadro 1). Conforme o levantamento, há interpretações sobre a importância ou acerca da diferenciação dos livros impressos, por vezes, em oposição aos livros digitais, e vice-versa. O livro - quando estudado tendo como fundamento a multidimensionalidade da materialidade, seja expressa em meio analógico ou digital - se constitui como um objeto simbólico para além de ser concebido como mera fonte de informação.

Esse “para além” foi evidenciado nos estudos mapeados. Neles, assinala-se, por exemplo, a relação do livro com a memória individual e coletiva. O livro, com efeito, se apresenta como um ator provocador de ações no âmbito pessoal (no intuito de formar coleções particulares, por exemplo) e no âmbito institucional (na formação de coleções que expressam alguma missão institucional, por exemplo). Como documento, o livro possui autoridade institucional e/ou científica, sendo fonte e objeto de conhecimento, bem como se apresenta como a tradução de relações de poder, ou seja, em situações de assimetria e de tensionamentos de saberes, de modos de inscrições, de idiomas e linguagens.

Os recursos do Voyant Tools foram úteis para essas e outras considerações acerca dos textos mapeados. Em relação à materialidade, o termo aparece em relação direta com o livro, definindo o escopo de interesse da análise. Ademais, a materialidade, em termos conceituais, é uma propriedade da informação e está presente antes mesmo de a informação ser registrada em algum suporte. Ainda assim, a materialidade da informação pode ser expressa não apenas no objeto livro, mas também em outros objetos presentes no cotidiano, precedendo, assim, sua consideração como algo ou “coisa” informativa e/ou institucionalizada. Numa palavra, a materialidade da informação antecede a valoração do objeto como documento. De todo modo, os objetos imbuídos de significado, sejam abordados como livro e/ou como documento, são semióforos caracterizados por sua materialidade.

Com relação aos resultados bibliométricos, constatou-se que grande parte do universo de publicações é constituída de artigos científicos, publicados entre 1996 e 2020, com seu ápice de publicações no ano de 2017. O periódico brasileiro que mais cobriu o tema foi o Encontros Bibli. O periódico internacional que mais cobriu o tema foi o Journal of Documentation.

A base de dados que mais cobriu o tema foi a BRAPCI, e, em nível internacional, a LISA. Entre os autores que mais publicaram sobre o tema, destacam-se os brasileiros Rodrigo Rabello, Ilsa do Carmo Vieira Goulart, Georgete Medleg Rodrigues e Gustavo Silva Saldanha, além do peruano radicado no Brasil, Eduardo Ismael Murguia, e da estadunidense Kiersten F. Latham.

Registra-se, por fim, que investigações que se utilizam do recurso do mapeamento temático, bem como se utilizam da estratégia de visualização e análise dos resultados mediante ferramentas - sobretudo com software de código aberto, como é o caso da Voyant Tools - sejam relevantes para identificar não apenas a importância do tema pesquisado para determinada área, como também para orientar futuras investigações.

Nessa direção, estudos futuros podem ser realizados, por exemplo, para o mapeamento, visualização e análise de textos e autores que se destacam na investigação sobre o livro. Poder- se-ia, com isso, identificar as áreas de origem - de formação e de atuação profissional e de pesquisa - dos principais investigadores, bem como identificar quais os outros cursos, para além daqueles em diálogo com a Ciência da Informação, como é o caso dos cursos de Biblioteconomia, que têm se interessado e trabalhado com a temática do livro.

