Acessibilidade / Reportar erro

Uso de analgésicos em pacientes com insuficiência renal* * Recebido da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Resumos

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

O uso de fármacos para o tratamento da dor em pacientes com insuficiência renal apresenta particularidades devido às alterações farmacocinéticas presentes nessa população. O objetivo deste estudo foi fornecer subsídios para uma escolha racional dos analgésicos a serem utilizados em pacientes com função renal deficiente.

CONTEÚDO:

São fornecidas informações sobre prevalência e etiologia da dor em pacientes com insuficiência renal. Além disso, aborda-se a utilização de anti-inflamatórios, analgésicos opioides e fármacos adjuvantes para o tratamento da dor.

CONCLUSÃO:

O ajuste da terapêutica farmacológica ao comprometimento da função renal é capaz de prover um tratamento eficaz e com menos efeitos adversos.

Analgésicos; Insuficiência renal; Manuseio da dor


BACKGROUND AND OBJECTIVES:

The use of drugs to treat renal failure has particularities due to pharmacokinetic changes present in such population. This study aimed at supplying subsidies for a rational choice of analgesics to be used in patients with renal failure.

CONTENTS:

Information is provided about pain prevalence and etiology in renal failure patients. In addition, the use of anti-inflammatory drugs, opioid analgesics and adjuvant drugs for pain management is addressed.

CONCLUSION:

Adjusting pharmacological therapy to renal function impairment may provide effective treatment with less adverse effects.

Analgesics; Pain management; Renal failure


INTRODUÇÃO

A insuficiência renal crônica (IRC) é uma condição clínica comum e acompanhada de diversas doenças associadas1Coresh J, Byrd-Holt D, Astor BC, Briggs JP, Eggers PW, Lacher DA, et al. Chronic kidney disease awareness, prevalence, and trends among U.S. adults, 1999 to 2000. J Am Soc Nephrol. 2005;16(1):180-8.. Devido ao aumento da sobrevida, com o advento da terapia renal substitutiva e dos transplantes renais, os pacientes com IRC são, cada vez mais, submetidos a procedimentos cirúrgicos, com necessidade de terapia analgésica eficaz no período pós-operatório. Também são submetidos a diversos procedimentos que causam dor aguda como punções frequentes para diálise.

Ademais, os indivíduos com IRC estão sujeitos a síndromes dolorosas crônicas de etiologias diversas22. Davison SN. Pain in hemodialysis patients: prevalence, cause, severity, and management. Am J Kidney Dis. 2003;42(6):1239-47.. Além das desordens osteomusculares e degenerativas, decorrentes ou não da doença renal, trata-se de uma população com incidência aumentada de doença isquêmica vascular periférica e de neuropatias periféricas.

O objetivo deste estudo foi rever a prevalência de dor em pacientes com insuficiência renal destacando as etiologias, e discutir os aspectos sobre fármacos para seu tratamento.

INSUFICIÊNCIA RENAL E DOR

Em um estudo, os autores observaram a prevalência de manifestações em pacientes submetidos a hemodiálise cronicamente. Os autores enfatizaram que queixas álgicas osteoarticulares foram relatadas por 54% dos pacientes daquele estudo, algo que até então nunca havia sido documentado33. Weisbord SD, Fried LF, Arnold RM, Fine MJ, Levenson DJ, Peterson RA, et al. Prevalence, severity, and importance of physical and emotional symptoms in chronic hemodialysis patients. J Am Soc Nephrol. 2005;16(8):2487-94.. Foram observadas cãibras em 43%, cefaleia em 19%, dor torácica em 10%.

As características epidemiológicas da dor em pacientes com doença renal crônica são pouco conhecidas. A maior parte dos dados é proveniente de estudos sobre qualidade de vida ou sintomas associados em pacientes submetidos cronicamente a hemodiálise44. Stewart AL, Hays RD, Ware JE Jr. The MOS short-form general health survey. Reliability and validity in a patient population. Med Care. 1988;26(7):724-35.

5. Meyer KB, Espindle DM, DeGiacomo JM, Jenuleson CS, Kurtin OS, Davies AR. Monitoring dialysis patients' health status. Am J Kidney Dis. 1994;24(2):267-79.

6. Merkus MP, Jager KJ, Dekker FW, De Haan RJ, Boeschoten EW, Krediet RT. Quality of life over time in dialysis: the Netherlands Cooperative Study on the Adequacy of Dialysis. NECOSAD Study Group. Kidney Int. 1999;56(2):720-8.
-77. Diaz-Buxo JA, Lowrie EG, Lew NL, Zhang H, Lazarus JM. Quality-of-life evaluation using the Short Form 36: comparison in hemodialysis and peritoneal dialysis patients. Am J Kidney Dis 2000;35(2):293-300..

Em uma população de pacientes renais crônicos submetidos a hemodiálise, foram relatadas queixas álgicas decorrentes de diversas etiologias22. Davison SN. Pain in hemodialysis patients: prevalence, cause, severity, and management. Am J Kidney Dis. 2003;42(6):1239-47.. Dor musculoesquelética foi a causa mais comum. Uma pequena porcentagem queixou-se de dor decorrente do tratamento dialítico crônico, como as desencadeadas por cãibras, cefaleia e ocasionadas por punção de fístula. A dor musculoesquelética foi observada em 63,1% dos pacientes; sendo osteoartrite em 19,4%, não diagnosticada em 18,4%, artrite inflamatória em 6,8%, fratura em 9,7%, osteodistrofia renal em 4,9% e discite/osteomielite em 1,9%. A dor relacionada a diálise ocorreu em 13,6% dos pacientes; a polineuropatia periférica em 12,6%; a associada a doença vascular periférica em 9,7% e a por síndrome do túnel do carpo em 1,9%. Outras causas de dor, correspondendo a 18,4% dos pacientes, foram: trauma, doença renal policística, câncer e calcifilaxia.

Em outro estudo, os autores avaliaram queixas álgicas em pacientes renais crônicos internados em unidades nefrológicas. Cinquenta e três por cento dos pacientes relataram mais de uma causa para a dor que referiram88. Williams A, Manias E. Pain management in hospitalized patients with chronic kidney disease and comorbidities. Ren Soc Aust J. 2007;3(3):76-83.. As causas foram: trauma cirúrgico (43,3%), doença vascular periférica (32,1%), relacionada à diálise (26,4%), neuropatia periférica (18,9), osteoartrite (9,4%), artrite inflamatória (9,4%), câncer (9,4%), osteodistrofia renal (7,5%), gota (5,7%), calcifilaxia (3,8%), osteomielite (1,9%), fratura por osteoporose (1,9%), e doença renal policística (1,9%).

O tratamento da dor é inadequado em uma parcela significativa de pacientes com insuficiência renal. Diversos fatores podem ser apontados como responsáveis por tal fato. A dor não é reconhecida como um problema importante em pacientes renais crônicos. Além disso, alterações farmacocinéticas e interações farmacológicas são muito frequentes nesta população, dificultando ou inibindo o tratamento.

