Acessibilidade / Reportar erro

Hiperplasia da cabeça mandibular: diagnóstico e tratamento. Relato de caso

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

A hiperplasia da cabeça mandibular é uma doença na qual há um crescimento excessivo da cabeça, ramo e corpo mandibulares que causa assimetria facial. A sua abordagem terapêutica não apresenta um consenso e, dada a sua complexidade, constitui um desafio para o cirurgião maxilofacial e para o ortodontista. O objetivo deste estudo foi discutir os aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos envolvidos na abordagem dessa doença, clarificando o papel da condilectomia.

RELATO DO CASO:

Paciente do gênero feminino, 19 anos, caucasiana, procurou atendimento de um Cirurgião Maxilofacial devido a assimetria facial e dor na articulação temporomandibular direita. Não possuía antecedentes médicos ou gestacionais ou familiares de deformidade facial, nem história de trauma ou infecção articular prévios. Apresenta-se um caso clínico de alongamento hemimandibular tratado com condilectomia.

CONCLUSÃO:

A condilectomia é um procedimento seguro e eficaz, sem sequelas articulares funcionais, que evita a progressão da deformidade dentofacial, minimizando o seu impacto psicossocial e facilitando o tratamento posterior.

Descritores:
Assimetria facial; Cabeça mandibular; Distúrbios da articulação temporomandibular; Hiperplasia

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

Mandibular condylar hyperplasia is a disease where excessive growth of mandibular condyle, ramus and body elicits facial asymmetry. Its therapeutic management is not a consensus and, due to its complexity, is a challenge for maxillofacial surgeons and orthodontists. This study aimed at discussing clinical, diagnostic and therapeutic aspects of the management of this disease, and at explaining the role of condylectomy.

CASE REPORT:

Female patient, 19 years old, Caucasian, looked for maxillofacial surgeon assistance due to facial asymmetry and pain on right temporomandibular joint. Patient had no medical, gestational or family history of facial deformity, or history of previous joint trauma or infection. This was a case of hemimandibular elongation treated with condylectomy.

CONCLUSION:

Condylectomy is a safe and effective procedure, without functional joint sequelae, which prevents dentalfacial deformity progression, minimizing its psychosocial impact and helping future treatment.

Keywords:
Facial asymmetry; Hyperplasia; Mandibular condyle; Temporomandibular joint disorders

INTRODUÇÃO

A hiperplasia da cabeça da mandíbula foi descrita pela primeira vez em 1836 por Robert Adams, descrevendo um caso de artrite reumatóide11 Rushton MA. Unilateral hyperplasia of the mandibular condyle. Proc R Soc Med. 1946;39(7):431-8.. É uma entidade patológica da articulação temporomandibular (ATM) na qual se verifica um crescimento excessivo da mandíbula, geralmente unilateral, que condiciona problemas estéticos e funcionais22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.. Ocorre preferencialmente, entre 10 e 30 anos de idade, havendo, contudo, relato de casos desde os 9 aos 80 anos, podendo essa discrepância ser explicada pelo momento em que o paciente procura tratamento com os profissionais da área da saúde33 Nitzan DW, Katsnelson A, Bermanis I, Brin I, Casap N. The clinical characteristics of condylar hyperplasia: experience with 61 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2008;66(2):312-8.,44 Hampf G, Tasanen A, Nordling S. Surgery in mandibular condylar hyperplasia. J Maxillofac Surg. 1985;13(2):74-8.. A sua etiologia é desconhecida, no entanto, têm sido apontados diversos fatores causais que incluem a hiperremodelação da cabeça da mandíbula pós-trauma, infecção articular, distúrbios hormonais, hipervascularização da cabeça da mandíbula, alterações intrauterinas e fatores genéticos55 Angiero F, Farronato G, Benedicenti S, Vinci R, Farronato D, Magistro S, et al. Mandibular condylar hyperplasia: clinical, histopathological, and treatment considerations. Cranio. 2009;27(1):24-32.. Em 1986, Obwegeser e Makek classificaram a hiperplasia da cabeça da mandíbula em dois tipos principais: alongamento hemimandibular e hiperplasia hemimandibular. No entanto, a doença pode se manifestar de forma híbrida unilateral ou combinada bilateral66 Obwegeser HL, Makek MS. Hemimandibular hyperplasia--hemimandibular elongation. J Maxillofac Surg. 1986;14(4):183-208.. No alongamento hemimandibular o vetor de crescimento é horizontal, com um alongamento de todos os componentes da hemimandíbula afetada. As características principais consistem no desvio contralateral do mento e da linha média dentária inferior, mordida cruzada contralateral e relação molar tipo Classe III ipsilateral. Por sua vez, na hiperplasia hemimandibular verifica-se um crescimento tridimensional do lado afetado da mandíbula, com um aumento vertical do hemi-terço inferior da face e projeção inferomedial da borda basilar mandibular. Frequentemente há inclinação do plano oclusal maxilar e um desvio mínimo do mento e da linha média dentária inferior no sentido contralateral, sendo mesmo mais frequente ocorrer um desvio ipsilateral. No caso da hiperatividade da cabeça da mandíbula surgir numa fase pós-puberdade, pode se verificar a existência de mordida aberta posterior ipsilateral devido à falta de compensação maxilar77 Posnick JC. Asymmetric Mandibular Excess Growth Patterns. In: Duncan L, (editor). Orthognathic Surgery: Principles and Practice. Missouri: Elsevier; 2014. 807-65p.. Em termos funcionais, a hiperplasia da cabeça da mandíbula pode cursar com dificuldades na fonética, na mastigação e deglutição devido à desarmonia oclusal, obstrução nasal por desvio do septo nasal e hipertrofia das conchas nasais, disfunção da articulação temporomandibular e problemas estéticos e de autoestima77 Posnick JC. Asymmetric Mandibular Excess Growth Patterns. In: Duncan L, (editor). Orthognathic Surgery: Principles and Practice. Missouri: Elsevier; 2014. 807-65p.,88 Wolford LM. Morales-Ryan CA, García-Morales P, Perez D. Surgical management of mandibular condylar hyperplasia type 1. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2009;22(4):321-9.. O diagnóstico é clínico e imagiológico22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.. Cerca de 98% do crescimento facial está completo aos 15 anos de idade nas mulheres e entre 17 e 18 anos nos homens. Durante a fase de crescimento, a mandíbula cresce desde o Ponto Condílio (co-ponto mais póstero-superior da cabeça da mandíbula) até o Ponto B (ponto localizado na maior concavidade da face anterior da sínfise mentual) a uma velocidade de 1,6mm/ano nas mulheres e 2,2mm/ano nos homens. Um crescimento acelerado poderá indicar hiperplasia ativa da cabeça da mandíbula88 Wolford LM. Morales-Ryan CA, García-Morales P, Perez D. Surgical management of mandibular condylar hyperplasia type 1. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2009;22(4):321-9.. A cintilografia óssea do esqueleto com tomografia computadorizada por emissão de fótons único (SPECT) da cabeça é atualmente o método mais utilizado para a detecção da hiperatividade da cabeça da mandíbula99 Saridin CP, Raijmakers PG, Al Shamma S, Tuinzing DB, Becking AG. Comparison of different analytical methods used for analyzing SPECT scans of patients with unilateral condylar hyperactivity. Int J Oral Maxillofac Surg. 2009;38(9):942-6.