APÊNDICE1

Quadro 1
Corpus constituído de textos sobre a materialidade do livro e perspectivas
  • 1
    Ao se estabilizar e adquirir força institucional no objeto/documento, a materialidade da informação pode ser estudada no contexto de institucionalidades e instituições apreendidas “[...] como espaços de conflitos, de disputas e de ‘legitimação de discursos’ para a ‘representação da realidade’.” (RABELLO; RODRIGUES, 2014RABELLO, R.; RODRIGUES, G. M. Prova documental: inscrições e materialidade. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, João Pessoa, v. 7, n. 2, 2014. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/24678. Acesso em: 29 set. 2022.
    https://repositorio.unb.br/handle/10482/...
    , p. 10, destaques dos autores).
  • 2
    As metáforas “obra literária” e “livro” podem ser visualizadas na figura do “homem livro”, especulada no romance distópico de ficção científica Fahrenheit 451, escrito por Ray Bradbury e publicado em 1953, com adaptações ao cinema pelos diretores François Truffaut, em 1966, e Frank Darabont, em 2018.
  • 3
    Na definição do Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia, bibliofilia é o “Gosto, paixão pelos livros raros e preciosos”, e constitui a “Arte e ciência do bibliófilo” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008CUNHA, M. B.; CAVALCANTI, C. R. O. Dicionário de biblioteconomia e arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2008. 451 p., p. 46).
  • 4
    Foi utilizado o recurso “Stopwords” do Voyant Tools, que consiste numa lista de palavras irrelevantes definidas pelo pesquisador de modo a eliminar dos resultados os termos não significativos como preposições, artigos, conjunções, símbolos de pontuação e números.
  • 5
    Jacques Le Goff discute a ideia de documento e monumento em sua obra História e memória. Para o autor, a herança do passado é perpetuada no tempo através dos monumentos, e os documentos são materiais de escolha do historiador que servem como prova para o fato histórico. A concepção do documento/monumento permite a compreensão do documento como não somente algo do passado, mas como um produto social criado em meio a relações de poder e força. Nas palavras do autor: “[...] Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa.” (LE GOFF, 2013LE GOFF, J. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 2013., n. p.). Para uma análise sobre o tema no âmbito da Ciência da Informação, ver Rabello e Rodrigues (2018)RABELLO, R.; RODRIGUES, G. M. Informação como prova ou monumento: materialidade, institucionalidade e representação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 19., 2018, Londrina. Anais... Londrina: ANCIB, 2018. Disponível em: https://brapci.inf.br/index.php/res/v/102585. Acesso em: 29 set. 2022.
    https://brapci.inf.br/index.php/res/v/10...
    .
  • 6
    Aparece como “Microsoft...” na figura.
  • 7
    Aparece como “capa_digit.” na figura.
  • 8
    Aparece como “A material.” na figura.
  • 9
    Aparece como “Redalyc.CU” na figura
  • 10
    Aparece como “Template_C” na figura.
  • 11
    Aparece como “Dubois...” na figura.
  • 12
    Aparece como “013” na figura.
  • 13
    Aparece como “On document” na figura.
  • 14
    Aparece como “Emerald_OI” na figura.
  • 15
    Aparece como “book love” na figura.
  • 16
    Aparece como “Pauline...” na figura.
  • 17
    Aparece como “Publishing...” na figura.
  • 18
    Aparece como “Traces...” na figura.
  • 19
    Aparece como “Affect...” na figura.
  • 20
    Aparece como “untitled” na figura.
  • 21
    Aparece como “Caheiers-pa...” na figura.
  • 22
    Aparece como “Straight...” na figura.
  • 23
    Aparece como “Emerald-JD” na figura.
  • 24
    Aparece como “Allmygti...” na figura.
  • 25
    Aparece como “Medium...” na figura.
  • 26
    Aparece como “O patrimôn...” na figura.
  • 27
    Aparece como “Template_C” na figura.
  • 28
    Aparece como “On becomin...” na figura.
  • 29
    Aparece como “Let Bookst...” na figura.
  • 30
    Aparece como “Inovattors” na figura.
  • 31
    Na imagem, o Voyant Tools identifica o texto como “capa_digital_frente”. Ao clicar no texto, pode-se realizar a leitura e identificar as informações necessárias com o módulo leitor.
  • 32
    Qualis é um sistema de classificação da produção acadêmica publicada em periódicos científicos utilizado no processo de avaliação dos Programas de Pós-Graduação brasileiros pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A classificação afere a qualidade por meio da análise das publicações em diferentes estratos. O Qualis relativo ao quadriênio 2013-2016 apresenta os seguintes níveis: A1; A2; B1; B2; B3; B4; C (peso zero). O Qualis referente ao quadriênio 2017-2020 (em processo de consolidação) apresenta os seguintes estratos: A1; A2; A3; A4; B1; B2; B3; B4; C (peso zero) (COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR, c2022COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (Brasil). Plataforma Sucupira. In: COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (Brasil). Qualis Periódicos. [Brasília, DF]: Coordenação de Pessoal de Nível Superior, c2022. Disponível em: https://bit.ly/3wPEcNU. Acesso em: 1 set. 2022.
    https://bit.ly/3wPEcNU...
    ).
  • 33
    Em alguns casos não foi possível encontrar a classificação atualizada nesse eixo, de modo que optou-se por usar a de 2013-2016 (conforme detalhado entre parênteses).
  • 34
    Nos casos nos quais não foi possível encontrar a qualificação nos eixos de Comunicação e Informação e Interdisciplinar, optou-se por utilizar o termo “sem Qualis/CAPES”.
  • Disponibilidade de dados e material:

    Não é aplicável.
  • Financiamento: Este estudo foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES), Código Unanceiro 001.

REFERÊNCIAS

  • AMORIM, A. K. A. O livro para além da informação: materialidade a partir de dimensões histórico-conceituais e temático-comparativas em anais de eventos e em periódicos brasileiros em Ciência da Informação. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) - Curso de Biblioteconomia, Faculdade de Ciência da Informação, Universidade de Brasília, Brasília, 2021. Disponível em: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/30051/1/2021_AnaKarolinaAlvesAmorim_tcc.pdf Acesso em: 29 set. 2022.
    » https://bdm.unb.br/bitstream/10483/30051/1/2021_AnaKarolinaAlvesAmorim_tcc.pdf
  • AMORIM, I. S. et al A estrutura do livro como matriz de ordenação do conhecimento. Em Questão, Porto Alegre, v. 25, p. 264-287, 17 out. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245250.264-287 Disponível em: https://seer.ufrgs.br/EmQuestao/article/view/92374 Acesso em: 1 set. 2022.
    » http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245250.264-287» https://seer.ufrgs.br/EmQuestao/article/view/92374
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jan 2023
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    29 Ago 2022
  • Aceito
    19 Set 2022
  • Publicado
    14 Out 2022
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