TRATAMENTOS

Anti-inflamatórios, dipirona e paracetamol

Anti-inflamatórios

Os fármacos anti-inflamatórios não hormonais (AINH) são utilizados na população geral para o tratamento de dor leve a moderada. Esses agentes bloqueiam a síntese de prostaglandinas através da inibição das enzimas ciclo-oxigenases (COX). A COX do tipo 1 (COX-1) é chamada constitutiva, sendo expressa na maioria dos tecidos; a COX do tipo 2 (COX-2) é principalmente induzida, estando presente, majoritariamente, em tecidos inflamados99. Issy AM, Sakata RK. Anti-inflamatórios. In: Sakata RK, Issy AM, (editores). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 1-44p.,1010. Schug SA. Clinical pharmacology of non-opioid and opioid analgesics. Pain - An Updated Review: Refresher Course Syllabus. Seattle: IASP Press; 2005. 31-40p..

Os AINH podem aumentar o risco de sangramento em pacientes com uremia, por seus efeitos sinérgicos sobre a inibição da agregação plaquetária1111. Kurella M, Bennett WM, Chertow GM. Analgesia in patients with ESRD: a review of available evidence. Am J Kidney Dis. 2003;42(2):217-28..

A inibição da síntese de prostaglandinas renais é responsável pela retenção de fluidos, hipertensão arterial sistêmica e distúrbios eletrolíticos observados com o uso de AINH. É observado edema em 3-5% dos usuários crônicos de anti-inflamatórios1212. Whelton A. Nephrotoxicity of nonsteroidal anti-inflammatory drugs: physiologic foundations and clinical implications. Am J Med. 1999;106(5B):13S-24S.. Em pacientes portadores de hipertensão arterial, foi observado aumento de, aproximadamente, 5mmHg na pressão arterial1313. Pope JE, Anderson JJ, Felson DT. A meta-analysis of the effects of nonsteroidal anti-inflammatory drugs on blood pressure. Arch Intern Med. 1993;153(4):477-84.. A inibição da liberação de renina pelas prostaglandinas renais, com menor aporte de sódio aos túbulos distais, é responsável pela hipercalemia e outros distúrbios eletrolíticos observados com o uso dos AINH. A hipercalemia é acentuada, principalmente, em portadores de diabetes descompensado, insuficiência cardíaca, mieloma múltiplo, e usuários de inibidores da enzima conversora de angiotensina, betabloqueadores, e diuréticos poupadores de potássio1111. Kurella M, Bennett WM, Chertow GM. Analgesia in patients with ESRD: a review of available evidence. Am J Kidney Dis. 2003;42(2):217-28..

Os AINH causam, também, redução reversível da taxa de filtração glomerular (TFG). A função renal residual em pacientes em terapia renal substitutiva tem papel crítico no bem-estar desses pacientes. Ela é associada a maior sobrevida, menor ganho de peso entre as sessões, e melhor depuração de solutos1111. Kurella M, Bennett WM, Chertow GM. Analgesia in patients with ESRD: a review of available evidence. Am J Kidney Dis. 2003;42(2):217-28..

A indometacina é o AINH que mais diminui a TFG1414. Tan SY, Shapiro R, Kish MA. Reversible acute renal failure induced by indomethacin. JAMA. 1979;241(25):2732-3.. Naproxeno, diclofenaco, piroxicam e ibuprofeno têm efeito intermediário. Aspirina é o AINH que menos interfere na TFG1515. Carmichael J, Shankel SW. Effects of nonsteroidal anti-inflammatory drugs on prostaglandins and renal function. Am J Med. 1985;78(6Pt1):992-1000..

Apesar da indução da COX-2 ser mais observada em locais de inflamação, ela é constitutivamente expressa no rim, e tem uma função importante na manutenção da hemodinâmica renal. Há benefício com o uso dos inibidores seletivos da COX-2 em pacientes em risco aumentado de hemorragias. Contudo, esses fármacos exercem efeitos renais semelhantes aos inibidores não seletivos, sendo contraindicados em portadores de insuficiência renal1111. Kurella M, Bennett WM, Chertow GM. Analgesia in patients with ESRD: a review of available evidence. Am J Kidney Dis. 2003;42(2):217-28..

Dipirona e paracetamol

São fármacos com atividade analgésica e antipirética, e pouca ou nenhuma atividade anti-inflamatória. Possuem fraca atividade inibitória sobre COX-1 e COX-21616. Diener H. Leczenie bólu. Zespoly bólowe - metody postepowania. Urban & Partner, Wroclaw, 2005. 294-6p.,1717. Rezende RM, Franca DS, Menezes GB, dos Reis WG, Bakhle YS, Francischi JN. Different mechanisms underlie the analgesic actions of paracetamol and dipyrone in a rat model of inflammatory pain. Br J Pharmacol. 2008;153(4):760-8..

O mecanismo de ação da dipirona é, ainda, controverso. Trabalhos experimentais demonstraram inibição da ativação da adenilciclase por substâncias hiperalgésicas e bloqueio direto da entrada de cálcio nos nociceptores1818. Lorenzetti BB, Ferreira SH. Mode of analgesic action of dipyrone: direct antagonism of inflammatory hyperalgesia. Eur J Pharmacol. 1985;114(3):375-81. Outros autores relatam propriedades analgésicas decorrentes da ação de metabólitos da dipirona sobre a síntese de prostaglandinas no sistema nervoso central (bulbo e substância cinzenta periaquedutal)1919. Hinz B, Cheremina O, Buchmakov J, Renner B, Zolk O, Fromm MF, et al. Dipyrone elicits substantial inhibition of peripheral cyclooxygenanses in humans: new insights into the pharmacology of an old analgesic; FASEB J. 2007;21(10):2343-51..

A dipirona é um analgésico de alta eficácia clínica, baixo custo, ampla disponibilidade e margem de segurança, sobretudo em pacientes nefropatas99. Issy AM, Sakata RK. Anti-inflamatórios. In: Sakata RK, Issy AM, (editores). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 1-44p..

O mecanismo de ação antipirética proposto para o paracetamol associa o fármaco à inibição da síntese de prostaglandinas no hipotálamo99. Issy AM, Sakata RK. Anti-inflamatórios. In: Sakata RK, Issy AM, (editores). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 1-44p.. Como analgésico, o fármaco deve ser capaz de ativar vias antinociceptivas serotoninérgicas inibitórias2020. Graham GG, Scott KF. Mechanism of action of paracetamol. Am J Ther. 2005;12(1):46-55..

O paracetamol é eficaz e seguro em dose de até 90mg.kg-1 ou 4g.dia-1. Há atividade hepatotóxica quando administrado em altas doses (150mg.kg-1, ou 5-30g). A lesão hepática ocorre pela depleção dos estoques de glutationa, levando ao acúmulo de metabólitos tóxicos no hepatócito, e achados histopatológicos de necrose centrolobular2121. Chun LJ, Tong MJ, Busuttil RW, Hiatt JR. Acetaminophen hepatotoxicity and acute liver failure. J Clin Gastroenterol. 2009;43(4):342-9..