10 Chan WL, Carolan MG, Fernandes VB, Abbati DP. Planar versus SPET imaging in the assessment of condylar growth. Nucl Med Commun. 2000;21(3):285-90.
-1111 Hodder SC, Rees JI, Oliver TB, Facey PE, Sugar AW. SPECT bone scintigraphy in the diagnosis and management of mandibular condylar hyperplasia. Br J Oral Maxillofac Surg. 2000;38(2):87-93.. No entanto, pode ser inconclusiva em casos de pacientes jovens e com hiperplasias de crescimento lento1212 Wolford LM, Mehra P, Reiche-Fischel O, Morales-Ryan CA, García-Morales P. Efficacy of high condylectomy for management of condylar hyperplasia. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(2):136-51. ou fornecer resultados falsos positivos em casos de inflamação, infecção, regeneração pós-trauma e processos neoplásicos22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.. Radiografias da face, como a panorâmica e a telerradiografia de perfil e frontal da face, são úteis para evidenciar alterações esqueléticas típicas da hiperplasia da cabeça da mandíbula88 Wolford LM. Morales-Ryan CA, García-Morales P, Perez D. Surgical management of mandibular condylar hyperplasia type 1. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2009;22(4):321-9.. A tomografia por emissão de pósitrons (PET) começa a ser aplicada no estudo dessa doença e poderá contribuir no futuro para melhor precisão do seu diagnóstico1313 Laverick S, Bounds G, Wong WL. [18F]-fluoride positron emission tomography for imaging condylar hyperplasia. Br J Oral Maxillofac Surg. 2009;47(3):196-9.. O tratamento depende da atividade da cabeça da mandíbula (hiperplasia ativa versus não ativa), do grau de assimetria, da má oclusão e da idade1414 Alyamani A, Abuzinada S. Management of patients with condylar hyperplasia: a diverse experience with 18 patients. Ann Maxillofac Surg. 2012;2(1):17-23.. Diferentes possibilidades terapêuticas foram descritas desde a condilectomia à cirurgia ortognática, com ou sem ortodontia associada22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.. Visto que a abordagem terapêutica da hiperplasia da cabeça da mandíbula não é um consenso, e dada a sua complexidade, constitui um desafio para o cirurgião e para o ortodontista.

O objetivo deste estudo foi sistematizar o processo de diagnóstico e tratamento, clarificando o papel da condilectomia, uma técnica cada vez mais utilizada, pela apresentação de um caso clínico.