Há relatos de nefrotoxicidade após administração de glutationa para o tratamento da hepatotoxicidade. A glutationa pode propiciar a formação de compostos nefrotóxicos, que culminam com a ativação de caspases e enzimas lipossomais, iniciando apoptose e disfunção renal2222. Mazer M, Perrone J. Acetaminophen-induced nephrotoxicity: pathophysiology, clinical manifestations and management. J Med Toxicol. 2008;4(1):2-6..

O paracetamol é o analgésico de escolha em pacientes idosos e/ou com função renal comprometida2323. Henrich WL, Agodoa LE, Barrett B, Bennett WM, Blantz RC, Buckalew VM Jr, et al. Analgesics and the kidney: summary and recommendations to the Scientific Advisory Board of the National Kidney Foundation from an Ad Hoc Committee of the National Kidney Foundation. Am J Kidney Dis. 1996;27(1):162-5.. Em doses terapêuticas, a toxicidade renal ocorre raramente1010. Schug SA. Clinical pharmacology of non-opioid and opioid analgesics. Pain - An Updated Review: Refresher Course Syllabus. Seattle: IASP Press; 2005. 31-40p.. Não há necessidade de ajuste da dose na insuficiência renal, mas alguns autores preconizam aumentar o intervalo das doses de 6 para 8 horas quando há TFG inferior a 10 mL.min-12424. Rhee C, Broadbent A. Palliation and liver failure: palliative medications dosage guidelines. J Palliat Care. 2007;10(3):677-85..

Analgésicos opioides

Tramadol

É um fármaco com atividade agonista em receptores opioides (μ), e ação inibitória sobre a recaptação de serotonina e noradrenalina, aumentando esses neurotransmissores inibitórios na sinapse medular. Ele é metabolizado no fígado, sendo 30% do fármaco, e 60% na forma de metabólitos ativos, excretados na urina2525. Lee CR, McTavish D, Sorkin EM. Tramadol. A preliminary review of its pharmacodynamic and pharmacokinetic properties, and therapeutic potential in acute and chronic pain states. Drugs. 1993;46(2):313-40.. Apesar de formar metabólitos ativos, o risco de toxicidade é baixo2626. King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52..

Devido aos seus mecanismos de ação, é um fármaco efetivo para tratamento de dores nociceptivas e neuropáticas, com a vantagem de prover menor sedação e depressão ventilatória do que os opioides agonistas. Náusea é um efeito adverso comum. Em pacientes em uso de fármacos que diminuem o limiar convulsivo, como os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina, podem precipitar crises epilépticas, além de síndrome serotoninérgica2727. Boyer EW, Shannon M. The serotonin syndrome. N Engl J Med. 2005;352(11):112-20..

Na IRC avançada, a meia-vida de eliminação pode dobrar, sendo necessária redução da dose - 200mg.dia-1 se TFG inferior a 30mL. min-1, e 100mg.dia-1 se TFG inferior a 10mL.min-1 (25). É dialisável e seguro para paciente com IRC dialítica2626. King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52.. Como é facilmente removido através da hemodiálise, deve ser administrado após as sessões2828. Izzedine H, Launay-Vacher V, Abbara C, Aymard G, Bassilios N, Deray G. Pharmacokinetics of tramadol in a hemodialysis patient. Nephron. 2002;92(3):755-6..

Codeína

É um derivado da morfina com atividade analgésica moderada. Sua metabolização hepática dá origem à codeína-6-glicuronídeo (80%), e 5% é desmetilada a morfina, que forma metabólitos ativos que dependem de excreção renal2929. Verwey-van Wissen CP, Koopman-Kimenai PM, Vree TB. Direct determination of codeine, norcodeine, morphine and normorphine with their corresponding O-glucuronide conjugates by high performance liquid chromatography with electrochemical detection. J Chromatogr 1991;570(2):309-20.,3030. Vree TB, van Dongen RT, Koopman-Kimenai PM. Codeine analgesia is due to codeine-6-glucuronide, not morphine. Int J Clin Pract. 2000;54(6):395-8..

A atividade analgésica desse fármaco decorre da ação de seus metabólitos em receptores opioides μ3030. Vree TB, van Dongen RT, Koopman-Kimenai PM. Codeine analgesia is due to codeine-6-glucuronide, not morphine. Int J Clin Pract. 2000;54(6):395-8.,3131. Murtagh FE, Chai MO, Donohoe P, Edmonds PM, Higginson IJ. The use of opioid analgesia in end-stage renal disease patients managed without dialysis: recommendations for practice. J Pain Palliat Care Pharmacother. 2007;21(2):5-16..

Em pacientes com IRC, a depuração renal da codeína e seus metabólitos é diminuída significativamente, com maior risco de efeitos adversos graves, como sedação, depressão ventilatória e hipotensão arterial3232. Benyamin R, Trescot AM, Datta S, Buenaventura R, Adlaka R, Sehgal N, et al. Opioid complications and side effects. Pain Physician, 2008;11(2 Suppl):S105-20.. Dessa forma, há necessidade de cautela na prescrição de codeína em pacientes com insuficiência renal3131. Murtagh FE, Chai MO, Donohoe P, Edmonds PM, Higginson IJ. The use of opioid analgesia in end-stage renal disease patients managed without dialysis: recommendations for practice. J Pain Palliat Care Pharmacother. 2007;21(2):5-16.. Devido ao seu alto volume de distribuição e peso molecular, não é facilmente removida pela hemodiálise, devendo ser evitada em pacientes com necessidade de terapia renal substitutiva3131. Murtagh FE, Chai MO, Donohoe P, Edmonds PM, Higginson IJ. The use of opioid analgesia in end-stage renal disease patients managed without dialysis: recommendations for practice. J Pain Palliat Care Pharmacother. 2007;21(2):5-16.

32. Benyamin R, Trescot AM, Datta S, Buenaventura R, Adlaka R, Sehgal N, et al. Opioid complications and side effects. Pain Physician, 2008;11(2 Suppl):S105-20.
-3333. Guay DR, Awni WM, Findlay JW, Halstenson CE, Abraham PA, Opsahl JA, et al. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of codeine in end-stage renal disease. Clin Pharmacol Ther. 1988;43(1):63-71..

O risco de toxicidade é incerto. É dialisável, mas deve ser evitada se possível para paciente com IRC dialítica2626. King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52..

Oxicodona

É um opioide semissintético com o dobro da potência analgésica da morfina. Seu início de ação ocorre em uma hora após administração oral, e a duração é de 12h na formulação de liberação cronogramada3434. Niscola P, Scaramucci L, Vischini G, Giovannini M, Ferrannini M, Massa P, et al. The use of major analgesics in patients with renal dysfunction. Curr Drug Targets. 2010;11(6):752-8..

Sua metabolização é hepática e o fármaco depende do rim para excreção de metabólitos ativos e parte do composto original3535. Lalovic B, Kharasch E, Hoffer C, Risler L, Liu-Chen LY, Shen DD. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of oral oxycodone in healthy human subjects: role of circulating active metabolites. Clin Pharmacol Ther. 2006;79(5):461-79.. Na presença de insuficiência renal, então, pode haver acúmulo de fármacos e efeitos adversos decorrentes da ação dos metabólitos no sistema nervoso central3131. Murtagh FE, Chai MO, Donohoe P, Edmonds PM, Higginson IJ. The use of opioid analgesia in end-stage renal disease patients managed without dialysis: recommendations for practice. J Pain Palliat Care Pharmacother. 2007;21(2):5-16.. A oxicodona deve ser evitada se a TFG for inferior a 60mL.min-1 (34).

Por ser um fármaco hidrossolúvel, é dialisável. Há, contudo, relatos de letargia e depressão ventilatória em pacientes dialíticos em uso de múltiplas doses de oxicodona ao dia3636. Foral PA, Ineck JR, Nystrom KK. Oxycodone accumulation in a hemodialysis patient. South Med J. 2007;100(2):212-4..

O risco de toxicidade é incerto. Não se sabe se é dialisável, e se é seguro para paciente com IRC dialítica2626. King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52..

Morfina

É o opioide mais estudado no contexto da insuficiência renal. Ela é metabolizada no fígado em morfina-3-glicuronídeo (M3G) e morfina-6-glicuronídeo (M6G), além de haver formação de diamorfina e normorfina. A M6G é cerca de 10 vezes mais potente que seu composto original. Todos os metabólitos, e 10% do fármaco original, dependem de excreção renal3737. Gong QL, Hedner T, Hedner J, Björkman R, Nordberg G. Antinociceptive and ventilatory effects of the morphine metabolites: morphine-6-glucuronide and morphine-3-glucuronide. Eur J Pharmacol. 1991;193(1):47-56..

A M6G acumula-se na falência renal, ocasionando depressão ventilatória e do SNC. Como sua passagem pela barreira hematoencefálica é lenta, os efeitos adversos da M6G podem ter duração prolongada, persistindo mesmo após a suspensão do fármaco ou tratamento dialítico, apesar de haver boa depuração do fármaco e de seus metabólitos pela diálise3838. Angst MS, Buhrer M, Lotsch J. Insidious intoxication after morphine treatment in renal failure: delayed onset of morphine-6-glucuronide action. Anesthesiology. 2000;92(5):1473-6..

Os efeitos analgésicos e adversos desse fármaco correlacionam-se com as concentrações plasmáticas da morfina e da M6G. Dessa forma, há necessidade de redução da dose em 25, 50 e 75% quando há IRC em estágios 3, 4 e 5, respectivamente3737. Gong QL, Hedner T, Hedner J, Björkman R, Nordberg G. Antinociceptive and ventilatory effects of the morphine metabolites: morphine-6-glucuronide and morphine-3-glucuronide. Eur J Pharmacol. 1991;193(1):47-56.. Quando houver disponibilidade para uso de opioides mais seguros, a morfina deve ser evitada em pacientes com insuficiência renal3939. Mercadante S, Arcuri E. Opioids and renal function. J Pain. 2004;5(1):2-19..

A dose recomendada para paciente com TFG superior a 50mL/min. é 100%; para TFG 10-50mL/min é 75%, e para TFG inferior a 10mL/min é 50%4040. Aronoff GR, Bennett WM, Berns JS, et al. Drug prescribing in renal failure: dosing guidelines for adults and children. 5th ed. Philadelphia, PA: American College of Physicians; 2007. 18-9p..

O risco de toxicidade é incerto. É dialisável, mas dever ser evitada se possível para pacientes com IRC dialítica2626. King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52..

Meperidina

É um opioide sintético com analgesia de mais curta duração do que os demais fármacos comumente utilizados. Possuiu cerca de 1/10 da potência da morfina. Seu metabólito ativo, normeperidina, tem longa meia-vida de eliminação (15-40h) e depende de excreção renal. No paciente com insuficiência renal, pode haver acúmulo desse metabólito, com efeitos adversos como tremores, mioclonias, convulsão e delírio. Dessa forma, não deve ser usado em pacientes com insuficiência renal4141. O'Connor AB, Lang VJ, Quill TE. Eliminating analgesic meperidine use with a supported formulary restriction. Am J Med. 2005;118(8):885-9.. Lembrar que esse opioide não deve ser usado não somente em pacientes com insuficiência renal, mas também nos com função renal normal e com dor aguda ou crônica. Além de não ter nenhuma vantagem em relação a outros opioides, causa facilmente vício. O risco de toxicidade é alto. A meperidina é dialisável, mas é insegura para pacientes com IRC dialítica2626. King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52..

Fentanil

É um opioide sintético, lipossolúvel, cerca de 80 vezes mais potente que a morfina. Além da solução para uso venoso ou em neuroeixo, tornou-se popular devido a sua apresentação transdérmica, que alcança equilíbrio com o plasma em aproximadamente 12h após sua aplicação, com liberação contínua do fármaco por 72h. Trata-se de fármaco adequado para o tratamento da dor de pacientes com doses estáveis de opioides3434. Niscola P, Scaramucci L, Vischini G, Giovannini M, Ferrannini M, Massa P, et al. The use of major analgesics in patients with renal dysfunction. Curr Drug Targets. 2010;11(6):752-8..

Em alguns países há disponibilidade de solução oral transmucosa, que proporciona rápida absorção, sendo útil para o tratamento de dores incidentais3434. Niscola P, Scaramucci L, Vischini G, Giovannini M, Ferrannini M, Massa P, et al. The use of major analgesics in patients with renal dysfunction. Curr Drug Targets. 2010;11(6):752-8..

O metabolismo do fentanil ocorre no fígado, com formação de metabólitos inativos3131. Murtagh FE, Chai MO, Donohoe P, Edmonds PM, Higginson IJ. The use of opioid analgesia in end-stage renal disease patients managed without dialysis: recommendations for practice. J Pain Palliat Care Pharmacother. 2007;21(2):5-16.. Não forma metabólitos ativos2626. King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52.. Como uma porcentagem mínima do fármaco é excretada inalterada na urina, é um fármaco seguro para uso em portadores de insuficiência renal4242. Cockcroft DW, Gault MH. Prediction of creatinine clearance from serum creatinine. Nephron. 1976;16(1):31-41..

Devido a seu alto peso molecular, alta ligação proteica, baixa hidrossolubilidade e alto volume de distribuição, o fármaco não é facilmente dialisável4343. Dean M. Opioids in renal failure and dialysis patients. J Pain Symptom Manage. 2004;28(5):497-504.. Não é dialisável, mas é seguro para paciente com IRC dialítica2626. King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52..

A dose recomendada para paciente com TFG superior a 50mL/min é 100%; para TFG entre 10 e 50mL/min é 75% e para TFG inferior a 10mL/min é 50%4040. Aronoff GR, Bennett WM, Berns JS, et al. Drug prescribing in renal failure: dosing guidelines for adults and children. 5th ed. Philadelphia, PA: American College of Physicians; 2007. 18-9p..