RELATO DO CASO

Paciente do gênero feminino, 19 anos, caucasiana, procurou atendimento de um Cirurgião Maxilofacial devido a assimetria facial e dor na articulação temporomandibular direita. Não possuía antecedentes médicos ou gestacionais ou familiares de deformidade facial, nem história de trauma ou infecção articular prévios. Apresentava, clinicamente, laterognatia direita, topo a topo na região de incisivos, com relação molar Classe III à esquerda, mordida cruzada posterior direita e desvio da linha média dentária inferior de 4mm para a direita e inclinação mínima do plano oclusal maxilar para a esquerda (Figuras 1a e b). A abertura bucal era de 40 mm, com movimento lateral à direita de 8 mm, à esquerda de 10 mm e protrusão de 5 mm. O exame físico articular e muscular revelou a presença de dor à palpação do pólo lateral da ATM direita de grau 3 pela escala analógica visual (EAV) agravada pela função mastigatória e ausência de ruídos articulares. Na radiografia panorâmica verificou-se um alongamento da hemimandíbula esquerda desde a cabeça da mandíbula até a sínfise mentual, sem desvio do canal mandibular e uma morfologia das cabeças mandibulares similares. A SPECT revelou hipercaptação da cabeça da mandíbula à esquerda com um valor de 1,76 (índice de maturidade calculado para uma população normal com idade superior a 17 anos = 0,618-1,371). O diagnóstico foi hiperplasia ativa da cabeça da mandíbula do tipo alongamento hemimandibular. Após a discussão do caso com a equipe, foi proposta ao paciente uma condilectomia baixa à esquerda com remoção de 10mm da porção superior da cabeça da mandíbula. A técnica cirúrgica consistiu em uma incisão pré-auricular, atingindo a fáscia temporal superficial e dissecção até expor a porção superficial do ligamento capsular da articulação temporomandibular, seguida de uma incisão da cápsula em "T", expondo apenas o compartimento articular inferior e deixando intacto o compartimento articular superior. Após, realizou-se osteotomia e remoção do fragmento superior da cabeça mandibular, lavagem da cavidade com solução fisiológica e fechamento por planos de dentro para fora com Vicryl 4 zeros, finalizando com sutura intradérmica da pele com mononylon 5 zeros. No pós-operatório imediato foi instituída dieta líquida e pastosa, progredindo para uma alimentação normal que perdurou por 5 semanas. Foi instituído um protocolo de exercícios funcionais mandibulares1515 Carlson CR, Bertrand PM, Ehrlich AD, Maxwell AW, Burton RG. Physical self-regulation training for the management of temporomandibular disorders. J Orofac Pain. 2001;15(1):47-55. para recuperação da amplitude de movimentação lateral e vertical da mandíbula, minimizando a ocorrência de adesões intra-articulares e retrações capsulares. A paciente foi submetida a um conjunto de 10 sessões de fisioterapia (duas vezes por semana nos primeiros 14 dias e depois com 1 sessão semanal) por um fisioterapeuta pós-graduado em Disfunção Crâniomandibular. Ao longo dessas sessões foram efetuadas sequencialmente e de forma progressiva as seguintes técnicas: massagem, relaxamento dos músculos mastigadores e cervicais (e instrução da paciente para automassagem e relaxamento); distração articular (movimento vertical para baixo e ligeiramente para frente e medial, no sentido de eliminar/combater retrações capsulares - ciclos de 6 repetições); cinesioterapia mandibular com exercícios autônomos e assistidos de abertura mandibular a partir da posição de repouso e da posição de protrusão máxima (ciclos de 6 repetições); exercícios de mobilização mandibular com protrusão máxima, lateralidade esquerda e direita com retorno à posição de repouso mandibular (exercícios autônomos e assistidos, ciclos de 6 repetições); exercícios de mobilização mandibular (conforme já descrito) com hiperboloide; exercícios de mobilização mandibular (conforme já descrito) contrarresistência para reforço muscular. A paciente foi instruída a repetir alguns dos exercícios em regime ambulatorial entre as sessões e após o final. O resultado do exame anatomopatológico evidenciou um fragmento ósseo compatível com hiperplasia do tipo I, segundo a escala de Slootweg e Muller1616 Slootweg PJ, Muller H. Condylar hyperplasia. A clinico-pathological analysis of 22 cases. J Maxillofac Surg. 1986;14(4):209-14.. Decorridos 6 meses de pós-operatório, verificou-se a diminuição da assimetria facial e do desvio da linha média dentária inferior, com leve mordida aberta anterior (Figuras 2a e b). Na SPECT de controle de 180 dias de pós-operatório, o índice de captação da cabeça mandibular esquerda encontrava-se dentro dos parâmetros normais, com o valor de 1,18. Na tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) de controle, observou-se a remodelação completa da cabeça mandibular, comparativamente à mesma estrutura contralateral (Figura 3). Atualmente, a paciente mantém uma adequada abertura bucal de 42 mm sem desvios ou ruídos articulares, com movimentos laterais de 8 mm à direita, 10 mm à esquerda e de protrusiva de 5mm. Não estão presentes dor articular ou muscular.

Figuras 1a e b
Laterognatia direita, com mordida cruzada posterior ipsilateral e desvio da linha média dentária mandibular para direita

Figuras 2a e b
Oclusão ao final de seis meses

Figura 3
Reconstrução tridimensional da cabeça mandibular esquerda na tomografia computadorizada de feixe cônico, no qual foi realizada a cirurgia Verifica-se a sua remodelação e semelhança à cabeça mandibular direita, não operada, após oito meses de pós-operatório.