Metadona

É um opioide sintético 5-10 vezes mais potente que a morfina. Além de ação em receptores opioides, exerce efeito antagonista em receptores N-metil-D-aspartato (NMDA)3434. Niscola P, Scaramucci L, Vischini G, Giovannini M, Ferrannini M, Massa P, et al. The use of major analgesics in patients with renal dysfunction. Curr Drug Targets. 2010;11(6):752-8..

É comercializado sob a forma de mistura racêmica, em que o isômero L-metadona tem ação em receptores opioides μ, ao passo que o D-metadona atua em receptores NMDA. Devido à sua farmacodinâmica, trata-se de um fármaco útil para tratamento de dores nociceptivas e neuropáticas4444. Lugo RA, Satterfield KL, Kern SE. Pharmacokinetics of methadone. J Pain Palliat Care Pharmacother 2005;19(4):13-24..

Apesar de sua lipossolubilidade, apresenta alta biodisponibilidade após administração oral. Liga-se extensivamente à alfa-1-glicoproteína ácida, havendo ampla distribuição tecidual, o que é responsável por acúmulo e longa meia-vida de eliminação durante o tratamento crônico com esse opioide3434. Niscola P, Scaramucci L, Vischini G, Giovannini M, Ferrannini M, Massa P, et al. The use of major analgesics in patients with renal dysfunction. Curr Drug Targets. 2010;11(6):752-8..

Sua metabolização é hepática e intestinal, resultando em metabólitos inativos, sendo a maioria eliminada através da bile. Não forma metabólitos ativos2626. King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52.. Dessa forma, apesar de não ser depurado pela hemodiálise, trata-se de um fármaco seguro para administração em portadores de insuficiência renal4545. Furlan V, Hafi A, Dessalles MC, Bouchez J, Charpentier B, Taburet AM. Methadone is poorly removed by haemodialysis. Nephrol Dial Transplant. 1999;14(1):254-5.. Porém, há necessidade de avaliação frequente, com modificação da dose e dos intervalos por ser de longa duração.

A dose recomendada para paciente com TFG superior a 50mL/min é 100%; para TFG entre 10 e 50mL/min é 100% e para TFG inferior a 10mL/min. é 50-75%4040. Aronoff GR, Bennett WM, Berns JS, et al. Drug prescribing in renal failure: dosing guidelines for adults and children. 5th ed. Philadelphia, PA: American College of Physicians; 2007. 18-9p.. Não é dialisável, mas é segura para paciente com IRC dialítica2626. King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52..

ANTICONVULSIVANTES

Gabapentina

É um anticonvulsivante utilizado principalmente para o tratamento de dor neuropática, com efeitos adversos bem tolerados. Foi sintetizada como análoga do ácido gama-aminobutírico (GABA), mas não interage significativamente com este ou outro neurotransmissor. Seu mecanismo de ação se dá através da ligação às subunidades alfa-2-delta de canais de cálcio voltagem dependentes, reduzindo a entrada de cálcio nas terminações nervosas e a liberação de neurotransmissores excitatórios4646. Menezes MS, Sakata RK, Issy AM. Anticonvulsivantes. In: Sakata RK, Issy AM. (etiroes). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 111-38p..

É excretada inalterada na urina, sendo a eliminação dependente da TFG. Aproximadamente 35% do fármaco são depurados durante a hemodiálise. Esse fármaco necessita de ajuste na dose de acordo com as estimativas da TFG quando administrado em pacientes com insuficiência renal4747. Blum RA, Comstock TJ, Sica DA, Schultz RW, Keller E, Reetze P, et al. Pharmacokinetics of gabapentin in subjects with various degrees of renal function. Clin Pharmacol Ther. 1994;56(2):154-9..

Se a TFG é superior ou igual a 80mL.min-1 a dose máxima diária pode ser de 900 a 3600mg; se TFG 50 a 79, de 600 a 1800mg; se TFG entre 30 e 49, 300 - 900mg; se TFG entre 15 e 29, 150 a 600mg e se TFG inferior a 15, 150 a 300mg4848. Israni RK, Kasbekar N, Haynes K, Berns JS. Use of antiepileptic drugs in patients with kidney disease. Semin Dial. 2006;19(5):408-16..

Pregabalina

Tal como a gabapentina, a pregabalina é um análogo estrutural do GABA sem atividade GABAérgica, e atua em receptores alfa-2-delta de canais de cálcio. É rapidamente absorvida após administração oral, com biodisponibilidade superior a 90%, e concentração plasmática máxima alcançada em uma hora após sua ingestão4949. Ben-Menachem E. Pregabalin pharmacology and its relevance to clinical practice. Epilepsia. 2004;45(Suppl 6):13-8..

Sofre pouco metabolismo em humanos (menos de 2%), sendo excretada inalterada na urina. Dessa forma, não interage com o sistema enzimático hepático, havendo pouca interação farmacológica. Contudo, há necessidade de ajuste na dose em indivíduos cuja TFG seja inferior a 60 mL.min-1 (50).

Se a TFG é maior ou igual a 60mL.min-1 a dose máxima diária pode ser de 600mg; se TFG entre 30 e 59, de 300mg; se TFG entre 15 e 29, 150mg; e se TFG inferior a 15, 75mg5151. Diaz A, Deliz B, Benbadis SR. The use of newer antiepileptic drugs in patients with renal failure. Expert Rev Neurother. 2012;12(1):99-105..

Carbamazepina

A carbamazepina é um anticonvulsivante com ações anticolinérgica, antidepressiva, antiarrítmica e inibitória da transmissão neuromuscular. Provoca aumento da liberação do hormônio antidiurético. Seu mecanismo de ação ocorre por meio da inibição de canais de sódio, suprimindo a atividade espontânea das fibras A-delta e C, e diminuindo a liberação de glutamato nas terminações nervosas4646. Menezes MS, Sakata RK, Issy AM. Anticonvulsivantes. In: Sakata RK, Issy AM. (etiroes). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 111-38p..

Utilizada desde a década de 1960, é considerada, até hoje, um fármaco de primeira linha para o tratamento da neuralgia do trigêmeo5252. Killian JM, Fromm GH. Carbamazepine in the treatment of neuralgia. Use of side effects. Arch Neurol. 1968;19(2):129-36.. Entretanto, seu uso clínico requer atenção, devido às interações farmacológicas e efeitos adversos no sistema nervoso central5353. Markman JD, Dworkin RH. Ion channel targets and treatment efficacy in neuropathic pain. J Pain. 2006;7(1):538-47. Apresenta alta biodisponibilidade após administração oral. Há eliminação renal de 72%, sendo 3% na forma inalterada. Como uma pequena porção do composto original é eliminada na urina, não haverá alteração da farmacocinética em pacientes com função renal comprometida4646. Menezes MS, Sakata RK, Issy AM. Anticonvulsivantes. In: Sakata RK, Issy AM. (etiroes). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 111-38p..