DISCUSSÃO

Quando se suspeita da existência de hiperplasia da cabeça da mandíbula, o exame clínico inicial deve incluir a documentação do caso com fotografias extra e intraorais, modelos de estudo e alguns exames de imagem, tais como a panorâmica e a telerradiografia de perfil e frontal da face. Deve ser avaliada a atividade de crescimento da cabeça da mandíbula por meio da realização de uma cintilografia óssea do esqueleto com SPECT da cabeça1212 Wolford LM, Mehra P, Reiche-Fischel O, Morales-Ryan CA, García-Morales P. Efficacy of high condylectomy for management of condylar hyperplasia. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(2):136-51.,1717 Monje-Gil F. Hiperplasia de cóndilo mandibular. In: Rafael Gómez, editor. Diagnóstico y tratamiento de la patología de la articulación temporomandibular: Madrid: Ripano; 2009. 611-35p.. Uma diferença de atividade superior a 10% entre as duas cabeças da mandíbula1818 Saridin CP, Raijmakers PG, Tuinzing DB, Becking AG. Bone scintigraphy as a diagnostic method in unilateral hyperactivity of the mandibular condyles: a review and meta-analysis of the literature. Int J Oral Maxillofac Surg. 2011;40(1):11-7.,1919 Pogrel MA. Quantitative assessment of isotope activity in the temporomandibular joint regions as a means of assessing unilateral condylar hypertrophy. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1985;60(1):15-7. é considerada como sugestiva de hiperplasia ativa. Caso não se verifique o crescimento ativo da cabeça da mandíbula, o caso é tratado como assimetria facial, exigindo geralmente uma abordagem ortodôntico-cirúrgico-ortodôntica. Se for confirmada a hiperatividade da cabeça da mandíbula, o tratamento varia. Após um período de observação clínica de 6 meses a um ano com comparação seriada de modelos de estudo, fotografias e radiografias da face, e mediante a gravidade da hiperatividade da cabeça da mandíbula, o cirurgião maxilofacial poderá optar por acompanhar o caso e repetir a SPECT aos 6 meses ou realizar condilectomia1717 Monje-Gil F. Hiperplasia de cóndilo mandibular. In: Rafael Gómez, editor. Diagnóstico y tratamiento de la patología de la articulación temporomandibular: Madrid: Ripano; 2009. 611-35p.. Pode-se optar pela condilectomia, isolada1717 Monje-Gil F. Hiperplasia de cóndilo mandibular. In: Rafael Gómez, editor. Diagnóstico y tratamiento de la patología de la articulación temporomandibular: Madrid: Ripano; 2009. 611-35p.,2020 Farina R, Pintor F, Perez J, Pantoja R, Berner D. Low condylectomy as the sole treatment for active condylar hyperplasia: facial, occlusal and skeletal changes. An observational study. Int J Oral Maxillofac Surg. 2015;44(2):217-25. ou associá-la simultaneamente com cirurgia ortognática88 Wolford LM. Morales-Ryan CA, García-Morales P, Perez D. Surgical management of mandibular condylar hyperplasia type 1. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2009;22(4):321-9.,2121 Sheffer MA, Corso A, Tomazi M, Bortoluzzi MC. Condylar hyperplasia treated by simultaneous orthognathic surgery and high condylectomy: A case report. Rev Odonto Cienc. 2008;23(4):407-10..

Estudos menos recentes sugeriam a hipercorreção do laterodesvio mandibular estimando o crescimento excessivo que ainda iria ocorrer na cabeça da mandíbula hiperplásica88 Wolford LM. Morales-Ryan CA, García-Morales P, Perez D. Surgical management of mandibular condylar hyperplasia type 1. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2009;22(4):321-9. ou aguardar pelo final do crescimento hiperplásico e corrigir posteriormente a deformidade dentofacial88 Wolford LM. Morales-Ryan CA, García-Morales P, Perez D. Surgical management of mandibular condylar hyperplasia type 1. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2009;22(4):321-9.,2222 Motamedi MH. Treatment of condylar hyperplasia of the mandible using unilateral ramus osteotomies. J Oral Maxillofac Surg. 1996;54(10):1161-9.. A condilectomia é atualmente considerada uma cirurgia segura e a única forma de eliminar definitivamente o centro de crescimento da cabeça da mandíbula que se encontra hiperativo1212 Wolford LM, Mehra P, Reiche-Fischel O, Morales-Ryan CA, García-Morales P. Efficacy of high condylectomy for management of condylar hyperplasia. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(2):136-51.,2323 Brusati R, Pedrazzoli M, Colletti G. Functional results after condylectomy in active laterognathia. J Craniomaxillofac Surg. 2010;38(3):179-84.. Pode ser realizada em idade precoce44 Hampf G, Tasanen A, Nordling S. Surgery in mandibular condylar hyperplasia. J Maxillofac Surg. 1985;13(2):74-8.,2323 Brusati R, Pedrazzoli M, Colletti G. Functional results after condylectomy in active laterognathia. J Craniomaxillofac Surg. 2010;38(3):179-84.,2424 Bertolini F, Bianchi B, De Riu G, Di Blasio A, Sesenna E. Hemimandibular hyperplasia treated by early high condylectomy: a case report. Int J Adult Orthodon Orthognath Surg. 2001;16(3):227-34., antes do final do crescimento, pois tem como vantagem, por um lado, a remodelação espontânea dos tecidos moles faciais e da cabeça da mandíbula2424 Bertolini F, Bianchi B, De Riu G, Di Blasio A, Sesenna E. Hemimandibular hyperplasia treated by early high condylectomy: a case report. Int J Adult Orthodon Orthognath Surg. 2001;16(3):227-34. e, por outro, a prevenção da inclinação do plano oclusal maxilar. A hipercorreção mandibular com cirurgia ortognática não é aconselhada, pois o seu resultado não é previsível88 Wolford LM. Morales-Ryan CA, García-Morales P, Perez D. Surgical management of mandibular condylar hyperplasia type 1. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2009;22(4):321-9.. Por sua vez, a opção de aguardar pelo final do crescimento mandibular excessivo, que geralmente ocorrerá na 3ª década de vida, poderá acarretar consequências funcionais, estéticas e psicossociais graves, além de dificultar o sucesso do tratamento ortodôntico-cirúrgico22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.,1212 Wolford LM, Mehra P, Reiche-Fischel O, Morales-Ryan CA, García-Morales P. Efficacy of high condylectomy for management of condylar hyperplasia. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(2):136-51.,2323 Brusati R, Pedrazzoli M, Colletti G. Functional results after condylectomy in active laterognathia. J Craniomaxillofac Surg. 2010;38(3):179-84.. Após a condilectomia, os autores sugerem a repetição da cintilografia em 6 meses, como se verificou no caso reportado. Na ausência de hipercaptação e constatação clínica do término do crescimento, o tratamento da deformidade dentofacial deve prosseguir. No presente caso, apesar do índice de captação da cabeça mandibular esquerda se encontrar dentro dos parâmetros normais, com o valor de 1,18, ainda permanecia alguma diferença de captação entre as duas cabeças da mandíbula, com maior intensidade à esquerda. Uma possível justificativa seria a remodelação óssea ainda ativa, visto terem-se passado apenas 6 meses da cirurgia. Estudos com maior número de casos são necessários para avaliar o período ideal de repetição da SPECT pós-operatória para minimizar resultados falsos positivos devido à remodelação óssea nesse período. O reconhecimento precoce de hiperplasia ativa poderá permitir a resolução do caso apenas com condilectomia e ortodontia, evitando cirurgia ortognática posterior22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.,2020 Farina R, Pintor F, Perez J, Pantoja R, Berner D. Low condylectomy as the sole treatment for active condylar hyperplasia: facial, occlusal and skeletal changes. An observational study. Int J Oral Maxillofac Surg. 2015;44(2):217-25.,2525 Farina R, Olate S, Raposo A, Araya I, Alister JP, Uribe F. High condylectomy versus proportional condylectomy: is secondary orthognathic surgery necessary? Int J Oral Maxillofac Surg. 2016;45(1):72-7.. A condilectomia tem como objetivo a remoção da cartilagem articular responsável pelo crescimento ativo1717 Monje-Gil F. Hiperplasia de cóndilo mandibular. In: Rafael Gómez, editor. Diagnóstico y tratamiento de la patología de la articulación temporomandibular: Madrid: Ripano; 2009. 611-35p.. Essa cartilagem é considerada um centro de crescimento craniofacial. Em uma cabeça da mandíbula normal esse crescimento cessa por volta dos 20 anos de idade11 Rushton MA. Unilateral hyperplasia of the mandibular condyle. Proc R Soc Med. 1946;39(7):431-8.. Em 1977, foi descrita a constituição histológica da superfície articular da cabeça da mandíbula em 4 camadas, com uma espessura total máxima de 0,48mm: camada articular fibrosa, camada proliferativa, camada de transição e camada de cartilagem hipertrófica2626 Hansson T, Oberg T, Carlsson GE, Kopp S. Thickness of the soft tissue layers and the articular disk in the temporomandibular joint. Acta Odontol Scand. 1977;35(2):77-83.. Mais recentemente, as 4 camadas foram denominadas: zona articular, zona proliferativa, zona fibrocartilaginosa e zona de cartilagem calcificada2727 Okeson JP. Functional Anatomy and Biomechanics of the Masticatory System. In: Duncan L. (editor). Management of Temporomandibular Disorders and Occlusion. Missouri: Elsevier; 2012. 2-20p.. A camada proliferativa é a responsável pelo crescimento hiperativo da cabeça da mandíbula11 Rushton MA. Unilateral hyperplasia of the mandibular condyle. Proc R Soc Med. 1946;39(7):431-8.,2727 Okeson JP. Functional Anatomy and Biomechanics of the Masticatory System. In: Duncan L. (editor). Management of Temporomandibular Disorders and Occlusion. Missouri: Elsevier; 2012. 2-20p.. No que diz respeito à histologia da superfície articular na hiperplasia da cabeça da mandíbula, não há consenso na literatura. Diversos autores verificaram a presença de uma camada contínua de células germinativas mesenquimatosas indiferenciadas22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.,2828 Gray RJ, Sloan P, Quayle AA, Carter DH. Histopathological and scintigraphic features of condylar hyperplasia. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19(2):65-71.

29 Gray RJ, Horner K, Testa HJ, Lloyd JJ, Sloan P. Condylar hyperplasia: correlation of histological and scintigraphic features. Dentomaxillofac Radiol. 1994;23(2):103-7.
-3030 Mehrotra D, Dhasmana S, Kamboj M, Gambhir G. Condylar hyperplasia and facial asymmetry: report of five cases. J Maxillofac Oral Surg. 2011;10(1):50-6., ilhas de condrócitos no osso trabecular subcondral22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.,44 Hampf G, Tasanen A, Nordling S. Surgery in mandibular condylar hyperplasia. J Maxillofac Surg. 1985;13(2):74-8.,55 Angiero F, Farronato G, Benedicenti S, Vinci R, Farronato D, Magistro S, et al. Mandibular condylar hyperplasia: clinical, histopathological, and treatment considerations. Cranio. 2009;27(1):24-32.,2828 Gray RJ, Sloan P, Quayle AA, Carter DH. Histopathological and scintigraphic features of condylar hyperplasia. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19(2):65-71.

29 Gray RJ, Horner K, Testa HJ, Lloyd JJ, Sloan P. Condylar hyperplasia: correlation of histological and scintigraphic features. Dentomaxillofac Radiol. 1994;23(2):103-7.
-3030 Mehrotra D, Dhasmana S, Kamboj M, Gambhir G. Condylar hyperplasia and facial asymmetry: report of five cases. J Maxillofac Oral Surg. 2011;10(1):50-6., um aumento da espessura das trabéculas ósseas e das várias camadas2828 Gray RJ, Sloan P, Quayle AA, Carter DH. Histopathological and scintigraphic features of condylar hyperplasia. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19(2):65-71.