Oxcarbazepina

Apesar das semelhanças estruturais com a carbamazepina e das mesmas indicações clínicas, a oxcarbazepina apresenta diferenças farmacocinéticas importantes4646. Menezes MS, Sakata RK, Issy AM. Anticonvulsivantes. In: Sakata RK, Issy AM. (etiroes). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 111-38p.. Ao contrário da carbamazepina, não causa indução do citocromo P450, o que diminui significativamente sua interação com outras substâncias5454. Grant SM, Faulds D. Oxcarbazepine: A review of its pharmacology and therapeutic potencial in epilepsy, trigeminal neuralgia and affective disorders. Drugs. 1992;43(6):873-88..

Seu efeito clínico decorre do bloqueio dos canais de sódio voltagem dependentes, além de modular canais de cálcio tipos N e P4646. Menezes MS, Sakata RK, Issy AM. Anticonvulsivantes. In: Sakata RK, Issy AM. (etiroes). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 111-38p..

Há absorção de 95% da dose administrada pelo trato gastrointestinal. Menos de 1% da dose é eliminada inalterada na urina99. Issy AM, Sakata RK. Anti-inflamatórios. In: Sakata RK, Issy AM, (editores). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 1-44p.. Contudo, em pacientes com insuficiência renal, a dose deve ser reduzida à metade, por aumento significativo dos níveis plasmáticos de seu derivado mono-hidroxi, seu principal metabólito5454. Grant SM, Faulds D. Oxcarbazepine: A review of its pharmacology and therapeutic potencial in epilepsy, trigeminal neuralgia and affective disorders. Drugs. 1992;43(6):873-88..

Tal como com o uso da carbamazepina, existe possibilidade, maior com a oxcarbazepina, de ocorrência de reações dermatológicas e hiponatremia durante o tratamento com esse anticonvulsivante4646. Menezes MS, Sakata RK, Issy AM. Anticonvulsivantes. In: Sakata RK, Issy AM. (etiroes). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 111-38p..

ANTIDEPRESSIVOS

Antidepressivos tricíclicos

Os tricíclicos são considerados fármacos de primeira linha para o tratamento da dor neuropática5555. Gazi MC, Sakata RK, Issy AM. Antidepressivos. In: Sakata RK, Issy AM, (editores). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 81-110p.. As aminas terciárias, como a amitriptilina, são potentes inibidoras da recaptação de noradrenalina e serotonina, ao passo que as secundárias, como a nortriptilina, agem predominantemente na recaptação de noradrenalina5656. Baldessarini RJ. Drug therapy of depression and anxiety disorders. In: Brunton LL, Lazo JS, Parker KL, (editors). Goodman and Gilman's the pharmacological basis of therapeutics, New York: McGraw Hill; 2006. 452-4p..

A biodisponibilidade da amitriptilina é baixa após administração oral. Sua eliminação é principalmente renal, durante vários dias, e o fármaco não é dialisável, devido a sua alta união às proteínas plasmáticas5555. Gazi MC, Sakata RK, Issy AM. Antidepressivos. In: Sakata RK, Issy AM, (editores). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 81-110p.. Entretanto, não há necessidade de ajuste da dose na insuficiência renal5757. Nagler EV, Webster AC, Vanholder R, Zoccali C. Antidepressants for depression in stage 3-5 chronic kidney disease: a systematic review of pharmacokinetics, efficacy and safety with recommendations by European Renal Best Practice (ERBP). Nephrol Dial Transplant. 2012;27(10):3736-45.. Efeitos adversos comuns na terapia com a amitriptilina são mal tolerados por pacientes com insuficiência renal. Dentre eles, destacam-se xerostomia, anormalidades na condução cardíaca, ganho de peso, sedação e hipotensão ortostática.

A nortriptilina é um metabólito ativo da amitriptilina. Sofre extenso efeito de primeira passagem no fígado, com formação de metabólitos ativos. Causa menos efeitos anticolinérgicos e cardiovasculares do que seu composto original, sendo mais bem tolerada5555. Gazi MC, Sakata RK, Issy AM. Antidepressivos. In: Sakata RK, Issy AM, (editores). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 81-110p.. Não necessita de ajuste da dose na insuficiência renal5757. Nagler EV, Webster AC, Vanholder R, Zoccali C. Antidepressants for depression in stage 3-5 chronic kidney disease: a systematic review of pharmacokinetics, efficacy and safety with recommendations by European Renal Best Practice (ERBP). Nephrol Dial Transplant. 2012;27(10):3736-45..

A venlafaxina forma um metabólito ativo (O-desmetilvenlafaxina)5858. Morton WA, Sonne SC, Verga MA. Venlafaxine: a structurally unique and novel antidepressant. Ann Pharmacother. 1995;29(4):387-95.,5959. Kalso E. Pharmacological Management of Pain: Anticonvulsants, Antidepressants, and Adjuvants Analgesics. Pain - An Updated Review: Refresher Course Syllabus, IASP Press, Seatle; 2005. 19-29p. e aproximadamente 87% da dose administrada são excretados na urina nas primeiras 48h, sendo 5% como venlafaxina, 26% como O-desmetilvenlafaxina e 27% como metabólitos inativos. A sua meia-vida de eliminação é similar à da fluoxetina (3 a 5 dias), mas na insuficiência renal há aumento de 50-180%6060. Troy SM, Parker VD, Fruncillo RJ, Chiang ST. The pharmacokinetics of venlafaxine when given in a twice-daily regimen. J Clin Pharmacol. 1995;35(4):404-9.,6161. Troy SM, Parker VP, Hicks DR, Pollack GM, Chiang ST. Pharmacokinetics and effect of food on the bioavailability of orally administered venlafaxine. J Clin Pharmacol. 1997;37(10):954-61.. A duloxetina forma metabolitos ativos, que são excretados sem modificação pela urina em grande parte e pelas fezes em menor quantidade6262. Westanmo AD, Gayken J, Haight R. Duloxetine: a balanced and selective norepinephrine- and serotonin-reuptake inhibitor. Am J Health Syst Pharm. 2005;62(23):2481-90.,6363. Lantz RJ, Gillespie TA, Rash TJ, Kuo F, Skinner M, Kuan HY, et al. Metabolism, excretion, and pharmacokinetics of duloxetine in healthy human subjects. Drug Metab Dispos. 2003;31(9):1142-50.. A duloxetina deve ser evitada em paciente com depuração de creatinina menor que 30mL/min.6262. Westanmo AD, Gayken J, Haight R. Duloxetine: a balanced and selective norepinephrine- and serotonin-reuptake inhibitor. Am J Health Syst Pharm. 2005;62(23):2481-90..

CONCLUSÃO

O uso de analgésicos em pacientes com insuficiência renal é um desafio. O tratamento adequado deve levar em consideração a intensidade e duração da queixa álgica e as alterações farmacocinéticas decorrentes da doença renal. A adequação dos fármacos à condição clínica do paciente pode ser capaz de prover analgesia satisfatória com mínimos efeitos adversos e sem deterioração da condição clínica subjacente.