29 Gray RJ, Horner K, Testa HJ, Lloyd JJ, Sloan P. Condylar hyperplasia: correlation of histological and scintigraphic features. Dentomaxillofac Radiol. 1994;23(2):103-7.
-3030 Mehrotra D, Dhasmana S, Kamboj M, Gambhir G. Condylar hyperplasia and facial asymmetry: report of five cases. J Maxillofac Oral Surg. 2011;10(1):50-6. ou apenas da camada de cartilagem hipertrófica22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.,44 Hampf G, Tasanen A, Nordling S. Surgery in mandibular condylar hyperplasia. J Maxillofac Surg. 1985;13(2):74-8.,3131 Eslami B, Behnia H, Javadi H, Khiabani KS, Saffar AS. Histopathologic comparison of normal and hyperplastic condyles. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2003;96(6):711-7.. Slootweg e Muller classificaram histologicamente a hiperplasia da cabeça da mandíbula em 4 tipos1616 Slootweg PJ, Muller H. Condylar hyperplasia. A clinico-pathological analysis of 22 cases. J Maxillofac Surg. 1986;14(4):209-14., nem sempre sendo possível a sua reprodução exata nos estudos posteriores22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.. Enquanto alguns autores sugerem que a gravidade da hiperplasia e o aumento da captação na cintilografia estão diretamente relacionados com o aumento da frequência e profundidade de penetração das ilhas de condrócitos no osso subcondral2828 Gray RJ, Sloan P, Quayle AA, Carter DH. Histopathological and scintigraphic features of condylar hyperplasia. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19(2):65-71.,2929 Gray RJ, Horner K, Testa HJ, Lloyd JJ, Sloan P. Condylar hyperplasia: correlation of histological and scintigraphic features. Dentomaxillofac Radiol. 1994;23(2):103-7., outros não encontraram diferenças entre os casos e os controles na frequência e profundidade de penetração das ilhas de condrócitos no osso subcondral3131 Eslami B, Behnia H, Javadi H, Khiabani KS, Saffar AS. Histopathologic comparison of normal and hyperplastic condyles. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2003;96(6):711-7.. Nenhum autor prévio encontrou relação entre os achados histológicos e os achados cintilográficos22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.,1616 Slootweg PJ, Muller H. Condylar hyperplasia. A clinico-pathological analysis of 22 cases. J Maxillofac Surg. 1986;14(4):209-14.. Essa diferença de resultados pode ser explicada pelo número reduzido de casos envolvidos na maioria dos estudos, pela variabilidade do grau de hiperplasia da cabeça da mandíbula e pelas limitações da documentação de exames de imagem. Assim, na ausência de evidência científica que fundamente uma medida da profundidade ideal da condilectomia, essa varia desde uma osteoplastia da cabeça da mandíbula (2-3 mm)1717 Monje-Gil F. Hiperplasia de cóndilo mandibular. In: Rafael Gómez, editor. Diagnóstico y tratamiento de la patología de la articulación temporomandibular: Madrid: Ripano; 2009. 611-35p.,3030 Mehrotra D, Dhasmana S, Kamboj M, Gambhir G. Condylar hyperplasia and facial asymmetry: report of five cases. J Maxillofac Oral Surg. 2011;10(1):50-6. a condilectomia alta (4-5 mm)22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.,1212 Wolford LM, Mehra P, Reiche-Fischel O, Morales-Ryan CA, García-Morales P. Efficacy of high condylectomy for management of condylar hyperplasia. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(2):136-51.,2323 Brusati R, Pedrazzoli M, Colletti G. Functional results after condylectomy in active laterognathia. J Craniomaxillofac Surg. 2010;38(3):179-84.,3030 Mehrotra D, Dhasmana S, Kamboj M, Gambhir G. Condylar hyperplasia and facial asymmetry: report of five cases. J Maxillofac Oral Surg. 2011;10(1):50-6.,3232 Saridin CP, Gilijamse M, Kuik DJ, te Veldhuis EC, Tuinzing DB, Lobbezoo F, et al. Evaluation of temporomandibular function after high partial condylectomy because of unilateral condylar hyperactivity. J Oral Maxillofac Surg. 2010;68(5):1094-9.,3333 Jones RH, Tier GA. Correction of facial asymmetry as a result of unilateral condylar hyperplasia. J Oral Maxillofac Surg. 2012;70(6):1413-25. e a condilectomia baixa (8-12 mm)2020 Farina R, Pintor F, Perez J, Pantoja R, Berner D. Low condylectomy as the sole treatment for active condylar hyperplasia: facial, occlusal and skeletal changes. An observational study. Int J Oral Maxillofac Surg. 2015;44(2):217-25.,2525 Farina R, Olate S, Raposo A, Araya I, Alister JP, Uribe F. High condylectomy versus proportional condylectomy: is secondary orthognathic surgery necessary? Int J Oral Maxillofac Surg. 2016;45(1):72-7.,3434 Delaire J. La place de la condylectomie dans le traitement des hypercondylies. Rev Stomatol Chir Maxillofac. 1983;84(1):11-8.. A condilectomia alta permite a remoção da superfície cartilaginosa e do osso subcondral, eliminando o centro de crescimento22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.. Em estudos recentes, alguns autores optam pela remoção da altura condiliana em excesso em comparação com o lado saudável, procedimento que denominam de condilectomia baixa proporcional, que em alguns casos alcança quase 12mm. Uma vantagem desse procedimento seria a diminuição da necessidade posterior de cirurgia ortognática, bastando o tratamento ortodôntico com tração elástica para correção das alterações oclusais remanescentes2020 Farina R, Pintor F, Perez J, Pantoja R, Berner D. Low condylectomy as the sole treatment for active condylar hyperplasia: facial, occlusal and skeletal changes. An observational study. Int J Oral Maxillofac Surg. 2015;44(2):217-25.,2525 Farina R, Olate S, Raposo A, Araya I, Alister JP, Uribe F. High condylectomy versus proportional condylectomy: is secondary orthognathic surgery necessary? Int J Oral Maxillofac Surg. 2016;45(1):72-7.. Uma possível limitação dessa técnica é a variabilidade intra e interindividual na medição da imagem do comprimento do ramo mandibular normal e hiperplásico. Os autores são a favor da condilectomia uma vez que apresenta resultados mais previsíveis. No presente caso, verificou-se uma assimetria considerável da face, com agravamento progressivo da oclusão. A paciente era jovem, com bom potencial de remodelação e adaptação e hiperplasia ativa. Assim, reunidos esses fatores, optou-se por uma condilectomia de 10mm para igualar a altura dos ramos mandibulares e centrar ao máximo o mento e a linha média incisiva mandibular. A paciente prossegue com o tratamento ortodôntico de preparação para futura cirurgia ortognática ou apenas mentoplastia. A literatura aponta a condilectomia como sendo uma cirurgia segura com consequências mínimas para a função articular a longo prazo22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.,1212 Wolford LM, Mehra P, Reiche-Fischel O, Morales-Ryan CA, García-Morales P. Efficacy of high condylectomy for management of condylar hyperplasia. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(2):136-51.,2323 Brusati R, Pedrazzoli M, Colletti G. Functional results after condylectomy in active laterognathia. J Craniomaxillofac Surg. 2010;38(3):179-84.,3232 Saridin CP, Gilijamse M, Kuik DJ, te Veldhuis EC, Tuinzing DB, Lobbezoo F, et al. Evaluation of temporomandibular function after high partial condylectomy because of unilateral condylar hyperactivity. J Oral Maxillofac Surg. 2010;68(5):1094-9.,3535 Lippold C, Kruse-Losler B, Danesh G, Joos U, Meyer U. Treatment of hemimandibular hyperplasia: the biological basis of condylectomy. Br J Oral Maxillofac Surg. 2007;45(5):353-60.. Um estudo que avaliou a função articular após tal procedimento, verificou maior prevalência de dor articular nos pacientes operados. No entanto, os respectivos autores referem que não interfere com a qualidade de vida dos pacientes e questionam se não estaria mais relacionado com a doença articular de base do que com a cirurgia3232 Saridin CP, Gilijamse M, Kuik DJ, te Veldhuis EC, Tuinzing DB, Lobbezoo F, et al. Evaluation of temporomandibular function after high partial condylectomy because of unilateral condylar hyperactivity. J Oral Maxillofac Surg. 2010;68(5):1094-9.. Outros autores não verificaram qualquer tipo de comprometimento articular22 Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.,1212 Wolford LM, Mehra P, Reiche-Fischel O, Morales-Ryan CA, García-Morales P. Efficacy of high condylectomy for management of condylar hyperplasia. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(2):136-51.,3535 Lippold C, Kruse-Losler B, Danesh G, Joos U, Meyer U. Treatment of hemimandibular hyperplasia: the biological basis of condylectomy. Br J Oral Maxillofac Surg. 2007;45(5):353-60.. Uma possível explicação seria o fato de o compartimento articular superior ficar intacto3232 Saridin CP, Gilijamse M, Kuik DJ, te Veldhuis EC, Tuinzing DB, Lobbezoo F, et al. Evaluation of temporomandibular function after high partial condylectomy because of unilateral condylar hyperactivity. J Oral Maxillofac Surg. 2010;68(5):1094-9.. No presente caso, o desaparecimento da dor na ATM direita poderá ser devido à diminuição da sobrecarga articular acarretada pelo crescimento unilateral contínuo e acelerado da mandíbula.