REFERENCES

  • 1
    Coresh J, Byrd-Holt D, Astor BC, Briggs JP, Eggers PW, Lacher DA, et al. Chronic kidney disease awareness, prevalence, and trends among U.S. adults, 1999 to 2000. J Am Soc Nephrol. 2005;16(1):180-8.
  • 2
    Davison SN. Pain in hemodialysis patients: prevalence, cause, severity, and management. Am J Kidney Dis. 2003;42(6):1239-47.
  • 3
    Weisbord SD, Fried LF, Arnold RM, Fine MJ, Levenson DJ, Peterson RA, et al. Prevalence, severity, and importance of physical and emotional symptoms in chronic hemodialysis patients. J Am Soc Nephrol. 2005;16(8):2487-94.
  • 4
    Stewart AL, Hays RD, Ware JE Jr. The MOS short-form general health survey. Reliability and validity in a patient population. Med Care. 1988;26(7):724-35.
  • 5
    Meyer KB, Espindle DM, DeGiacomo JM, Jenuleson CS, Kurtin OS, Davies AR. Monitoring dialysis patients' health status. Am J Kidney Dis. 1994;24(2):267-79.
  • 6
    Merkus MP, Jager KJ, Dekker FW, De Haan RJ, Boeschoten EW, Krediet RT. Quality of life over time in dialysis: the Netherlands Cooperative Study on the Adequacy of Dialysis. NECOSAD Study Group. Kidney Int. 1999;56(2):720-8.
  • 7
    Diaz-Buxo JA, Lowrie EG, Lew NL, Zhang H, Lazarus JM. Quality-of-life evaluation using the Short Form 36: comparison in hemodialysis and peritoneal dialysis patients. Am J Kidney Dis 2000;35(2):293-300.
  • 8
    Williams A, Manias E. Pain management in hospitalized patients with chronic kidney disease and comorbidities. Ren Soc Aust J. 2007;3(3):76-83.
  • 9
    Issy AM, Sakata RK. Anti-inflamatórios. In: Sakata RK, Issy AM, (editores). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 1-44p.
  • 10
    Schug SA. Clinical pharmacology of non-opioid and opioid analgesics. Pain - An Updated Review: Refresher Course Syllabus. Seattle: IASP Press; 2005. 31-40p.
  • 11
    Kurella M, Bennett WM, Chertow GM. Analgesia in patients with ESRD: a review of available evidence. Am J Kidney Dis. 2003;42(2):217-28.
  • 12
    Whelton A. Nephrotoxicity of nonsteroidal anti-inflammatory drugs: physiologic foundations and clinical implications. Am J Med. 1999;106(5B):13S-24S.
  • 13
    Pope JE, Anderson JJ, Felson DT. A meta-analysis of the effects of nonsteroidal anti-inflammatory drugs on blood pressure. Arch Intern Med. 1993;153(4):477-84.
  • 14
    Tan SY, Shapiro R, Kish MA. Reversible acute renal failure induced by indomethacin. JAMA. 1979;241(25):2732-3.
  • 15
    Carmichael J, Shankel SW. Effects of nonsteroidal anti-inflammatory drugs on prostaglandins and renal function. Am J Med. 1985;78(6Pt1):992-1000.
  • 16
    Diener H. Leczenie bólu. Zespoly bólowe - metody postepowania. Urban & Partner, Wroclaw, 2005. 294-6p.
  • 17
    Rezende RM, Franca DS, Menezes GB, dos Reis WG, Bakhle YS, Francischi JN. Different mechanisms underlie the analgesic actions of paracetamol and dipyrone in a rat model of inflammatory pain. Br J Pharmacol. 2008;153(4):760-8.
  • 18
    Lorenzetti BB, Ferreira SH. Mode of analgesic action of dipyrone: direct antagonism of inflammatory hyperalgesia. Eur J Pharmacol. 1985;114(3):375-81
  • 19
    Hinz B, Cheremina O, Buchmakov J, Renner B, Zolk O, Fromm MF, et al. Dipyrone elicits substantial inhibition of peripheral cyclooxygenanses in humans: new insights into the pharmacology of an old analgesic; FASEB J. 2007;21(10):2343-51.
  • 20
    Graham GG, Scott KF. Mechanism of action of paracetamol. Am J Ther. 2005;12(1):46-55.
  • 21
    Chun LJ, Tong MJ, Busuttil RW, Hiatt JR. Acetaminophen hepatotoxicity and acute liver failure. J Clin Gastroenterol. 2009;43(4):342-9.
  • 22
    Mazer M, Perrone J. Acetaminophen-induced nephrotoxicity: pathophysiology, clinical manifestations and management. J Med Toxicol. 2008;4(1):2-6.
  • 23
    Henrich WL, Agodoa LE, Barrett B, Bennett WM, Blantz RC, Buckalew VM Jr, et al. Analgesics and the kidney: summary and recommendations to the Scientific Advisory Board of the National Kidney Foundation from an Ad Hoc Committee of the National Kidney Foundation. Am J Kidney Dis. 1996;27(1):162-5.
  • 24
    Rhee C, Broadbent A. Palliation and liver failure: palliative medications dosage guidelines. J Palliat Care. 2007;10(3):677-85.
  • 25
    Lee CR, McTavish D, Sorkin EM. Tramadol. A preliminary review of its pharmacodynamic and pharmacokinetic properties, and therapeutic potential in acute and chronic pain states. Drugs. 1993;46(2):313-40.
  • 26
    King S, Forbes K, Hanks GW, Ferro CJ, Chambers EJ. A systematic review of the use of opioid medication for those with moderate to severe cancer pain and renal impairment: a European Palliative Care Research Collaborative opioid guidelines project. Palliat Med. 2011;25(5):525-52.
  • 27
    Boyer EW, Shannon M. The serotonin syndrome. N Engl J Med. 2005;352(11):112-20.
  • 28
    Izzedine H, Launay-Vacher V, Abbara C, Aymard G, Bassilios N, Deray G. Pharmacokinetics of tramadol in a hemodialysis patient. Nephron. 2002;92(3):755-6.
  • 29
    Verwey-van Wissen CP, Koopman-Kimenai PM, Vree TB. Direct determination of codeine, norcodeine, morphine and normorphine with their corresponding O-glucuronide conjugates by high performance liquid chromatography with electrochemical detection. J Chromatogr 1991;570(2):309-20.
  • 30
    Vree TB, van Dongen RT, Koopman-Kimenai PM. Codeine analgesia is due to codeine-6-glucuronide, not morphine. Int J Clin Pract. 2000;54(6):395-8.
  • 31
    Murtagh FE, Chai MO, Donohoe P, Edmonds PM, Higginson IJ. The use of opioid analgesia in end-stage renal disease patients managed without dialysis: recommendations for practice. J Pain Palliat Care Pharmacother. 2007;21(2):5-16.
  • 32
    Benyamin R, Trescot AM, Datta S, Buenaventura R, Adlaka R, Sehgal N, et al. Opioid complications and side effects. Pain Physician, 2008;11(2 Suppl):S105-20.