CONCLUSÃO

O tratamento da hiperplasia da cabeça da mandíbula ainda é controverso. A condilectomia é considerada uma cirurgia segura, eficaz e essencial para evitar o crescimento exagerado dessa estrutura em atividade. Deve, portanto, ser considerada como opção terapêutica de primeira linha nos casos de hiperplasia ativa da cabeça da mandíbula.

  • Fontes de fomento: não há.

REFERENCES

  • 1
    Rushton MA. Unilateral hyperplasia of the mandibular condyle. Proc R Soc Med. 1946;39(7):431-8.
  • 2
    Villanueva-Alcojol L, Monje F, Gonzalez-Garcia R. Hyperplasia of the mandibular condyle: clinical, histopathologic, and treatment considerations in a series of 36 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2011;69(2):447-55.
  • 3
    Nitzan DW, Katsnelson A, Bermanis I, Brin I, Casap N. The clinical characteristics of condylar hyperplasia: experience with 61 patients. J Oral Maxillofac Surg. 2008;66(2):312-8.
  • 4
    Hampf G, Tasanen A, Nordling S. Surgery in mandibular condylar hyperplasia. J Maxillofac Surg. 1985;13(2):74-8.
  • 5
    Angiero F, Farronato G, Benedicenti S, Vinci R, Farronato D, Magistro S, et al. Mandibular condylar hyperplasia: clinical, histopathological, and treatment considerations. Cranio. 2009;27(1):24-32.
  • 6
    Obwegeser HL, Makek MS. Hemimandibular hyperplasia--hemimandibular elongation. J Maxillofac Surg. 1986;14(4):183-208.
  • 7
    Posnick JC. Asymmetric Mandibular Excess Growth Patterns. In: Duncan L, (editor). Orthognathic Surgery: Principles and Practice. Missouri: Elsevier; 2014. 807-65p.
  • 8
    Wolford LM. Morales-Ryan CA, García-Morales P, Perez D. Surgical management of mandibular condylar hyperplasia type 1. Proc (Bayl Univ Med Cent). 2009;22(4):321-9.
  • 9
    Saridin CP, Raijmakers PG, Al Shamma S, Tuinzing DB, Becking AG. Comparison of different analytical methods used for analyzing SPECT scans of patients with unilateral condylar hyperactivity. Int J Oral Maxillofac Surg. 2009;38(9):942-6.
  • 10
    Chan WL, Carolan MG, Fernandes VB, Abbati DP. Planar versus SPET imaging in the assessment of condylar growth. Nucl Med Commun. 2000;21(3):285-90.
  • 11
    Hodder SC, Rees JI, Oliver TB, Facey PE, Sugar AW. SPECT bone scintigraphy in the diagnosis and management of mandibular condylar hyperplasia. Br J Oral Maxillofac Surg. 2000;38(2):87-93.
  • 12
    Wolford LM, Mehra P, Reiche-Fischel O, Morales-Ryan CA, García-Morales P. Efficacy of high condylectomy for management of condylar hyperplasia. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(2):136-51.
  • 13
    Laverick S, Bounds G, Wong WL. [18F]-fluoride positron emission tomography for imaging condylar hyperplasia. Br J Oral Maxillofac Surg. 2009;47(3):196-9.
  • 14
    Alyamani A, Abuzinada S. Management of patients with condylar hyperplasia: a diverse experience with 18 patients. Ann Maxillofac Surg. 2012;2(1):17-23.
  • 15
    Carlson CR, Bertrand PM, Ehrlich AD, Maxwell AW, Burton RG. Physical self-regulation training for the management of temporomandibular disorders. J Orofac Pain. 2001;15(1):47-55.
  • 16
    Slootweg PJ, Muller H. Condylar hyperplasia. A clinico-pathological analysis of 22 cases. J Maxillofac Surg. 1986;14(4):209-14.
  • 17
    Monje-Gil F. Hiperplasia de cóndilo mandibular. In: Rafael Gómez, editor. Diagnóstico y tratamiento de la patología de la articulación temporomandibular: Madrid: Ripano; 2009. 611-35p.
  • 18
    Saridin CP, Raijmakers PG, Tuinzing DB, Becking AG. Bone scintigraphy as a diagnostic method in unilateral hyperactivity of the mandibular condyles: a review and meta-analysis of the literature. Int J Oral Maxillofac Surg. 2011;40(1):11-7.
  • 19
    Pogrel MA. Quantitative assessment of isotope activity in the temporomandibular joint regions as a means of assessing unilateral condylar hypertrophy. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1985;60(1):15-7.
  • 20
    Farina R, Pintor F, Perez J, Pantoja R, Berner D. Low condylectomy as the sole treatment for active condylar hyperplasia: facial, occlusal and skeletal changes. An observational study. Int J Oral Maxillofac Surg. 2015;44(2):217-25.
  • 21
    Sheffer MA, Corso A, Tomazi M, Bortoluzzi MC. Condylar hyperplasia treated by simultaneous orthognathic surgery and high condylectomy: A case report. Rev Odonto Cienc. 2008;23(4):407-10.
  • 22
    Motamedi MH. Treatment of condylar hyperplasia of the mandible using unilateral ramus osteotomies. J Oral Maxillofac Surg. 1996;54(10):1161-9.
  • 23
    Brusati R, Pedrazzoli M, Colletti G. Functional results after condylectomy in active laterognathia. J Craniomaxillofac Surg. 2010;38(3):179-84.
  • 24
    Bertolini F, Bianchi B, De Riu G, Di Blasio A, Sesenna E. Hemimandibular hyperplasia treated by early high condylectomy: a case report. Int J Adult Orthodon Orthognath Surg. 2001;16(3):227-34.
  • 25
    Farina R, Olate S, Raposo A, Araya I, Alister JP, Uribe F. High condylectomy versus proportional condylectomy: is secondary orthognathic surgery necessary? Int J Oral Maxillofac Surg. 2016;45(1):72-7.
  • 26
    Hansson T, Oberg T, Carlsson GE, Kopp S. Thickness of the soft tissue layers and the articular disk in the temporomandibular joint. Acta Odontol Scand. 1977;35(2):77-83.
  • 27
    Okeson JP. Functional Anatomy and Biomechanics of the Masticatory System. In: Duncan L. (editor). Management of Temporomandibular Disorders and Occlusion. Missouri: Elsevier; 2012. 2-20p.
  • 28
    Gray RJ, Sloan P, Quayle AA, Carter DH. Histopathological and scintigraphic features of condylar hyperplasia. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19(2):65-71.
  • 29
    Gray RJ, Horner K, Testa HJ, Lloyd JJ, Sloan P. Condylar hyperplasia: correlation of histological and scintigraphic features. Dentomaxillofac Radiol. 1994;23(2):103-7.
  • 30
    Mehrotra D, Dhasmana S, Kamboj M, Gambhir G. Condylar hyperplasia and facial asymmetry: report of five cases. J Maxillofac Oral Surg. 2011;10(1):50-6.
  • 31
    Eslami B, Behnia H, Javadi H, Khiabani KS, Saffar AS. Histopathologic comparison of normal and hyperplastic condyles. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2003;96(6):711-7.
  • 32
    Saridin CP, Gilijamse M, Kuik DJ, te Veldhuis EC, Tuinzing DB, Lobbezoo F, et al. Evaluation of temporomandibular function after high partial condylectomy because of unilateral condylar hyperactivity. J Oral Maxillofac Surg. 2010;68(5):1094-9.
  • 33
    Jones RH, Tier GA. Correction of facial asymmetry as a result of unilateral condylar hyperplasia. J Oral Maxillofac Surg. 2012;70(6):1413-25.
  • 34
    Delaire J. La place de la condylectomie dans le traitement des hypercondylies. Rev Stomatol Chir Maxillofac. 1983;84(1):11-8.
  • 35
    Lippold C, Kruse-Losler B, Danesh G, Joos U, Meyer U. Treatment of hemimandibular hyperplasia: the biological basis of condylectomy. Br J Oral Maxillofac Surg. 2007;45(5):353-60.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2016

Histórico

  • Recebido
    06 Abr 2016
  • Aceito
    23 Ago 2016
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 937 cj 2, 04014-012 São Paulo SP Brasil, Tel.: (55 11) 5904 3959, Fax: (55 11) 5904 2881 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: dor@dor.org.br