  • 33
    Guay DR, Awni WM, Findlay JW, Halstenson CE, Abraham PA, Opsahl JA, et al. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of codeine in end-stage renal disease. Clin Pharmacol Ther. 1988;43(1):63-71.
  • 34
    Niscola P, Scaramucci L, Vischini G, Giovannini M, Ferrannini M, Massa P, et al. The use of major analgesics in patients with renal dysfunction. Curr Drug Targets. 2010;11(6):752-8.
  • 35
    Lalovic B, Kharasch E, Hoffer C, Risler L, Liu-Chen LY, Shen DD. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of oral oxycodone in healthy human subjects: role of circulating active metabolites. Clin Pharmacol Ther. 2006;79(5):461-79.
  • 36
    Foral PA, Ineck JR, Nystrom KK. Oxycodone accumulation in a hemodialysis patient. South Med J. 2007;100(2):212-4.
  • 37
    Gong QL, Hedner T, Hedner J, Björkman R, Nordberg G. Antinociceptive and ventilatory effects of the morphine metabolites: morphine-6-glucuronide and morphine-3-glucuronide. Eur J Pharmacol. 1991;193(1):47-56.
  • 38
    Angst MS, Buhrer M, Lotsch J. Insidious intoxication after morphine treatment in renal failure: delayed onset of morphine-6-glucuronide action. Anesthesiology. 2000;92(5):1473-6.
  • 39
    Mercadante S, Arcuri E. Opioids and renal function. J Pain. 2004;5(1):2-19.
  • 40
    Aronoff GR, Bennett WM, Berns JS, et al. Drug prescribing in renal failure: dosing guidelines for adults and children. 5th ed. Philadelphia, PA: American College of Physicians; 2007. 18-9p.
  • 41
    O'Connor AB, Lang VJ, Quill TE. Eliminating analgesic meperidine use with a supported formulary restriction. Am J Med. 2005;118(8):885-9.
  • 42
    Cockcroft DW, Gault MH. Prediction of creatinine clearance from serum creatinine. Nephron. 1976;16(1):31-41.
  • 43
    Dean M. Opioids in renal failure and dialysis patients. J Pain Symptom Manage. 2004;28(5):497-504.
  • 44
    Lugo RA, Satterfield KL, Kern SE. Pharmacokinetics of methadone. J Pain Palliat Care Pharmacother 2005;19(4):13-24.
  • 45
    Furlan V, Hafi A, Dessalles MC, Bouchez J, Charpentier B, Taburet AM. Methadone is poorly removed by haemodialysis. Nephrol Dial Transplant. 1999;14(1):254-5.
  • 46
    Menezes MS, Sakata RK, Issy AM. Anticonvulsivantes. In: Sakata RK, Issy AM. (etiroes). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 111-38p.
  • 47
    Blum RA, Comstock TJ, Sica DA, Schultz RW, Keller E, Reetze P, et al. Pharmacokinetics of gabapentin in subjects with various degrees of renal function. Clin Pharmacol Ther. 1994;56(2):154-9.
  • 48
    Israni RK, Kasbekar N, Haynes K, Berns JS. Use of antiepileptic drugs in patients with kidney disease. Semin Dial. 2006;19(5):408-16.
  • 49
    Ben-Menachem E. Pregabalin pharmacology and its relevance to clinical practice. Epilepsia. 2004;45(Suppl 6):13-8.
  • 50
    Kugler AR, Robbins JL, Strand JC, et al. Pregabalin overview: a novel CNS-active compound with anticonvulsant activity. Poster presented at the Annual Meeting of the American Epilepsy Society, Seattle: Washington; 2002. 6-11p.
  • 51
    Diaz A, Deliz B, Benbadis SR. The use of newer antiepileptic drugs in patients with renal failure. Expert Rev Neurother. 2012;12(1):99-105.
  • 52
    Killian JM, Fromm GH. Carbamazepine in the treatment of neuralgia. Use of side effects. Arch Neurol. 1968;19(2):129-36.
  • 53
    Markman JD, Dworkin RH. Ion channel targets and treatment efficacy in neuropathic pain. J Pain. 2006;7(1):538-47
  • 54
    Grant SM, Faulds D. Oxcarbazepine: A review of its pharmacology and therapeutic potencial in epilepsy, trigeminal neuralgia and affective disorders. Drugs. 1992;43(6):873-88.
  • 55
    Gazi MC, Sakata RK, Issy AM. Antidepressivos. In: Sakata RK, Issy AM, (editores). Fármacos para tratamento da dor. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2008. 81-110p.
  • 56
    Baldessarini RJ. Drug therapy of depression and anxiety disorders. In: Brunton LL, Lazo JS, Parker KL, (editors). Goodman and Gilman's the pharmacological basis of therapeutics, New York: McGraw Hill; 2006. 452-4p.
  • 57
    Nagler EV, Webster AC, Vanholder R, Zoccali C. Antidepressants for depression in stage 3-5 chronic kidney disease: a systematic review of pharmacokinetics, efficacy and safety with recommendations by European Renal Best Practice (ERBP). Nephrol Dial Transplant. 2012;27(10):3736-45.
  • 58
    Morton WA, Sonne SC, Verga MA. Venlafaxine: a structurally unique and novel antidepressant. Ann Pharmacother. 1995;29(4):387-95.
  • 59
    Kalso E. Pharmacological Management of Pain: Anticonvulsants, Antidepressants, and Adjuvants Analgesics. Pain - An Updated Review: Refresher Course Syllabus, IASP Press, Seatle; 2005. 19-29p.
  • 60
    Troy SM, Parker VD, Fruncillo RJ, Chiang ST. The pharmacokinetics of venlafaxine when given in a twice-daily regimen. J Clin Pharmacol. 1995;35(4):404-9.
  • 61
    Troy SM, Parker VP, Hicks DR, Pollack GM, Chiang ST. Pharmacokinetics and effect of food on the bioavailability of orally administered venlafaxine. J Clin Pharmacol. 1997;37(10):954-61.
  • 62
    Westanmo AD, Gayken J, Haight R. Duloxetine: a balanced and selective norepinephrine- and serotonin-reuptake inhibitor. Am J Health Syst Pharm. 2005;62(23):2481-90.
  • 63
    Lantz RJ, Gillespie TA, Rash TJ, Kuo F, Skinner M, Kuan HY, et al. Metabolism, excretion, and pharmacokinetics of duloxetine in healthy human subjects. Drug Metab Dispos. 2003;31(9):1142-50.
  • *
    Recebido da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2014

Histórico

  • Recebido
    08 Abr 2014
  • Aceito
    15 Ago 2014
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 937 cj 2, 04014-012 São Paulo SP Brasil, Tel.: (55 11) 5904 3959, Fax: (55 11) 5904 2881 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: dor@dor.org.br